Para celebrar o dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, no próximo 26/07 (Sáb), das 14h às 20h, o Museu Bispo do Rosário recebe a segunda edição do Festival Mostra+ de Música. Na ocasião, a área externa do museu se transforma em um grande palco a céu aberto, conectando a comunidade a uma programação vibrante, gratuita e acessível para todos os públicos. O festival destaca a riqueza da cultura local com música, arte, além da feira de economia criativa composta por afroempreendedoras da região.
Entre as atrações estão as talentosas: Juliane Gamboa – que presta homenagem às mulheres negras trazendo as músicas do projeto JAZZWOMAN, uma mistura de jazz, blues e ritmos brasileiros; Taís Feijão – representando uma nova geração da MPB que mistura força ancestral com sonoridades pop, urbanas e contemporâneas, apresenta seu show autoral, Brasilidades; e da Roda de samba com a Carol Cardoso – apostando nos clássicos e novos sucessos do gênero. A DJ Bombs estará no comando das pick ups ao longo do evento.
O Festival Mostra+ de Música é um convite ao público para mergulhar no universo multilinguagem do Museu Bispo do Rosário, que vem produzindo uma série de eventos culturais e artísticos. Para o diretor do Museu, Alexandre Trino, a intenção é mobilizar cada vez mais a comunidade, participante ativa das atividades, como protagonistas da programação e dos projetos institucionais. ”O projeto Mostra+ de Música tem na sua essência, essa vocação agregadora, pela abertura de visibilizar os talentos artísticos desse território, sobretudo da Zona Oeste. Estamos realizando mais uma edição, dessa vez homenageando a Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A intensidade deste território vivo se dá na valorização de suas histórias, de seus encantamentos e da mística de seu imaginário, povoado por artistas e suas invenções criativas que o Museu incentiva e abraça, acolhendo diversas perspectivas e complexidades de narrar pela arte, a potência das pessoas e do território em que elas habitam”, destaca Trino.
‘100 anos da Colônia Juliano Moreira’ reverencia memória, história, resistência e luta antimanicomial
Intitulada 100 Anos da Colônia Juliano Moreira: arquivos, territórios e imaginários, a mostra traz mais de 300 objetos, divididos entre elementos históricos, documentos, obras do acervo institucional, de Arthur Bispo do Rosário, além de produções inéditas de artistas convidados e, também, do Ateliê Gaia.
A curadoria foi elaborada a ”oito mãos” e fica a cargo de Carolina Rodrigues, Gabriel Reis, Geovana Melo e Napê Rocha, abordando assuntos como: Mulheridades; Conexões Externas; Imaginações, Fabulações e Infâncias; Reflexões sobre o Tempo; e o Trauma Colonial. A exposição ocupa os três andares do Museu com reflexões em torno de três temáticas gerais: arquivos, territórios e imaginários.
A curadora do Museu Bispo do Rosário, Carolina Rodrigues, ressalta que o momento do Mostra+ de Música é mais uma iniciativa da instituição que contribui para a expansão das suas ações para além das galerias expositivas. ”Priorizamos artistas que tenham confluências com o território da Zona Oeste e com uma concepção curatorial que prioriza as conexões com a nossa comunidade. O dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é uma data de grande importância política e histórica que vem ganhando cada vez mais destaque e tem vários pontos de identificação com o nosso território, formado majoritariamente por pessoas negras. A partir desse marco simbólico, temos a oportunidade de celebrar e visibilizar grandes personalidades que contribuíram para a memória da luta antimanicomial e artística na Colônia Juliano Moreira, como Dona Ivone Lara, Stella do Patrocínio e Dirce Maia, a partir do trabalho de novas artistas da música, como Juliane Gamboa, Carol Cardoso e Taís Feijão”, conclui Carolina.
Quem visitar a exposição também terá a oportunidade de conhecer o projeto “Eu vim contar uma história”. Desenvolvido pela Coordenação de Educação e Arte do Museu, a ação foi realizada em 2022 e reúne histórias de mais de 70 crianças da escola municipal Juliano Moreira. O produto final do projeto são episódios de podcast em que as crianças contam histórias sobre os lugares da Colônia Juliano Moreira, mesclando real e imaginário. Ao todo foram produzidos 13 episódios de podcast, que serão disponibilizados para o público durante a exposição.
O Festival Mostra+ de Música é uma realização do Museu Bispo do Rosário e conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura.
Museu Bispo do Rosário
A história do museu se funde e se alinha com os desafios e avanços da reforma psiquiátrica na cidade do Rio de Janeiro. Através da indução de políticas do Sistema Único de Saúde para a desinstitucionalização de usuários internados por longa permanência no complexo manicomial da Colônia Juliano Moreira, as transformações ocorridas no território da Colônia vão constituindo, sobretudo a partir da década de 90, estratégias e recursos para o cuidado em liberdade de base comunitária e territorial.
A centralidade de políticas de saúde mental que reorientaram um modelo de atenção manicomial, para a qualificação de um modelo de Atenção Psicossocial de base comunitária e territorial fez com que começassem a surgir os serviços substitutivos ao manicômio, e que favoreceram configurações de estratégias do cuidado em liberdade no SUS do Rio de Janeiro e consequentemente nos bairros da Colônia,Taquara,Curicica e adjacências. Neste sentido, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), seriam, principalmente a partir da década de 2000, os grandes potencializadores de iniciativas de promoção do cuidado em saúde mental, com forte influência até os dias atuais, na mudança do modelo de atenção em saúde mental e na constituição de Redes de Atenção Psicossocial de base comunitária e territorial.
O legado de Arthur Bispo do Rosário, artista negro, nordestino, manicomializado por 49 anos na Colônia Juliano Moreira, tem, intrínseca à sua obra, a valorização daquele território de degredados, destino dos fins de linha, no desmundo da colônia e no labirinto de sua própria existência. A superação dos seus limites,do espaço degenerado do manicômio, não se restringiu ao espaço de sua famosa cela, e na sua singularidade, inovou possibilidades de vida em um espaço social trágico, inóspito e violento. O museu que leva seu nome, também traz em seu percurso histórico, essa característica marcante de ser um museu território, que está além dos muros de sua reserva técnica e de suas salas de exposição, e que aposta nas relações sociais se constituindo e operando até os dias atuais como um espaço pedagógico.
Serviço
FESTIVAL MOSTRA+ DE MÚSICA | GRÁTIS
Data: 26 de Julho (SÁB)
Horário: 14h às 20h
Local: Museu Bispo do Rosário
End :: Estrada Rodrigues Caldas, 3400 – Colônia, Taquara.
Estacionamento no local