O Afresco do Bom Pastor descoberto na cidade Iznik reescreve a História

por Redação
O Afresco do Bom Pastor descoberto na cidade Iznik reescreve a História

A história da arte cristã é frequentemente contada através de ícones familiares: um Jesus barbado, de semblante sereno envolto em vestes que remetem a Judéia daquela época. Contudo, uma descoberta arqueológica na Turquia, mas precisamente em Iznik, abre uma fascinante janela multifacetada do Cristianismo Primitivo em Niceia, berço de um dos credos mais importantes da fé, arqueólogos desenterram um afresco do século III que revela um Jesus surpreendentemente romano, jovem, sem barba e vestido com uma toga.

A descoberta, liderada pela arqueóloga Gulsen Kutbay, ocorreu em agosto de 2025, mas só foi revelada em dezembro de 2025 com ampla divulgação na mídia internacional a partir de 12 de dezembro, coincidindo com a visita do Papa Leão XIV á região para o 1700º aniversário do Credo Niceno

O afresco foi descoberto em uma tumba subterrânea na aldeia de Hisardere, na Anatólia também conhecida como Ásia Menor, é uma grande península na Ásia Ocidental que constitui a maior parte da Turquia moderna. É uma região de imensa importância histórica e cultural, servindo como uma ponte geográfica entre a Europa e a Ásia.

Estimado entre 230 e 250 d.C., o achado remonta a um período de intensa perseguição romana aos cristãos, o afresco, notavelmente preservado, retrata Jesus como o “Bom Pastor”, um motivo central na iconografia cristã primitiva antes da adoção generalizada da cruz. No entanto, a representação é singular : um Jesus esguio, de cabelo curto, sem barba, carregando uma cabra ( e não uma ovelha) nos ombros, conferindo-lhe um significado ainda mais profundo, ainda mais hoje onde várias comunidades cristãs no mundo vem sendo perseguidas, que esta descoberta seja um alento ao mundo Cristão que em dezembro tem um dos momentos mais importantes em sua liturgia no Natal.

Transição Cultural e sincretismo

O afresco, juntamente com outras decorações da tumba (retratos de nobres, pássaros e plantas), é visto por arqueólogos como um exemplo da transição do paganismo tardio para o cristianismo primitivo. A adoção de traços romanos e a semelhança do Bom Pastor com figuras pagãs como Hermes mostram como os primeiros cristãos integravam elementos culturais existentes para expressar a sua fé, facilitando a conversão e a aceitação.

Em suma, o afresco de Iznik é um artefato crucial que não enriquece a história da arte cristã, mas também ilumina a complexidade, a resiliência e a adaptabilidade cultural das primeiras comunidades cristãs na Anatólia. Ele mostra um Cristo que foi moldado pela cultura romana antes de se tornar universalmente reconhecida hoje.

Eu penso que qualquer representação ou versão de Jesus Cristo e uma tentativa humana de se aproximar de Deus, de fazer uma leitura mais intimista e particular, para levar sua experiência mais para dentro de sua vida; que seja então mais uma ferramenta ou símbolo para nos despertar.

Você também pode gostar

Compartilhe
Send this to a friend