Entre os dias 11 de setembro e 5 de outubro, a Sala Multiuso do Sesc Copacabana recebe MACBETHLADYMACBETH, espetáculo da CiaFaláCia que investiga a complexidade das relações humanas por meio da tragédia mais curta e sangrenta de Shakespeare, MACBETH. Com direção de Miwa Yanagizawa, a montagem convida o público a acessar a intimidade da relação de Macbeth e Lady Macbeth, e acompanhar sua transformação diante da ambição, dos horrores da imaginação e do poder, que atravessam os dilemas vividos pelos protagonistas.
Nesta adaptação, Claudia Ventura e Alexandre Dantas — casal na vida real e nos palcos — dão vida aos personagens da obra clássica, ao mesmo tempo que revelam como os conflitos do casal da história retratam relações sociais contemporâneas, nas quais a banalização do mal e a ânsia pelo poder se expressam cotidianamente.
A peça marca o sexto trabalho da companhia e celebra os 35 anos de carreira da dupla em 2025. Ventura e Dantas se conheceram em uma montagem de Macbeth em 1991, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNI-RIO), e desde então constroem uma trajetória artística conjunta. Os espetáculos criados pela CiaFaláCia, inevitavelmente, acabam traçando um paralelo entre vida e arte, levando à cena histórias sobre casais. Em MACBETHLADYMACBETH, investem na unidade desse casal, que age como dupla ao longo da trama e, assim, propõem uma nova leitura da obra, frequentemente encenada a partir da perspectiva de Lady Macbeth, exclusivamente, como a figura que manipula Macbeth.
“Queríamos tirar da Lady Macbeth o vilanismo clássico, mas sem cair na subserviência. É um equilíbrio delicado. A parceria do casal é o nosso foco, esse protagonismo dividido. Mostrar que eles têm uma cumplicidade que alimenta as suas ambições e, que no decorrer da trama, essa cumplicidade vai se perdendo na medida que cada um toma consciência do crime que cometeu. Essa é uma grande interferência que estamos fazendo no texto original, é uma das leituras que nos interessa”, comenta Claudia Ventura.
Alexandre Dantas complementa: “O ‘jogo’ entre o casal é o que nos provoca. Macbeth apresenta a ideia do assassinato do rei, a Lady embarca e planeja. De certa forma, ele sente uma espécie de medo, mas, juntos, seguem em frente”. O casal ainda faz um paralelo entre vida e arte: “É inevitável que a nossa relação interfira no trabalho. No nosso ‘jogo’ nós também somos complementares. Eu venho com uma ideia, a Claudia concorda ou discorda, e assim seguimos com os nossos projetos, com os nossos ‘planos’. Acabamos emprestando essa nossa vivência para o Macbeth e a Lady”, reflete Dantas.
Além da relação do casal da história, a montagem de um clássico também foi o que instigou o casal de artistas – como montar Shakespeare hoje? Como evidenciar o interesse que ele tinha sobre a “natureza do mal na alma humana”? Como provocar, em quem assiste, esses questionamentos, fazendo com que cada pessoa crie uma relação com a história contada e seja provocada a pensar sua condição humana diante das próprias ambições.
Para a diretora Miwa Yanagizawa, que trabalha pela primeira vez com a CiaFaláCia, o espetáculo humaniza os personagens e os aproxima do cotidiano: “Estamos diante de reis e rainhas, mas também de uma situação doméstica. O teatro permite esse encontro de corpos e narrativas que revelam o que há de mais verdadeiro”. Clara de Lima, assistente de direção, acrescenta: “Trabalhar com uma obra escrita há mais de 400 anos nos provocou a subverter características e papéis socialmente atribuídos nas relações de gênero. Nessa releitura, a contradição humana também é perseguida por nós”.
MACBETHLADYMACBETH é uma atualização potente da obra de Shakespeare, que continua a provocar reflexões sobre os limites da ética, o poder e a banalização do mal — temas que ressoam com inquietante atualidade.
SINOPSE
Após retornar vitorioso de uma guerra, o general Macbeth é recebido com a profecia de três bruxas: “Salve, Macbeth, que um dia há de ser rei”. Motivado por essa previsão e em parceria com sua companheira Lady Macbeth, o casal planeja e executa o assassinato do rei Duncan. Macbeth e Lady Macbeth lidam com a realização de seus desejos, mas também com o peso de sentimentos inescapáveis à existência humana.
