O espetáculo “O homem que esqueceu a própria música, uma autobiografia inventada” estreia no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto

O homem que esqueceu a própria música - Davi Palmeira (esq) e Thiago Thomé - Foto de Paula Diniz

Todo mundo traz para a vida adulta alguma memória dolorosa da infância, algo que costuma provocar uma angústia na alma. E se fosse possível criar narrativas ficcionais que ressignificam essas lembranças e mudassem nossa percepção do presente? Essa é a proposta da peça-show “O homem que esqueceu a própria música, uma autobiografia inventada”, que estreia, dia 6 de julho, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá. Com texto e direção de Jefferson Almeida, o espetáculo reúne o ator Davi Palmeira, idealizador do projeto, e o ator e músico Thiago Thomé em cena para investigar a relação entre memória e ficção e as possibilidades de modificar nossa autoimagem no presente. O espetáculo é fometado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do FOCA 2022 (Edital de Fomento à Cultura Carioca).

Com direção musical e canções originais de Renato Frazão, o espetáculo é guiado pela música e inspirado em lembranças do ator Davi Palmeira e a (não)relação dele com o seu pai. Em cena, vemos um pai e seu filho, que vivem juntos, mas não conseguem criar uma ligação de cumplicidade. O pai se manifesta exclusivamente pela música. Não quis ser pai. O filho não se vê no pai. Não tem pai. Tem a palavra, a precisão cortante da palavra, que ele engole emudecendo a própria voz. Ele é uma voz à procura de um corpo com força para vencer o próprio silêncio e se reposicionar no mundo. A partir do abismo entre esses dois personagens, a obra reflete sobre um pai que é ausente, mas vive ao lado; sobre o masculino e o feminino; o ator e o performer.

Durante a temporada, a exposição “Diálogos bordados com o pequeno Davi” vai reunir fotos da infância de Davi Palmeira bordadas pelo próprio ator, como se transformassem o momento do clique e, consequentemente, o passado. “Inserimos elementos ficcionais em nossa biografia o tempo todo e, mesmo que sem sentir, o movimento interno é o de alterar a percepção do outro sobre a nossa realidade. E se, intencionalmente, nos propuséssemos a alterar a percepção que temos de nós mesmos? Recontar nosso passado se apresentaria, assim, como possibilidade de nos recolocarmos no presente; reconciliando a criança que fomos com o adulto que podemos ser”, explica Davi Palmeira, que pesquisa o espaço de jogo entre ator e plateia.

A música, que conduz a narrativa, é proposição do diretor Jefferson Almeida, que há mais de 10 anos pesquisa a cena-música. “As variações melódicas conseguem imprimir, no corpo humano, uma multiplicidade de sensações. Dialogando com elas, queremos mostrar que a realidade é um conceito tão complexo que, talvez, só consiga realmente existir como eco de criações ficcionais”, concluiu o diretor.

Exposição “Diálogos bordados com o pequeno Davi”

Com obras de Davi Palmeira e curadoria de Henrique Bueno, a exposição mostra a intervenção plástica de Davi nas fotografias de sua trajetória pessoal que impulsionaram o desenvolvimento do projeto. O artista borda palavras [conselhos, desejos, sonhos, perguntas] com linha vermelha em fotografias de sua infância, todas em preto e branco. O corpo do artista de 33 anos encontra sua criança para tentar recriar as narrativas limitadoras que pautaram sua trajetória. A tentativa, aqui, é movimentar-se para dentro e, ao revisitar o passado, reconstruir olhares sobre si mesmo. É, também, um convite para que seus interlocutores, utilizando suas intervenções como pontes, façam o mesmo e, ao atualizarem o olhar sobre si próprios, apaziguem a criança de ontem com o adulto de hoje.

Sinopse:

O espetáculo propõe a criação de uma narrativa fictícia como pretexto para superar o vazio da relação entre um pai e um filho que, embora vivendo debaixo do mesmo teto, não possuem laços de afeto e não se reconhecem.

Ficha Técnica

  • Texto e direção: Jefferson Almeida
  • Diretor assistente: Daniel Chagas
  • Elenco: Davi Palmeira e Thiago Thomé
  • Stand in: Diogo Mirandela
  • Direção musical e Composições originais: Renato Frazão
  • Designer de som: Lucas Campello
  • Direção de arte: Taísa Magalhães
  • Iluminação: Livs
  • Direção de Movimento: Sueli Guerra
  • Preparação corporal: Vanessa Moreira
  • Preparação Vocal: Verônica Machado
  • Artistas colaboradores: Angélica Scariot, Arttur Malha, Bruno Kemper, Darilton Almeida, Gabriela Rosa, Igor Gonçalves, Matthielle Navarro, Nathalia Thomassen, Pam Salsa, Rafael Portari
  • Operação de som: Raphael Janeiro
  • Operação de luz: Livs
  • Tradutores de LIBRAS: Thamires Ferreira e Leila Ramos
  • Projeto gráfico: Davi Palmeira
  • Fotos de divulgação e filmagem do espetáculo: Paula Diniz (Coité Produção Audiovisual)
  • Fotos de cena: Aloysio Araripe
  • Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
  • Assistente de Produção: Pv Israel e Henrique Trés
  • Direção de Produção: Dani Carvalho (Desejo Produções)
  • Realização: Davi Palmeira Produções

Serviço

O homem que esqueceu a própria música, uma autobiografia inventada

Exposição “Diálogos bordados com o pequeno Davi

De 06 a 30 de julho

Dias e horários:  de quarta a segunda, das 16h às 21h, na galeria do teatro

Ingressos: gratuitos

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