‘Nossa História com Chico Buarque’ no Teatro Riachuelo, no Rio

por Waleria de Carvalho
História de Chico

Ao longo das últimas seis décadas, Chico Buarque construiu uma obra monumental, através de centenas de canções, álbuns, livros e espetáculos teatrais. Mais do que uma produção vultuosa, suas criações ocupam um lugar único dentro da vida brasileira, ao cantar momentos icônicos da história recente do país, mas também ao traduzir os sentimentos mais íntimos do inconsciente coletivo nacional. ‘Nossa História com Chico Buarque’ nasce justamente do desafio de contar um enredo absolutamente original, concebido sob a inspiração do inesgotável universo buarqueano.

Com estreia marcada para 29 de agosto no Teatro Riachuelo Rio, este musical surgiu de uma provocação da produtora Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, para o diretor Rafael Gomes. Juntos, eles montaram ‘Gota D’água [a seco]’ (2016), em uma releitura do clássico ‘Gota D’água’, e passaram por outras incursões no repertório do homenageado: Rafael assinou uma montagem de ‘Cambaio’ e Andréa produziu ‘A Ópera do Malandro’ e ‘Os Saltimbancos’.

O texto inédito é assinado por Rafael com Vinicius Calderoni, seu parceiro em diversos projetos, e narra a saga de alguns personagens de duas famílias cariocas ao longo de três gerações, como em um épico íntimo.

A ação se passa em três momentos: 1968, 1989 e 2022, não à toa datas fundamentais para se contar a recente história política e social brasileira, quando, respectivamente, o país atravessava a pior fase da Ditadura Militar, logo após vem o período da redemocratização e chega na fase final, depois da pandemia e de uma nova ruptura democrática.

Enquanto os conflitos, paixões, encontros e desencontros das personagens se desenrolam no palco, mais de 50 canções e trechos de composições de Chico Buarque se embaralham com os diálogos, pontuando a ação e se incorporando à dramaturgia, ao complementar o que é dito pelos atores e revelar também o que não é dito, além de avançar com a ação da trama. Tudo é embalado pela direção musical de Alfredo Del-Penho, que criou novos arranjos para cada obra.

Entre as músicas selecionadas, estão clássicos incontestáveis (‘Construção’, ‘O Que Será’), hits radiofônicos (‘A Banda’, ‘Olhos nos Olhos’), obras também compostas para outras peças (‘Tatuagem’, ‘Roda Viva’, ‘A História de Lily Braun’) e criações mais recentes.

Tijolo com tijolo como se fosse música

‘É um desespero ter que escolher dentro de uma obra de quase 400 músicas. O grande critério é mesmo saber quais as canções que vão servir à narrativa. É uma peça cuja proposta de dramaturgia se estrutura ao redor do quanto essas músicas fazem parte de nossa vida’, conta Rafael Gomes, que, inclusive, buscou uma inspiração inicial para toda a trama na canção ‘Construção’:

‘É uma inspiração de estética, no sentido de que os versos se repetem, alterando o fim ou variando entre si. A gente também tem três gerações de personagens que de alguma maneira se repetem ou não, ou variam entre si. Isso fica latente não só na trama, no que está escrito como situação, mas na própria estética do espetáculo, em que o elenco vai fazendo mais de um personagem conforme passam os anos’, revela.

‘Nossa História com Chico Buarque’ busca um certo conceito de arqueologia do cotidiano, ao mostrar grandes e pequenos acontecimentos ao mesmo tempo. A dramaturgia flagra o macro da vida coletiva do Brasil se relacionando com o micro da vida do indivíduo e de uma família.

Para Rafael, pareceu natural criar uma história que se desenrolasse pelas seis décadas de produção artística de Chico, tomando como marco inicial o lançamento de ‘A Banda’, em 1966:

‘No palco, a plateia vai acompanhar três gerações de pessoas que vão tendo seus descendentes e esses descendentes vão ressignificando o que foi feito antes, ou o próprio amadurecimento das personagens vai transformando suas experiências anteriores’, reflete o diretor, que contou com a parceria de Vinicius Calderoni para a empreitada de criar toda a dramaturgia original.

A dupla comemora 16 anos de criação artística e 14 de fundação da companhia Empório de Teatro Sortido. Curiosamente, esta é a primeira peça de teatro adulta escrita por eles, que já assinaram o texto de dois infantis juntos.

