Musical inspirado no clássico de João Ubaldo Ribeiro, Viva o Povo Brasileiro estreia nova temporada no Teatro Carlos Gomes

‘Viva o Povo Brasileiro’ é considerada uma das principais obras do escritor João Ubaldo Ribeiro. O autor recebeu tanto o Prêmio Camões de Literatura como o Prêmio Jabuti quando lançou o livro. Poderosa, a publicação foi ainda enredo da Império da Tijuca em 1987. Nos palcos, ‘Viva o Povo Brasileiro’ também é sucesso, já foi visto por 27 mil pessoas em sua turnê nacional que passou pelo Rio, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Recife e João Pessoa. Conquistou não apenas a plateia, mas também o reconhecimento da crítica, vencendo o Prêmio Shell na categoria “Melhor Ator” com Maurício Tizumba. Foi indicado também em mais três categorias – Música Original e Direção Musical, Melhor Direção e Melhor Figurino -, e no Prêmio APCA nas categorias “Melhor Espetáculo” e “Melhor Ator” e no Prêmio APTR na categoria “Melhor Música”.

Agora, o espetáculo ganha nova temporada, com o patrocínio master do Nubank e estreia dia 17 de outubro, no Teatro Carlos Gomes. Produzida pela Sarau Cultura Brasileira. ‘Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé) conta com 30 músicas originais compostas por Chico César, a partir de letras inspiradas ou que utilizam parte textual da obra de Ubaldo. A direção musical e trilha original são de João Milet Meirelles (da banda BaianaSystem). A pesquisa para a montagem teve início na investigação de doutorado feita na Universidade de Lisboa pelo diretor André Paes Leme, que já adaptou com sucesso, da literatura para o teatro, ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’, ‘A hora e vez de Augusto Matraga’ e ‘Engraçadinha’. 

O desejo de falar do que seria esse povo brasileiro a partir da ótica crítica e do humor de João Ubaldo Ribeiro provocou o nascimento do projeto. “Não há possibilidade de entender o povo brasileiro sem compreender que todos nós somos o povo brasileiro, desde os povos originários até os imigrantes que chegaram muito tempo depois. Criamos esse espetáculo, que praticamente pega um terço do livro, mas traz a essência da obra ligada à ideia de ancestralidade, de espiritualidade, da luta contra a escravidão, por uma igualdade e justiça social. O texto é especialmente conectado à força feminina, que é algo muito forte a partir da personagem da Maria Dafé, que é a grande heroína”, diz André.

O livro de Ubaldo tem cerca de 700 páginas e percorre 400 anos da história do Brasil. A trama, ambientada em Itaparica, fala de uma alma que quer ser brasileira. Primeiramente, ela encarna em indígenas, até o primeiro personagem, o Caboclo Capiroba, em 1640, que é enforcado pelos portugueses colonizadores, mas tem uma filha que se chama Vu, e dela descendem as mulheres da história.

A alma depois reencarna em um Alferes, em 1809. Esse Alferes sonhava em ser um herói brasileiro e tem morte súbita protegendo Itaparica da invasão portuguesa. Morre cedo, mas consegue ser considerado herói.  A alma fica mais desejosa de ser brasileira e vai encarnar na personagem Maria Dafé, que é filha da Vevé (Naê), tataraneta de Vu. Ela foi estuprada pelo Barão, que, quando sabe da gravidez, manda o negro Leléo tirar Vevé de Itaparica. Leléo é um negro liberto, que já tem muito dinheiro e que cuida de Dafé como sua verdadeira neta, dando ensino e escola.  Aos 12 anos, Dafé assiste ao assassinato da mãe a facadas, por homens que queriam violentar as duas. Isso é o gatilho para Dafé virar a heroína da história.

Para embalar toda essa trama, Chico César compôs 30 canções, que ganharam arranjos de João Milet Meirelles e a colaboração do elenco. No palco, três músicos e dez atores que interpretam, cantam e tocam. Além do elenco fixo, cada cidade por onde o espetáculo passará ganhará um coro composto por atores iniciantes/ estudantes, locais, que ajudarão a dar vida à essa epopeia.  

“Esse é meu terceiro trabalho com a Sarau. Nós fizemos ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’. Para compor as músicas, eu parti da palavra do escritor e busquei a sonoridade da escrita. Trouxe muito da minha formação intuitiva da música negra, brasileira, baiana, porque o livro se passa em Itaparica e Salvador. Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileira”, conta Chico César.

Em seu segundo trabalho com o teatro musical, João Milet Meirelles trouxe para ‘Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)’ uma construção coletiva com referências da música baiana contemporânea e da tradicionalidade.  “Existe também um apontamento para o futuro. Tem muita percussão, cordas, sanfona, piano. São três músicos e um elenco também muito competente musicalmente. Tem essa diversidade como uma linha que vai conduzindo tudo. É uma construção coletiva com o processo de experimentação”, define João.

