“Mãe Arrependida” estreia com curtíssima temporada no Rio

Mãe Arrependida - Foto de André Pinolla

Há muitas gerações o tema da maternidade é romantizado, criando uma cisão entre o universo imaginário e as vivências subjetivas das mães. Ao se tornar mãe, a realidade é testada diante de expectativas idealizadas sobre a maternidade. Sentimentos diversos podem surgir e, dentre eles, o arrependimento. Este é o ponto de partida de “Mãe Arrependida”, espetáculo inédito no Rio de Janeiro criado por Karla Tenório que estreia no dia 08 de julho às 16h no CCJF (Centro Cultural da Justiça Federal). Sob direção de Pâmela Côto e Joana Lerner, artistas feministas que também assinam o texto junto à Karla, a peça abre reflexões sobre um tema tabu ainda pouco falado, em consequência da maternidade compulsória e seus desdobramentos na vida da mulher.

Com um bate-papo confessional, que se endereça do íntimo ao coletivo, Karla conduz a plateia para uma viagem pelo lado sombrio e oculto da maternidade. A peça pretende reafirmar a responsabilidade social sobre as condições de frustração e silenciamento das mulheres ao vivenciar essa experiência. “O espetáculo é um convite para transformar as nossas crenças sobre a maternidade e conscientizar o público a respeito da construção social da mesma”, pontua.

O trabalho mergulha no tema da maternidade compulsória, conceito que aborda a pressão social que as mulheres sofrem para se tornarem mães, como sendo a única possibilidade de cumprirem seu papel social. “A maternidade compulsória é um assunto essencial nos  dias atuais, uma vez que mais mulheres querem ser livres para não se tornarem mães e terem os seus direitos reprodutivos protegidos”, reitera Karla, que começa a peça trazendo a plateia para uma conversa despretensiosa, onde conta de forma íntima a sua experiência inicial com a maternidade e o desdobrar de seus sentimentos ao longo dessa trajetória.

A dramaturgia traz também o depoimento de outras mães arrependidas com as quais Karla teve contato, engrossando o coro que questiona o real direito de escolha das mulheres sobre seus corpos. A obra auto ficcional traz também informações e estatísticas ao público quanto à construção social e psíquica da maternidade, numa sociedade onde a uma mulher não é permitido refletir sobre a função exaustiva que é ser mãe. O texto carrega em si a esperança de um mundo onde cada mãe exercerá a maternidade com liberdade e honestidade, sem idealizações.

Com o apoio do movimento Mãe Arrependida, nascido em abril de 2021 e hoje com mais de 53 mil mulheres ao redor do mundo em sua página do Instagram, o espetáculo é construído de forma simples – cenário minimalista, luz e figurino, estética que faz jus à solidão do arrependimento. O clima intimista é construído a partir de uma estrutura testemunhal que conduz a plateia a uma imersão nos questionamentos, medos e angústias da atriz.

SINOPSE:

“MÃE ARREPENDIDA” é uma performance bem-humorada e impactante, onde a maternidade é exposta de forma real e humana, a partir de argumentos sociais e históricos. É uma viagem pelo lado sombrio e oculto da maternidade conduzida pela atriz, que vive na pele as desmesuras do arrependimento, e convida a plateia a curas e transformações, culminando no nascimento de uma nova maternidade, mais leve, onde as mulheres terão acesso à informação, com o objetivo de desconstruir o romantismo e ampliar o direito de escolha sobre seus corpos e falas.

SERVIÇO:

MÃE ARREPENDIDA”

  • Temporada: 08 a 30 de julho
  • Apresentações: Sábados e Domingos
  • Horário: 16h
  • Local: Teatro do CCJF (Centro Cultural da Justiça Federal)
  • Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Cinelândia
  • Tel: (21) 3261-2550
  • Ingresso: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)
  • Link para compra de ingressoshttps://www.sympla.com.br/produtor/maearrependida?favoritar=true
  • Duração: 60 minutos
  • Classificação: 16 anos

FICHA TÉCNICA:

