Longevidade em ação: gerações que se encontram na experiência de viver mais

Dina Frutuos

A longevidade deixou de ser apenas uma notícia demográfica para tornar-se um desafio cultural e político. No centro desse debate estão profissionais e pesquisadores que, com práticas e relatos de vida, demonstram que envelhecer pode significar continuidade, produção e vínculos renovados. É nesse cenário que se insere a obra mais recente de Dina Frutuoso, cujo percurso pessoal e acadêmico dá corpo às reflexões sobre relacionamento entre gerações.

“Memórias Afetivas – reflexões sobre amor, resiliência e espiritualidade no relacionamento entre gerações”, lançado pela Editora Labrador, reúne crônicas, ensaios e registros que articulam experiência clínica e ativismo educacional. O prefácio assinado pelo Dr. Alexandre Kalache sublinha a força do testemunho: “Do alto de seus 85 anos, Dina é o exemplo do envelhecimento ativo”. Kalache, presidente do Centro da Longevidade Brasil (ILC-BR), endossa a importância de vozes que transformam conhecimento acadêmico em prática social.

Dina Frutuoso é professora doutora da UFRJ, onde defendeu, em 1996, a primeira tese brasileira sobre Universidades Abertas da Terceira Idade. Psicóloga clínica desde 1971, é Didata Clínico de Análise Transacional, possui mestrado e doutorado pela UFRJ e MBA pela FGV. Desde 1996 coordena o Projeto Voluntário PEBATI; foi conselheira do CEDEPI-RJ e preside a Comissão da Pessoa Idosa da ANI. Entre condecorações e prêmios estão a Medalha Chiquinha Gonzaga (2014) e o Prêmio Destaque em Educação Alice Flexa Ribeiro (2021). Memórias Afetivas é seu sétimo livro.

Envelhecimento ativo na prática.

A trajetória de Dina revela uma atuação multifacetada: magistério em diferentes níveis de ensino, produção intelectual em livros e capítulos, participação em antologias e coordenação de seminários interdisciplinares da ABRAPA desde 2009. Mantém o canal no YouTube “Ações e Emoções”, apresenta-se na rádio desde 2003 e conduz a coluna “3ª idade” no blog grupodorecreio.com. Sua clínica psicológica, ativa desde 1971, e projetos como as entrevistas com centenários (registradas em 100TENÁRIOS, ZMF, 2014) mostram uma combinação de pesquisa, ensino e escuta que alimenta práticas de promoção da saúde e bem-estar na velhice.

Políticas públicas e iniciativas comunitárias devem articular educação continuada, cuidado compartilhado e espaços de convivência intergeracional. O trabalho de Dina oferece um roteiro prático: formação, voluntariado, produção cultural e espaços de escuta permitem que pessoas mais velhas mantenham protagonismo social. Esse enfoque dialoga com as demandas colocadas por centros como o ILC-BR, que enfatizam a importância de ambientes inclusivos para a longevidade com qualidade.

Ao colocar afetos, resiliência e espiritualidade no centro das conversas sobre envelhecimento, o livro “Memórias Afetivas” convida leitores e instituições a repensarem projetos de vida ao longo da existência. Mais do que um testemunho pessoal, o livro funciona como ferramenta para profissionais, familiares e formuladores de políticas interessadas em transformar as estatísticas de longevidade em histórias de sentido. Para quem busca referências sobre envelhecimento ativo, a obra e a trajetória de Dina Frutuoso oferecem um mapa precioso de prática e compromisso.

Related posts

MoMa Editora celebra sete anos com evento cultural no Espaço Eco

Literatura em alta: Estação das Letras lança programação on-line de verão com grandes nomes da escrita brasileira

Dia do Museólogo destaca importância da preservação cultural