A peça retoma um acontecimento histórico para o Brasil, a “Expedição Científica Roosevelt-Rondon” que, em 1913, reuniu Marechal Cândido Rondon e o ex-presidente estadunidense Theodore Roosevelt para mapear o curso do chamado “Rio da Dúvida”, localizado na Bacia Amazônica. A expedição explorou mais de 500 km do tortuoso percurso do rio e foi afetada por incontáveis incidentes.
Através do encontro entre o estrangeiro colonizador e o militar brasileiro defensor dos indígenas, a peça reflete sobre os efeitos provocados pelo modelo colonizador no meio ambiente, na floresta e em seus povos.
A dramaturgia funde duas camadas em cena – os personagens, às voltas com a expedição no início do século XX; e os atores hoje, em pleno terceiro milênio, lidando com as memórias daquele tempo diante de um colapso climático iminente.
Através da histórica expedição realizada por dois homens emblemáticos do início do século XX, a peça NAS SELVAS DO BRAZYL busca uma nova forma de compreender as relações entre humanos e natureza, e a origem do povo brasileiro. A peça convida o público a uma reflexão sobre temas urgentes como mudanças climáticas, diversidade e ancestralidade. A peça cumpre temporada no Centro Cultural Banco do Brasil RJ de 10 de outubro a 30 de novembro.
As figuras históricas de Theodore Roosevelt Jr. (1858-1919) e do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958) personificam dois arquétipos: o do homem branco estrangeiro colonizador e a do homem militar pacifista engajado na construção de uma ideia de nação, tendo descoberto e nomeado rios, montanhas, vales e lagos, além de implantar mais de cinco mil quilômetros de linhas telegráficas nas florestas brasileiras.
A partir das memórias desta expedição, a peça imagina tudo aquilo que não foi dito entre Roosevelt e Rondon – o acerto de contas entre um ex-presidente estadunidense e um conhecido sertanista brasileiro, militante na defesa dos direitos indígenas e na exploração responsável do território brasileiro.
“NAS SELVAS DO BRAZYIL retoma um acontecimento histórico para o nosso país, o encontro do presidente Theodore Roosevelt com o Marechal Cândido Rondon. O que me chama atenção nesse encontro é que ele é um encontro pouco falado, pouco narrado e pouco conhecido. Nesse sentido, a dramaturgia investe num exercício de imaginar, especular o que teria acontecido entre os dois. A dramaturgia também pensa que há nesse encontro uma síntese de processos históricos importantes, feridas históricas importantes para o nosso país como, por exemplo, a ideologia do progresso e do desenvolvimento, todo processo de colonização, de subalternização do Brasil, dependência do Brasil em relação os Estados Unidos – processos que hoje cobram o seu preço e se pronunciam em nossas vidas de modo muito visível e avassalador.”, explica Pedro Kosovski, dramaturgo.
Temas como o etnocentrismo, a postura colonizadora do homem branco em relação à floresta e seus povos, a hegemonia geopolítica dos EUA sobre Brasil, são abordados pelos personagens em um diálogo aberto e franco.
“Estamos cada vez mais desabrigados. O palco é suficiente para nos salvar? Não sei, mas sempre acreditei, e continuo acreditando, que o teatro é uma possibilidade de transformação da experiência da existência. Assim vamos nos agregando com nossos pares, da cena e de fora da cena, e sustentando a ilusão de que há potência de construção de uma outra possibilidade diferente daquela do deserto provocado pela voracidade humana. Talvez não seja uma ilusão!”, reflete o diretor, Daniel Herz.
SINOPSE
Dois atores embarcam no desafio de encenar a célebre expedição do Marechal Rondon e do ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt pelo mítico Rio da Dúvida, no início do século XX. À medida que a narrativa avança, os limites entre atores e personagens se dissolvem, arrastando-os para dentro da própria selva. Entre especulações sobre a expedição histórica e os anseios do presente, a floresta revela seus riscos e os sinais das mudanças climáticas que ameaçam o futuro de todas as espécies.
A FLORESTA COMO PROTAGONISTA
Ao recriar esse encontro histórico de Roosevelt e Rondon, NAS SELVAS DO BRAZYL tem como protagonista a floresta amazônica. A dramaturgia de Pedro Kosovski, baseada em pesquisa histórica, resgata as biografias dos dois personagens e, sobretudo, uma imagem de um país: o Brasil da Velha República expandindo as fronteiras do progresso e seus “expedicionários” colonizando a desconhecida selva. O olhar retrospectivo permite vislumbrar os efeitos nocivos que o modelo colonizador imprimiu sobre o meio ambiente e os povos originários.
