O Homem que engoliu um chip

Comemorando os 60 anos de nascimento do poeta, escritor e artista plástico carioca Rodrigo de Souza Leão (1965-2009), a adaptação teatral de seu livro “Todos os cachorros são azuis”, volta à cena - Repleta de humor e auto-ironia incomuns, a peça aborda a esquizofrenia e o dia-a-dia de um interno numa instituição psiquiátrica.

por Redação
O Homem que engoliu um chip

Conseguir falar de loucura, esquizofrenia e do sofrimento inerente de forma bem-humorada é o mote e desafio da peça “O Homem que engoliu um chip”.

O espetáculo, que volta à cena para curta temporada, é um solo do ator Manoel Madeira com direção de Adriano Garib e dramaturgia de Ramon Nunes Mello, poeta, escritor e jornalista que conheceu e entrevistou Rodrigo de Souza Leão, tornando-se responsável pela sua obra após a sua morte.

O HUMOR DE RODRIGO DE SOUZA LEÃO

“Estou aqui há dez dias. Dez dias que como mal. Pelo menos vou emagrecer. Tenho saudade da comida de casa. De bom aqui só a goiabada e a bundinha da enfermeira.”

“Eu não me lembro mais de um amor. A última vez que fui amado, ela disse que não me amava.”

“Se você um dia for visitar um hospício, leve cigarros. Todo mundo fuma.”

“Fila pra tomar café da manhã. Todos os loucos na fila. É um café com leite que tem mais água do que leite e um pão com uma passada de manteiga só na ida.”

(HORA DE VER TV) “A hora em que a Família Adams se reúne. Os doidos todos se reúnem para ver novela.”

“Por que todos os loucos têm paranóias iguais? Sempre estão sendo seguidos por um agente secreto. A CIA quase sempre está envolvida.”

“Ah, hoje tem festa junina no hospício! A quadrilha de loucos está em fila. (…)
O casamento de um oligofrênico com uma bipolar de humor é feito pela psicóloga gostosa.”

No livro, Souza Leão narra de maneira singular e divertida seu dia-a-dia durante períodos de internação. No palco, Manoel Madeira atua como um performer, ora relatando, ora vivenciando as situações relatadas pelo escritor. A peça traz trechos em off na voz do próprio Rodrigo de Souza Leão.

A adaptação da obra para o teatro é do dramaturgo e poeta Ramon Nunes Mello, que conta como surgiu a ideia do projeto: “Conheci Rodrigo em 2008, após ler ‘Todos os cachorros são azuis’. Fiquei impactado com a poesia e a linguagem, e a forma como ele aborda um tema difícil como a loucura, a partir de sua própria experiência pessoal, única na literatura brasileira.”

Explorando o humor e a ironia presentes na obra, a peça pretende expandir a poesia presente na ficção de Souza Leão, além de promover uma reflexão sobre a intercessão entre saúde mental e arte.

“Assistimos ao espetáculo com um sorriso dúbio, pois Rodrigo ri do absurdo da existência. Nossa peça, apesar da delicadeza do tema, pretende ser um entretenimento leve e divertido. Rodrigo era leve e bem-humorado até nos momentos de internação. Queremos que essa leveza, essa auto-ironia e esse humor transpareçam para o público através de nossas escolhas artísticas.”, explica o diretor Adriano Garib.

SINOPSE

Um poeta que sofre de esquizofrenia faz um relato comovente e ao mesmo tempo auto-irônico sobre sua internação, suas memórias e reflexões.

Serviço

ESTREIA: 07 de março (6ªf), às 19h
ONDE: Casa de Cultura Laura Alvim – Espaço Rogério Cardoso
Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema / RJ Tel: (21) 2332-2016
HORÁRIOS: sextas e sábados às 19h e domingos às 18h / INGRESSOS: R$50 e R$25 (meia) / HORÁRIO BILHETERIA: 3ª a 6ª das 16h às 20h, sábados e feriados das 15h às 20h, domingos das 15h às 19h / VENDAS ONLINE: https://funarj.eleventickets.com/ CAPACIDADE: 53 lugares / DURAÇÃO: 60 minutos / GÊNERO: drama / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos / ACESSIBILIDADE: sim / TEMPORADA: até 30 de março

FICHA TÉCNICA

Idealização e Dramaturgia: Ramon Nunes Mello
Direção Artística: Adriano Garib
Atuação: Manoel Madeira
Depoimento em Off: Rodrigo de Souza Leão (entrevistado por Ramon Nunes Mello)
Vozes em Off: Adriano Garib
Assistência de Direção: Anita Mafra
Direção de Movimento: Toni Rodrigues
Cenografia e Figurinos: Nello Marrese
Cenotécnicos: André Salles e equipe
Desenho de Luz: Rodrigo Belay
Trilha Sonora: Thales Cavalcanti
Desenho de Som: Fábio Storino e Thales Cavalcanti
Sonoplastia Adicional: Adriano Garib
Operação de Som: Fábio Storino
Operação de Luz: Clarice Sauma
Produção Executiva: Anita Mafra e Manoel Madeira
Design Gráfico: Nina Rosenblit
Fotos: Dalton Valerio
Videografia e Mídias Sociais: Wagner Alonge
Artes Visuais no Figurino: Marcele Scram
Direção de Produção: Anita Mafra
Realização: Proposta A6 Produções Culturais
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

RAMON NUNES MELLO – idealização e dramaturgia

Ramon Nunes Mello é poeta, escritor e jornalista. Desde 2012, vive com HIV e é ativista de direitos humanos. Mestre em Poesia Brasileira (UFRJ, 2017). Doutorando em Ciência da Literatura na UFRJ. Autor dos livros “Vinis mofados” (Língua Geral, 2009), “Poemas tirados de notícias de jornal” (Móbile, 2011), “Há um mar no fundo de cada sonho” (Verso Brasil, 2016) e “A menina que queria ser árvore” (Quase Oito, 2018).

