Nastacia

por Redação
Nastacia - foto Priscila Natany

A peça, recorte de um dos episódios mais emblemáticos da literatura mundial, a compra de Nastácia Filíppovna, heroína de O IDIOTA, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), é contada agora a partir do ponto de vista feminino.

Humilhada e ofendida pelo milionário Totski, que a manteve como concubina desde a adolescência, Nastácia, reduzida à condição de mercadoria, é submetida a um leilão no dia de seu aniversário. Mas se vinga atirando na lareira o pacote milionário de dinheiro com o qual seria comprada.

Em recente temporada no Festival Off Avignon 2025, na França, NASTÁCIA foi eleita uma das peças favoritas (“Coups de Cœur”) pelo jornal Le Dauphiné Libéré, e descrita como “uma epopeia brilhante” pelo jornal La Terrasse.

Nastácia, grande sucesso teatral de 2019, indicada pelo jornal O Globo como uma das melhores daquele ano, volta ao cartaz agora no Teatro Poeira. A partir do recorte de um trecho emblemático de “O Idiota”, de Dostoiévski, a história da bela jovem leiloada no dia do seu aniversário é contada a partir do ponto de vista feminino, da própria personagem, numa jornada contra o patriarcado e a dominação masculina.

“Fazer um espetáculo como Nastácia é se postar diante do espelho do horror e da exuberância da vida. É olhar sem virar o rosto para uma realidade lamentável baseada nos mais sórdidos sentimentos humanos de dominação ditada por um sistema patriarcal e capitalista, misógino, elitista, classista, racista que produz as mais perversas e violentas relações com o corpo feminino e reduz a mulher em objeto de uso, abuso e demonização. Proporcionou a mim, participar de um levante feminino magnífico, que atravessa os tempos, feliz e infelizmente, e que não pode jamais arrefecer, porque o contrário disso é a morte, o silenciamento e a violação dos corpos femininos, como nos mostram, diariamente, as notícias nas redes e as estatísticas oficiais sobre a violência contra a mulher, no Brasil e no mundo.”, afirma a diretora, Miwa Yanagizawa.

SINOPSE

Na noite do seu aniversário, a bela Nastácia (Flávia Pyramo) deve anunciar seu casamento com Gánia (Marcio Nascimento), união articulada pelo oligarca Totski (Paulo Giannini), que a tomou como concubina desde a adolescência e agora a submete a um verdadeiro leilão. Mas, para surpresa de todos, a jovem Nastácia se rebela e atira na lareira o pacote milionário de dinheiro com o qual seria comprada.

O CENÁRIO – UMA INSTALAÇÃO ARTÍSTICA

O cenário do espetáculo, que recebeu o Prêmio APTR de Melhor Cenário em 2019, transforma os espectadores em convidados da festa na ficção. É uma instalação artística com dezenas de molduras de quadros projetada pelo multiartista Ronaldo Fraga, em diálogo com a videoarte do cineasta Cao Guimarães. Em diferentes temporadas pelo Brasil, a instalação foi atração à parte, mantida aberta à visitação fora dos horários de espetáculo.

O espetáculo, contemplado pelo edital Fluxos Fluminenses, oferece ao público ingressos promocionais de R$30 e R$ 15 nas duas primeiras apresentações, dias 04 e 05 de novembro.

A DRAMATURGIA

Para Pedro Brício, repulsa e atração são forças conflitantes nos três personagens. “Na festa, além deles, há outros convidados que não vemos, estão subtraídos na encenação, são apenas mencionados. São aparências e ausências”, diz. Na dramaturgia, os três personagens contracenam e, também, monologam sobre suas histórias. A festa não acontece de maneira cronológica. “O passado irrompe de repente e toma conta da cena. A força do que acontece está ali. Entendemos claramente a estória; a potência do drama dos personagens é o que arrebata, por ser tão vertiginoso e por se transformar de uma hora para outra diante dos nossos olhos.”

