O Homem Decomposto

por Redação
O Homem Decomposto

Um dos nomes mais importantes do teatro contemporâneo, o franco-romeno Matéi Visniec é autor premiado de cerca de quarenta peças representadas em mais de trinta países pela Europa, além do Brasil, Estados Unidos, Japão e Turquia.  

A peça, composta por uma sucessão ágil de histórias curtas, lança mão do humor e do absurdo para desvelar um mundo de incomunicabilidade e isolamento, onde os seres sociais se estranham continuamente e não conseguem discernir de quem e de onde vêm as forças opressoras.

Pequenas histórias com um, dois ou mais personagens se sucedem em ritmo vertiginoso apresentando pessoas que se estranham mutuamente, não conseguem se comunicar, e vivem numa busca incessante por se protegerem umas das outras.

Numa história, vemos cidadãos que, para garantir sua tranquilidade e segurança, chegam mesmo a se isolar dentro de estranhos círculos invisíveis onde nenhuma outra pessoa pode penetrar. Em outra, a cidade é tomada por uma invasão de borboletas carnívoras que ameaçam a população. Há ainda a história da empresa que oferece serviços de lavagem cerebral para libertar as pessoas dos seus sofrimentos. Ou do senhor que anda pelas ruas com seu animalzinho de estimação que somente se sacia comendo pessoas, o que não causa estranhamento nenhum, a não ser cócegas, na mulher que está sendo devorada.

Mesmo em plena distopia, a poesia se faz presente em momentos onde os personagens, diante dos estranhos acontecimentos, conseguem se conectar com a natureza, refletir sobre o divino e a sua existência, falar do amor. Tudo ao mesmo tempo.

Assim se sucedem, diante dos olhos do público, os flashes dessa sociedade de um tempo indeterminado que pode ser o futuro. Não sabemos. Entre o humor e o susto, entre a poesia e o cinismo, se desenham as metáforas deste mundo imaginado por Visniec, que em muitos aspectos se parece bastante com o atual.

“Matéi Visniec é um dos dramaturgos mais importantes da atualidade. Escrito em 1993, ‘O Homem Decomposto’ é um de seus textos mais importantes, não só por conta de sua estrutura criativa como também por sua atualidade surpreendente, falando de coisas que abalam a vida do ser humano nos dias de hoje, embora tenha sido escrita há mais de 30 anos. Dirigir essa peça, com um elenco de primeira linha, me deixa muito feliz e faz com que eu me sinta um privilegiado, por poder dirigi-la nesse momento tão especial da história da humanidade.”, celebra o diretor, Ary Coslov.

SINOPSE

Numa sucessão de histórias curtas, através do humor e do absurdo, homens e mulheres de uma estranha sociedade não conseguem se comunicar, e criam sistemas cada vez mais absurdos e complexos para se protegerem uns dos outros.

Serviço

  • ESTREIA: 31 de outubro (6ªf), às 20h
  • ONDE: Casa de Cultura Laura Alvim – Teatro Laura Alvim
  • Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema / RJ Tel: (21) 2332-2016

HORÁRIOS: sextas e sábados às 20h, domingos às 19h / INGRESSOS: R$60 e R$30 (meia) na bilheteria de 3ª a 6ª das 16h às 20h, sábados e feriados das 15h às 20h, domingos das 15h às 19h ou em https://funarj.eleventickets.com/#!/home / CAPACIDADE: 190 pessoas / DURAÇÃO: 75 min / GÊNERO: comedia dramática fragamentada / CLASSIFICAÇÃO: 14 anos / TEMPORADA: até. 30 de novembro

FICHA TÉCNICA

  • Texto: Matéi Visniec
  • Tradução: Luiza Jatobá
  • Direção: Ary Coslov
  • Elenco: Dani Barros, Guida Vianna, Júnior Vieira, Marcelo Aquino e Mario Borges
  • Figurino: Wanderley Gomes
  • Desenho de Luz: Aurélio de Simoni
  • Direção de Movimento e Preparação Corporal: Lavinia Bizzotto e Alexandre Maia
  • Trilha Sonora: Ary Coslov
  • Assistência de Direção: Johnny de Castro
  • Operador de Som: Gabriel Fomm
  • Programador Visual: Isio Ghelman
  • Fotografa: Nil Caniné
  • Mídias Sociais: Rafael Gandra
  • Produção Executiva: Bárbara Montes Claros
  • Direção de Produção: Celso Lemos
  • Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

MATÉI VIESNIEC – autor

É autor de cerca de quarenta peças de teatro representadas em toda a Europa e também no Brasil, nos Estados Unidos, no Japão e na Turquia. Nascido na Roménia em 1956, Matéi Visniec descobriu muito cedo na literatura um espaço de liberdade. Na sua juventude, inspirou-se em Kafka, Dostoievski, Camus, Beckett, Ionesco, Lautréamont. Naquela época, na Romênia do ditador Nicolae Ceausescu (1918-1989), apreciava sobretudo os surrealistas, os dadaístas, as narrativas fantásticas, o teatro do absurdo e do grotesco, a poesia onírica e até o teatro realista anglo-saxônico. “Em suma – afirma – quase toda a experiência literária, exceto o realismo socialista imposto pelo poder”.

