Foto Felipe Bastos

O chamado da maior floresta tropical do mundo

Criado em 2013, o programa LABVERDE abre as inscrições para a nova edição de Ecologias Especulativas, residência que propõe a artistes brasileiros uma imersão no coração da Amazônia para produzirem obras a partir da vivência e do diálogo com a ciência e com os povos autóctones

por Redação

Pastagens, lavouras, garimpos ou áreas urbanas. No momento em que o ecossistema da Amazônia se aproxima do ponto irreversível da devastação, o LABVERDE — projeto de ativismo cultural e ambiental que estimula a produção e a democratização de conhecimentos sobre a maior floresta tropical do mundo —, lança uma nova edição da residência “Ecologias Especulativas”. A iniciativa, que chega a oitava chamada, convida artistes a participarem ativamente do discurso pela preservação da natureza a partir da produção de obras que resultam da pesquisa e da experimentação de linguagem de vivências únicas em reservas ambientais e do diálogo com comunidades autóctones mediadas por especialistas. O edital está aberto até 08 de maio. Artistes brasileiros, residentes no Brasil, são convidados a se candidatar pelo site. O LABVERDE financia passagem, hospedagem, expedições e formação, além de remunerar com R$ 3 mil cada selecionado para produzir conteúdos.

Ecologias Especulativas busca artistas e criadores que explorem a aproximação entre a natureza e a cultura para tornar possível sensibilidades distintas que as geradas a partir da colonização dos espaços naturais. “A arte não tem iniciativas na área de pesquisa, esta é uma oportunidade de fomento da investigação da natureza e de capacitação na área de ecologia.  Diante da essência e da experiência das formas, se torna visível outra lógica de projetar o mundo, na qual o artista não está só interessado em representar, mas bem em se relacionar com os espaços naturais, cuja prática parte da vontade essencial de coexistir”, diz a coordenadora Lilian Fraiji, do LABVERDE. Como reconhecer e narrar a natureza, como criar novas formas de existir e de interagir com o ambiente natural e como imaginar novas abordagens sobre ecossistemas? Como a arte e a ciência juntas podem nos fazer compreender os fenômenos da natureza e mudar nossa atitude antropocêntrica do mundo contemporâneo? “O objetivo principal é a criação de conteúdos culturais sobre o meio ambiente, gerados pelo conhecimento teórico e pela experiência prática na Floresta Amazônica.”

Com duração de dez dias, o programa “Ecologias Especulativas” será realizado em agosto de 2023 na Amazônia brasileira. Tem curadoria de Lilian Fraiji, participação do filósofo ítalo-francês Emanuele Coccia, autor de A Vida das Plantas – uma metafísica da mistura e A Vida Sensível, e mediação de ativistas, indígenas, antropólogos, biólogos e pesquisadores de história natural. É apoiado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), pela University of the Arts London e pela Embaixada da França no Brasil.

Criado pela Manifesta Arte e Cultura em cooperação com o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), LABVERDE promove uma vivência intensiva na Floresta mediada por uma equipe de especialistas nas áreas de arte, filosofia, biologia, ecologia e ciências naturais.

Serviço

Programa Ecologias Especulativas
Para quem: artistas visuais, curadores, músicos, escritores, dançarinos e outros atores da cultura.

Inscrições: www.labverde.com

Período: até 08 de maio, 23:59 h.

Seleção

Resultado: junho, nas redes LABVERDE

Início: agosto de 2023 

Onde: Reserva Florestal Adolpho Ducke e em um Barco, no baixo Rio Negro.

LABVERDE

Arte, Natureza e Ciência são objeto de estudo dos participantes do programa, que embarcam em uma imersão em reservas ambientais dentro da maior biodiversidade do mundo: a Amazônia. O LABVERDE é um convite à desconstrução, ao auto-desconhecimento na busca por um novo entendimento, um novo pensar de mundo a partir de uma vivência profunda dentro da floresta. 

O ano era 2013 e ali começava o retorno da curadora de arte e especialista em políticas culturais Lilian Fraiji para sua casa, para a sua infância, num reencontro com aquele que havia sido o quintal onde se formou entre rios, árvores milenares, seres minúsculos, cobras e pássaros. Foi a partir de um edital da FUNARTE que Lilian desenhou o Labverde – Projeto de Imersão Artística na Amazônia, unindo a sua paixão pela arte e o seu desejo de adentrar o mundo da Ecologia e Ciência. O programa surgiu como uma rede multidisciplinar para desenvolver o pensamento crítico sobre a natureza e a ecologia, a partir da experimentação de linguagens, onde a floresta é o grande laboratório vivo para a pesquisa de artistas, cientistas, ativistas da natureza e outros agentes do conhecimento.

Com um programa desenvolvido em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a idealizadora conta também com uma rede de profissionais de áreas diversas – arquitetura e urbanismo, biologia, botânica, ecologia e música – para a elaboração das jornadas, que visam oferecer aos participantes diferentes perspectivas da Floresta Amazônica entre expedições, rodas de conversas e intervenções artísticas. 

Em 2015, depois de Lilian Fraiji receber o convite para apresentar o Labverde entre quinze curadores de arte, em Nova Iorque, despertou o interesse de um público estrangeiro, cada vez mais curioso sobre a Amazônia para além do imaginário amplamente divulgado até então. Internacionaliza o programa e passa a receber o apoio de instituições parceiras como a UAL (University of the Arts London), GALA e Pro Helvetia (Swiss Art Council), além das brasileiras Serrapilheira e Arte Laguna. Desde a sua criação, o Labverde já recebeu cerca de 110 artistas de diversos países.

“O programa acabou se tornando uma referência em Ecologia no mundo. Muitas pessoas vêm nos procurar e estamos pautando essa discussão aqui dentro no Brasil. A Amazônia sempre foi marginal e eu me nego a aceitar isso. Acho que estamos no centro do mundo. Se toda essa discussão em torno do meio ambiente está acontecendo, nós é quem temos condições de dizer qual é o novo modelo possível de viver. Estamos pautando cultura, conhecimentos sobre Ecologia e Meio Ambiente”, diz Lilian.

“Dimensões diferentes do conhecimento, que se dão a partir de uma observação atenta sobre o funcionamento da floresta, sobre como essa biodiversidade se mantém e se fomenta, da relação com o ambiente natural e com os não humanos, da intuição que vai se revelando a partir da observação. Entender a coexistência como parte importante do processo poético e de pesquisa de  linguagem. É isso o que tentamos transmitir no Labverde”, completa a curadora.

Natureza é Cultura, e de uma convivência íntima com ela descobre-se um outro tempo. 

A natureza humana e não humana em plena conexão. 

A floresta como laboratório, na busca de compreender o meio ambiente pensando em possíveis futuros.

O programa Labverde acontece anualmente. A documentação dos encontros anteriores (2013 / 2016 / 2017 / 2018 e 2019)  estão documentadas no site.

Acesse

Programa LABVERDE: https://pt.labverde.com/

Instagram: https://www.instagram.com/labverde/

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCuh-6niPmWD5c72wYdGr7ag/featured

Festival LABVERDE: https://www.labverdefestival.com/

Você pode gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceito Leia mais

Share via