‘Maresia Corrói os Dentes’: Destaque na Flip 2025, carioca Érica Magni lança, dia 13 de setembro, obra poética que retrata abandono e especulação em Arraial (RJ)

Em “Maresia corrói os dentes”, publicado pela Sophia Editora, autora carioca adota narrativa híbrida, misturando prosa e poesia, para retratar corrosão e resistência em territórios invisíveis

por Jorge Rodrigues

Maresia Corrói os DentesEm seu terceiro livro, “Maresia corrói os dentes” (Sophia Editora, 2025), a poeta e jornalista Érica Magni mergulha nas memórias de Monte Alto, distrito de Arraial do Cabo (RJ), para tecer uma narrativa híbrida entre poesia e prosa. A obra, que nasce marcada pela urgência política e ambiental, retrata a vida em um território corroído não apenas pelo sal do mar, mas pela negligência do Estado e pela especulação imobiliária.

“Escolhi esses temas porque refletem uma urgência coletiva: a preservação de lugares que estão sendo apagados”, explica a autora. O livro conta com prefácio de Tatiana Pequeno e posfácio assinado por Bruna Mitrano. As ilustrações são de Rapha Ferreira. O primeiro lançamento oficial da obra aconteceu durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025. E agora, a autora fará uma sessão de autógrafos no Rio, dia 13 de setembro, às 18h, na Partisan Da Lapa (Rua Moraes e Vale 31, Lapa).

Érica captura vozes muitas vezes silenciadas — pescadores, vendedores ambulantes, moradores de casas devoradas pelo tempo — e as transforma em literatura. “O livro fala sobre corrosão e permanência. Sobre o que resiste mesmo quando tudo tenta apagar”, diz. A maresia, aqui, é mais que um fenômeno natural: é metáfora para o desgaste social, ambiental e afetivo de uma comunidade que insiste em existir. A obra surgiu de três anos de convivência com a região, onde a autora se tornou parte da paisagem. “As pessoas me viam e gritavam: ‘E o livro? Já escreveu?’”, relembra.

A maresia como metáfora existencial

O sal que corrói as estruturas de ferro nas praias de Monte Alto serve de metáfora central para a obra. “A maresia aparece como aquilo que destrói lentamente, mas também como o que deixa marcas, do que insiste”, explica a autora. Essa dupla natureza, corrosão e permanência, estrutura todo o livro, que aborda desde a degradação ambiental até a resiliência dos afetos em meio à adversidade.

Os versos e fragmentos de Érica capturam com precisão o ritmo da vida à beira-mar: o vai-e-vem das marés que espelha a chegada e partida dos turistas; o silêncio ensurdecedor do inverno que contrasta com o burburinho efêmero do verão; o lento definhar das construções frente ao avanço do mar e do descaso. “Escolhi esses temas porque refletem não apenas minha experiência pessoal, mas uma urgência coletiva”, afirma a escritora, destacando como a obra dialoga com questões ambientais e sociais prementes.

Érica Magni em foto de Elissa Oliveira

Érica Magni em foto de Elissa Oliveira

Influenciada por vozes como Conceição Evaristo, Hilda Hilst e João Cabral de Melo Neto, a autora desenvolve uma linguagem que é ao mesmo tempo lírica e concreta, capaz de traduzir em palavras a textura áspera da vida nas bordas. “Minha escrita é fragmentada, sensorial e afetiva”, define a poeta, que optou por uma estrutura não linear para o livro. Os capítulos se organizam como ondas, às vezes suaves, às vezes violentas, criando um efeito de maré que envolve o leitor.

Um dos momentos mais marcantes da obra é o relato do incêndio que destruiu a casa da autora em Arraial do Cabo. Esse episódio, tratado com uma crueza que não exclui a beleza, serve como metáfora para todo o livro: da destruição pode nascer uma nova forma de ver o mundo. “O livro começa com o fogo, mas termina com o sal – ambos corrosivos, ambos transformadores”, analisa Bruna Mitrano no posfácio da obra.

A autora

Érica Magni (Rio de Janeiro, 1986) é poeta, jornalista e criadora do podcast Rádio-Carta Mulher. Autora de “Poérica” (Editora Cousa, 2019) e “Areia na Olhota” (Editora Pedregulho, 2023), já colaborou com projetos ligados a comunidades indígenas e periféricas, como o livro “Diário de Área” (2021), sobre a etnia Yanomami. Vive entre a Região dos Lagos e Teresópolis, onde continua a escrever “tudo que a atravessa”.

Serviço

Lançamento – “Maresia corrói os dentes” – Rio de Janeiro

  • Sessão de autógrafos com a autora
  • Data: 13 de setembro de 2025
  • Horário: a partir das 18h
  • Local: Partisan Da Lapa (Rua Moraes e Vale, 31, Lapa)

Ficha técnica – “Maresia corrói os dentes”

  • Autora: Érica Magni
  • Prefácio de Tatiana Pequeno. Posfácio de Bruna Mitrano. Ilustrações de Rapha Ferreira
  • Editora Sophia, 184 páginas
  • Valor: R$50,00

Onde comprar: www.sophiaeditora.com.br

Você também pode gostar

Compartilhe