Ney Matogrosso encanta o Rock in Rio

Ney Matogrosso
Ney Matogrosso - Instagram Rock in Rio

No último domingo (22), o Parque Olímpico, palco da emblemática edição de 40 anos do Rock in Rio, recebeu uma das maiores estrelas da música brasileira: Ney Matogrosso. Aos 83 anos, o cantor reafirmou seu status de ícone da MPB, conquistando uma plateia ainda maior e mais receptiva do que na histórica abertura do festival em 1985.

Um Retorno Histórico

Em 1985, Ney abriu a primeira edição do Rock in Rio de maneira irreverente, coberto de purpurina dourada e com uma pena na cabeça, interpretando “América do Sul” diante de uma plateia predominantemente metalera que até chegou a lançar ovadas durante sua performance. Quase quatro décadas depois, Ney retornou com um espetáculo que mesclou sua trajetória única com a evolução do festival.

Performance Marcante

Devido a mudanças de última hora no cronograma, Ney iniciou seu show mais cedo do que o previsto, substituindo a apresentação do BaianaSystem com Olodum, que havia sido antecipada para a tarde. Apesar da confusão, o público no palco Sunset estava lotado, ansioso para ver a lenda da música brasileira em ação.

Ney trouxe um repertório diversificado, refletindo os últimos anos de sua carreira. Iniciou com “Bloco na Rua”, uma releitura de Sérgio Sampaio, seguida por “Jardins da Babilônia”, parceria com Rita Lee, e “O Beco”, em colaboração com os Paralamas do Sucesso. A interpretação de “Pavão Mysteriozo”, sucesso de Ednardo dos anos 1970, arrancou gritos entusiasmados da plateia.

Estilo e Carisma Inigualáveis

O espetáculo de Ney foi unificado pela sua capacidade de interpretação, abrangendo desde o rock até o samba, sem perder a essência da música brasileira. Seu figurino, um macacão dourado colado que o cobria até a cabeça, complementou a performance, destacando sua presença marcante no palco.

Diferente das primeiras apresentações, onde suas danças e gestos eram o centro da atenção, Ney desta vez conquistou o público com sua voz cristalina e expressiva. Canções como “Yolanda”, de Chico Buarque, e “O Último Dia”, de Paulinho Moska, demonstraram sua habilidade de manter a audiência envolvida sem a necessidade de excessos físicos.

Interação com o Público

A interação de Ney com o público foi sutil, mas eficaz. Após “A Maçã”, ele expressou seu carinho pela plateia, que respondeu com simpatia e aplausos. A energia se manteve alta durante “Sangue Latino”, onde uma versão roqueira da música cativou os presentes, levando a plateia a cantar junto com os braços erguidos.

Encerramento Emocionante

O encerramento foi digno de uma das maiores edições do Rock in Rio. Ney apresentou “Poema”, “Balada do Louco” e “Pro Dia Nascer Feliz”, a última das quais tinha um significado especial, já que foi cantada por ele na primeira edição do festival há quase 40 anos. Mesmo após tantos anos, “Pro Dia Nascer Feliz” ainda ressoa emocionalmente com o público, demonstrando a atemporalidade da música e do próprio Ney.

Ao final do show, Ney declarou com humor que não faria a cerimônia tradicional de sair do palco para um bis, propondo simplesmente continuar cantando. A plateia, em uníssono, ovacionou sua decisão, encerrando a noite com uma demonstração de carinho e admiração.

Legado e Relevância

Ney Matogrosso continua a lotar estádios e a encantar públicos de todas as idades, como demonstrado em sua recente apresentação no Allianz Parque em São Paulo. Sua capacidade de se reinventar e de manter a relevância na música brasileira é um testemunho de seu talento inato e de sua dedicação à arte.

A 40ª edição do Rock in Rio não só celebrou quatro décadas de música e diversidade, mas também reafirmou o legado de Ney Matogrosso como um dos grandes nomes da MPB, cuja influência e carisma permanecem inesgotáveis.