O Grande Acordo Internacional do Tio Patinhas” faz sátira sobre concentração de riquezas 

Foto: Renato Mangolin

Com ironia e humor, o espetáculo “O Grande Acordo Internacional do Tio Patinhas” é um crítica à dominação econômica e cultural, trazendo à tona o debate sobre a concentração de renda nas mãos de poucos, em detrimento da miséria de muitos. Dirigida por Wellington Fagner e Junior Melo, estreia na quinta-feira (14), às 20h, na Arena do Sesc Copacabana e permanece em cartaz até 8 de dezembro, com apresentações de quinta a domingo, sempre às 20h. Os ingressos custam R$ 7,50 (associados do Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira).

A montagem é uma adaptação e atualização de Julian Boal da peça de 1973, de seu pai, o renomado dramaturgo Augusto Boal. O espetáculo parte de questionamentos como: quem são os “Tio Patinhas” de ontem e hoje, desde os donos de grandes indústrias até os gigantes do comércio online? Qual é a influência deles nos contextos sociais, econômicos, políticos e culturais de um país como o Brasil?

Deslocando a dramaturgia de Augusto para um Brasil contemporâneo, Julian Boal comenta que acompanhar o processo de criação foi uma experiência emocionante.“Na sala de ensaio, foi impressionante ver as interpretações das gerações mais jovens, me fazendo descobrir camadas e referências históricas que eu não havia notado antes. A equipe inteira trouxe novas ideias e soluções, fazendo com que o texto dialogasse ainda mais com o público de hoje”, destaca.

O diretor Junior Melo ressalta que a peça aposta em uma roupagem carnavalesca. “Os desfiles de escolas de samba, onde o acúmulo, a festa, as alegorias, o exagero e o caos se entrelaçam na nossa linguagem. Essa estética contamina todo nosso espetáculo, junto a sonoridades que evocam o universo fantástico dos quadrinhos e animações, refletindo nossa ingenuidade política como nação”, conta.

As escolhas instrumentais e narrativas reforçam a abordagem crítica do espetáculo, como explica o diretor Wellington Fagner . “Optamos por elementos como a comunicação direta entre ator e público, a música comentando a ação, a exposição das coxias, a ruptura de tempo e espaço e o ator como crítico e agente da história”, comenta.

A produção é realizada por um coletivo de dez artistas periféricos da Baixada Fluminense e outras regiões do Rio de Janeiro, os mesmos que participaram da montagem do premiado espetáculo Revolução na América do Sul, indicado ao 16° Prêmio APTR de Teatro entre 2021 e 2022. Sendo assim, a parceria deste projeto com o Instituto Augusto Boal possibilita que a obra dele seja pensada e encenada por artistas periféricos que são atravessados pelas questões abordadas, apontando um olhar engajado e crítico sobre a realidade atual. 

A atriz Bárbara Abi-Rihan, integrante do elenco, destaca que encenar Boal é um privilégio: “Ele nos conduz com leveza e humor ao universo fantástico dos quadrinhos e nos traz de volta à realidade para olhar criticamente a nossa própria história. Nos permite partilhar com o público uma experiência de festa, música e imagens poéticas, mas sem abrir mão da densidade quando o assunto é sério”, pontua.

Antes de chegar aos palcos, “O Grande Acordo Internacional do Tio Patinhas” foi apresentado como Leitura Dramatizada na Bienal Todos São Palco, na Europa. Inédita no Brasil, a peça teve apenas uma montagem anterior em Buenos Aires.

SINOPSE

Escrita pelo dramaturgo Augusto Boal no início dos anos 70, durante seu exílio na Argentina, o espetáculo se utiliza do humor rasgado, da palhaçaria e grotesco pra contar a estória de Tio Patinhas, que a fim de aumentar sua vasta fortuna, viaja a terras distantes. Para conseguir explorar os nativos desses locais, deverá se aliar com funcionários e embaixadores para enfrentar as temidas Estranhas Criaturas do espaço sideral. Esses seres, que são confundidos por trabalhadores e estudantes, tentam acabar com o sonho capitalista de Tio Patinhas, que encontrará com super-aliados para ajudá-lo a alcançar o sucesso em seu grande acordo internacional.

SERVIÇO
Data: 14/11 a 08/12
Dias da semana: de quinta a domingo
Horário: 20h
Local: Arena do Sesc Copacabana 
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Bilheteria – Horário de funcionamento:
Terça a sexta – de 9h às 20h;
Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 120 minutos

FICHA TÉCNICA
Idealização: Instituto Augusto Boal
Texto: Augusto Boal
Direção Artística: Junior Melo e Wellington Fagner
Dramaturgismo: Julian Boal
Direção de Movimento: Bárbara Abi-Rihan
Elenco: Bárbara Abi-Rihan, Cássio Duque, Levi Duarte, Nathalia Cantarino, Pedro Barroso, Ritiele Reis e Vinícius Mousinho 
Direção Musical: Beto Lemos
Letra e Música: Vinícius Mousinho
Figurinista: Carla Costa
Assistência de Figurino: Samir Alves
Cenografia: Cachalote Mattos
Assistência de Cenografia e Aderecista: Lara Aline
Iluminação: Lara Cunha
Operação de Luz: Giulia Sant’Anna
Montadores de Luz: Rodrigo Melo e Ivan de Souza
Caracterização: Tainá Lasmar
Produção: WDO Produções 
Coordenador de Produção: Wellington de Oliveira 
Produção Executiva: Letícia Ambrósio
Fotos: Renato Mangolim
Designer Gráfico: Samuel Santiago
Comunicação: Natália Brambila
Assessoria de Imprensa: Monteiro Assessoria

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