Sinopse

Baseada em livro de João Ubaldo Ribeiro, a montagem é ambientada em Itaparica, na Bahia, e percorre o período de 1647 a 1977, acompanhando uma alma em busca da identidade brasileira, que encarna em personagens invisibilizados pela história. Ao longo desses 400 anos, a construção dos abismos sociais é mostrada através das figuras de Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé, que transformam suas dores em heroísmo e demonstram a força da ancestralidade que percorre a formação do nosso povo.

O diretor 

André Paes Leme é encenador formado na UNIRIO, Mestre e Doutor em Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa. Já realizou mais de 50 espetáculos, entre peças teatrais, concertos musicais, óperas e eventos comemorativos de relevância cultural. Suas últimas encenações foram: A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa (2020),

Agosto (2017), Esperança, de César Mourão (2015), Amigo Cyro muito te admiro, de Rodrigo Alzuguir (2014). O Lugar escuro, de Heloisa Seixas (2013). Arresolvido, de Erida Castello Branco (2012). Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar (2011). Hamelin, de Juan Mayorga (2009), pelo qual recebeu o Prêmio APTR/2010 de melhor direção. Candeia, de Eduardo Rieche (2008). A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa (2007). Uma última cena para Lorca, de Antônio Roberto Gerin (2005). Grande Othelo, de Douglas Dwight (2004). Chega de sobremesa, de Stela Freitas (2002). Engraçadinha, de Nelson Rodrigues (2001). Pequenos trabalhos para velhos palhaços, de Matei Visniec (2000).

A produtora 

A Sarau Cultura Brasileira, fundada em 1992, construiu um consistente currículo no mercado cultural carioca, atuando na pesquisa e viabilização de projetos para a recuperação da obra de artistas brasileiros, nos mais diferentes formatos, do palco à internet. Hoje, com larga experiência e reconhecimento no meio e mercado cultural, a Sarau tem a sua própria memória, riqueza de conteúdo e capacidade de realização inquestionável. Em três décadas de um ciclo virtuoso, a Sarau realizou mais de 160 projetos, dentre eles 53 de teatro, 46 de música, 21 Cds, além de projetos de acervo, festivais, publicações de livros e exposições. A primeira produção audiovisual veio junto com a pandemia: Elza Infinita. Um documentário sobre Elza Soares, a partir da peça escrita por Vinicius Calderoni, dirigida por Duda Maia, em 2017. O filme, dirigido por Natara Ney e Erika Candido, foi uma coprodução com o Canal GNT e ganhou o New York Festivals, na categoria prata de Melhor Documentário. Levou o teatro para o palco digital na pandemia, exibindo no YouTube e simultaneamente com canais de televisão alguns espetáculos. Nessa estrada, a Sarau teve a alegria de ser indicada um sem número de vezes e ter criadores e projetos contemplados com mais de 100 prêmios.

Ficha Técnica 

  • Da obra de João Ubaldo Ribeiro 
  • Diretor e dramaturgo: André Paes Leme 
  • Com Alexandre Dantas, Guilherme Borges, Bruno Quixote, Izak Dahora, Jackson Costa, Ju Colombo, Júlia Tizumba, Maurício Tizumba, Sara Hana e Hiane.
  • Músicas originais:  Chico César
  • Músicos: Giuliano Eriston, Pablo Carvalho e Verônica Fernandes
  • Direção musical e trilha original: João Milet Meirelles
  • Direção de produção e produção artística: Andréa Alves 
  • Diretora de projetos: Leila Maria Moreno 
  • Coordenador de Produção: Rafael Lydio
  • Diretor Assistente: Anderson Aragón 
  • Consultoria: Ynaê Lopes
  • Desenho de som: Gabriel D’Angelo 
  • Iluminação: Renato Machado 
  • Cenografia: Natália Lana 
  • Figurino: Marah Silva 
  • Preparação corporal e direção de movimento: Valéria Monã 
  • Visagismo: Cora Marinho
  • Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa 

Serviço

Teatro Carlos Gomes 

Praça Tiradentes – Centro – Rio de Janeiro. 

Temporada: De 17 de outubro a 03 de novembro. 

Quinta e Sexta, às 19h, Sábado e Domingos, às 17h.

Vendas RioCultura

Ingressos – Plateia: R$60 (inteira), R$ 30 (meia), R$ 45 (cliente Nubank), R$ 30 (cliente Nubank Ultravioleta); Balcão: R$ 39 (inteira), R$ 19,50 (meia), R$ 29,25 (cliente Nubank). R$ 19,50 (cliente Nubank Ultravioleta)

Classificação Indicativa: 14 anos. 180 min (com intervalo).

Clientes Nubank têm vantagens: 

• 25% de desconto para clientes Nubank

• 50% de desconto para clientes Nubank Ultravioleta

• Limitado a 2 ingressos com desconto por cartão, para cada sessão do espetáculo

• A venda com desconto pode ser feita pelo site ou direto na bilheteria do teatro. Para ambas, será necessário ter um cartão válido do Nubank e apresentar as informações necessárias no momento da compra

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