No Dia do Nordestino, 8 de Outubro, Juzé lança o EP “Mormaço de Fogueira”

Álbum celebra o forró, a poesia e a música regional brasileira e traz participações de Elba Ramalho, Flávio José, Maciel Melo e Juliana Linhares

por Redação
No Dia do Nordestino, 8 de Outubro, JUZÉ lança o EP “Mormaço de Fogueira”

Artista que vem crescendo e se consolidando no cenário nacional com uma identidade forte e musicalidade versátil, o paraibano Juzé mergulha em suas raízes para celebrar a cultura nordestina em seu primeiro trabalho solo dedicado à música regional, em especial o Forró e suas vertentes. O EP “Mormaço de Fogueira” será lançado no Dia do Nordestino, 8 de Outubro, apresentando oito faixas – 6 músicas e 2 poesias – com participações dos artistas veteranos Elba Ramalho, Flávio José e Maciel Melo e nomes contemporâneos como a potiguar Juliana Linhares. A produção musical é de Jefferson Brito.

As músicas de “Mormaço de Fogueira” têm sido apresentadas e recebidas pelo público com muito calor Brasil adentro, e chega ao mercado no momento em que o forró cruza fronteiras, é redescoberto pelo público jovem e caminha para o reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

“Lançar este álbum nesse momento é um sonho,  uma emoção muito grande. Eu que sou filho do São João, nascido em 06/06, me tornei um vivente em meio às festas juninas. Lembro que o primeiro aniversário mais produzido que minha mãe pôde fazer pra mim, aos sete anos, foi de festa junina: Bandeirinhas espalhadas pela casa, fogueira e o tema era Flávio José cantando ‘Caboclo Sonhador’ e ‘Tareco e Mariola’, que ele tinha acabado de estourar. Fui criado em meio a muita cultura nordestina. Meu pai e minha avó me entregaram muito Luiz Gonzaga. Meu avô materno fazia cantorias no fim de tarde comigo com muito Jackson do Pandeiro, me embalava cantando “É assim que o sapo canta na lagoa…”. Eu amo a cultura do meu povo e escrever uma página na minha história artística com a soma dessas memórias… É muito importante pra mim fincar essa tatuagem, essa digital na minha trajetória”, revela Juzé.

“Nordeste, tu que me veste de tanto / De vida, de luta e de povo…

Se eu fosse nascer de novo / Pedia um pedido ao divino 

Eu vinha de novo menino / Filho de um cabra da peste

Ser cidadão do Nordeste / Feliz por ser nordestino”

Poema “Nordeste me Veste”, que abre o EP

AS MÚSICAS – O EP abre com a poesia “Nordeste me Veste” (Juzé e Juliette Freire) e logo “engata” no novo “hino” regional conhecido e amado pelos fãs de Juzé, “Nordeste Destino” (Juzé), trazendo “notícias boas lá da Paraíba”. O cantor e seu Bando “arroxam o nó” na contagiante canção, que inicia de forma suave e explode num galope junino de arrepiar qualquer brasileiro da cabeça aos pés. “Essa música  veio como um desabafo. No dia do Nordestino, em 2022, eu já morava no Sudeste e estava longe da minha cidade, do meu povo, com muita saudade. Me sentia vazio porque sou um poeta e no dia do Nordestino não tinha escrito uma linha sobre esse sentimento. A partir dessa angústia saíram as primeiras frases dessa música e aí ela veio numa talagada só, numa mistura completa, como um rubacão de vovó, com feijão, arroz, queijo coalho e carne de sol. Muitas palavras, muitas expressões do meu povo e, pra minha grata surpresa, ela foi voando, voando e hoje é a minha música mais conhecida, mais pedida, mais cantada nos show, mais repostada na internet. É uma alegria saber que fiz uma canção que as pessoas se identificam e gostam de falar e cantar suas palavras”, conta Juzé.