  • Idealização e Atuação: Karla Tenório
  • Direção: Joana Lerner e Pâmela Côto
  • Texto: Joana Lerner, Karla Tenório e Pâmela Côto
  • Cenário: Lorena Lima
  • Iluminação: Lara Cunha e Fernanda Mantovani
  • Figurino: Marah Silva
  • Trilha: Maíra Freitas
  • Coordenação de Produção: Karla Tenório
  • Assistência de Produção: Bianca Ferraz
  • Projeto Gráfico: Raquel Alvarenga
  • Som e Operação: Cris Saramago
  • Fotografia still/cena e vídeo: André Pinnola
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria

Encontro bem especial no Sesc Copacabana Foto de Claudia Ribeiro

Olga e Luiz Carlos – Foto: Claudia Ribeir

Com “Olga e Luiz Carlos – Uma História de Amor” o documentarista Silvio Tendler retorna a um projeto que quer fazer desde os anos 80 – contar a vida de Olga Benário e do seu encontro com Luiz Carlos Prestes.  Silvio que trilhou longa trajetória no cine-documentário retratando figuras como Jango, JK e Marighella apresenta agora uma personagem feminina.

Desta vez o cineasta recorreu ao teatro. O espetáculo, em cartaz na Arena do Sesc Copacabana, com direção da encenação de Isabel Cavalcanti, e que está sendo filmado desde os ensaios, mostra algumas das situações vividas no período de seis anos em que Olga (Marianna Mac Niven) e Prestes (Julio Adrião) estiveram presos – ele no Brasil da ditadura Vargas e ela na Alemanha nazista, por meio da correspondência do casal. As cartas, muitas vezes, se tornaram monólogos, pois jamais chegaram ao destino. Em uma segunda etapa do projeto, o registro dos ensaios e das apresentações deve chegar às telas de cinema, em mais um filme com a assinatura de Silvio Tendler.

Nos trechos das cartas que compõem a dramaturgia, estes grandes personagens da história do século XX surgem plenamente humanos ao explicitar o amor incondicional pela filha nascida em 27 de novembro de 1937, quando Olga está presa em Berlim, depois de ter sido deportada de forma ilegal e covarde do Brasil para a Alemanha nazista portando em seu ventre uma menina brasileira, Anita Leocádia. 

Hoje, aos 85 anos, a historiadora Anita Leocádia – que sempre privilegiou contar a história política de sua família – aceitou falar pela primeira vez da vida pessoal em duas longas entrevistas, que inspiraram o espetáculo: a primeira, exclusiva para o cineasta e outra, mais recente, concedida ao elenco e à equipe de criação da peça. A maneira como Anita descreve os pais foi fundamental na escolha dos trechos a serem encenados, selecionados no 3º volume da coleção Anos Tormentosos, editados por ela e por Lygia Prestes, irmã mais jovem de Prestes, e que compreende cerca de 900 cartas, guardadas por elas ao longo de mais de 50 anos.

Olga Benário geralmente é vista apenas como uma combatente e sua história com Prestes como uma aventura política. O espetáculo pretende mostrar Olga como uma mulher que amou. Amou profundamente o pai de sua filha, com quem se correspondeu mesmo durante cinco anos depois de terem se visto pela última vez. Amou seus companheiros revolucionários e as mulheres com quem compartilhou as dores do cárcere, entre elas Elise Ewert, sua companheira de deportação, e com quem ficou presa no campo de concentração de Ravensbrück.

Luiz Carlos Prestes, conhecido como o “Cavaleiro da Esperança” que marchou com a Coluna Prestes, e como grande líder comunista, é retratado como um pai amoroso, um marido atento ao sofrimento da esposa, um homem de convicções políticas e preocupado com o conhecimento, com o estudo de temas os mais diversos – filosofia, história, política, matemática, literatura entre outros.

O espetáculo foi contemplado pela Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Cultura via edital FOCA – Fomento à Cultura Carioca.
A dramaturgia é de Silvio Tendler e Vera Novello; o cenário é de Lidia Kosovski; Ney Madeira e Dani Vidal assinam o figurino e visagismo; a iluminação é de Paulo Denizot; na direção Musical, Marcelo Alonso Neves e a direção de movimento é de Marina Salomon. A CALIBAN produz o espetáculo em parceria com a LÚDICO PRODUÇÕES.