Mais tarde, tendo partido para Bucareste para estudar Filosofia, tornou-se muito ativo no seio da geração de 1980 que alterou a paisagem poética e literária da Roménia. Tendo-se tornado autor proibido no seu país natal, Matéi Visniec escolheu o exílio em 1987. Conseguiu partir para França, onde obteve o estatuto de refugiado político e, mais tarde, a nacionalidade francesa. Começou a escrever diretamente em francês a partir de 1990 e trabalhou como jornalista em Paris, na Rádio France Internationale, entre 1990 e 2022.

Após a queda de Ceausescu, Matéi Visniec tornou-se o autor mais frequentemente encenado na Romênia. Viveu sempre entre a França e a Romênia, entre o Leste e o Oeste, entre duas culturas, duas línguas e duas sensibilidades.

“Profundamente ligado aos valores da União Europeia”, Matéi Visniec considera-se “um autor engajado, humanista, de cultura universalista”. Continua a acreditar na resistência cultural e na capacidade que a literatura tem de demolir totalitarismos e ideologias tóxicas, bem como “as novas formas de lavagem cerebral criadas pela sociedade de consumo e pela indústria de entretenimento”.

As suas peças escritas em francês estão publicadas pelas editoras Actes Sud-Papiers, Lansman, Espace d’un Instant, Non Lieu, L’oeil du Prince. Traduzidas em várias línguas, as suas obras foram encenadas em cerca de trinta países. Visniec é também autor de vários livros de poesia, de seis romances e de um livro de contos. A sua atividade literária foi laureada com vários prêmios, entre os quais o Prêmio Europeu da Sociedade de Autores e Compositores Dramáticos de França e o Prêmio Jean Monnet das literaturas europeias.

ARY COSLOV – diretor

Ary Coslov nasceu no Rio de Janeiro e começou sua carreira como ator em 1963 com a peça “Aonde vais, Isabel?”, de Maria Inês de Almeida, no Teatro Jovem. Até 1980, atuou em mais de 20 peças, entre elas “Mortos sem Sepultura” de Jean-Paul Sartre (1964); “A Bossa da Conquista”, de Ann Jellicoe (1966); “Tango”, de Slawomir Mrozeck (1972); e “A Fila”, de Israel Horowitz (1978). Depois de 30 anos, voltou ao teatro como ator em 2010 com a peça “Produto”, de Mark Ravenhill. Participou também de uma das montagens de “A Estufa”, de Harold Pinter (2014), e de “A Última Ata”, de Tracy Letts (2022).

Como diretor, estreou em 1977 no Museu de Arte Moderna com “Palácio do Tango”, de M. Irene Fornès, e desde então dirigiu mais de 35 peças, estando entre as mais recentes “A Estufa”, de Harold Pinter (Teatro Laura Alvim, 2015); “Entre Corvos”, espetáculo sobre Antonin Artaud (Teatro SESC, 2016); “O Amor perdoa tudo”, de Fabricio Carpinejar e Claudia Tajes (Teatro Leblon, 2016); “Ivanov”, de Anton Tchekov (Teatro Ipanema, 2017); “Meus Duzentos Filhos”, de Miriam Halfim (Centro Cultural Justiça Federal, 2018). Com “Traição”, de Harold Pinter, grande sucesso no Teatro Solar de Botafogo, recebeu os prêmios Shell e APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) como Melhor Diretor de Teatro de 2008. “O Inoportuno”, também de Pinter, estreou em novembro de 2018 no Teatro dos Quatro, peça com a qual foi indicado ao Prêmio Cesgranrio de Melhor Diretor. Em 2019, dirigiu “Freud e Mahler”, de Miriam Halfim (Centro Cultural Justiça Federal); em 2020, “Uma Relação Tão Delicada”, de Loleh Belon (Teatro Vanucci); “O Homem do Planeta Auschwitz”, de Miriam Halfim (Teatro Laura Alvim); “Entre Corvos”, de Marcelo Aquino e Ary Coslov (Teatro SESC, 2024); “Maestro Selvagem”, de Miriam Halfim (Teatro CCJF, 2024).

Atuou na televisão como ator em diversos programas e novelas desde 1963 e tornou-se diretor a partir de 1979. Dirigiu mais de 50 produções entre novelas, seriados, minisséries e musicais como “Paraíso” (1982), “Louco Amor” (1983), “Carga Pesada” (1979-1980, 2003-2005), “Explode Coração” (1995), “Por Amor” (1997), “Vida ao Vivo Show” (1998), “Mulheres Apaixonadas” (2002), “Senhora do Destino” (2004), “Duas Caras” (2007), “Fina Estampa” (2011) e “Guerra dos Sexos” (2013), todas na TV-Globo. “Marquesa de Santos (1984), “Tudo em Cima” (1984), “Tamanho Família” (1985), “Corpo Santo” (1987), na TV Manchete. E ainda, no exterior, “El Hombre Que Debe Morir”, de Janete Clair, (TV Panamericana, Lima, Peru, 1989) e “El Magnate”, de Manoel Carlos (Capitalvision Productions -Telemundo, EUA, 1990).

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