Liga dos Amigos do Zé Pereira regata as origens da alegria do carnaval de rua

Após dois anos de isolamento social, os nove blocos, que formam a Liga dos Amigos do Zé Pereira, retomam os desfiles nos locais de origem e celebram o reencontro arrastando 1,5 milhão de foliões

por Redação
A Rocha

No seu 11º ano de existência, a Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira, retoma o carnaval de rua com nove blocos, que voltam a desfilar em seus locais de origem, pela Zona Sul e pelo Centro do Rio de Janeiro, resgatando a alegria e a espontaneidade, que são marcas do carnaval carioca. Em comum, o tema dos sambas e marchinhas relembram a pandemia de covid-19, homenageando às vítimas desta tragédia, que marcou um longo período de paralisação do carnaval de rua.

Do bloco ‘Último Gole’, que retoma para a Praça Santos Dumont, no coração da Gávea, após 22 anos, ao bloco ‘Laranjada’, que perdeu seu fundador, Robertão Machado para o coronavírus, é o momento, como traz o lema do bloco ‘A Rocha’, de valorizar “Aquele abraço”, eternizado na canção do cantor e compositor brasileiro Gilberto Gil.

Sobrevivente de suas pandemias mundial, o bloco centenário ‘Cordão do Bola Preta’, também faz homenagem aos vitimados pela pandemia de Covid 19. E segue pelas ruas do Centro do Rio com sua tradicional banda e Corte Real. Esse ano com duas estreias: Emanuelle Araújo, como musa da banda, e a baluarte do samba Tia Surica, como embaixatriz.

Outro tema relevante que chega às ruas pela gigante Orquestra Voadora é o anticapacitismo. O bloco reforça a incorporação integral no desfile de pessoas com deficiência visual, auditiva e com mobilidade reduzida. A Orquestra Voadora também cobra dos órgãos públicos o cumprimento da Lei 13.825/2019, que alterou a Lei de Acessibilidade, tornando obrigatória a disponibilização, nos eventos organizados em espaços públicos e privados, de banheiros químicos acessíveis a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

A Liga dos Amigos do Zé Pereira é considerada uma das associações carnavalescas mais organizadas da cidade. E, esse ano arrasta 1,5 milhão de pessoas. A liga é formada pelos blocos: Orquestra Voadora, Cordão do Bola Preta, Céu na Terra, Vagalume O Verde, Toca Rauuul, Quizomba, Laranjada, Último Gole e A Rocha.

O responsável pela coordenação e produtor cultural, Rodrigo Rezende, presidente da Liga reforça o coro da alegria: “O carnaval de rua do Rio é a festa mais democrática do mundo. E o bloco de rua oferece essa diversidade. É um momento de brincadeira e sorrisos com pessoas totalmente diferentes, que estão ali pelo mesmo propósito: se divertir. Passamos um período muito difícil, e, agora, é hora de retomar os abraços e nos reencontrar, valorizando a qualidade empática do carioca folião. Essa é a maior magia do carnaval”.

Sobre a Liga

Em seu primeiro ano de atuação, em 2013, a Liga dos Amigos do Zé Pereira já levou o prêmio Serpentina de Ouro na categoria organização, mesmo ano em que criou seu próprio projeto de carnaval, patrocinado pela Ambev por meio da lei de incentivo estadual (ICMS). A iniciativa foi criada para oferecer melhor estrutura aos integrantes dos blocos e aos foliões do Carnaval de Rua no Rio.

Datas, horários e curiosidades:

Bloco Céu na Terra: desfila nos dias 11/02 (sábado) e 18/02 (sábado de carnaval), às 7h, em Santa Tereza, no Centro do Rio. A concentração será no Largo dos Guimarães com desfile até o Largo das Neves. Já no sábado de carnaval, a concentração será no Largo dos Guimarães, com desfile até o Largo do Curvelo. O cortejo conta com 100 sopros ativos. E o tema de 2023: “Estão voltando as flores”.

Cordão do Bola Preta: desfila no dia 18/02 (sábado de carnaval), das 9h às 13h. Comemora seu 103º de existência, ocupando ruas e praças do Centro do Rio. O bloco sai na Rua Primeiro de Março, na altura do prédio Menezes Cortes, seguindo até o prédio do Ministério da Justiça, na Avenida Presidente Antonio Carlos. No repertório, as tradicionais marchinhas de carnaval e os mais conhecidos sambas de enredo. Em cima do carro de som segue a Corte Real do Bola, que conta com duas estreias: Emanuelle Araújo, como Musa da Banda, e a baluarte do samba Tia Surica, como Embaixatriz.

Bloco Laranjada: desfila no dia 19/02 (domingo de carnaval).  A concentração acontece na praça Jardim Laranjeiras, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio, às 9h. Com o tema: Laranjada 20 anos. Após dois anos sem carnaval, o bloco, que perdeu o fundador, Robertão Machado, para o coronavírus, faz homenagem ao fundador e à todas as famílias vítimas da pandemia. A bateria conta com 120 ritmistas, com um cortejo que arrasta quase três mil pessoas pela rua General Glicério.

