Mostra inédita traz ao Rio 69 gravuras de Rembrandt

“Autorretrato com Saskia” (1636)

As emoções humanas se revelam nos rostos de personagens bíblicos, crianças, idosos, mendigos, parentes e figuras anônimas. Em comum a todos, o traço inconfundível do mestre do claro-escuro. O Rio receberá uma exposição inédita com 69 gravuras originais do holandês Rembrandt van Rijn (1606–1669), considerado um dos maiores artistas de todos os tempos. A mostra Rembrandt – O mestre da luz e da sombra ficará em cartaz de 24 de setembro a 8 de novembro no Centro Cultural dos Correios, com entrada franca. Depois segue para Belo Horizonte e Vitória.

O público carioca poderá conferir obras como Autorretrato com Saskia (1636), A Descida da Cruz (1633), Ressurreição de Lázaro (1632), O Jogador de Cartas (1641), O Manto de José Trazido a Jacó (1633), A Fuga para o Egito (1633) e Cristo Expulsando os Cambistas do Templo (1635). Nas gravuras, o artista usou principalmente a água-forte, técnica que consiste em desenhar sobre uma placa de cobre coberta de tinta, que depois é exposta ao ácido para criar as linhas desejadas.

Rembrandt revolucionou a arte ao combinar uma técnica impecável com a sensibilidade única para captar a psicologia e a humanidade de seus personagens. Ele combinou a água-forte à ponta-seca, criando obras de riqueza e profundidade incomparáveis. Suas estampas não são meras ilustrações: são espaços de experimentação, nos quais a matriz é retrabalhada, alterada e impressa em múltiplas camadas, permitindo acompanhar o inquieto processo criativo do artista.

Ao longo de sua carreira, Rembrandt deixou mais de 300 pinturas, 300 gravuras e cerca de 2 mil desenhos, entre autorretratos, paisagens, retratos coletivos e cenas bíblicas. O uso inovador da luz e da sombra — a técnica chamada chiaroscuro — influenciou não apenas seus contemporâneos, mas também movimentos artísticos posteriores, desde o Impressionismo e até o cinema moderno. Em cada obra, ele investiga a emoção interior, os laços espirituais e o mistério da experiência humana. Sua maestria no uso da luz e da sombra confere às águas-fortes uma intensidade dramática que as torna imediatamente reconhecíveis.

“O que torna Rembrandt atemporal é a capacidade de capturar a alma humana. Suas obras traduzem emoções e dilemas universais, como dor, fé, amor, envelhecimento e esperança. Olhar para uma gravura sua é atravessar os séculos e ainda encontrar relevância, humanidade e verdade”, explica Luca Baroni, curador da mostra e diretor da Rede dos Museus das Região Marche Nord, Itália.

Rembrandt – O mestre da luz e da sombra chega ao Brasil por intermédio da Premium Comunicação Integrada de Marketing, empresa responsável pela realização de sete mostras de arte no país, incluindo Leonardo Da Vinci e Picasso. “Apreciar uma gravura original de Rembrandt é estar diante da história da humanidade. É viver uma experiência que antes era privilégio de quem visitava museus na Europa. A presença dele no Brasil é, antes de tudo, um gesto simbólico. Num país marcado por polarizações e excesso de ruído, sua arte convida à escuta, à introspecção e ao encontro com o que realmente importa”, afirma Álvaro Moura, diretor da Premium.

Um dos principais objetivos da exposição é mostrar que a arte não é elitista. “Democratizar o acesso a obras de tamanha importância é permitir que crianças, jovens, famílias, estudantes e curiosos tenham contato com um dos pilares da cultura ocidental. Ao abrir gratuitamente as portas para o público, o projeto reafirma a ideia de que cultura não é luxo, mas direito e necessidade coletiva”, complementa Moura.

A exposição no Centro Cultural dos Correios também é marcada pela acessibilidade. Além de recursos como legenda, tradução em libras e descrição das postagens nas redes sociais, Rembrandt – O mestre da luz e da sombra conta com placas em braile nos locais das exposições e um autorretrato em 3D do artista com recurso tátil.

