O dilema e aceitação nas redes sociais

por Waleria de Carvalho
Carolina Romano

Atriz e roteirista, Carolina Romano está festejando 7 anos de carreira profissional nos palcos, estrelando o monólogo “Exausta, em cena”, que tem criação, texto e produção executiva que levam sua assinatura. O espetáculo, que estreou dia 7 de junho e pode ser visto nos dias 14 e 21, no Teatro Horus, na Mooca, em São Paulo, discute a influência das redes sociais sobre a vida das pessoas trazendo o debate sobre o dilema da falsa sensação de aceitação que elas nos trazem nos tempos atuais.

A atriz de São Bernardo do Campo, interior de SP, começou a estudar teatro aos 11. Desde então, fez dezenas de espetáculos, mas foi em 2020/2021 que se consagrou atuando em “Caso Cabaré Prive”. A obra levou vários prêmios, como os de Melhor Peça Jovem e Melhor Peça Online pelo APCA 2021.

Sobre a carreira e a peça “Exausta, em cena”, a artista conversou com o Sopa Cultural:

SOPA CULTURAL: Como foi o processo criativo para “Exausta, em cena”, seu monólogo em cartaz no Teatro Horus, em SP, no mês de junho?

CAROL ROMANO: Eu tinha um texto e um sonho (risos).

Em 2021, na pandemia, eu tive um filtro de Instagram que viralizou muito. Era um pôster de um filme fake intitulado “Exausta”, em que eu e grande elenco (o mundo todo) estrelávamos o filme.

Quando isso começou a bombar, percebi que havia uma narrativa ali. Fui testando a personagem em alguns curtas-metragens no próprio Instagram e recebi respostas muito positivas. Eu tinha então uma personagem.

Então foi um ano para escrever a dramaturgia. Misturei textos sobre minha doença da ansiedade e com a minha própria necessidade de aprovação como artista e como as redes sociais impactam nisso. Transformei em ficção  para que o texto partisse de mim, mas não fosse eu. É assim que gosto de guiar a autoficção. Com o texto pronto, eu meti o louco e, mesmo sem edital,fiz uma conta ali na minha cabeça e resolvi que faria acontecer.

Montamos tudo em torno de 3 ou 4 meses, e o processo foi cheio de referências imagéticas que complementavam o subtexto da dramaturgia.

SOPA CULTURAL: “Exausta, em cena” traz uma reflexão sobre ansiedade e aceitação nos tempos atuais. Como artista, qual a importância de se levar esse tipo de assunto para discussão?

CAROL ROMANO: Eu, genuinamente, acredito que a ansiedade é o mal dos nossos tempos e que a busca desenfreada por aceitação, que vem muito das redes sociais, nos adoece todos os dias. Eu conheço artistas e criadores de conteúdo magníficos que, por uma ausência de like e engajamento, se sentem extremamente desanimados para seguir com seus trabalhos. Isso é triste. É o dilema da exposição, porque muito se constrói tendo um público sólido e fiel nas redes sociais, mas sinto que a gente se dilacera para poder caber naquele espaço de um vídeo de um minuto e meio.

Acho que o que eu quero dizer é que lidar com os “nãos” da vida é muito difícil, e que ser de uma geração em que todos ao seu redor estão ansiosos ou depressivos é bastante triste. Acho que precisamos colocar isso nas obras pra nos identificarmos uns com os outros e sabermos que não estamos sozinhos. Eu acho bem menos difícil viver quando sei que não estou só em meus sentimentos.

SOPA CULTURAL: Como autora, atriz e produtora de um monólogo, como você observa a volta dos espetáculos após a pandemia?

CAROL ROMANO: Adorei essa pergunta.

Acho que estamos famintos para estar em cena, para subir no palco. Eu observei, perto da estreia da primeira temporada no ano passado, que tinham, pelo menos, mais cinco mulheres em processo de criação de seus monólogos, aquilo me emocionou muito porque eu acho que todo mundo ficou com aquele sentimento de que nunca mais queria ser impedido de criar. Acho que não é à tôa o boom nas produções independentes, muito do que está sendo lançado agora, é fruto de uma fome construída na pandemia, onde, pelo menos no primeiro momento, passou a ser mais importante o fazer do que o fazer com dinheiro.

SOPA CULTURAL: Quais os sonhos profissionais da artista Carolina Romano?

Encontrar um lugar ao sol no audiovisual.

Sempre fui imensamente apaixonada pelo audiovisual e tenho um desejo muito forte de participar das produções nacionais. Muitas séries, filmes e novelas incríveis vem sendo produzidos e sempre me dá um arrepio pensar que um dia posso estar ali. E, claro, não pretendo nunca sair do teatro, desejo uma carreira extensa como artista, em que eu escreva mais – para o teatro e pro audiovisual – e que projetos interessantes cheguem até mim.

Serviço:

Espetáculo Exausta em Cena
Dias 7, 14 e 21 de junho – Sextas-feiras, às 20h.

Teatro Horus – Centro Cultural OCA

Rua Juventus, 28 – Parque da Mooca

Ingressos: R$ 50 e R$ 25.

Dia 14 de junho haverá uma roda de conversa após o espetáculo.

Duração: 60 minutos.

Classificação etária: 12 anos

 

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