Bloco A Rocha da Gávea: desfila no dia 21/02 (terça-feira de carnaval), na Gávea, Zona Sul do Rio. A concentração acontece na Praça Santos Dumont, às 8hO enredo de 2023 será “Aquele abraço – homenagem aos amigos que não vimos na pandemia, e ao Rio que deixamos de usufruir e à todos aqueles que perderam alguém querido pela covid-19”. São 87 componentes, sendo mais da metade composta por mulheres. O repertório vai desde samba enredo em geral até música popular brasileira em ritmo de escola de samba. A recomendação é tomar muita agua e usar protetor solar.

Bloco Toca Rauuul: no dia 19/02 (domingo de carnaval), às 16h, os malucos beleza do bloco “Toca Rauuul” se apresentam na Praça Tiradentes, no Centro do Rio comemorando seu 10° aniversário. Com repertório inspirado no lendário Raul Seixas, o grupo que mistura rock, frevo e outros gêneros musicais, característica marcante nas músicas do cantor, tem como madrinha a filha do cantor homenageado, Vivi Seixas. A concentração começa às 15h. E o bloco reúne três mil pessoas.

Bloco Quizomba: no dia 25/02 (sábado), às 11h, desfila o Bloco Quizomba pelas ruas da Lapa, no Centro do Rio. O cortejo se concentração às 10h, nos Arcos da Lapa. O tema: É a hora de voltar com a maior festa popular do planeta com muita ALEGRIA!  Será o 20° desfile do bloco que fez parte da revitalização do carnaval carioca no início dos anos 2000. São 180 componentes. Das oficinas de percussão do bloco nasceram outros blocos importantes do carnaval carioca atual, como: Desliga da Justiça, Fogo e Paixão, Batuque das Meninas, entre outros.

Bloco Vagalume, O Verde: desfila no dia 21/02 (terça-feira de carnaval). A concentração começa às 8h, na rua Jardim Botânico, esquina com rua Pacheco Leão. O bloco sai às 9h e vai até o Baixo Gávea. O enredo “Plantando Carnaval” convida os foliões ao encontro da alegria, do amor e respeito. O bloco conta com 100 integrantes. E para cada camisa vendida, uma árvore será plantada. Ao logo do trajeto haverá coletores de resíduos sensibilizando o folião sobre a importância do descarte correto, e, valorizando a importância da cooperativa de catadores na coleta seletiva e o papel fundamental da Comlurb, parceira do bloco. O desfile conta ainda com o ilustre gari Sorriso participando do desfile. E traz a destaque Preta Letícia (LGBTQIA+).

Bloco Orquestra Voadora: no dia 21/02 (terça-feira), o bloco realiza seu 13º desfile com o tema-estandarte “O Futuro é Anticapacitista”. O bloco vai fazer soar seus metais e suas percussões pelo Rio de Janeiro, às 16h, no Aterro do Flamengo. A concentração começa às 15h, na Av. Infante Dom Henrique s/n (autopista do Aterro do Flamengo, altura do Outeiro da Glória) e caminha em direção ao Museu de Arte Moderna.

A Orquestra Voadora mantém, desde 2018, um Núcleo de Acessibilidade (formado por pessoas com e sem deficiências) e desfila com uma Ala PCD. Em 2020, durante a pandemia, disponibilizaram a websérie Acessibifolia, desdobramento de um projeto feito em parceria com a Funarte. Além da ala consolidada com 30 integrantes, haverá outras ações de inclusão, como intérprete em Libras e audiodescrição durante o desfile, e o reconhecimento prévio do espaço com descrição pormenorizada do local e do trajeto. O bloco convida à reflexão e ação sobre a inclusão de pessoas com deficiência visual e auditiva e com mobilidade reduzida ao carnaval. Paralelamente, a Orquestra Voadora também vai cobrar dos órgãos públicos o cumprimento da Lei 13.825/2019, que alterou a Lei de Acessibilidade, tornando obrigatória a disponibilização, nos eventos organizados em espaços públicos e privados, de banheiros químicos acessíveis a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Pretende-se, ainda, pleitear a inclusão de uma área acessível e reservada às pessoas com deficiência, no Aterro do Flamengo, para que todos possam assistir aos desfiles de carnaval.

A banda reúne sopros e percussão, com mais de 250 músicos – que usam instrumentos que dispensam o uso de energia elétrica. O cortejo também é muito conhecido pelo seu abre-alas com performances circenses de malabares, acrobacias aéreas e de solo, além dos 80 pernas-de-pau que fazem a alegria dos foliões. Com repertório eclético, que abraça ritmos pouco comuns ao Carnaval de Rua, como afrobeat, rock, frevo, baião e música dos Bálcãs.

Bloco Último Gole: desfila na terça-feira de Carnaval (21/02), às 16h, retornando para a Praça Santos Dumont, no coração da Gávea, após 22 anos. A roda de samba, formada por amigos com mais de 30 anos de amizade, aposta em um repertório completo de samba de raiz comemora seus 25 anos de bloco. A ala de compositores também foi convidada para fazer o samba enredo do bloco Suvaco de Cristo. O bloco faz a alegria do público de quase mil pessoas.

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