“Mormaço de Fogueira” entra no ritmo do xote para o encontro do artista com “a voz de um povo inteiro”, Flávio José, na romântica “Agarrado” (Juzé), conduzida pela sanfona sublime de Helinho Medeiros. “O encontro com Seu Flávio José é um grande abraço; ele sempre me tratou muito bem. Nosso primeiro encontro foi em São Paulo, em 2014. Fui a um show seu no Canto da Ema, consegui falar com ele antes da apresentação, conversamos por uma hora. Foi uma bênção na minha vida ver aquele homem de perto e até hoje poder trocar mensagens com ele, falar ao telefone. Fui muito bem recebido por ele em Monteiro (PB), ouvir uma música minha em sua rádio Monteiro FM, e ter a voz de Flávio cantando uma música minha era um sonho de muitos anos como compositor. Mesmo que eu nem gravasse com ele, só dele interpretar algo meu, era um desejo que eu tinha desde menino. Então é muito marcante pra mim essa voz cantar palavras que eu escrevi, é uma emoção muito grande, eu não sei nem descrever. O poeta fica sem palavras pra esse sonho realizado e os zóio ficam querendo tomar banho”, confessa Juzé, emocionado. O mestre retribui: “O meu amigo Juzé, meu xará, apesar do nosso nome escrever diferente, é um artista jovem talentoso de muito futuro. Adorei essa música ‘Agarrado’. Muito interessante, um linguajar novo, diferente; espero que caia nas graças, principalmente dos jovens, e acredito que já deu certo”, disse Flávio José.

O “cheirinho de fogueira” de Juzé, como bem mencionou Gilberto Gil em um encontro com o artista, se espalha na canção seguinte, “Rede no Cangote” (Juzé), aquele forrozin dançante inspirado em mestres como Dominguinhos e Luiz Gonzaga, com letra convidativa e namoradeira. Em certo momento, a música sobe um tom para embalar um poema matuto, esquentando  o sentimento e elevando o romance à paixão. “As pessoas adoram ela nos shows, dançam coladinhas… É uma canção forte na sua simplicidade. Uma música de amor, de saudade, sobre a vontade de estar perto. Quem não gosta de um cheiro no cangote?”, sugere Juzé.

Juzé

Juzé – foto: Max Brito

“Mormaço de Fogueira” penetra ainda mais nas estradas do Nordeste no dueto com o “caboclo sonhador” Maciel Melo na sua “Tampa de Pedra”, um xote malemolente e derretido de um cantador apaixonado. “Você fez de mim o que queria / Tirou minha alegria / Desmanchou o meu viver. / Fez um buraco dentro da minha saudade / E uma tampa de pedra / Preu nunca mais te esquecer”, diz um trecho da letra. “Conheci Maciel Melo através do meu pai e do meu amigo Marcelo Piancó ainda menino. Um sorriso largo, um grande poeta, um grande cantor, um cara que eu me inspiro como cantador, como violeiro, como compositor. Que honra poder representar uma canção de Maciel junto com o próprio dentro do meu álbum; isso é muito significativo pra mim. Maciel Melo é uma digital nas palavras, no jeito de ser poeta nordestino, grandes canções na boca do povo. Ele tem uma presença gigantesca, é uma bandeira”, derrete-se Juzé.

Em sua caminhada na música, Juzé tem encontrado com artistas que observam – e enxergam – seu talento. Uma delas é Elba Ramalho, rainha da MPB nordestina, que divide com ele a vibrante “Fé em quem me Deu Valor” (Juzé / Felipe Alcântara). “Essa música fala de um sentimento muito particular. As pessoas se identificam independente da religião ou crença. Cantar com Elba uma canção sobre fé é um privilégio. Ela é uma pessoa atenta e generosa, que me faz cada dia mais ter fé na vida”, afirma Juzé. Os dois já dividiram o palco algumas vezes, do Carnaval ao São João, reforçando a amizade e admiração mútua. “Eu achei a música muito forte e bonita. O trabalho de Juzé tem verdade, tem carimbo. A gente identifica o artista pela verdade dele”, afirmou Elba.

No desfecho do álbum “Mormaço de Fogueira”, centelhas de paixão, desilusão e recomeço, temas recorrentes na composição desse geminiano intenso e cativante. A poesia visceral “Catarro no Peito” escrita no luto de um ex-amor dá espaço à bela “Saudade Coração”, canção suave e profunda, interpretada ao lado de Juliana Linhares. A melodia nos toma pelos braços e nos conduz pelas trilhas do amor e da saudade, seja no agreste, no sertão ou na cidade grande: “Tá vivendo coração / tá morrendo de saudade / a distância é uma maldade / quero tua boca em mim / quero o teu cheiro em mim / teu olhar dentro do meu / só quero você e eu.”, revela um trecho da música.