SERVIÇO:

OLGA E LUIZ CARLOS – Uma história de amor

Até 9 de julho de 2023 – de quinta a domingo às 20h
Local: Arena do Sesc Copacabana
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira) gratuito (PCG)
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 2547-0156
Bilheteria – Horário de funcionamento:
Terça a sexta – das 9h às 20h;
Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 min
Lotação: Sujeito à lotação
Gênero: Teatro-documentário

FICHA TÉCNICA

OLGA E LUIZ CARLOS – UMA HISTÓRIA DE AMOR
Criação e Direção Geral:  Silvio Tendler
Direção do Espetáculo: Isabel Cavalcanti
Dramaturgia: Silvio Tendler e Vera Novello

Elenco:

Julio Adrião
Marianna Mac Niven
Vera Novello
Cenário: Lidia Kosovski
Figurino e Visagismo: Ney Madeira e Dani Vidal (Espetacular Produção e Arte)
Luz: Paulo Denizot
Direção Musical: Marcelo Alonso Neves
Direção de Movimento: Marina Salomon

Projeções:

Videografismo: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Pesquisa Histórica: Bernadete Duarte e Vera Novello
Pesquisa Iconográfica:  Lilia Souza Diniz

Entrevista de Anita Leocádia:
Edição de Conteúdo: Lilia Souza Diniz
Montagem: Patrick Granja
Fotografia: Maurício Wanderley e Rafael Daguerre

Programação Visual: Cacau Gondomar
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Direção de Produção: Vera Novello e Ana Velloso
Produção Executiva: Ana Rosa Tendler e Ana Velloso
Coordenação Administrativo-Financeira: Ana Rosa Tendler
Coordenação Geral do Projeto: CALIBAN

Teatro nos Parques leva peças ao ar livre para São José dos Campos

Teatro nos Parques

A formação de público para as artes cênicas e a democratização do acesso à Cultura estão no cerne do Teatro nos Parques, que chega a sua 15ª edição levando espetáculos gratuitos para toda a família. O projeto é uma ação de caráter sociocultural e ambiental realizada em parques públicos urbanos e alia cultura, entretenimento e lazer à formação de cidadania e responsabilidade social.

Até o dia 9 de julho, o projeto passa pelo Parque da Cidade, em São José dos Campos, com os grupos Cia. Talagadá, Pombas Urbanas e Os Palhaços de Rua (programação completa abaixo). 

A ideia é desmistificar a arte, de acordo com Edson Caeiro, idealizador e coordenador do projeto. “Quando as pessoas veem os artistas montando a peça ali no parque, se maquiando antes de entrar em cena, fazendo o aquecimento, isso aproxima o público do fazer teatral. Muitas pessoas nos contam que estão vendo teatro pela primeira vez na vida. Esperamos que elas possam se encantar pela arte e passem a procurar pelos tantos espetáculos e projetos incríveis e gratuitos que existem nas nossas instituições culturais”, explica.

O projeto valoriza o teatro de rua no Estado de São Paulo. “Já existia um movimento forte do teatro de grupos de rua, mas o Teatro nos Parques ajudou a sedimentar o impulsionar outros grupos a fazerem o mesmo caminho de se apresentar na rua, praças e parques. Temos um teatro de pesquisa, com atores, diretores e dramaturgos respeitados buscando uma valorização e abrangência maior junto ao público”. 

A 15ª edição do Teatro nos Parques conta com 28 peças de companhias que têm se destacado na cena nacional por fazer trabalhos que dialoguem com pessoas de todas as idades. 

A programação completa, com detalhes sobre todas as peças, pode ser conferida no site teatronosparques.com/

Sobre o Teatro nos Parques

Criado em 2009, o Teatro nos Parques tem a missão de planejar e executar projetos de teatro, circo e dança para  todas  as  idades  e  classes  sociais,  em  espaços  abertos  e  parques com acessibilidade garantida para toda população. Até maio de 2022, em sua 16ª edição, o projeto já realizou 560 apresentações teatrais em 6 estados e 25 cidades brasileiras, ficando entre uma das maiores temporadas itinerantes de teatro do país.

O projeto é uma coprodução do Cais das Artes e da Estima Cultural, com patrocínio da Gerdau, que apoia o evento desde 2011.