‘Eu já dirigi textos que ele escreveu, já o dirigi em cena e em shows, já fizemos roteiros de séries e filmes, mas a gente nunca tinha escrito teatro adulto juntos. Então foi um ponto de chegada glorioso também que isso acontecesse com esse projeto e com a obra do Chico. Eu tinha já um argumento quando o Vinícius entrou no projeto, já um desenho da história e de como eu gostaria de contar. Ele entrou para realmente avançar e melhorar as ideias, debater e escrever o texto em si’, conta Rafael.

Vinicius também é um parceiro constante da Sarau Cultura Brasileira e nos últimos anos assinou a dramaturgia de ‘Elza’ (2018), dirigiu e escreveu ‘Sísifo’ (2019), com Gregorio Duvivier, e ‘Museu Nacional – Todas as Vozes do Fogo’ (2022), com a Barca dos Corações Partidos, três bem-sucedidos projetos da produtora.

Um elenco sob medida

Para encenar esta saga familiar repleta de personagens, épocas, viradas, canções e conflitos, Rafael formou um elenco sob medida, que encontrou um texto ainda em processo e participou da etapa final de criação dramatúrgica.

O time é formado por artistas vindos de formações e estilos bem diversos, como Laila Garin, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Artur Volpi, Felipe Frazão, Larissa Nunes, Luísa Vianna e Odilon Esteves, com a participação especial de Cyda Moreno e Soraya Ravenle Além de se alternarem entre os mesmos personagens ao longo das épocas, todos vivem pelo menos mais de um tipo em cena.

Situadas em três tempos distintos, as narrativas começam separadas e vão aos poucos se interligando, formando um mosaico que contrapõe passado, presente e futuro. Um narrador costura as tramas e traz a realidade sociopolítica do Brasil para as margens da cena, encarnando também a presença-ausente de Chico Buarque e sua latente relação com a vida do país, em termos históricos e emocionais.

Chico Buarque e a Sarau Cultura Brasileira

‘Nossa História com Chico Buarque’ marca mais uma etapa da longa relação de parceria entre a Sarau Cultura Brasileira e o compositor. Entre os frutos, estão ‘Os Saltimbancos’ (2012), ‘A Ópera do Malandro’ (2014) e ‘Gota D’Água [a seco]’ (2016), todas as montagens idealizadas por Andréa Alves:

‘A obra de Chico Buarque passou a fazer parte da minha vida e trabalhar com o seu repertório teatral virou um desejo constante. Nunca é demais render homenagem e lembrar o seu tamanho, em um país cuja memória precisa ser sempre revisitada, para que as novas gerações valorizem a sua cultura. Foram anos pensando em como e com quem fazer esse espetáculo acontecer, até que alcançamos as oito décadas do mestre’, conta a produtora, que celebrou recentemente os 30 anos da Sarau, responsável por projetos como o musical ‘Elza’, o Festival Toca e a companhia Barca dos Corações Partidos, entre muitos outros.

NOSSA HISTÓRIA COM CHICO BUARQUE

  • Texto: Rafael Gomes e Vinicius Calderoni
  • Músicas: Chico Buarque
  • Direção: Rafael Gomes
  • Direção Musical e Arranjos: Alfredo Del-Penho
  • Idealização e produção artística: Andréa Alves
  • Diretora de Projetos: Leila Maria Moreno
  • Com: Laila Garin, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Artur Volpi, Felipe Frazão, Larissa Nunes, Luísa Vianna e Odilon Esteves. Participação Especial: Cyda Moreno e Soraya Ravenle.
  • Músicos: Alfredo Del PenhoAline FalcãoDiego ZangadoDudu Oliveira e Pedro Aune
  • Cenografia: André Cortez
  • Iluminação: Wagner Antônio
  • Figurino: Kika Lopes e Rocio Moure
  • Desenho de som: Gabriel D’Angelo
  • Direção de Movimento e Coreografia: Fabrício Licursi
  • Design Gráfico: Beto Martins
  • Coordenação de Produção: Vivi Borges
  • Produção Executiva: Diogo Pasquim