FICHA TÉCNICA
- Idealização: Gustavo Gasparani
- Texto: Pedro Kosovski
- Direção: Daniel Herz
- Elenco: Gustavo Gasparani e Isio Ghelman
- Iluminação: Aurélio de Simoni
- Cenografia: Dina Salem Levy
- Figurino: Wanderley Gomes
- Trilha Sonora: Marcello H
- Preparação Corporal: Márcia Rubin
- Design Gráfico: Luciano Cian
- Fotos de Divulgação: Nil Caniné
- Pesquisa e Assistência de Direção: Carolina Pucu
- Assistência de Cenografia: Alice Cruz
- Coordenação Administrativo-financeira: Cacau Gondomar
- Performance e Rede social: Lead Performance
- Produção Executiva: Luciano Pontes
- Coordenação de Produção: Ártemis
- Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
- Produção: Idarte Produções Artísticas
- Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
- Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
PEDRO KOSOVSKI – autor
Dramaturgo, diretor teatral e professor de artes cênicas da PUC-RIO e do Teatro O Tablado. Com mais de vinte peças encenadas no Brasil, apresentou suas criações na América do Sul e Europa. Recebeu indicações e foi vencedor dos mais importantes prêmios do teatro brasileiro, entre os quais, Shell, APCA, Cesgranrio, APTR, Questão de Crítica. Três de suas peças que formam a “trilogia da carioca” (“Cara de Cavalo”, “Caranguejo Overdrive”, “Guanabara Canibal”) estão publicadas pela editora Cobogó.
DANIEL HERZ – diretor
Daniel Herz é diretor, professor, ator e autor. Tem cinco livros publicados. Desde 1992 é diretor artístico da Cia Atores de Laura, desde 1988 dá aulas de teatro na Casa de Cultura Laura Alvim e desde 2023 dá aulas na CAL / Casa das Artes de Laranjeiras. Recebeu indicações e foi vencedor dos mais importantes prêmios do teatro brasileiro, como Shell, APTR, Cesgranrio, FITA, Cepetin, CBTIJ.
Dirigiu sete musicais, entre eles “Geraldo Pereira, Um Escurinho Brasileiro”, “Otelo da Mangueira”, “Tom e Vinícius”, “O Barbeiro de Ervilha”; e três óperas, entre elas “Mozart e Salieri”, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e “Piedade”, na Sala Cecília Meireles.
Fora da cia, dirigiu 16 espetáculos adultos, entre eles “Cálculo Ilógico”; “A Importância de Ser Perfeito”; “A Vida de Galileu”; “Ubu Rei”, com Marco Nanini, Rosi Campos e os Atores de Laura. Junto aos Atores de Laura, dirigiu 22 espetáculos, entre eles “Decote”; “As Artimanhas de Scapino”; “O Filho Eterno”; “A Palavra Que Resta”.
Dirigiu cinco espetáculos infantis e mais de quinze trabalhos em audiovisual, entre TV e cinema. Fez a preparação de elenco da minissérie “Pablo e Luisão”, de Paulo Vieira, na Rede Globo.
CCBB RJ
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São mais de 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.
SERVIÇO
ESTREIA: de 10 de outubro (6ªf), às 19h
ONDE: Teatro I do CCBB RJ / Centro Cultural Banco do Brasil RJ
Rua Primeiro de Março, 66 / Centro, RJ Tel: (21) 3808-2020 | [email protected] (mais informações em bb.com.br/cultura)
HORÁRIOS: 5ª a sab às 19h e dom às 18h / INGRESSOS: R$30 e R$15 (meia), na bilheteria do CCBB ou no site bb.com.br/cultura / HORÁRIO BILHETERIA: de quarta a segunda, das 9h às 20h / CAPACIDADE: 159 lugares / DURAÇÃO: 70 min / GÊNERO: drama contemporâneo / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos / TEMPORADA: até 30 de novembro
Centro Cultural Banco Do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro/RJ
Contato: 21 3808-2020 | [email protected]
Mais informações em bb.com.br/cultura
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Funcionamento: De quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças).
ATENÇÃO Domingos, das 8h às 9h – horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes, conforme determinação legal (Lei Municipal nº 6.278/2017).