Ao que completa Flávia Pyramo: “A escolha da festa do seu aniversário, como recorte, se deu pela importância deste momento, em que ela enfrenta seu algoz e toda a sociedade, e trata a todos e ao dinheiro com o mais altivo desdém e repulsa”.

A CRÍTICA

“A direção de Miwa Yanagizawa é o ponto alto do espetáculo. A diretora coreografa com rara precisão o confronto entre as três personagens – das sete originais, restam Nastácia, Gânia e Tótski, vividos de forma nada maniqueísta” (Patrick Pessoa, O Globo)

“O espetáculo transcende a literatura clássica para dialogar diretamente com os conflitos atuais: o feminicídio, a banalização da violência, o apagamento histórico das mulheres.” (Márcia Bechara, UOL, enviada especial a Avignon)

“Mais do que uma releitura, Nastácia se destaca por recontar a história a partir do ponto de vista da mulher.” (Gabriel Costa, Fringe, Curitiba)

“Na pele de Nastácia, Flávia exibe atuação deslumbrante. Sem dúvida, uma das mais expressivas performances da atual temporada.” (Lionel Fisher, crítico teatral)

“O cenário de Ronaldo Fraga é um espetáculo por si só, não à toa a encenação se define simultaneamente como ‘peça teatral e instalação artística’.” (Péricles Vanzella, crítico teatral)

PREMIAÇÕES

• Prêmio Shell (RJ) de Melhor Direção (Miwa Yanagizawa);

• Prêmio APTR de Melhor Direção (Miwa Yanagizawa);

• Prêmio APTR de Melhor Cenário (Ronaldo Fraga).

INDICAÇÕES A PRÊMIOS:

• Prêmio Shell RJ (líder de indicações) – Melhor Direção, Melhor Cenário e Melhor Figurino;

• Prêmio APTR – Melhor Espetáculo, Melhor Autor, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Cenário e Melhor Figurino;

• Prêmio Cesgranrio – Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Cenário e Melhor Figurino;

• Prêmio Botequim Cultural – Melhor Espetáculo, Melhor Dramaturgia, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Cenário e Melhor Figurino;

• Prêmio Copasa Sinparc – Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Cenário, Melhor Figurino e Melhor Iluminação;

• Prêmio Cenym – Melhor Texto Adaptado, Melhor Ator, Melhor Direção de Arte, Melhor Qualidade Artística de Produção, Melhor Programação Visual e Melhor Preparação Corporal.

Serviço

ESTREIA: dia 04 de novembro (3ªf), às 20h

ONDE: Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104 – Botafogo, RJ Tel: (21) 2537-8053

HORÁRIOS: terças e quartas, às 20h
/ INGRESSOS: R$80 e R$40 (meia) em www.sympla.com.br e na bilheteria de 3ª a sab, das 15h às 20h e dom das 15h às 19h / CAPACIDADE: 150 lugares

CAPACIDADE: 150 espectadores / DURAÇÃO: 1h40 / GÊNERO: XX / ACESSIBILIDADE: banheiros e locais para PNE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos / TEMPORADA: até 17 de dezembro

APRESENTAÇÕES EXTRAS: de 18 a 21 de dezembro (4ª a sab às 20h e domingo às 19h)

Nas duas primeiras apresentações, dias 04 e 05, ingressos promocionais a R$ 30 e R$ 15 (meia)

FICHA TÉCNICA

  • Tradução: Paulo Bezerra
  • Dramaturgia: Pedro Brício
  • Direção: Miwa Yanagizawa
  • Elenco: Flávia Pyramo, Marcio Nascimento e Paulo Giannini
  • Direção de Arte (Cenário e Figurino): Ronaldo Fraga
  • Videoarte: Cao Guimarães
  • Iluminação: Chico Pelúcio e Rodrigo Marçal
  • Trilha Sonora e Composição: Gabriel Lisboa
  • Direção de Movimento: Tuca Pinheiro
  • Operador de Som e Vídeo: Rodrigo Lopes
  • Consultoria Teórica: Paulo Bezerra e Flávio Ricardo Vassoler
  • Programação Visual: Paola Menezes
  • Fotografia: Ana Colla, Cao Guimarães, Guto Muniz, Priscila Natany, Geniane Vieira e Alexandre Rezende
  • Produção Executiva: XARealliz Produções
  • Coordenação de Produção: Ártemis Amaranta
  • Direção de Produção: Silvio Batistela
  • Coordenação Geral: PyrAmo ProArte
  • Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