São José dos Campos

Sábado, 8 de julho

16h – Florilégio, do Grupo Pombas Urbanas

Onde: Parque da Cidade – Av. Olivo Gomes, 100, Santana, São José dos Campos

Domingo, 9 de julho

11h – Vikings e o Reino Saqueado, da Cia. Os Palhaços de Rua

16h – Números, da Cia. Os Palhaços de Rua

Onde: Parque da Cidade – Av. Olivo Gomes, 100, Santana, São José dos Campos

O amor passou por aqui estreia no Teatro Uol

O amor passou por aqui – Foto: Tato Belline

Pode acontecer com qualquer um de conhecer alguém ao acaso, alimentar expectativas de construir uma relação e a coisa não rolar porque as duas pessoas estão em momentos distintos de vida. É sobre histórias de amor assim, costuradas em encontros e desencontros, que trata O AMOR PASSOU POR AQUI. Texto de Victor Frad, direção de Stella Maria Rodrigues, a peça estreia dia 5 de julho no TEATRO UOL  para temporada até 30 de agosto, em sessões às quartas e quintas, às 21 horas. No elenco, dois jovens, carismáticos e talentosos atores, Letícia Augustin e André Luiz Frambach dividem a cena. Quase num plano-sequência, eles praticamente não saem de cena e realizam as passagens de tempo e evolução das personagens bem ali na frente do público.

Espetáculo teatral sensível e ao mesmo tempo divertido, dinâmico e cheio de reviravoltas, conta a história de Tiago e Sofia, duas pessoas que buscam o amor, cada um a sua maneira e com suas esperanças e angústias. Com iluminação de Paulo César Medeiros, direção de movimento de Suely Guerra, cenografia de Nello Marlesse, figurinos de Rhelden, músicas e trilha de Marcelo Neves, a peça traça uma linha do tempo na vida do casal e seus encontros e desencontros mantém a atenção do público até o final.

Sofia é uma daquelas meninas que cresceram colocando nas relações amorosas o peso de sua própria felicidade. Prestes a casar, agora questiona as escolhas que fez pelo caminho. Tiago conhece o amor só na teoria e pelos livros. É escritor, cético, jamais se deixou apaixonar, não acredita que possa existir alguém compatível com seu humor e pensamentos. Eles se conhecem, se conectam, mas o destino é traiçoeiro e até uma pandemia surge alargando ainda mais o espaço entre eles.

 Quatro anos em uma hora

 “Quem nunca conheceu uma pessoa em um momento que não era o ideal, em que um estava casado e o outro, solteiro”, desafia Stella. “Ou em que o outro estava numa fase de sua história em que não cabia uma relação. É isso que acontece com eles.” A diretora repete o título da peça e questiona: “O amor passou por aqui. Ele passa e o que a gente faz o que com esta passagem, em que momento a gente se encontra para poder viver uma relação?” A indagação é a proposta da encenação de Stella Maria Rodrigues. Passam-se quatro anos durante uma hora de espetáculo e o casal de jovens Sofia e Tiago se encontra e se desencontra durante esse tempo e a cada vez que se encontram estão em momentos de vida diferentes. O autor, conta Stella, escreveu o texto ainda muito jovem para pedir a namorada em casamento, segundo ele próprio. Detalhe, em cena. Entusiasmada ao encenar a história, a diretora afirma que o amor ainda é incrível. “Temos uma história de amor entre dois jovens. Quis colocar isso em cena de forma suave e delicada, tanto pela trilha como figurino e cenário.”

Encenação em planos e personagens românticos

Para falar sobre encontros e desencontros, Stella Maria Rodrigues imaginou uma encenação com planos e ruas e não um cenário realista para sugerir as diferenças nas fases de vida dos personagens. “Aquele momento em que você passa por uma pessoa na rua….. e, se tivesse olhado para trás, você a veria. “Você não enxerga a pessoa porque não está na mesma energia, e sim em outro momento”, elabora a diretora, de forma metafórica. Segura do que desejava para a montagem, Stella solicitou a Nello Marlesse um cenário com planos diferenciados para os personagens subirem e desceram escadas, “revelando o cansaço da vida de você andar e andar e se desencontrar de si e do outro”. Nesse ambiente não realista, os personagens podem estar em qualquer lugar.

