O caminho de volta

O Caminho de Volta – A Outra História do Rio de Janeiro

por Jorge Rodrigues

Com apresentações gratuitas, o espetáculo “O Caminho de Volta – A Outra História do Rio de Janeiro” vem sendo idealizado há seis anos, quando o diretor e ator Álamo Facó mergulha na pesquisa sobre sua ancestralidade e o início da cidade do Rio de Janeiro, desenterrando a versão não contada dessa história.

O ato cênico será apresentado no Parque do Flamengo, entre os dias 26 de março e 29 de maio, às terças e quartas , sempre às 20 horas.

Há seis anos, Álamo Facó mergulha em viagens em busca de sua ascendência, imergindo em vivências, lutas e manifestações. Quando Álamo chega à história da Baía de Kuanapara do século XVI, algo lhe deixa em choque: há muitos detalhes desse território e período, enterrados num proposital esquecimento.

A história do início do Rio de Janeiro é contada pela primeira vez por esse lado de cá da baía, o da taba Karioka, da Paliçada de Uruçumirim, onde nasceu a maior organização de combate à escravização indígena que já se teve notícia.

“O sentimento de disponibilidade para uma manifestação ancestral é enorme”, pontua.

“Queremos tentar elucidar o povo carioca e seus visitantes sobre como devemos olhar para o passado e enxergar como essa história foi propositalmente distorcida. A escravização indígina é pouquíssimo falada em centros de discussões, em congressos, universidades e é detalhada em cartas e livros. E desejamos enaltecer o povo tupinambá e sua importância histórica e na cotemporaneidade”, completa.

Uma história épica, de um povo enorme e presente em tudo que envolve a ideia de Brasil. Porém apagado intencionalmente. Dentro dessa perspectiva, Álamo entende que ao assistir a peça, o público terá a certeza de como as populações indígenas foram e são subjugadas e perseguidas na construção de um Brasil controverso. E acredita que o público sairá da experiência sendo capaz de contar essa história por essa nova  e mais fiel versão dos fatos.

“Ainda há muito massacre, muito homicídio, muita morte, muito mercúrio no corpo de crianças. Mas é um momento onde vemos indígenas nas favelas, nos presídios, e vemos indígenas indicados ao Oscar, sendo chamados para falar na ONU, em conferências de lideranças mundiais e serem ouvidas por presidentes do mundo inteiro. Então, essa peça busca elucidar aqueles que não estão acompanhando esses fenômenos acontecerem e compreenderem o passado de forma mais coerente”, afirma o diretor e autor.

Para a realização do espetáculo, o diretor convidou um coletivo de artistas anti-coloniais, de maioria indígena. Junto a eles, Álamo conta a história da taba Karioka, do período de paz e fartura à luta que segue até os dias de hoje. Ele faz um comparativo com o período e os tempos atuais.

“Muita coisa se manteve, a forma que a gente lida com as festas, a forma que a gente lida com os adornos de Carnaval. E a forma que a milícia armada invade territórios indígenas hoje, é bem parecida com os ataques dos pêros do século XVI.  Muita coisa se manteve de lá para cá e a gente muitas vezes não liga uma coisa à outra. A peça colabora para que esses pontos se liguem.”, analisa.

A peça é contemplada pelo Foca – Fomento da Cultura Carioca – com nota máxima, sendo classificada em primeiro lugar.

Chegando de forma confortável em estacionamento gratuito do parque, o público é levado a se acomodar em esteiras e redes para mergulhar na história do nascimento dessa cidade, agora contada pela primeira vez por personagens indígenas, mamelucos e alguns franceses, que lutaram do lado de cá da baía e criaram a maior organização de combate à escravização indígena que já se teve notícia, a Confederação dos Tamoio, numa peça sobre o amor por essas terras e a luta pela liberdade.

SERVIÇO:

  • De 26 março a 29 de Maio de 2024
  • Dias: terças e quartas
  • Horário do encontro: 19:30 . Início do espetáculo : 20:00 hrs
  • Local: Parque do Flamengo – Altura da Rua Oswaldo Cruz
  • Ponto de encontro: Cacto brasileirinho – em frente ao Restaurante Assador
  • Ponto de referência: ao lado do estacionamento do Restaurante Assador
  • Obs: Em caso de chuva não haverá espetáculo
  • GRATUITO

FICHA TÉCNICA: 

  • Idealização e Dramaturgia:
  • Álamo Facó
  • Direção Artística: Álamo Facó
  • Assistência de Direção: Raynna
  • Elenco: Álamo Facó, Clarisse Dessaune e Danilo Canindé
  • Músico : Dauá Puri
  • Cenário: Ana Kariri
  • Figurino: Wanglêys Manaó
  • Iluminadora: Lara Negalara
  • Pesquisa: Marize Guarani
  • Consultoria Tupinambá: Anapuaka Tupinambá e Pajé Rita Tupinambá
  • Atravessador Artístico: Juão Nÿn
  • Professor de Tupi: Romildo Guyraakanga Potiguara
  • Diálogo Artístico: Java Mayam e Aline Guimarães
  • Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
  • Projeto Gráfico: Thiago Ristow
  • Direção de Produção: Gabriel Garcia
  • Assistência de Produção: Java Mayam
  • Realização: Álamo Facó Produções

Você pode gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceito Leia mais

Share via