Jovens negros, periféricos e gays fazem sucesso no audiovisual com série que aborda amor preto, relações homoafetivas e HIV

por Jorge Rodrigues

A espera acabou. A partir do dia 16 de novembro, estará disponível no Canal Deu M (https://www.youtube.com/c/DeuMerda/featured), a terceira temporada da série ‘Você é o Melhor pra Mim’. Os ansiosos de plantão poderão conferir em primeira mão a pré-estreia no Cine Roof, projeto de cinema ao ar livre focado em lançamentos da cena independente e que conta com a curadoria de Victor Marinho, que também é ator da série. Para participar, basta se inscrever, gratuitamente, através do link (https://www.sympla.com.br/evento/cine-roof-pre-estreia-voce-e-o-melhor-pra-mim/1777846) Nesta temporada, o protagonista, Bruno, tenta recomeçar a sua vida amorosa após perder um grande amor, mas vai precisar enfrentar os traumas do seu passado se quiser alcançar a tão desejada felicidade.

Com direção de Carlos Matheus e roteiro de Felipe Gonçalves, a série traz questões importantes como relações entre pessoas sorodiferentes, luto, recomeço, os desafios do relacionamento homoafetivo, principalmente entre homens negros, e muito mais. “Essa temporada fala sobre reencontros e reconciliação, tudo o que precisamos nesse momento. Precisamos nos reencontrar, evoluir. É uma história que fala sobre o amor preto, que se passa na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas não é sobre tráfico ou violência, será uma temporada com um grande discurso para o amor. Fora que a sensação que tenho é que todo ator preto vai sentir que poderia fazer teste para vários personagens da nossa trama”, avalia Victor Marinho

Carlos Matheus explica a importância de ter um personagem negro e soropositivo como ferramenta para derrubar esteriótipos. “Abordamos esta temática desde a primeira temporada e o objetivo é ensinar, através da dramaturgia, que pessoas que vivem com HIV também podem e devem ser felizes, ter direito ao afeto e que esse diagnóstico não é uma sentença de morte. Fora que abordar esse tema ajuda a acabar com muito preconceito em relação a questão e deixa as pessoas mais informadas. Querem um spoiler? Muita gente vai chorar nesta temporada”.

Inovador e muito relevante por ser produzido com e pela população jovem, negra, periférica e LGBTQIAP+, o Canal Deu M tem como objetivo derrubar no audiovisual as barreiras produzidas pelo racismo que invisibiliza cineastas e tantos outros realizadores das artes de forma geral. “Acredito que o Deu M seja o único canal fazendo o que faz e como faz. Ali, existe muita representatividade e vontade de contar as histórias de quem é apagado ou marginalizado pela sociedade. Acho que o Deu M ajuda a mostrar que as pessoas pretas e LGBTQIAP+ são muito mais do que as pessoas pensam que somos”.

Criado em setembro de 2015 por Victor Marinho,e hoje tendo também como administradores Carlos Matheus e Sara Chagas, três jovens negros, gays e periféricos, o Canal Deu M tem mais de 4 milhões de visualizações em seus 182 vídeos disponíveis na plataforma do Youtube. O sucesso, segundo seus criadores, deve-se ao fato de ser um espelho fiel do cotidiano deste nicho.

“O que fazemos, só nós fazemos e ousamos dizer que a nível mundial. Porque contamos nossas histórias com intuito de levar arte, cultura e representatividade. Provamos, através dessas narrativas, o quão diversas são nossas experiências cotidianas, diferente do que vemos sendo apresentado pela mídia tradicional ao longo dos anos. A gente mostra que dentro desse nicho além de diversidade, existe excelência. E os números confirmam que também estamos dentro do interesse da população em geral, que transcende essa bolha. O público quer nos conhecer, saber das nossas histórias. Quando falamos que o que a gente faz, só a gente faz, em resumo estamos dizendo que sempre nos é reservado um espaço limitado, muitas vezes superficial e estereotipado, e nós do canal Deu M mostramos a cada novo projeto que existem muitas camadas das nossas vivências que ainda não foram exploradas”, finalizam.

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