“Eles dois estão no teatro porque a própria peça é um jogo dentro de um jogo – é um jovem escritor, um jovem roteirista que sonha em escrever mas que ainda não é muito bom no que faz e uma noite encontra esta menina. Tem a brincadeira do jogo do amor. A Sofia hoje é uma mulher mais empoderada. Ao longo da história, eles vão se misturando em seus temperamentos ao longo de seus encontros e desencontros. Em cena, dirigindo os atores, Stella comenta com eles sobre a estrutura de construção dos personagens Tiago e da Sofia “ter muito” de Romeu e Julieta. Como o casal de Shakespeare, “Julieta é solar e Romeu é lunar e romântico. Julieta tem o poder da ação, e aqui também Sofia é mais pragmática, tem o coração mais dolorido mesmo sendo mais jovem. Ele, ao contrário, fala que está apaixonado. Eu estou completamente apaixonado por você! Não consigo esquecer você. É tão bonito ouvir isso”. Ressaltando a delicadeza da trilha sonora, Stella conclui: “É tudo muito amoroso. Tenho o desejo que os jovens venham assistir. Temos dois jovens incríveis no palco”.

Ficha Técnica

Texto: Victor Frad. Direção: Stella Maria Rodrigues. Elenco: Letícia Augustin e André Luiz Frambach. Diretora Assistente: Renata Ghelli. Iluminação: Paulo César Medeiros. Direção de Movimento: Suely Guerra. Cenografia: Nello Marlesse. 

Figurinos: Rhelden.  Músicas e Trilha: Marcelo Neves. Assessoria de Imprensa – M Fernanda Teixeira e Macida Joachim – Arteplural. Design Gráfico/ Campanha : AlmaLab. Fotos: Tatto Belline. Direção de Produção – Joaquim Vidal.

Serviço

O AMOR PASSOU POR AQUIEstreia dia 5 de julho, quarta-feira, às 21 horas. Teatro UOL – Av. Higienópolis, 618 – Higienópolis, São Paulo. Temporada5 de julho a  31 de agosto.

Horário: Quartas e quintas 21h. Ingresso: R$ 80,00 (Inteira) R$ 40,00 (Meia). Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: 14 anos. Telefone: 11 3823-2323

Grupo Garagem 21 estreia versão feminista de Dias Felizes, de Samuel Beckett

Dias Felizes – Foto de Bob Sousa

Inspirado no teatro de Tadeusz Kantor e na linguagem de HQs e desenhos animados, o grupo Garagem 21 estreia Dias Felizes, de Samuel Beckett, no Teatro Cacilda Becker (Rua Tito, 295, Lapa, São Paulo, SP), no dia 6 de julho, quinta-feira, 21h. A direção é de Cesar Ribeiro, com atuação de Lavínia Pannunzio e Helio Cicero, respectivamente, vencedores dos prêmios Shell e APCA; e Mambembe e Apetesp.

Uma das obras-primas do escritor irlandês ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1969, o texto traz a história de Winnie, uma mulher de 50 anos que dialoga de modo otimista sobre um passado glorioso e a esperança de dias melhores. Nessa condição precária, em um cenário desértico, ela se agarra às palavras e a seus últimos pertences para enfrentar a passagem do tempo e comandar seu universo de esperanças contraditórias com a realidade em que está inserida: além da imobilidade ao estar enterrada, a memória é falha, o sol é constante e seu marido permanece indiferente, ao fundo da cena, absorto na leitura de manchetes de velhos jornais.

Por meio dessa narrativa, a montagem aborda a desumanização, que condiciona grandes parcelas da população a uma cidadania de segunda classe: o isolamento, a escassez de recursos, a natureza hostil e a oposição entre os desejos de luta pela vida e desistência diante das adversidades configuram a obra como uma representação do abandono pelo Estado, pela coletividade e por qualquer suposta divindade organizadora. Mas como garantir a vida de milhões de pessoas vulneráveis socialmente sob uma realidade excludente?

“Estado e coletividade, duas forças que buscam agir de modo complementar para corrigir as distorções sociais, não são entidades apenas falhas em Dias Felizes, e sim ausentes: em um território devastado, em que o sol nunca se põe, nenhum ser humano é visto há tempos e apenas há vida nas formigas que atacam Winnie e na montanha que engole sua carne, resta a ela e seu marido, Willie, a companhia um do outro”, explica Cesar Ribeiro sobre a montagem.

