Em São José dos Quatro Marcos (MT), um tatame se tornou símbolo de acolhimento, disciplina e transformação. É ali, entre movimentos precisos e olhares atentos, que crianças com autismo encontram um espaço para desenvolver confiança, coordenação e vínculos sociais. À frente dessa iniciativa está o *professor Cesar Rodrigues Barrinho* , *faixa preta 2º grau em jiu-jitsu e policial militar* , que conduz aulas especialmente voltadas a crianças com neurodiversidades atendidas pela *Associação Quatromarquese de Neurodiversidades (AQUAN)* .
A proposta teve início em 2025, quando Barrinho foi convidado a conhecer a AQUAN. Sensibilizado pela missão da associação, colocou-se voluntariamente à disposição para oferecer aulas de jiu-jitsu adaptado, com o apoio de seus superiores na Polícia Militar.
“Não bastava só boa vontade. Fui buscar conhecimento”, lembra o professor. Desde então, ele mergulhou em cursos, rodas de conversa e formações específicas para compreender melhor as necessidades do público neurodivergente. O método que desenvolveu prioriza a construção de rotinas, a repetição dos movimentos e o respeito ao tempo de cada aluno — promovendo mais do que técnica: promovendo segurança emocional.
*Mais que Luta: Um Espaço de Desenvolvimento e Acolhimento*
Embora o jiu-jitsu seja uma arte marcial, seu princípio de “arte suave” faz dele uma ferramenta poderosa no contexto terapêutico. Aulas estruturadas, toque físico com regras claras, respeito mútuo — esses elementos têm se mostrado eficazes no desenvolvimento de habilidades motoras, sociais e emocionais em crianças com autismo e TDAH.
“Muitos pais relatam mudanças significativas: melhora na coordenação, redução da ansiedade, mais interação com outras crianças”, conta Barrinho. As aulas não substituem terapias convencionais, mas funcionam como um complemento valioso, ampliando as experiências positivas dessas crianças.
Além disso, a AQUAN oferece atividades paralelas voltadas às famílias — em especial às mães — com oficinas de pintura, bordado e atendimento psicológico profissional, fortalecendo a rede de apoio ao redor das crianças.
Projeto Social como Extensão da Responsabilidade Pública
O projeto de jiu-jitsu adaptado integra uma visão mais ampla de responsabilidade social que o professor Barrinho já desenvolve em outras frentes.
Sem patrocínio formal ou grandes estruturas, os projetos se sustentam com base na dedicação, parcerias locais e o apoio institucional da Polícia Militar. “A missão não é formar campeões, é formar cidadãos”, afirma.
Desafios Persistem, Mas o Caminho Está Traçado
Como em qualquer iniciativa social, os desafios são muitos: desde a falta de estrutura até a necessidade de apoio técnico contínuo. No entanto, os resultados são visíveis — no brilho nos olhos das crianças, nos relatos das famílias, na sensação de pertencimento que se constrói no tatame.
Com cada queda, cada faixa amarrada com esforço, o projeto vai crescendo — passo a passo, como se aprende no jiu-jitsu.

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