Montagem inédita “És tu, Brasil?” estreia no Futuros – Arte e Tecnologia

Encenando uma biografia do Brasil sob um olhar ecológico, espetáculo do premiado 1COMUM Coletivo imagina como a ocupação da terra brasileira ao longo do tempo conecta eventos históricos aos efeitos da crise climática

És tu, Brasil?

Os efeitos da crise climática no mundo e as preocupações com a estabilidade democrática brasileira foram o ponto de partida para a criação de “ÉS TU, BRASIL?”, montagem teatral inédita que estreia 7 de setembro e segue até 27 de outubro no Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo. Para o premiado 1COMUM Coletivo, fundado por Fernando Nicolau, diretor e iluminador da montagem que tem a dramaturgia assinada por Thiago Scarpat, a data de estreia não é à toa: lançar um espetáculo cujo título interroga seu próprio país justo no dia da independência do Brasil parece dar os contornos sobre possíveis temas que ele abordará em cena. As sessões ocorrem de quinta a domingo, às 19h.

Para a composição de elenco, o 1COMUM Coletivo buscou contemplar a matriz étnica deste país, oferecendo à cena quatro intérpretes que remontam à pluralidade do Brasil: Giovanna Nader, Igor Pedroso, Lucas Sampaio e Luiza Loroza. Assim, o encontro destes corpos e matrizes geram narrativas e símbolos que, munidos do vocabulário socioambiental (povos originários, elevação do nível do mar, aumento de temperatura global, racismo ambiental), revisam as histórias do Brasil e revelam a própria trajetória plural e contraditória desta nação. Giovanna – que, além de atriz, é uma das maiores comunicadoras socioambientais do país, influenciadora digital e ativista climática – retorna ao teatro após sete anos neste espetáculo, do qual é idealizadora junto de Fernando e Thiago.

“Essa peça nasceu da vontade de comunicar a urgência do clima em uma outra linguagem, e eu acredito muito no poder do teatro pra promover uma conscientização mais profunda sobre a pauta”, afirma Giovanna.

Com uma dramaturgia que vai do ano de 2500 a 1500 — marco temporal da invasão colonial no Brasil —, o espetáculo mistura tempos históricos para recontar momentos canônicos e não canônicos deste país. Esta escolha narrativa reflete a intensa revisão das histórias do Brasil — sempre plurais — que ocorre hoje em dia. Por isso, para a construção de cenas desta montagem, algumas questões surgiram: quais são os temas, os eventos e as personagens a serem emoldurados, revisados ou problematizados na dramaturgia? Como montar uma biografia do Brasil no teatro assumindo as contradições deste país? Que personagens, visíveis e invisíveis, subirão ao palco?

O espetáculo inova pelo jeito como decide contar cenicamente estas histórias: pelo viés climático, buscando conectar história e ecologia e entender como escolhas políticas — pessoais, coletivas e estruturais — podem dizer sobre os rumos climáticos que o mundo, e especificamente o Brasil, vêm tomando. Oferecendo um olhar urgente e provocador, o espetáculo fala sobre como os modos de habitar e se relacionar com a terra (brasileira) ao longo do tempo nos encaminharam ao colapso climático, colocando o Brasil diante de crises — também plurais.

“É um espetáculo sobre crise climática no Brasil, mas que usa deste escopo para revelar outras crises que engendram este país: crises políticas, sociais, subjetivas, morais e econômicas”, pondera Thiago Scarpat, dramaturgo do espetáculo, vencedor do prêmio dramatúrgico Secult/2017 com “O que restou dos nossos amores”, cuja direção dividiu com o premiado diretor Rodrigo Portella.

Lendo a trajetória do Brasil sob a ótica ecológica, o espetáculo vai à raiz do problema quando se fala de crise climática: o sistema capitalista. Na montagem, a encenação questiona os problemas ecológicos assumindo as contradições que o próprio capital inventa. E que inventou, inclusive, desde 1500, esta ficção colonial que chamamos de país: o Brasil. “Mudanças violentas no uso do solo e desmatamentos sistemáticos são projetos de desenvolvimento do Brasil, o único país com nome de árvore no mundo”, comenta Fernando Nicolau, também diretor e iluminador do premiado espetáculo “Se eu fosse Iracema”.

“O Futuros – Arte e Tecnologia é um palco para as grandes reflexões sobre a história e o futuro do nosso país. Um espetáculo provocante como ‘ÉS TU, BRASIL?’, que aborda questões como o racismo ambiental, o aquecimento global e as consequências das escolhas do homem para as próximas gerações, está em total convergência com a proposta do centro cultural. O público vai sair da peça tendo muito para refletir”, aponta Victor D’Almeida, gerente de cultura do instituto Oi Futuro.                                   

