Mercado Central de Contagem completa 33 anos com celebração à cultura negra

por Higor Garcia

A comemoração dos 33 anos do Mercado Central de Contagem, no bairro Inconfidentes, na região metropolitana de Belo Horizonte, neste sábado (14), é marcada por uma programação que reúne música, gastronomia, artesanato e valorização do afroempreendedorismo e a cultura negra.

Para comemorar mais de três décadas de história, o centro comercial celebrou o aniversário sediando a segunda edição da Feira Mercado Afro, evento que teve início na sexta-feira (13) e segue até domingo (15). As atrações vão desde rodas de samba e folia de reis até consultoria capilar para cabelos crespos.
 
A estimativa é que o local, que costuma receber 2 mil pessoas diariamente, dobre o número do público durante os três dias de comemoração. “A feira reúne um conjunto de empreendedores com produtos que valorizam a cultura afrobrasileira e africana. Há especialistas em pele e cabelos de pessoas negras. Na área de estética e beleza, temos maquiagem para peles negras, produtos e serviços para cabelos anelados, ondulados e crespos, além de uma variedade de opções de tecidos africanos”, detalha Adalete Pacheco, assessora da Secretaria de Trabalho e Geração de Renda da Prefeitura de Contagem. 
 
De acordo com Adalete, os 40 expositores são empreendedores de Contagem e região metropolitana.
 
Especialista em cabelos crespos, a afroempreendedora Eulália Mendes é proprietária do salão Amada Power e, além dos produtos para os fios encaracolados, oferece uma consultoria capilar que passa pela história da população negra para resgatar a autoestima de homens e mulheres habituados a alisar ou raspar os fios.
 
“Além de comemorar os 33 anos do Mercado Central de Contagem, essa é uma oportunidade de pessoas negras virem ao espaço onde elas vão se identificar. Existem muitas pessoas negras que entram em locais que não se sentem confortáveis porque não há como identificar pessoas como nós. A discriminação vem do fato da gente não conseguir ocupar todos os espaços”, diz.
 
A empresária conta que a maior parte dos seus clientes a procuram para iniciar um processo de transição do uso de produtos químicos para o alisamento dos fios ou manutenção de cabelos raspados. “Antes, os homens raspavam a cabeça para ficarem ‘limpinhos’, algo que foi colocado na nossa cabeça, mas agora eles estão deixando o cabelo crescer para se identificarem porque se a pessoa não sabe de onde veio, sua ancestralidade, ela não sabe para onde caminhar”, ressalta.
 
Prestigiando a feira pela primeira vez, o autônomo Vandernilson Silva soube por amigos que a feira teria como foco a cultura negra. “Estamos muito bem representados, tem uma variedade muito grande de confecções, adereços e comidas,mas gostaria que muito mais gente se interessasse em incentivar o empreendedorismo negro. É fundamental”, diz.

Tradição

Inaugurado em 1989, o espaço comercial abriga mais de 170 lojas com principal público do local formado por famílias, tanto como consumidores quanto pequenos empreendedores que apostaram na pluralidade do local para investir em diversos segmentos.
 
Comerciante no Mercado há 30 anos, Marlene Pereira começou o negócio comercializando ervas e migrou para venda de cestos de madeira. Hoje, é referência no mercado de buffets e decoração. “Já comprei e vendi lojas tudo com dinheiro que tirei daqui. Quem sabe trabalhar em Mercado, prospera. Mas, aqui tem que chegar cedo e arregaçar as mangas”, aconselha a senhora de 81 anos.
 
Nos estandes do lado externo, o empreendedorismo familiar também marca a história da comerciante Gislene Oliveira e sua família. “Estou aqui há mais de 20 anos, comecei vendendo roupas e migrei para os calçados. Já participei de muitos aniversários, meu filho quase nasceu aqui, fui direto para a maternidade” brinca.
 
A comerciante aproveita o momento para retomar as vendas pós-pandemia e estima ter recuperado cerca de 70% da receita que costumava faturar, mas com ajustes. “Para atender nosso público, famílias de Contagem e RMBH, trabalhamos com um preço acessível que vai de R$ 20 a R$150”, conta. Devido à alta inflacionária, preciso ampliar os modos de pagamentos e a quantidade de parcelamento”.


Domingo 15/05

10 às 12h – Oficina de ABAYOMI
12H às 14H – Show Adriana Araújo e Banda – Palco principal
– Exposições Temáticas nos três dias da feira:
• Cartão de Visitas – fotografias de Robert Nonato
• Menção honrosa a Yemanjá – ODUM ORIXÁS – 50 anos

A afroempreendedora Eulália Mendes participa da comemoração — Foto: Leíse Costa/O Tempo

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