 SERVIÇO

  •  De 29 de agosto a 6 de outubro
  • Sessões duplas (matinê às 15h) nos dias 7, 14 e 22 de setembro e 5 e 6 de outubro.
  • Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 19h. Matinê nos dias de sessão dupla (7, 14 e 22 de setembro e 5 e 6 de outubro), às 15h.
  • Duração: 150 (cento e cinquenta) minutos, contando com o tempo de intervalo. 
  • Classificação Indicativa: 12 (doze) anos.
  • Ingressos:
  • Plateia Vip: De R$ 125 a R$ 250
  • Plateia: De R$ 110 a R$ 220
  • Balcão Nobre: De R$ 100 e 200
  • Balcão: preços entre R$19,50 e R$ 39
  • Vendas pela sympla e bilheteria do teatro 

Vencedor do Prêmio APTR de Teatro 2024, Brás Cubas entra em cartaz na Fundição Progresso

Brás Cubas

Brás Cubas – Foto de Mauro Cury

Na noite de 29 de agosto, a Armazém Companhia de Teatro reestreia em sua casa, o Espaço Armazém, na Fundição Progresso, o espetáculo Brás Cubas, versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima de Machado de Assis, que traz o Bruxo do Cosme Velho para o centro da cena, como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato, direção musical de Ricco Vianna e direção de movimento de Patrícia Selonk e Paulo Mantuano. A temporada no Espaço Armazém será de 29 de agosto a 21 de setembro.

Foi a partir da 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, seguido por Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial Aires que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.

“Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que têm uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente”, declara o diretor Paulo de Moraes.

A dramaturgia de Brás Cubas, assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem. “O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte.”, comenta Paulo de Moraes.

A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, comenta o diretor.

A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.

“Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo”, finaliza Paulo.

Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. Nos dias 22 e 23 de julho foi apresentado durante o FIT Rio Preto. Em outubro de 2024, o espetáculo será apresentado na Rússia durante o Pacific International Theatre Festival, em Vladivostok (4 e 5/10), e em turnê na China passando por Xangai (25 à 27/10), Pequim (1 à 3/11) e Foshan (8 e 9/11).

FICHA TÉCNICA

  • Direção: Paulo de Moraes
  • Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça
  • Montagem da Armazém Companhia de Teatro

Elenco/personagens: Sérgio Machado (Brás Cubas), Jopa Moraes (Defunto), Bruno Lourenço (Machado de Assis), Isabel Pacheco (Virgínia), Felipe Bustamante (Quincas) e Lorena Lima (Marcela e Natureza).

  • Músico em cena: Ricco Viana
  • Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes
  • Iluminação: Maneco Quinderé
  • Figurinos: Carol Lobato
  • Cabeça do Hipopótamo: Alex Grilli
  • Direção Musical: Ricco Vianna
  • Direção de movimento: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano
  • Colaboração na Dramaturgia: Paulo de Moraes
  • Assessoria de Imprensa: Ney Motta
  • Designer Gráfico: Jopa Moraes
  • Fotografias: Mauro Kury
  • Direção de Produção: Patrícia Selonk
  • Produção: Armazém Companhia de Teatro

Serviço

  • Local: Espaço Armazém – Fundição Progresso: Rua dos Arcos, 24 – Centro
  • De 29 de agosto a 21 de setembro de 2024.
  • Quintas às 19h, sextas e sábados às 19:30h.
  • Não vai haver apresentações do dia 5/9 e aos domingos.
  • Valor do ingresso: R$80,00 (inteira) e R$40,00 (meia-entrada)
  • Ingressos antecipados pelo Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/armazemciadeteatro ou na bilheteria da Fundição Progresso com pagamento por PIX.
  • Duração: 110 minutos
  • Classificação Indicativa: 14 anos
  • Capacidade de público: 107 lugares

“O Poeta Aviador” faz únicas apresentações em curta temporada no Teatro Domingos Oliveira 

O Poeta Aviador

O Poeta Aviador – Foto de Dalton Valério

Com texto inédito de Renata Mizrahi — vencedora do Prêmio Shell em 2015 por “Galápagos”—, o espetáculo “O Poeta Aviador” faz curtíssima temporada no Teatro Domingos Oliveira, após a estreia na Arena do Sesc Copacabana em junho. A direção da montagem leva a assinatura da autora e de Priscila Vidca, com quem Renata está celebrando 11 anos de parceria. Juntas, elas têm no currículo peças premiadas e de sucesso, como “Gabriel Só Quer Ser Ele Mesmo”, “Silêncio!”, “Vale Night” (em cartaz no Rio e em Portugal) e “Os Sapos”, que ganha este ano uma versão para o cinema com Thalita Carauta à frente do elenco.

