Neurocirurgião comenta procedimento de emergência de Lula

Neurocirurgião Orlando Maia

O presidente Lula passou por uma cirurgia de emergência para drenar um sangramento no cérebro nesta madrugada. O procedimento, chamado craniotomia, foi realizado após o diagnóstico de hematoma subdural crônico, uma condição comum em pessoas idosas, mas que também costumam ser associadas a quedas, o que segundo especialistas foi provavelmente o caso de Lula, que caiu e bateu a cabeça há pouco mais de um mês.  “Geralmente, esse sangramento ocorre pelo rompimento de uma veia no córtex cerebral e o sangue vai acumulando e gera compressão do tecido cerebral”, explica o neurocirurgião Orlando Maia, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia e da World Federation Neuroradiology. “O tratamento é feito com uma drenagem, através de pequenos orifícios no crânio, de forma cirúrgica, para retirar o coágulo e tirar o sangue acumulado, aliviando a pressão nos tecidos”. 

Segundo o especialista, a principal complicação de um hematoma subdural é a recorrência, ou seja, podem ocorrer novos sangramentos. “Muitas vezes, lançamos mão de  um procedimento endovascular, chamado neuro embolização de hematoma subdural crônico, que é uma injeção de uma espécie de cola, feita por meio de um acesso na virilha, para fechar esse hematoma e evitar as intercorrências”, acrescenta Orlando Maia.

O médico alerta que o hematoma subdural também pode ocorrer sem uma queda prévia, de forma súbita e espontânea. Os sintomas costumam ser confundidos com os de um Acidente Vascular Cerebral e incluem dor de cabeça, sonolência, confusão mental, perda dos movimentos de um dos lados do corpo e alterações na memória. “No caso de Lula, por haver um queda prévia, foi mais fácil buscar tratamento de emergência, mas é preciso estar atento a esses sintomas, principalmente em pessoas idosas”, comenta Maia.

O prazo de recuperação após uma craniotomia pode variar, pois depende de fatores como extensão da cirurgia, saúde geral do paciente e a condição tratada. Em geral, a recuperação leva algumas semanas, mas em alguns casos a reabilitação pode ser necessária para restaurar possíveis sequelas como problemas cognitivos, perda de funções motoras, alterações na visão ou na fala, e dificuldades emocionais. O presidente Lula deve passar por um monitoramento rigoroso para avaliar essas questões.

1. O que é um hematoma subdural e quais são as causas mais comuns desse tipo de sangramento intracraniano?

Os hematomas subdurais são geralmente causados por sangramento das veias, incluindo as veias comunicantes, localizadas entre a camada média e a camada externa do tecido que reveste o cérebro (meninges).

Esse hematoma pode ser causado, principalmente, por traumatismo craniano, que pode acontecer durante quedas, acidentes de carro, moto ou bicicleta, ou ainda durante atividades esportivas. Outras causas, como o uso de medicamentos anticoagulantes ou antiplaquetários; Consumo excessivo de bebidas alcoólicas; Epilepsia; Hemofilia; Aneurisma cerebral, podem aumentar os riscos do surgimento desse hematoma.

2. Quais são os sinais e sintomas que indicam a presença de um hematoma subdural, e como ele é diagnosticado?

Vai depender do caso.  Quando o sangramento é repentino e severo, pode ocorrer a perda de consciência imediatamente. Em situações menos graves, os sintomas podem aparecer depois de alguns dias, e o paciente começa a lentamente tornar-se confuso e, então, ficar inconsciente.

Os sintomas característicos são: Outros sintomas do hematoma subdural são: Dor de cabeça; Confusão; Mudança de comportamento; Tonturas; sonolência excessiva; Fraqueza; Apatia; Incapacidade de fala e Problemas de visão.

3. Pode nos explicar o procedimento de drenagem de um hematoma subdural e o que essa cirurgia envolve?

O procedimento se chama craniotomia ou uma craniectomia descompressiva, no qual é feito um ou dois orifícios no lado do crânio onde está o coágulo para que o sangue saia. Depois a cavidade, deixada pelo hematoma, é lavada com soro fisiológico. Isso geralmente faz o sangramento parar e elimina o problema. Em alguns casos, pode ser deixado um dreno para expelir algum eventual resquício de hematoma. Geralmente o dreno é retirado um ou dois dias depois da cirurgia.

4. Quais são os principais riscos e complicações associados à cirurgia para tratar um hematoma subdural, especialmente em pacientes idosos como o presidente Lula?

A cirurgia possui um risco baixíssimo de complicação, tanto queuma das poucas cirurgias que podem ser realizadas em idosos acima de 90 anos, dependendo do caso. Porém, eles não são inexistentes, tem  possibilidade de ocorrer um sangramento maior do que aquele que já existia antes talvez seja o problema mais sério a ser enfrentado. Também existe a chance de infecção, que costuma ser maior em pacientes idosos com saúde precária. 

5. Quais são as recomendações para o período de recuperação pós-cirúrgico e os cuidados necessários para prevenir possíveis complicações futuras?

 Após o procedimento, o paciente geralmente fica 2 semanas afastados de suas atividades e é necessária a avaliação do neurocirurgião para o paciente voltar às suas atividades.Mas, na maioria das vezes, o paciente se recupera bem e pode voltar às suas atividades habituais em pouco tempo.

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