PEDRO BRÍCIO – dramaturgo

Pedro Brício é autor, diretor e ator, e um dos mais produtivos e premiados dramaturgos brasileiros dos últimos 20 anos. Escreveu e dirigiu as peças “King Kong Fran” (em parceria com Rafa Azevedo), “O Condomínio”, “Me salve, musical!”, “Trabalhos de amores quase perdidos”, “Cineteatro Limite”, “A Incrível Confeitaria do Sr. Pellica”. Recebeu alguns dos principais prêmios do país pelo seu trabalho, como Shell, Questão de Crítica, Contigo e APCA. Recentemente, dirigiu “Vital – o musical dos Paralamas”, indicado aos Prêmios Shell, APTR e Bibi Ferreira; escreveu a peça “Um Jardim Para Tchekhov”, indicada ao Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia. Tem textos traduzidos para o inglês, espanhol, alemão. Participou da Feira Internacional do Livro de Frankfurt, da Semana de Dramaturgia Contemporânea, em Guadalajara, e da mostra Una mirada al mundo, no Centro Dramatico Nacional, em Madri. Escreveu e dirigiu os musicais “Icaro and the black stars” e “Show em Simonal”. Como diretor, além dos seus próprios textos, encenou peças de Samuel Beckett, Edward Albee, Rafael Spregelburd, Patricia Melo e Hilda Hilst.

MIWA YANAGIZAWA – diretora

Artista amarela, com ancestralidade japonesa. Atriz, diretora e professora de teatro. Bacharel em teatro pela Faculdade da Casa de Artes de Laranjeiras (CAL). Integrante do Áreas Coletivo, ao lado de Liliane Rovaris, Camila Márdila e Maria Silvia Siqueira Campos.

Ganhadora, em 2019, do Prêmio Shell e APTR de melhor direção por Nastácia, espetáculo baseado no livro O Idiota, de Fiódor Dostoievski, com dramaturgia de Pedro Brício e do Prêmio APTR 2021 de melhor direção e espetáculo por Em Nome da Mãe, de Suzana Nascimento.

Trabalhos recentes de direção: Eu Capitu, de Carla Faour; Okama, de Gabriel Saito; Pulmões, de Duncan Macmillan; Eu Matei Sherazade, de Carol Chalita e Miwa Yanagizawa; O que vão Dizer de Nós, de Luisa Friese; Um Lugar Onde a Vida Acontece, de Helena Varvaki e MacbethLadyMacbeth, um recorte da obra Macbeth, de William Shakespeare.

Foi integrante, durante 17 anos, da ciateatroautônomo, dirigida por Jefferson Miranda, com trabalhos importantes dentro do cenário do teatro contemporâneo brasileiro. Fez parte também da Cia Ensaio Aberto, dirigida por Luiz Fernando Lobo, da Cia Ser Tão Criação Cênica, de Ticiana Studart e desenvolveu uma parceria com o diretor Guilherme Leme, entre outras.

Desde 2013, ministra a oficina Estudo para o ator: a escuta, um eixo de pesquisa sobre a escuta na cena, do Áreas Coletivo. Trabalhou como diretora-pedagoga no Grupo Nós do Morro, de 2000 a 2010, e participou da formação do Grupo Código, na cidade de Japeri (RJ), pelo projeto Tempo Livre, uma parceria do Nós do Morro com o SESC/RJ.

Como atriz, atuou em espetáculos, novelas, séries e filmes, com destaque para a 5ª temporada da série Sessão de Terapia (Globoplay), sob direção de Selton Mello. Lecionou na Escola SESC de Arte Dramática (ESAD/RJ) e no Núcleo de Formação em Expressões Artísticas, do SESC Niterói.

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