O legado – Um diálogo com Caio Fernando Abreu” estreia no Sesc Copacabana

O Legad - Foto: Rodrigo Menezes

Exatos 30 anos após a montagem de “Pela Noite”, texto de Caio Fernando Abreu, um grupo de atores decide remontar a peça. A estreia do espetáculo, em 1995, foi assistida e aplaudida pelo próprio escritor, que escreveu duas cartas, até agora inéditas, para o diretor, Renato Farias. Para a remontagem, três homens gays que viveram o auge das décadas de 1980 e 1990 são convidados a contar sobre os seus amores interrompidos pela chegada do HIV. Este é o ponto de partida de “O Legado – Um diálogo com Caio Fernando Abreu”, espetáculo inédito escrito e dirigido por Renato Farias para celebrar os 20 anos da Companhia de Teatro Íntimo. Jogando luz sobre o legado que Caio, e a geração que viveu a época em que a AIDS chegou ao Brasil, deixou para as gerações mais jovens, a montagem prioriza o amor e a alegria de viver para contar essas histórias. Aprovado pelo Sesc RJ Pulsar, o espetáculo estreia dia 16 de outubro, às 20h, Teatro de Arena do Sesc Copacabana.

A história encenada é, também, um diálogo entre realidade e ficção. De fato, houve a montagem da peça e a presença de Caio na plateia. “Eu recebi três cartas dele e coloco duas delas em cena para que a voz do Caio abra ‘O Legado’. São as cartas que escreveu quando seguimos nos relacionando após o espetáculo que ele assistiu, meses antes de nos deixar, em fevereiro de 1996”, adianta Renato Farias. Passados 10 anos do encontro com o escritor, em 2005 Renato fundou a Companhia de Teatro Íntimo, encenando o espetáculo “Os Dragões”, uma adaptação de “Os Dragões Não Conhecem o Paraíso, outro texto de Caio Fernando Abreu.

“A estreia de ‘Os Dragões’ foi no palco do Sesc Copacabana, para onde voltamos agora, e retomando o diálogo com Caio, esse escritor que nunca nos abandonou. O tema LGBTQIAPN+ é muito importante para nós. Paralelo ao meu trabalho com o teatro, trabalho com comunicação e saúde na Fiocruz, o que me permitiu contribuir, nos anos 1990 e 2000, com a construção da resposta brasileira à epidemia de HIV-AIDS. O Brasil foi protagonista mundial dessa resposta e isso é uma coisa que pouca gente sabe. Uma outra questão crucial é o fato de que hoje é possível viver e conviver saudavelmente com o HIV, por isso nosso foco no trabalho é celebrar a vida e os amores que tivemos”, pondera Renato.

Dos estigmas que envolveram a doença nos anos 1980, Renato nem quer ouvir falar – mas da relação saudável das pessoas que vivem com HIV, sim. E é nessa busca pelo prazer e a alegria de estar junto, da necessidade de cuidar e ser cuidado, que o dramaturgo e diretor enxerga um legado a ser trazido para as novas gerações. “A peça traz três gerações que se intercalam, e a diferença do impacto do HIV em cada uma. A geração mais velha, que é a minha, em torno dos 60 anos, foi tolhida pela doença e teve que assimilar a necessidade de usar camisinha. A geração seguinte, hoje por volta dos 40/45 anos, já associava sexo e camisinha de maneira mais natural. E a geração atual, felizmente, tem mais liberdade, por que, além do preservativo, e dos avanços com a medicação, tem PrEP e PEP. O HIV já pode, como diz minha amiga Márcia Rachid, ser considerado ‘Uma Sentença de Vida’”, celebra Farias.

