No último final de semana, a atriz e diretora Isis Broken celebrou a estreia de seu primeiro documentário, “Apolo”, na 27ª edição do Festival do Rio. Co-dirigido por Tainá Müller, a obra marca não apenas a estreia de Isis na direção cinematográfica, mas também o lançamento de um filme profundamente necessário e sensível sobre parentalidade trans, direitos reprodutivos e dignidade no acesso à saúde.
Produzido ao longo de quatro anos, o documentário retrata a jornada pessoal e desafiadora de Isis e de seu companheiro, o artista Lourenzo Duvale, durante a gestação de seu filhe, Apolo. Em um relacionamento transcentrado, foi Lourenzo quem engravidou, e a experiência do casal revelou uma série de violências institucionais: preconceito, transfobia e a ausência de atendimento médico básico durante a gravidez.
O ponto de virada ocorreu após um desabafo de Isis nas redes sociais, denunciando a negligência sofrida pelo casal em seu estado natal, Sergipe. A repercussão nacional do relato chamou a atenção de Tainá Müller, que se sensibilizou com a história e entrou em contato oferecendo apoio. A atriz propôs registrar a trajetória do casal, desde o deslocamento forçado para São Paulo até o nascimento de Apolo.
“É uma enorme alegria poder finalmente contar a nossa história nas telonas. Dividir essa vivência com uma profissional como a Tainá foi transformador. Ela nos acompanhou com uma equipe de gravação e o resultado é uma obra que, além de emocionante, também informa e conscientiza. Espero que ‘Apolo’ contribua para ampliar o debate sobre o direito de pessoas trans a uma vida digna, com acesso à saúde, reforçar que nossos corpos também precisam de respeito, e podemos ser pais e mães”, afirma Isis Broken.
Com uma abordagem íntima e pessoal, “Apolo” é mais do que um retrato familiar: é uma denúncia urgente sobre a realidade de pessoas trans no Brasil. A estreia no Festival do Rio marca um momento simbólico e potente para as diretoras, que, juntas, puderam levar o primeiro documentário sobre a maternidade e paternidade trans ao país, reforçando o debate potente.