Do que são capazes um homem e uma mulher para alcançar o poder? O que é preciso para que um ator e uma atriz contem essa história? Artistas e personagens experienciam essa trama, presos em um limbo, onde os acontecimentos se repetem como atos impossíveis de serem desfeitos.
OBRA
Macbeth é uma tragédia escrita por William Shakespeare entre os anos 1605 e 1606. O autor desenvolve sua investigação acerca da presença do mal e como isso é enfrentado pelo ser humano.
Voltando vencedor de uma batalha o nobre general Macbeth é abordado por três seres “com conhecimentos acima dos mortais”, que profetizam que ele será rei. Tocados pela ambição do poder, Macbeth e sua esposa Lady Macbeth, planejam e assassinam o rei assumindo o trono. Uma avalanche de acontecimentos é apresentada pelo autor, levando a plateia a refletir sobre os perigos da alma humana.
MONTAGEM
A Companhia revisita a Tragédia de Macbeth, escrita há 420 anos, destacando os elementos que mantêm essa obra de Shakespeare tão atual. Sob o ponto de vista do bravo oficial Macbeth e da sua esposa, Lady Macbeth, o poder, a violência e a desmedida serão apresentados em cena, convidando a plateia a respirar e perder o fôlego de forma conjunta.
A provocação de investigação da construção da cena a partir da relação entre uma atriz, um ator e duas cadeiras, que permeia todas as montagens da companhia, foi feita para a diretora convidada Miwa Yanagizawa, que trabalha a construção das cenas a partir do espaço poético e da relação entre a atriz e o ator. A encenação se desenvolve a partir da repetição, sobreposição e espelhamento, construindo um espaço poético que aproxima os artistas e personagens, teatro e realidade.
Cenário e objetos cênicos transformam a cena, os figurinos apresentam a complexidade das personagens, a luz cria a atmosfera do espaço, ora, iluminando cada detalhe, ora, distorcendo-a, e de todos os lados ouvem-se os sons que habitam esse lugar, os sons que ecoam o interior das personagens e o som do público. Tudo isso criado por uma equipe formada, majoritariamente, por mulheres.
CiaFaláCia
Formada pela atriz Claudia Ventura e pelo ator Alexandre Dantas em 2008, a CiaFaláCia vem investigando a Linguagem Narrativa montando espetáculos com textos não dramáticos dos maiores escritores em língua portuguesa: Machado de Assis, Arthur Azevedo, Rubem Fonseca, João de Mancelos, Ronaldo Correia de Brito, além de uma comédia física musical sobre a Bossa Nova, de criação própria, e de uma websérie a partir do romance Ligações Perigosas de Chordelos de Laclos.
FICHA TÉCNICA
- Direção: Miwa Yanagizawa
- Assistente de Direção: Clara de Lima
- Elenco: Claudia Ventura e Alexandre Dantas
- Direção Musical: Marcello H
- Direção de Movimento: Toni Rodrigues
- Cenografia e Figurino: Teresa Abreu
- Assistente de Cenografia: Tainan Mattei
- Adereços e Assistente de Figurino: Nayara Pereira
- Costureira: Letícia Nobrega
- Iluminação: Nina Balbi
- Produção Executiva: Christina Carvalho
- Assistente de Produção: Gabriela Marques
- Designer Gráfico e Mídias: Daniel Barboza
- Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
SERVIÇO
- Estreia: 11 de setembro de 2025
- Sesc Copacabana – Sala Multiuso – Rua Domingos Ferreira 160 – Copacabana – Rio de Janeiro – RJ
- De quinta a domingo às 19h
- DURAÇÃO: 60 min
- Ingressos a R$ 30 (inteira) | R$ 15 (meia entrada) | R$ 10 (credencial plena e convênio) | Gratuidade (PCG). Para adquirir: bilheteria do teatro das 9h às 20h.
- Capacidade: 60 espectadores
- Gênero: drama
- Classificação Indicativa: 16 anos
- Temporada: até 05 de outubro de 2025
- Instagram: @ciafalacia