O ator Thiago Mendonça, também fundador da Companhia de Teatro Íntimo, lembra: “Nasci em 1980, era uma criança que assistia novela e logo virei fã de Lauro Corona. Ele influenciou diretamente minha escolha em ser ator. Vi o meu primeiro ídolo partir repentinamente, sem, na época, entender por que. Depois, criança, ainda, vi outros artistas como Cazuza e Renato Russo falarem mais abertamente sobre suas sexualidades e sorologias. Madonna também me educou através de suas músicas e entrevistas. Hoje gozo do privilégio de viver em um tempo em que podemos ter mais liberdade e direitos. Isso também é um legado importante das gerações anteriores”, relaciona.

Colocando, lado a lado, o elenco da Companhia e atores convidados, a montagem conta com Alain Catein, Aleh Silva, Dodi Cardoso, Gabriel Contente, João Manoel, Márcio Januário, Orlando Caldeira, Renato Farias e Thiago Mendonça. Os atores interpretam casais de três gerações e a montagem toma cuidados na condução de sua dramaturgia. “Somos homens gay cis em cena, ainda que haja um ator que é não-binárie. No início da epidemia fomos colocados pelo preconceito da sociedade como protagonistas em relação à doença. Ao longo das últimas décadas, assumimos o protagonismo para lutar contra os preconceitos e gritar: nós existimos e queremos ser respeitados! Um legado que propusemos foi, justamente, canalizar esse protagonismo para que a sociedade entenda que pessoas LGBTQIAPN+ também têm relações amorosas e saudáveis”, sublinha Renato.

E foi justamente a permanência dos estigmas um dos motivos que trouxeram o tema à cena. “O Brasil segue sendo o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo. Então é um tema que precisa voltar, e o estamos trazendo de uma maneira leve e bem humorada, falando das dores das tristezas das perdas sim, mas também lembrando que amor e sexo são coisas saudáveis, que precisam ser vividas. É uma maneira de tirar a culpa que vem vindo de geração em geração e colocar o prazer e o autoconhecimento através da sexualidade no centro da vida”, pontua Renato, que recentemente lançou o livro “O poema-em-cena & o teatro íntimo: a construção da pedagogia da intimidade” (Ed. Multifoco / https://abre.ai/nBSM) como parte das celebrações dos 20 anos da Companhia.

Falar de legado é convidar o público a pensar na troca realizada entre essas gerações. Mas Renato Farias admite que a temática, que é forte e abrangente, não pode ser resumida a um legado específico. “É um legado de valorização da vida, do amor, da alegria, das relações, das amizades, do permitir ser cuidado e da importância de cuidar. Mas também da importância de ser feliz a partir de sexualidades bem vividas, saudáveis, sem culpa. Isso tudo é o legado de uma geração que teve que conviver brutalmente com a pandemia da AIDS e que foi percebendo que só passamos por aquela fase horrorosa porque estávamos juntos uns dos outros”, encerra.

SERVIÇO

“O Legado – Um diálogo com Caio Fernando Abreu”

  • Temporada: 16 de outubro a 09 de novembro de 2025
  • Horário: Quinta-feira a sábado, às 20h. Domingo, às 18h
  • Local: Arena do Sesc Copacabana
  • Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro

Ingressos: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia entrada para casos previstos por lei, estendida a professores e classe artística mediante apresentação de registro profissional, convênio e programa Mesa Brasil); R$ 10 (credencial plena); Gratuito (público PCG).

Bilheteria – Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira – das 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h

Informações: (21) 3180-5226
Classificação Indicativa: 18 anos
Duração: 80 minutos
Instagramhttps://www.instagram.com/teatrointimo/