Anna Paula Black, Hugo Germano, Jefferson Schroeder e José Karini compõem o elenco de “O Poeta Aviador”. Na peça, a atriz dá vida a Sheila, uma mulher de classe média que enfrenta uma crise na relação com o marido, Cláudio (José Karini), enquanto precisa lidar com as questões do filho pré-adolescente (Hugo Germano), que tem 11 anos. A personagem é muito apegada ao menino e, agora, ela e o marido precisam se reinventar e muito diante de uma situação-limite: Cláudio está com a sua empresa de advocacia à beira da falência e, em meio a tudo isso, o filho deles é internado em um hospital, onde parece apenas ter alguma paz quando está ao lado do voluntário Rafael (Jefferson Schroeder). Este personagem acaba se transformando em um trampolim para a grande virada na relação desta família. 

“Sou muito amigo dos meus dois sobrinhos, um deles tem a idade do Lucas. Interpretar o Rafael significa também entender como levar para o palco essa afinidade que se dá com uma criança que está passando por um momento difícil. A peça também expõe o dia a dia de crianças que veem suas realidades empurradas para quartos de hospital e nos faz refletir sobre nossas próprias vidas”, diz Jefferson, intérprete de Rafael.

Contudo, o espetáculo trata de todos esses temas com muita leveza e é destinado a toda a família, como explica a autora, Renata Mizrahi. “Colocamos uma lupa sobre esta família interracial de classe média. O texto foi se modificando de lá para cá, comecei a escrevê-lo há 12 anos. Mostramos um casal com muitas dificuldades em entender o processo de transformação que o filho está atravessando”, diz a escritora. 

 Hugo Germano, que recentemente esteve no longa “Mussum: O Filmis”, tem se divertido nos ensaios ao dar vida a um menino de 11 anos. O ator tem 32 anos e interpreta brilhantemente Lucas. “Eu sempre digo que tenho um Erê dentro de mim. Gosto muito do universo da criança, dá espaço para muita criação. É muito à flor da pele também. O personagem é uma criança sonhadora como eu fui”, confessa.

O arco dramático do personagem envolve também a puberdade. Lucas conhece o amor pela primeira vez com Carminha, a garota que está internada no hospital no quarto ao lado. Seu grande sonho é se tornar aviador e cruzar os céus, para desgosto do pai, José Karini – ator da Cia. Os Dezequilibrados —, que implica com todas essas coisas, inclusive o interesse de Lucas pela poesia. 

“Ele é careta e machista. Nunca se discutiu tanto a questão estrutural em torno disso. Há mulheres muito machistas também. A gente tenta desconstruir isso em cena. A gente também começa a pensar e observar como isso existe de certa forma dentro de nós. Atores são progressistas e querem quebrar padrões, mas também temos resíduos, infelizmente. A gente é doutrinado desde pequeno, né?”, lembra Karini. 

 “O Poeta Aviador” também tem direção de produção de Renata Mizrahi em parceria com Priscila Vidca. O projeto faz sua estreia no Rio por meio da produtora de Renata,  Teatro de Nós Produções Artísticas, que ganhou o edital Sesc Pulsar 2024. O cenário é assinado por Anderson Aragón; o figurino é de Guilherme Reis; a iluminação, de Anderson Ratto, e a trilha sonora foi criada por Wladimir Pinheiro – indicado ao Prêmio Shell 2022 por “Vozes Negras”.

Sinopse 

A peça conta a história de uma família  que precisa se reinventar diante de uma situação-limite: Claudio (José Karini) está com sua empresa de advocacia à beira da falência e vive uma crise no casamento com Sheila (Anna Paula Black). Para agravar a situação, o filho deles, Lucas (Hugo Germano), está internado em um quarto de hospital.  O menino tem 12 anos  e encontra no voluntário Rafael, (Jefferson Schroeder) uma amizade forte. É com ele que Lucas divide seu  desejo de ser um aviador e sua paixão por Carminha, a menina do quarto ao lado. Mas essa amizade incomoda Cláudio, que não consegue ter a mesma conexão com o filho e manda Rafael não voltar mais. Com a piora do garoto, a família percebe suas reais dificuldades e procura encontrar um caminho de volta.

