A história de Claudinho e Buchecha, refletida nas telas do cinema de todo o país, a partir de 21 de setembro, é muito mais do que o encontro de dois meninos pobres que se transformaram numa dupla de funkeiros entre os anos 90 e 2000. Aborda um sentimento muito importante e pouco comum nos dias de hoje: a amizade. Surgiu na infância e tomou rumos para a eternidade até a partida de Claudinho, num acidente de carro em 2002 após a volta de um show em Lorena, em São Paulo. A estrofe de uma das letras da dupla chocou a todos quando houve o desastre: “Buchecha sem Claudinho’’ e a saída precoce dos palcos do cantor deixou fãs e admiradores consternados.
Apesar de uma vida difícil nas comunidades Boaçu e Salgueiro, ambas em São Gonçalo, os dois nunca perderam a alegria de viver e conseguiram superar as dificuldades por meio da música, um funk melody delicioso que me fez voltar aos meus 20 e poucos anos. Na cadeira do cinema, eu embalava as canções na telona com saudades da juventude e das letras que nada tem a ver com o funk atual.
Nosso Sonho, a cinebiografia de Claudinho e Buchecha, com distribuição da Manequim Filmes emociona, faz rir e chorar. Além de girar em torno da dupla de funkeiros, tem como um dos viés o relacionamento de Buchecha com o pai, que era alcóolatra e entoava o mantra: “quem tem talento não precisa de patrão”. A história é contada na visão de Buchecha, mas confesso que senti falta de saber um pouco mais sobre a família (pais, filhos e irmãos) de Claudinho, que parecia ser bem mais sonhador do que o parceiro e acreditava sempre num amanhã melhor e no potencial dos dois. “Vamos ser MC’’, dizia ele para Buchecha antes de conseguirem uma vida bem melhor graças ao sucesso que alcançaram com a música.
Dirigido por Eduardo Albergaria (“Happy Hour – Verdades e Consequências”), o filme é produzido pela Urca Filmes, em coprodução com a Riofilme, Telecine e Warner Bros Distributing, e com investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual e BBDTVM. Os protagonistas Lucas Penteado e Juan Paiva dão vida a Claudinho e Buchecha, respectivamente, e cantam sucessos da dupla como “Só Love”, “Coisa de Cinema” e a icônica “Nosso Sonho”, que dá título ao filme. A escolha dos protagonistas foi um grande acerto. Os dois estão envolventes nos papeis e até a língua presa de Claudinho é um diferencial feito por Penteado. O ator Juan Paiva, um sucesso como o Ravi na novela Um Lugar Ao Sol, de Licia Manzo, convence como Buchecha, o que é ainda mais difícil por ser intérprete de uma pessoa viva. Outro destaque é para Nando Cunha, que consegue ir de pai do mal para um amoroso dependendo do teor alcóolico. O filme tem todos os ingredientes para ser um sucesso. Vale muito a pena conferir!!