FICHA TÉCNICA

  • Dramaturgia e Direção: Renato Farias
  • Direção de Movimento: Orlando Caldeira
  • Iluminação: Daniela Sanchez
  • Direção de Arte: Thiago Mendonça
  • Figurino: Ùga agÚ
  • Trilha Musical: Diego Moraes
  • Fotografia: Rodrigo Menezes
  • Treinamento Vocal Terapêutico: Dodi Cardoso
  • Programação Visual: Tarcísio Lara Puiati
  • Costureira: Cláudia Fênix
  • Crochetista: Nábia Villela
  • Técnica / Operadora de luz: Tayná Maciel
  • Técnica do Desenho do Som: Raquel Brandi
  • Operadora de Som: Andressa Costa
  • Maquiagem Fotos: Syl Vitoriano
  • Produção Executiva: Alain Catein e Wesley May
  • Direção de Produção: Damiana Inês
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê – Gisele Machado e Bruno Morais
  • Consultoria Técnica e Afetiva: Dra. Márcia Rachid
  • Mídias Sociais: Taís de Amorim Manoel
  • Audiovisual: Vida Longa Audiovisual

Elenco:

  • Dodi Cardoso
  • Márcio Januário
  • Renato Farias
  • Alain Catein
  • Orlando Caldeira
  • Thiago Mendonça
  • Aleh Silva
  • Gabriel Contente
  • João Manoel

 Idealização: Companhia de Teatro Íntimo – 20 anos
Produção: Bloco Pi Produções
Realização: Sesc

Musical ‘O admirável sertão de Zé Ramalho’ estreia nova temporada

O admirável sertão de Zé Ramalho – Foto: Priscila Prade

Visto por mais de 15 mil pessoas, o musical “O Admirável Sertão de Zé Ramalho” inicia nova turnê no ano  em que se comemora os 76 anos do artista. Com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Cultural, o espetáculo idealizado pelo produtor cultural Eduardo Barata, celebra a extensa obra e vida do paraibano Zé Ramalho.

Nesta temporada, o público de Brasília, Macaé, Niterói, Porto Alegre,  e Rio de Janeiro vai poder se deleitar com o musical que conta e canta a vida e obra do artista, através das suas canções e interpretação do elenco formado por Eli Ferreira, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Verônica Sanfoneira, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Diego Zangado, Tiago Herz. A dramaturgia é de Pedro Kosovski e a direção de Marco André Nunes.

“Estamos orgulhosos de patrocinar esta obra que resgata a carreira de Zé Ramalho, músico que traduz a brasilidade em suas canções de uma forma criativa e inovadora. Por meio do patrocínio a projetos como este, reafirmamos nosso compromisso em promover a cultura brasileira em sua diversidade de manifestações e produções”, afirma Milton Bittencourt Neto, gerente de Patrocínio Cultural da Petrobras.

A peça apresenta a trajetória do artista de forma não tradicional e biográfica. Zé, o personagem, existe somente nos números musicais, criando algo totalmente inédito. O elenco é diverso, possibilitando, desta forma, a abordagem de vários pontos de vista, contando muitas histórias dentro de uma só. “Este espetáculo nasceu como canto e celebração. Uma homenagem a um dos maiores artistas do Brasil, que transformou o Nordeste em linguagem universal e levou sua poesia ao mundo, com a força do sertão e a grandeza de sua obra. O enredo, de delicadeza e profundidade, acompanha o caminho da própria música de Zé Ramalho: singela, poética e reflexiva. Em cena, surgem personagens que atravessam sua criação e ecoam todos os sertões possíveis, os que habitam nossa terra e os que habitam nossa alma. O gesto é este: celebrar Zé Ramalho como referência e revelar, no palco, a potência lírica de sua arte”, conta o produtor e idealizador do projeto, Eduardo Barata.

“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” já passou por 10 cidades brasileiras e presta um tributo grandioso ao cantor e compositor paraibano em um formato original e inédito. Com mais de 40 anos dedicados à composição, poesia e música, o artista terá sua extensa obra cantada e contada a partir de cinco representações de ‘Zés’, que aparecem nos números musicais. São eles: “Brejo da Cruz”, que apresenta as origens do artista; “Campina Grande”, sobre a cidade onde começou o interesse de Zé pela música; “João Pessoa” retrata momento lisérgico da vida do músico, quando ele começou realmente a compor; “Rio de Janeiro” apresenta a batalha por um lugar ao sol, passando pela fome até a prostituição, e “Popstar” representa o sucesso e a consagração do autor de clássicos como “Admirável Gado Novo”, “Garoto de Aluguel”, “Pedra do Ingá” e “Chão de Giz”, entre outros.