Masterclass com Renata Mizrahi

Durante a curtíssima temporada no Teatro Domingos de Oliveira, a autora Renata Mizrahi vai realizar uma oficina de dramaturgia  a partir do texto do espetáculo. O objetivo é ler alguns trechos, fazer exercícios práticos e conversar sobre dramaturgia no Rio de Janeiro. A oficina se realizará sábado, dia 31 de agosto, das 16 às 18h30. Vagas limitadas. Inscrições aqui. R$ 40 reais. A partir de 14 anos. 

Formada em Artes Cênicas pela UNIRIO, Renata Mizrahi estudou roteiro na EICTV em Cuba e na Oficina  de Autores da TV Globo. No teatro, ganhou o Prêmio Shell por Galápagos, em 2014. Foi indicada a melhor texto por “Os Sapos” no Prêmio Cesgranrio 2013 e, no ano seguinte, por “Silêncio!”. Venceu os prêmios Zilka Salaberry 2010 e 2012 pelos infantis “Joaquim e as Estrelas” e “Coisas que a Gente Não Vê”. Escreveu “Zé e Nina – A História de Uma Amizade”, com Leandro Hassum e Elisa Pinheiro. É autora de mais de 20 peças, entre elas: “Chica da Silva – O Musical”, que rendeu o Prêmio Shell de melhor atriz para Vilma Melo.

No cinema ganhou prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Triunfo pelo filme “Amores de Chumbo”, direção de Tuca Siqueira (atualmente na Amazon e no Now). Ganhou Menção Honrosa na Mostra Teen da FICI 2024 (Festival Internacional de Cinema Infanto-juvenil) pelo seu curta  “As Melhores”, que escreveu e dirigiu. É autora do longa “Os Sapos”, que estreia em 2024, baseado na sua peça homônima, direção de Clara Linhart. O filme foi eleito como melhor filme no Júri Oficial e Popular na categoria Work In Progress no FAM (Festival Audiovisual Mercosul), em  2022. É autora do telefilme  “Maria”, com direção de Iberê Carvalho, que estreou em maio de 2023 na TV Globo Brasília e no Globoplay. Renata é autora do curta “Bodas”, que ganhou o prêmio de Melhor Filme no 1º Festival Internacional de La Gent Gran de Barcelona, em  2019.  

Na TV, participou do roteiro da segunda temporada de “Os Homens São de Marte…” (GNT). Também escreveu a segunda temporada da série “Matches” para a Warner/ HBO. Formatou e escreveu “Tem Criança na Cozinha” (Gloob) que ganhou o prêmio Comkids e foi indicado ao Emmy Kids. Também fez com Fernanda Torres “Minha Estupidez” (GNT). Participou como autora de alguns episódios da série “Cia de Teatro Brasileiras”, atualmente no Canal Curta, assim como “Vai que Cola” e “A Vila” (Multishow), entre outras.  

Ficha Técnica

  • Texto: Renata Mizrahi
  • Direção: Priscila Vidca e Renata Mizrahi
  • Elenco: Hugo Germano, Jefferson Schroeder, José Karini e Anna Paula Black
  • Produção Executiva: Amanda Lima
  • Cenário: Anderson Aragón
  • Figurino: Guilherme Reis
  • Iluminação: Anderson Ratto
  • Trilha sonora: Wladimir Pinheiro
  • Fotos e vídeos: Dalton Valério
  • Assessoria de comunicação: Dobbs Scarpa
  • Direção de produção: Renata Mizrahi e Priscila Vidca
  • Arte: Luciano Cian
  • Assistente: Claudio Attademo
  • Gerente Financeiro: Alan Isídio
  • Realização: Teatro de Nós Produções Artísticas

Serviço

  • TEATRO MUNICIPAL DOMINGOS OLIVEIRA
  • Rua Vice-Governador Rúbens Berardo 100 – Gávea (21) 3114-1286.  
  • Dias 29, 30, 31 de agosto, às 20 horas (quinta à sábado). Dia 01 de setembro às 19h horas (domingo). Ingressos 
  • 50 reais inteira e 25 reais meia (15 reais lista amiga). 
  • Ingressos on-line
  • Capacidade 127 pessoas. 
  • Classificação indicativa: 12 anos
  • Duração: 70 minutos
  • Gênero: Comédia dramática

Manhattan resgata glamour do teatro e do cinema norte-americanos dos anos 50

Mahatan

Mahatan – Foto de Tiago Mendes

A trama se passa em um prédio em Nova York, onde vivem o famoso escritor Sr. Williams e o ator John Puccini, grandes amigos e parceiros de trabalhos de bastante sucesso. Eles curtem uma vida badalada e glamurosa, regada a festas, jantares em restaurantes chiques, estreias, teatro e cinema, junto com outras grandes figuras da cidade como a atriz Vivian Leigh e o diretor Alfred Hitchcock.