Poeta convidado do Rio Occupation London no Battersea Arts Centre (Londres, 2012) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2016). É curador da obra de Rodrigo de Souza Leão (1965-2009) e Adalgisa Nery (1905-1980). Organizou “Escolhas: Uma autobiografia intelectual”, de Heloisa Buarque de Hollanda (Língua Geral/Carpe Diem, 2010); “Tente entender o que tento dizer: Poesia + HIV/aids” (Bazar do Tempo, 2018); “Ney Matogrosso: Vira-lata de raça – memórias” (Tordesilhas, 2018); “Do fim ao princípio – Adalgisa Nery – poesia completa” (José Olympio, 2022); “Lowcura – poesia reunida de Rodrigo de Souza Leão” (Demônio Negro, 2023, com Silvana Guimarães e Jorge Lira) e “Meu lance é poesia – Cazuza” (Martins Fontes, 2024); “Protegi teu nome por amor – Cazuza – fotobiografia” (Martins Fontes, 2024, com Lucinha Araújo).

ADRIANO GARIB – diretor

Adriano Garib é diretor teatral, ator e pedagogo. Trabalha há mais de 30 anos com teatro, cinema e TV. Atualmente está filmando no Rio a nova série da Netflix, OS DONOS DO JOGO, com previsão de estreia para outubro/novembro deste ano. A série é uma ficção sobre a guerra do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Garib integra o elenco da série, com Juliana Paes, Chico Diaz, Otávio Müller e André Lamoglia.

No teatro, atuou em “Antônio e Cleópatra”, de William Shakespeare, com direção de Paulo José (2006); “Nu de Mim Mesmo”, da Cia Teatro Autônomo, com direção de Jefferson Miranda (2008); “Ces’t La Vie”; de Marcelo Rubens Paiva; com direção de Gilberto Gawronski (2011); entre muitos outros.

Garib dirige espetáculos desde 1991, entre eles: “SEXTA 31” (1999) e “O QUE O GURU VIU” (1999) da Confraria de Teatro/RJ; “Iansã Xangô” (2000), espetáculo do Projeto da Raça Negra – Tradições e Identidade – Londrina/PR; “O Clube dos Feios” (2000); “Incidente em Antares” (2006), adaptação de Maurício de Arruda Mendonça da obra homônima de Érico Veríssimo; “OUROBOROS” (2017); e “O homem que engoliu um chip”, ambos da Proposta A6 Produções Culturais.

No cinema, participou de “Meu Nome não é Johnny” direção de Mauro Lima (2006); “Tropa de Elite II” direção de José Padilha (2010); “Getúlio”, direção de João Jardim (2013).

Na TV, atuou em diversas minisséries e novelas, com destaque para o personagem Russo em “Salve Jorge”, na TV Globo (2013); e para sua participação nas séries “Magnífica 70”; da Conspiração/HBO (2015); “Um Contra Todos”; da FOX (2016); “Filhos da Pátria”, da TV Globo (2017); “Um dia qualquer”, da SPACE/HBO (2020); Rota 66, da Globo Play (2022); “Bom dia, Verônica”, do Netflix (2020-2024); e “Estranho Amor” da AXN/RECORD (2024).

MANOEL MADEIRA – ator

Manoel é formado pela faculdade da CAL. Ator brasileiro com alemão nativo e inglês fluente, obteve reconhecimento internacional em 2015 quando recebeu calorosas críticas da imprensa alemã por seu protagonismo em “Ludwig/2”, seu segundo espetáculo na Alemanha. “Ludwig/2” obteve grande sucesso de público e crítica também no Rio de Janeiro, onde realizou duas temporadas e lhe rendeu uma indicação a melhor ator no prêmio Botequim Cultural.

Na TV, participou das novelas “Totalmente (sem noção) Demais” (2016); “Haja Coração” (2016); do especial “Falas Femininas” (2024) da Rede Globo. Na Rede Record esteve em “Jesus” (2018/19); “Topíssima” (2019); e na 11ª temporada de “Reis” (2024). Integra atualmente o elenco do remake da novela “Vale Tudo”, da Rede Globo, com estreia prevista para março de 2025.

Seus últimos trabalhos em teatro são “A Paz Perpétua” (2017/18), de Juan Mayorga, direção de Aderbal Freire Filho; “Ouroboros” (2017); texto e direção de Adriano Garib; “Grau Zero” (2019/20), texto de Diogo Liberano e direção de Marcéu Pierrotti; “Elevador Social” (2022), texto e direção de Danilo Moraes. Em 2023 estreou seu primeiro monólogo, “O homem que engoliu um chip”, texto de Ramon Nunes Mello e direção de Adriano Garib. Em 2024 protagonizou o espetáculo “Caminho 22”, com direção de Leona Cavalli.

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