Investigação revela que pilotos desligaram motor incorreto após colisão com aves em acidente da Jeju Air

Um relatório interno da Aviation and Railway Accident Investigation Board (ARAIB) aponta que os comandantes do voo Jeju Air 2216 desligaram o motor esquerdo — o menos afetado — depois de uma colisão com patos selvagens, minutos antes da aeronave se chocar contra um talude no Aeroporto Internacional de Muan, no sudoeste da Coreia do Sul.

Resumo do desastre

  • Data do acidente: 29 de dezembro de 2024
  • Rota: Bangkok (BKK) → Muan (MWX)
  • Aeronave: Boeing 737‑800 (HL‑8290)
  • Vítimas: 179 mortos, 2 sobreviventes (comissários)

Como o erro aconteceu

Segundo dados do gravador de voz da cabine (CVR) e do computador de gerenciamento de motor, o impacto com aves danificou gravemente o motor direito. Entretanto, a tripulação identificou incorretamente a pane e interrompeu o fornecimento de combustível ao motor esquerdo, reduzindo drasticamente a potência disponível para a aproximação de emergência.

Sem empuxo suficiente, o Boeing 737‑800 tocou a pista com o trem de pouso recolhido, ultrapassou os limites do asfalto e atingiu um talude de concreto que sustentava antenas de navegação, provocando incêndio e explosões.

Pressão de familiares e sindicato

Representantes das 179 vítimas protestaram contra a divulgação do material na imprensa antes da conclusão oficial, alegando que o foco exclusivo em erro humano ignora fatores estruturais, como a presença do talude e a ausência de áreas de escape (EMAS) no aeroporto.

O sindicato dos pilotos da Jeju Air também contesta a versão preliminar, afirmando que os dispositivos de indicação de torque e vibração podem ter sido danificados pelo impacto, dificultando a identificação do motor comprometido.

Medidas de segurança em debate

A tragédia reacendeu discussões sobre:

  1. Instalação de radares de detecção de aves em todos os aeroportos sul‑coreanos a partir de 2026;
  2. Substituição de obstáculos rígidos por estruturas frangíveis nas zonas de segurança de pista;
  3. Treinamento adicional para identificação rápida de falhas assimétricas de motor em aeronaves bimotoras;
  4. Revisão dos protocolos de pouso de emergência para companhias de baixo custo.

Próximos passos da investigação

Conforme as normas internacionais da ICAO, o relatório final deverá ser publicado até 29 de dezembro de 2025. Até lá, a ARAIB irá:

  • Analisar em laboratório as pás das turbinas para determinar a extensão real do dano;
  • Reconstruir digitalmente a trajetória de voo nos segundos finais;
  • Avaliar fatores humanos, incluindo fadiga de tripulação e carga de trabalho na cabine.

Enquanto isso, a Jeju Air afirma colaborar integralmente com as autoridades e já iniciou um programa interno de reciclagem sobre procedimentos de pane de motor.

Esse acidente — o mais mortal da história da aviação sul‑coreana — expõe vulnerabilidades em aeroportos de áreas costeiras, muitas vezes sobre rotas migratórias de aves. A rápida implementação de tecnologias de dispersão de fauna e a atualização dos manuais de emergência podem evitar tragédias semelhantes.

Related posts

Goya Travel passa a incluir em seu portfólio viagens customizadas em família

Mobiliando sua casa: passos para escolher com praticidade

Equipamentos tecnológicos que revolucionam o treino e a saúde pessoal