Musical “Se quiser falar de amor” conta histórias de amor preto embaladas pelo Funk Melody

Se quiser falar de amor

Revisitando os clássicos do Funk Melody e outros ritmos populares que marcaram os anos 90 nas periferias do Brasil, o musical “Se quiser falar de amor” conta histórias cotidianas de amor entre pessoas pretas, destacando temas centrais como quilombo, empoderamento e emancipação. Idealizado por Dani Câmara e Rei Black, que também integram o elenco, com direção de Rodrigo França e realizado pela produtora Corpa Negrura, o espetáculo terá apresentações no Museu da Maré, na terça (6) e quarta (7) , às 14h, com audiodescrição. Já as sessões de quinta (8) a domingo (11) serão às 19h, com tradução em libras. Os ingressos são gratuitos e adquiridos na hora. 

Utilizando o livro “O Espírito da Intimidade – Ensinamentos Ancestrais Africanos Sobre a Maneira de se Relacionar”, de Sobonfu Somé, a produção busca construir novos imaginários sobre o amor na sociedade, fora do contexto da colonização. O autor do texto, Jonathan Raymundo, destaca uma lição central da obra: o amor não é um evento isolado, mas sim parte de um processo contínuo, onde cada pessoa ajuda a outra a cumprir sua missão ancestral dentro da comunidade. “Essa é a compreensão que tentamos trazer no espetáculo. Como o amor entre indivíduos nutre a vida comunitária e vice-versa; como o amor, nem sempre percebido, é a razão maior, a estratégia maior que nós utilizamos para sobreviver aos desafios e as violências de um estado racista e colonizador”, reflete o autor.

Com direção musical de Dani Nega, a montagem traz à tona memórias afetivas através de diferentes personagens, explorando as inúmeras formas de amar. Cada cena é um convite ao público para aprofundar-se em diálogos sobre o afeto entre corpos que resistem ao racismo, oferecendo uma reflexão tocante sobre amor e resistência, a partir de narrativas que não gerem gatilhos.

O musical ainda reforça a importância dos precursores do Funk Melody, MC Marcinho e MC Cacau na trilha sonora, como destaca o diretor Rodrigo França. “O funk melody, com sua batida envolvente e letras românticas, é uma poderosa ferramenta para contar histórias de amor, especialmente no contexto das favelas. Inserir músicas de MC Marcinho e MC Cacau não só adiciona autenticidade, mas também conecta o público à realidade cotidiana dessas comunidades”, ressalta.

Rodrigo também enfatiza  a importância de falar sobre o amor de maneira potente e íntima: “Falar sobre o amor desta forma, em um espetáculo musical que aborda a favela, é crucial, pois humaniza e valoriza as vivências das comunidades marginalizadas, especialmente a comunidade preta. Esse enfoque permite mostrar que, apesar das adversidades, há beleza, afeto e complexidade nas relações interpessoais”, ele evidencia. 

Levantando reflexões políticas e sociais sobre o empoderamento e a identidade preta, Dani Câmara ressalta a importância de representar histórias de amor preto. “Segundo Bell Hooks, o amor é uma ação. E nossa ação como artistas e profissionais de teatro é dilatar e evoluir o imaginário social sobre o negro, na busca de uma arte popular que aproxime corpos diversos para além da experiência hegemônica contemporânea nas artes. Eu desejo um cenário cultural onde pessoas pretas, faveladas e periféricas possam se reconhecer, se inspirar e amar”, destaca.

Rei Black, que já foi indicado na categoria “Melhor Ator” no Prêmio Shell, espera que o público, após assistir “Se quiser falar de amor”, leve consigo uma mensagem de empatia e respeito. “Que as pessoas pretas se reconheçam e valorizem a potência do amor preto, mesmo em meio às adversidades das favelas. Para além dos estereótipos de violência, é essencial enxergar a criatividade, subjetividade e beleza da comunidade. Desejo que, ao sair do espetáculo, todos possam sonhar em construir um futuro com mais empatia, respeito, dignidade e amor”, conclui.

Este projeto é realizado por meio do edital EVOÉ! RJ da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro através da Lei Paulo Gustavo. Além das seis apresentações no Museu da Maré, durante os dias em que o espetáculo estará em cartaz, será produzido um mini documentário sobre todo o processo criativo e de produção. A estreia do documentário está prevista para o dia 30 de agosto.

SERVIÇO

  • Datas e horários: 6 e 7 de Agosto, às 14h; 8, 9, 10 e 11, às 19h
  • Local: Museu da Maré
  • Endereço: Av. Guilherme Maxwel, 26 – Maré
  • Ingresso: Gratuito (adquirido na hora)
  • Duração: 60min
  • Classificação indicativa: 10 anos

FICHA TÉCNICA

  • Idealização e Elenco: Dani Câmara e Rei Black
  • Dramaturgia: Jonathan Raymundo
  • Direção: Rodrigo França
  • Direção Musical: Dani Nega
  • Direção de Movimento e Coreografia: Valéria Monã
  • Preparação Vocal e Arranjos Vocais: Wladimir Pinheiro
  • Preparação Corporal e Coreografia: Luciano Caten
  • Cenografia: Mauro Vicente
  • Cenário com obras de Petchó Silveira
  • Figurino: Tiago Ribeiro
  • Iluminação: Pedro Carneiro
  • Sonorização: Thiago Pinto
  • Operação de Áudio e Microfonista: Raquel Brandi e Marco Agrippa
  • Operação de Luz: Lucas da Silva
  • Tradutora de Libras: Claudia Chelque
  • Audiodescrição: Graciela Pozzobon
  • Maquiagem: Ana Paula Santana
  • Assessoria de Imprensa: Monteiro Assessoria
  • Fotógrafa: Marina S. Alves
  • Designers: Silmara Moura e Samuel Sanção
  • Documentarista: Fill
  • Assessoria Jurídica: Swe Hellen Nogueira
  • Assessoria em Acessibilidade: Vanessa Bruna – Incluir pela arte
  • Mídias Sociais: Taís de Amorim
  • Debate Convidadas: Pâmela Carvalho e Lua Brainer
  • Assistência de Produção: Karla Raymundo, Andressa Moreira e Carmen Luzia
  • Produção Executiva: Luciana Ezarani
  • Direção de Produção: Igor Veloso
  • Realização: Corpa Negura

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