“Juliana Linhares é uma imensidão, é um oceano que ultrapassa as fronteiras do Rio Grande do Norte, do Nordeste, do Brasil e do mundo. É uma voz para ser ouvida com atenção e sentimento porque ela arrebata, tira os pés da gente do chão. É uma espiritualidade, uma força que eu não consigo dimensionar de onde essa menina tira o tamanho de sua voz. Além de ser uma figura extremamente luminosa, um sol que irradia muita luz e muito afeto no olhar e no sorriso. Sua palhaçaria de palco, os signos que carrega, uma mulher que inspira pela força que tem. Tenho a maior honra de ser amigo de Juliana e de tê-la no meu álbum com essa voz absurda”, afirma Juzé.

JUZÉ E O LEGADO DA MÚSICA NORDESTINA

Juzé é apontado como um autêntico representante da MPB nordestina nesta geração pela intensidade de sua poesia e vibrante presença de palco. O artista conquistou o reconhecimento de nomes consagrados como Alceu Valença, Cátia de França e Chico César; ganhou a admiração do público com os repentes das “Cenas do próximo capítulo” das novelas Mar do Sertão e No Rancho Fundo, um sucesso de audiência; e alcançou o respeito da crítica especializada, a exemplo da revista Rolling Stone, que o incluiu em sua seleta lista Future of the Music de 2024 ao lado de nomes como JotaPê, Chico Chico, BaianaSystem e Rachel Reis.

Sensível e atento artisticamente, Juzé faz uma música profunda, potente e altamente acessível. Natural de João Pessoa, o artista cresceu ouvindo os clássicos de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro e logo passou a beber na fonte de ícones como Vital Farias, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Cátia de França e Flávio José. Sua escrita versátil e criativa é fruto de uma juventude que lia e escutava importantes poetas nordestinos, como Patativa do Assaré, Ivanildo Vilanova e Jessier Quirino.

Atualmente ele pode ser visto na Globoplay em todos os episódios da série documental “São Julhão – O Nordeste em Festa” e em elogiados shows Brasil adentro, como os apresentados recentemente em praça pública em Brasília (O Maior São João do Cerrado), Pernambuco (Festival de Inverno de Garanhuns) e Paraíba (Festival das Serras). Juzé estreou no Cinema este ano no curta-metragem “Habeas Pinho” e acaba de receber o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante entre 400 filmes de mais de 15 países no 4° Festicini – Festival Internacional de Cinema Independente. Este ano, foi pela segunda vez Vice-campeão do Festival de Música da Paraíba, com a canção “Beijo na Praça”.

O momento atual se ergue como uma confirmação em sua trajetória artística. “Ser artista e viver de arte não é um caminho fácil. Seguir na minha essência, na música que faço, no que acredito, é uma escolha diária. Eu me debruço na cultura nordestina há muito tempo e ver esses frutos nascerem é como um novo adubo para minhas sementes e uma fonte de água que rega minha identidade nordestina e brasileira”, afirma Juzé, espalhando para cada vez mais longe as centelhas e o mormaço de sua fogueira.

Conheça mais mais sobre JUZÉ em https://linktr.ee/Juuzeh

MÚSICAS “MORMAÇO DE FOGUEIRA”:

1 – Nordeste me Veste (Poesia) (Juzé / Juliette Freire)

2 – Nordeste Destino (Juzé)

3 – Agarrado (Juzé) – Part. Especial Flávio José

4 – Rede no Cangote (Juzé)

5 – Tampa de Pedra (Maciel Melo) – Part. Especial Maciel Melo

6 – Fé em quem me Deu Valor (Juzé / Felipe Alcântara) – Part. Especial Elba Ramalho

7 – Catarro nos Peito (Poesia) (Juzé)

8 – Saudade Coração (Juzé) – Part. Especial Juliana Linhares

FICHA TÉCNICA:

Produtor Fonográfico: ZN Produção Musical
Produção Executiva: Marília Rosado Maia (Cipoada Produções Artísticas)
Diretor Musical: Jefferson Brito
Mixagem e Masterização: Sérgio Fouad
Foto de Capa: Max Brito
Designer: Diego Carneiro (Agência Gato Verde)
Distribuição Digital: Tratore

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