Em cena, a relação entre os personagens também é de interdição e incompletude: mesmo em situação mais adversa do que seu companheiro, Winnie busca utilizar a linguagem como modo de enganar sua condição e seguir adiante. “Utilizando metateatro, é o estridente despertador que a acorda para o jogo cênico, como se fosse o terceiro sinal antes de iniciar um espetáculo; já o sol é representado pelos refletores, que iluminam a ação. E é nessa ação de ser vista e ouvida que compartilha a consciência de sua tragicomédia, buscando a palavra como modo de construção da única poesia possível, por conta dos impedimentos do corpo, e seu parceiro como um antagonista falho”, pontua o diretor.

A proposta de montagem segue a investigação dos sistemas de violência característica do grupo Garagem 21: se em Esperando Godot é investigada a violência estrutural e em O Arquiteto e o Imperador da Assíria o foco está na violência cultural, em Dias Felizes o centro está nas imposições relacionadas à construção do feminino e na violência do patriarcado.

“A voz que se ouve na peça é de Winnie, que o tempo inteiro retorna à expectativa de felicidade enquanto narra possibilidades de afeto perdidas no passado e a aridez do estado presente. Ao mesmo tempo, como um quebra-cabeça, o texto vai remontando uma relação afetiva que começa com a ‘conquista’ seguida por imediato silêncio entre o casal, resultado de um marido presente fisicamente, mas sem nenhum grau de escuta e que apenas grunhe palavras incompreensíveis e, às vezes, algumas frase soltas ou pequenas respostas”, afirma Ribeiro.

Como base teórica, a montagem utiliza obras como Eichmann em Jerusalém, em que Hannah Arendt propõe que o mal, ao atingir grupos sociais, é político e ocorre onde encontra espaço institucional, gerando a naturalização da violência como processo histórico e sociopolítico; e Calibã e a Bruxa, em que Silvia Federici investiga a opressão ao feminino a partir da chamada ‘caça às bruxas’ no período da transição para o capitalismo.

Esteticamente, a direção de arte busca a influência de princípios do cyberpunk e do steampunk, animações como Persépolis e Ghost in the Shell, visual da industrial dance e moda futurista para compor um território devastado, representado na cenografia de J. C. Serroni por um vulcão carbonizado, enquanto os figurinos de Telumi Hellen e o visagismo de Louise Helène apontam para o indivíduo-máquina característico de alguns animes e a luz ostensiva de Domingos Quintiliano destaca o impiedoso sol do deserto em que estão os personagens. Já a trilha sonora é composta de alguns efeitos e rock clássico.

SINOPSE

Com Lavínia Pannunzio e Helio Cicero, a peça dirigida por Cesar Ribeiro é influenciada pela linguagem de HQs e desenhos animados e mostra a história de Winnie, mulher enterrada em um vulcão até a cintura que dialoga de modo otimista sobre um passado glorioso e a esperança de dias melhores enquanto tem ao fundo seu marido, absorto na leitura de velhos jornais.

FICHA TÉCNICA

  • Projeto contemplado no Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro 2022
  • Texto: Samuel Beckett
  • Direção e trilha sonora: Cesar Ribeiro
  • Atuação: Lavínia Pannunzio e Helio Cicero
  • Direção de produção: Edinho Rodrigues
  • Cenografia: J. C. Serroni
  • Desenho de luz: Domingos Quintiliano
  • Figurinos: Telumi Hellen
  • Visagismo: Louise Helène
  • Produção executiva: Vanessa Campanari
  • Fotos: Bob Sousa
  • Registro em vídeo: Nelson Kao
  • Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Marcia Marques
  • Realização: Grupo Garagem 21, Mecenato Moderno Produção Cultural, Brancalyone Produções e Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro 2022

SERVIÇO

  • De 6 a 30 de julho de 2023
  • Quintas a sábados às 21h e domingos às 19h
  • Local: Teatro Cacilda Becker (Rua Tito, 295. Lapa – São Paulo)
  • Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
  • Duração: 120 min. (incluindo um intervalo de 15 minutos)
  • Classificação: 12 anos | Gênero: Tragicomédia
  • VendasSympla.com.br (https://www.sympla.com.br/produtor/diasfelizes) e bilheteria do teatro

 

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'Mãe arrependida': quem nunca? A maternidade real na vida e no palco - ViDA & Ação julho 30, 2023 - 4:00 am
[…] Saiba mais sobre a peça no site Sopa Cultural […]
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