Essa data torna-se significativa para o movimento de travestis e transexuais quando em janeiro de 2004 foi lançada a campanha nacional: ‘Travesti e Respeito’, depois que 27 pessoas trans lançaram nacionalmente esta campanha no Congresso Nacional em Brasília, estabelecendo a esta data um sentido político de luta pela igualdade, respeito e visibilidade de pessoas trans.
Nesta data entidades que militam em todo país, saem às ruas ou ocupam espaços políticos no exercício da cidadania. Esse processo contínuo do qual pessoas trans são excluídas pelo preconceito, discriminação e violência. Infelizmente o movimento trans tem mais o que reivindicar do que comemorar. Será também um dia para dizer que: contra a transfobia, nossa luta é todo dia!
Para se ter uma ideia do problema, a expectativa de vida de uma travesti e transexual brasileira gira em torno dos 30 anos, enquanto a expectativa de vida de um brasileiro médio é de 76 anos segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2022).
Estima-se que a maioria das travestis e transexuais brasileiras estejam se prostituindo atualmente no país. Uma proporção alarmante, porque nunca houve um grupo quase absoluto de pessoas prostituindo-se para viver, nem na história do Brasil, nem no mundo. Só mesmo travestis e transexuais.
Em entrevista realizada pela fundadora do Coletivo TransRevolução em 2010 e 2011, Gisele Meireles, apontava para a ausência de outras oportunidades de trabalho. Além disso, o Brasil lidera o ranking de violência LGBTfóbica, sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. O México vem em segundo colocado do ranking.
O número de travestis e transexuais que são assassinadas pode ser ainda maior, pois os crimes contra pessoas trans são subnotificados. Em geral, são contabilizados como mortes de homossexuais, inviabilizando políticas públicas e visibilidade social.
Só no Estado de São Paulo há uma fila de mais de 3.000 pessoas que desejam realizar a cirurgia de transgenitalização, mas somente uma cirurgia é realizada ao mês, sendo 12 cirurgias ao ano. Quem entrar na fila agora terá que esperar 266 anos para realizar esse procedimento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Hospital Pedro Ernesto (HUPE), no Rio de Janeiro, que também realiza esse procedimento, está fechado para inclusão de novos pacientes desde 2013 e atende de forma precária. Soma tudo isso ao não reconhecimento das identidades trans, ao abandono familiar, a evasão escolar, a precarização laboral, a exclusão do mercado de trabalho e a marginalização.
Por isso, afirmamos que a nossa luta contra a transfobia, não se resume a um único dia de visibilidade, mas é uma luta diária e árdua em que as poucas conquistas são muito comemoradas.
Mas queremos mais. Queremos o reconhecimento das nossas identidades de gênero, queremos inclusão social, queremos direito à educação, queremos ter chances no mercado de trabalho.
Este ano com o tema ‘Prostituição, cidadania e direitos sociais’, as atividades se iniciarão no dia 26 de Janeiro, a partir das 18 h no Cine debate ‘Luana Filha da Lua’, moderado por Darla Muniz na sede do Grupo Pela Vidda-RJ, que fica na Av. Rio Branco 135 sala 709. Serão lembradas as travestis e transexuais que criaram o movimento Trans no Rio de Janeiro.
No dia 29, será o Encontro de Travestis e Transexuais no Casarão Luana Muniz, na Av Mem de Sá, 100, a partir das 17h. Será uma celebração do Dia Nacional da Visibilidade, e terá a construção de cartazes de efeito da luta Trans. Às 20h haverá uma caminhada até o Largo Luana Muniz (João Pessoa) e terá um apitaço pela vida de todas as pessoas Trans e logo depois, às 20h30 no Bar The Pride, será feito um breve ato político seguido de apresentações artísticas de pessoas trans e Drags, acolhendo e confraternizando.
O tema será ‘Travesti não é bagunça’.
No dia 30 terão as retificações de nome civil e gênero para pessoas trans e não-binárias no Casarão da Luana Muniz, das 10h às 18h.
Esperamos todos na mobilização pela Cidadania, Visibilidade e Inclusão das Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro 2024.