1COMUM Coletivo

A primeira pesquisa de linguagem desta companhia nasceu da inquietação provocada por uma carta de outubro de 2012, em que os Guarani e os Kaiowá pediam que se decretasse sua morte coletiva em vez de lhes tirarem a terra originária. De lá para cá, “Se eu fosse Iracema”, espetáculo sobre questões de macropolítica dos povos indígenas brasileiros, foi indicado às categorias atriz, figurino e dramaturgia aos prêmios APCA, Shell, Cesgranrio e APTR, vencendo a de figurino nos três últimos. Em 2019, fez o Palco Giratório, maior circulação da América Latina, realizada pelo SESC. A segunda pesquisa foi a experiência audiovisual Touro Branco, temporada ocorrida de modo não presencial, no mês de março e abril de 2021, em meio à pandemia de Covid-19. Logo, o espetáculo “ÉS TU, BRASIL?” é uma continuidade de pesquisa de linguagem em arte da cena e uma continuidade sobre as assimetrias do Brasil.

“O Tempo Virou”

‘O Tempo Virou’ é uma plataforma de comunicação que tem como objetivo a difusão da pauta do clima em diferentes linguagens, promovendo a conscientização ambiental. Criada por Giovanna Nader, a plataforma conta com diversos produtos audiovisuais e agora tem sua pesquisa no teatro.

Futuros – Arte e Tecnologia

Inaugurado há 19 anos com a proposta de democratizar o acesso a experiências de arte, ciência e tecnologia, o centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia convida o público a refletir sobre grandes temas deste século que norteiam a sua linha curatorial: meio ambiente, ancestralidade, infância, diversidade, educação e as inúmeras questões que envolvem a tecnologia e o seu impacto no desenvolvimento da humanidade. O espaço investe de forma recorrente na produção e inovação artística, com experimentação de novas linguagens, busca revelar novos talentos e valorizar e desenvolver o setor cultural do país, além de expandir a colaboração com a cena artística internacional, consolidando o Brasil na rota mundial da economia criativa.

Nomes como Andy Warhol, Nam June Paik, Jean-Luc Godard, Luiz Zerbini e Lenora de Barros são alguns dos expoentes que já ocuparam suas galerias ao longo dos últimos anos. Seu espaço já foi palco da cena cultural carioca e nacional com eventos como Festival do Rio, Panorama de Dança, Multiplicidade, Novas Frequências e Tempo_Festival, sendo os três últimos especialmente concebidos para a instituição.

Com programação diversa e voltada para toda a família, o centro cultural abriga galerias de arte, um teatro multiuso e o Musehum – Museu das Comunicações e Humanidades. Com acervo de mais de 130 mil peças históricas sobre as comunicações no Brasil, promove ainda experiências imersivas e interativas que divertem e estimulam a reflexão sobre o impacto das tecnologias nas relações humanas. Em 2023, mais de 127 mil pessoas visitaram suas dependências.

Fundado pela Oi, sua principal mantenedora, e com gestão do Oi Futuro, em 2024 o Futuros – Arte e Tecnologia conta com patrocínio de BNY e EY, com apoio do Governo Federal através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro – Lei do ISS, o projeto Vem, Futuro! Ano 2 é realizado pela Zucca Produções, em parceria com o Oi Futuro, no centro cultural, com patrocínio da Serede, Oi, Tahto e Prefeitura do Rio de Janeiro/SMC, oferecendo programação cultural, ações educativas e abrangendo infraestrutura de apoio nas galerias, no teatro e no Musehum.

SERVIÇO:

“ÉS TU, BRASIL?”

  • Temporada: de 07 de setembro a 27 de outubro de 2024
  • Horário: Quinta-feira a domingo – 19h 
  • Local: Futuros – Arte e Tecnologia
  • Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo – Rio de Janeiro
  • Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada / meia-entrada solidária, doando 1 Kg de alimento não-perecível)
  • Duração: 120 minutos
  • Classificação Indicativa: 14 anos

FICHA TÉCNICA:

  • Direção: Fernando Nicolau
  • Dramaturgia: Thiago Scarpat
  • Elenco: Giovanna Nader, Igor Pedroso, Lucas Sampaio e Luiza Loroza
  • Iluminação: Fernando Nicolau
  • Figurino: Luiza Fardin
  • Cenografia: Mina Quental
  • Direção Musical: André Muato
  • Direção de Movimento: Fernando Nicolau
  • Preparação Vocal: Pedro Lima
  • Assistente de Produção: Vinicius Medeiros
  • Assistente de direção: Marjorie Zeitune
  • Costureira: Marenice Alcantara
  • Tricot: Ticiana Passos
  • Visagismo Sessão de Fotos: Jorge Abreu
  • Colaboração de Pesquisa (elenco): Sol Miranda e Cinnara Leal
  • Colaboração de Pesquisa (direção de movimento): Raphael Rodrigues
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
  • Projeto Gráfico e Direção de Arte das Fotos: Fernando Nicolau
  • Fotos: João Julio Mello
  • Visagismo (fotos): Jorge Abreu
  • Edição de imagens (teasers instagram): Rafaela Carvalhães
  • Filmagem: Bruta Flor Filmes
  • Vídeos para rede social: Fernanda Becker
  • Produtoras Associadas: Renata Blasi e Ana Paula Abreu (Diálogo da Arte)
  • Realização: 1COMUM Coletivo e O Tempo Virou
  • Idealização: Fernando Nicolau, Giovanna Nader e Thiago Scarpat