A relevância de Rembrandt

Nascido em Leiden, em 1606, Rembrandt é considerado um expoente da Era de Ouro holandesa. Desde cedo, destacou-se como pintor e gravurista, alcançando reconhecimento em Amsterdã durante o período do Barroco. De família humilde era o quinto filho do dono de um moinho à beira do rio Reno (Rijn). O amor pelo rio fez seu pai incorporá-lo ao próprio nome passando a assinar Harmen Gerritz van Rijn.

Todos na casa moíam grão, mas Rembrandt gostava de pintar e queria ir para a escola. Aos 7 anos ingressou na Escola Latina de Leiden. Com muito sacrifício, seu pai o matriculou na Universidade de Leiden, mas só conseguiu mantê-lo durante nove meses.

Ao deixar a universidade, Rembrandt ingressou no ateliê do pintor Jacob Isaaksz, que lhe ensinou a técnica, o preparo das tintas, a montagem das telas e a disciplina do desenho. Em 1623, aconselhado pelo professor, foi para Amsterdã, onde estudou com o pintor romanista Pieter Lastman. Em 1627, Rembrandt voltou para Leiden e instalou seu próprio atelier com seu amigo e também pintor Jan Lievens. Nessa época, recebeu várias encomendas particulares.

Em 1631, após a morte do pai, resolveu instalar-se em Amsterdã. Um ano depois já era famoso, um dos pintores mais caros e procurados da cidade. Rembrandt retratava os ricos e bem sucedidos burgueses, pois era moda enfeitar as paredes com o próprio retrato. Em 1632, pintou um dos seus quadros mais famosos: A Lição de Anatomia do Doutor Tulp (1632). O sucesso da obra provocou dezenas de encomendas de retratos em grupo.

Com riqueza de detalhes, grande expressividade e forte apelo dramático, Rembrandt desenvolveu um estilo singular. Influenciado inicialmente por Caravaggio, fez uso de uma técnica refinada, retratando cenas religiosas, cotidianas, e ainda, temas mitológicos e algumas paisagens. Parte de seu trabalho é notório o uso de cores frias, enquanto em outros, Rembrandt optou por usar cores fortes e vibrantes. Além disso, uma de suas técnicas de pintura estava no intenso jogo de luz e sombras característico do estilo barroco.

Rembrandt faleceu em outubro de 1669, aos 63 anos, em Amsterdã, sendo enterrado num túmulo desconhecido. Contudo, o reconhecimento do seu gênio artístico foi recuperado a partir do século XIX, consolidando-o como um dos maiores artistas de todos os tempos.

SERVIÇO

  • Exposição Rembrandt – O mestre da luz e da sombra
  • Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro
  • Período: 24 de setembro a 8 de novembro de 2025
  • Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 2 – Centro, Rio de Janeiro
  • Horário: De terça a sábado, das 12h às 19h
  • Capacidade de público: 500 pessoas
  • Entrada gratuita
  • Redes sociais: rembrandtnobrasil

Informações gerais sobre visita mediada:

  • Dias e horários: 3ª, 4ª, 5ª e 6ª feiras – Entre 12 e 17h.
  • Mínimo de 15 e máximo de 40 visitantes, acima de 3 anos de idade.
  • Duração da visita: 1h30
  • Entrada Franca
  • A visita percorre as galerias da exposição “Rembrandt – O Mestre da luz e da sombra” no nível 3
  • Visitas mediadas em Libras: mediante agendamento

Informações e curiosidades serão apresentadas ao público nas visitas mediadas, onde disponibilizamos QR Codes em diversos ambientes com vídeo Libras e narração voltada para pessoas com deficiência.

REALIZAÇÃO. A exposição tem patrocínio da Biancogres, Supermercados BH e é viabilizada pela Lei Rouanet de Incentivo a Projetos Culturais. A organização é da The Art Co. em conjunto com a Brasil Meeting Points. A realização é da Premium Comunicação Integrada de Marketing, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

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