A Luta pela Paz promove, de 25 de novembro a 10 de dezembro, a exposição fotográfica Olhares Negros no Museu de Arte do Rio (MAR). A mostra, inaugurada na semana do Dia da Consciência Negra, integra a programação de comemoração dos 25 anos da ONG, e é resultado de oficinas de fotografias oferecidas pela instituição para jovens moradores do Complexo de Favelas da Maré.
A iniciativa, que reúne o trabalho de 20 jovens, busca valorizar as narrativas e perspectivas da juventude negra por meio da fotografia, promovendo a expressão artística, o reconhecimento de identidades e o resgate da memória coletiva da comunidade e da trajetória da organização.
As fotografias foram registradas durante as atividades do projeto Olhares Negros, que ofereceu aulas gratuitas para pessoas em vulnerabilidade social. Em 12 encontros, foram apresentadas técnicas para fotografar, como desenvolver o olhar crítico e como transformar a realidade em imagens.
“A Maré é feita de marés humanas, de rios de gente que atravessam suas ruas e suas memórias. É território de invenção, onde o cotidiano pulsa e testemunha vivências plurais. Nesse movimento contínuo, a Luta pela Paz consolidou um campo de aprendizado e transformação, onde corpo, palavra e sonho se unem para abrir novas formas de sentir e imaginar o mundo”, diz Jean Carlos Azuos, curador da exposição.
Território de arte, força e potência
A jovem Samantha Lima, participante do projeto, afirma que a oficina mudou a forma de enxergar seu próprio território. “Na minha vida, a fotografia é uma forma de arte que me permite expressar sentimentos e histórias por meio das imagens. Participar do Projeto Olhares Negros tem sido um verdadeiro divisor de águas. As aulas teóricas e práticas, junto com as reflexões geradas a partir das nossas vivências e do nosso território, têm sido uma grande honra e aprendizado. Estamos muito animados para expor nossas fotografias no Museu de Arte do Rio e mostrar que, no Complexo da Maré, há muita arte, força e potência”, afirma a aluna.
Fernanda França, coordenadora do pilar de Liderança Juvenil e Desenvolvimento Pessoal da Luta pela Paz, destaca o protagonismo que a exposição dá aos jovens. “É a primeira vez que temos esse projeto na LPP, e diretamente voltado para a cultura, via lei de incentivo. Trata-se de uma iniciativa que inclui formação e produção em uma área específica, o que é muito importante para destacar o protagonismo dos jovens, pois, através da fotografia, eles vão pensar no território e na própria juventude. A exposição vai abordar esse protagonismo e a potência que eles têm”, destaca.
Além da exibição no espaço museal, os registros fotográficos ficarão expostos pelas ruas do conjunto de favelas, de 19 de novembro a 19 de dezembro, no formato de minidoors, garantindo o acesso da população mareense às obras que tratam do local.
Projeto Olhares Negros
Ao longo de mais de 36h de aulas, os participantes foram estimulados a desenvolver a criatividade e ampliar perspectivas de futuro.
As oficinas fotográficas têm patrocínio de Genoa Capital, Grupo Genial, Grupo GPS e Grupo Cobra, por meio do Governo Federal, via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Exposição de graça às terças-feiras
O Museu de Arte do Rio (MAR) oferece visitas das 11h às 17:30h com ingressos gratuitos, às terças-feiras. Moradores e nascidos no Rio de Janeiro pagam meia-entrada, que custa R$10. O MAR funciona de quinta à terça, fechando apenas às quartas-feiras.
A exposição é uma iniciativa da ONG Luta Pela Paz, que há 25 anos é um instrumento de transformação social em territórios marcados por violências e desigualdades. Criada em 2000 na favela da Maré pelo britânico Luke Dowdney, atua a partir de uma metodologia baseada em cinco pilares: esporte, educação, liderança juvenil, empregabilidade e suporte social. Por meio da Aliança Luta pela Paz, a ONG multiplica o que deu certo, treinando outras organizações de base comunitária e educadores esportivos.
Museu de Arte do Rio
O MAR é um museu da Prefeitura do Rio e a sua concepção é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Em janeiro de 2021, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, tem apoiado as programações expositivas e educativas do MAR por meio da realização de um conjunto amplo de atividades. A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais.
“Para a OEI, o Museu de Arte do Rio (MAR) é um espaço fundamental que conecta a cultura carioca ao mundo, preservando e valorizando as expressões artísticas locais. Por meio de suas exposições e iniciativas educativas, o MAR não apenas promove o acesso à cultura, mas representa um convite ao diálogo e à pluralidade, algo de extrema importância para a coesão de nossa sociedade”, comenta Rodrigo Rossi, Diretor da OEI no Brasil. Em 2024, a OEI e o Instituto Arte Cidadania (IAC) celebraram a parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, a partir de quando o IAC passa a auxiliar na correalização da programação.
O MAR conta com o Instituto Cultural Vale como seu mantenedor, além do patrocínio Master da Equinor e da LATAM, e o patrocínio Ouro do Itaú Unibanco. A instituição conta ainda com o apoio da Globo, Machado Meyer Advogados, Cescon Barrieu e Wilson Sons, bem como com a parceria de mídia da Globo e do Canal Curta.
A Escola do Olhar recebe apoio da Equinor e do Núcleo de Ideia, reforçando a missão educativa do museu.
O MAR é realizado em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o Ministério da Cultura e o Governo Federal do Brasil, contando também com os mecanismos da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei de Incentivo Municipal.