Sr. Williams (Anderson di Rizzi) está sendo pressionado por seus produtores e por um estúdio de cinema para entregar o roteiro de seu próximo longa-metragem. E ele precisa ter muita paciência para receber os diversos artistas que o aguardam na entrada do prédio, como a atriz veterana Emily (Cynthia Falabella) e a sonhadora atriz aspirante Deise (Priscila Sol). Todos querem um personagem em uma das histórias do grande escritor. 

Deise sensibiliza Sr. Williams e ganha a chance de fazer um teste para atuar ao lado de John Puccini (Paulo Emílio Lisboa). Mas, a ciumenta Emily, ex-noiva do ator, está preparada para arruinar qualquer pessoa que se aproxime de seu amado. Cindy (Weruska Gallisi) é uma mulher elegante, bonita, talentosa e cria uma relação de afeto com o Sr. Williams. 

A peça, segundo o autor Paulo Emílio Lisboa, fala sobre amor, desejo e o sonho com a fama. “Deise, assim como qualquer participante do Big Brother nos dias de hoje, quer fazer sucesso de qualquer jeito. E todo mundo está lutando por seu lugar ao sol, tentando sobreviver, trabalhar honestamente, ter reconhecimento, ganhar dinheiro e sair na capa de revista. O texto fala sobre duas coisas inegociáveis: o sonho e o amor. E com isso não se brinca”, revela.

Lisboa ainda conta que todo o cenário e figurino da peça, assinados por Andrei Ara e Marcela Andrade respectivamente, resgatam o glamour da época. Já a iluminação, pensada por Cesar Pivetti , explora bastante a penumbra, com luminárias da época e luzes de abajures. 

E a trilha sonora não podia ser diferente. “Os personagens vivem num apartamento ao lado do contrabaixista do Chet Baker e eles ficam ouvindo os ensaios desse grande trompetista e cantor ao fundo. Por isso, a trilha sonora vai ser recheada de jazz de alto nível”, antecipa o autor.

Em relação ao trabalho com os atores, ele conta que o grupo está trabalhando uma linguagem completamente realista, sob a direção de Maurício Guilherme, que também assina a trilha sonora da peça. “É uma atuação quase cinematográfica, sempre pautada pela verdade cênica, a vida como ela é”, acrescenta Lisboa. 

Ficha Técnica
Dramaturgia: Paulo Emílio Lisboa
Direção: Mauricio Guilherme
Produção geral: Paulo Emílio Lisboa
Produção de elenco: Andrea Coelho

Elenco:
Anderson Di Rizzi (Sr. Williams)
Paulo Emílio Lisboa (John Puccini)
Priscila Sol (Deise)
Cynthia Falabella (Emily)
Weruska Gallisi (Cindy)

Assistente de produção: Tatiana Marcaçalho
Figurino: Marcela Andrade
Cenário: Andrei Ara
Iluminação: Cesar Pivetti

Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Estagiário: Rodrigo Odone
Designer gráfico: Carlão Araujo
Trilha sonora: Mauricio Guilherme
Edição da trilha: Gigi Magno (Eletrola Produções)
Gestão de patrocínio: Doble Cultura 

Patrocínio:  Momenta

Serviço

Manhattan, de Paulo Emílio Lisboa

  1. Até  1 de setembro. 
  2. Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 19h
  3. Teatro Viradalata – Rua Apinajés, 1387 – Perdizes 
  4. Ingressos: 80,00 inteira e 40,00 meia 
  5. Classificação: 16 anos
  6. Duração: 80 minutos
  7. Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. 

 

Você também pode gostar

Mantenha contato

Não perca a oportunidade de estar sempre conectado ao que importa! Mantenha contato com a gente e receba conteúdos exclusivos, dicas imperdíveis e as últimas novidades. Fique ligado e junte-se a nós para não perder nada!

Get in touch

    Copyright @2024 – Todos os direitos reservados!

    Compartilhe
    Send this to a friend