Paraibano de Brejo do Cruz, Zé Ramalho se embrenhou na fonte da literatura de Cordel, do blues, do rock e do melhor do violão nordestino. Também é conhecido por sua contemporaneidade, produzindo poesia dentro da tradição musical nordestina, além de emoções e sentimentos universais na sua obra. Suas composições são tão abrangentes quanto o seu legado de influência sobre músicos e poetas.

Apelidado de Bob Dylan do sertão, o poeta, cantor, instrumentista e compositor Zé Ramalho foi influenciado pela Jovem Guarda. Misturou o estilo de Roberto e Erasmo Carlos com a musicalidade do sertão, tendo como referência Pink Floyd, Beatles, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, entre outros. Uma miscelânea de ritmos, sons, palavras e sensações, sem nenhum tipo de ranço vanguardista e ao mesmo tempo utilizando a tradição nordestina para construir e adaptar suas canções. Do amor ao esotérico, com toque de crítica. Do xote ao rock, sem ter medo da mais romântica balada. Este é Zé Ramalho. Da Paraíba, do mundo, da música. Sua obra se renova sem eliminar nada do que foi usado antes.

Ficha Técnica:

  • Idealização e produção artística: Eduardo Barata
  • Elenco: Duda Barata, Eli Ferreira, Ceiça Moreno, Verônica Sanfoneira, Cesar Werneck, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Diego Zangado, Rostan Junior, Tiago Herz
  • Texto: Pedro Kosovski
  • Direção: Marco André Nunes
  • Direção musical: Plínio Profeta e Muato
  • Direção de movimento: Caroline Monlleo
  • Direção de produção: Elaine Moreira
  • Cenário: Marco André Nunes e Uirá Clemente
  • Figurinos: Wanderley Gomes
  • Iluminação: Dani Sanchez
  • Fotos: Priscila Prade

Cidades, locais e datas

PORTO ALEGRE – Multipalco Eva Sopher
18 e 19 de outubro

NITERÓI – Teatro da UFF
24, 25 e 26 de outubro

BRASÍLIA – Teatro Martins Pena
29 e 30 de outubro, 01 e 02 de novembro

MACAÉ – Teatro Firjan Sesi Macaé
07 e 08 de novembro

RIO DE JANEIRO – Teatro Carlos Gomes
13 de novembro a 14 de dezembro, com apresentações de quinta à domingo

Circo Contêiner reúne quatro oficinas e quatro espetáculos gratuitos em outubro

Circo Contêiner – Foto: Aline Moreno Gomes

Em sua quarta edição, o projeto Circo Contêiner reafirma o compromisso com a valorização da arte circense na sua potência e diversidade ao promover 20 espetáculos de grandes artistas da cena paulistana para o Teatro de Contêiner, sede da Cia. Mungunzá. A programação de outubro acontece nos dias 9, 11 e 12 e   está recheada de espetáculos e oficinas. As apresentações são gratuitas e têm tradução em Libras.

A artista Vulcanica Pokaropa abre a programação de outubro com o espetáculo Tarântula Transita, no dia 9, às 9h30. No espetáculo, uma fábula sobre sonhos, quatros amigas passam por diversas adversidades e conflitos para chegar na tão sonhada ascensão que desejam e para isso vão precisar da ajuda do público. A história é contada através da comicidade, bambolê, malabares, mágica, manipulação de bonecos trazendo o público para um universo lúdico.

No mesmo dia, às 14h30, o grupo Palhaços Sem Fronteiras Brasil entra em cena com Memorável – Histórias Notáveis, dirigido por Cristiane Paoli Quito. Por meio da palhaçaria e da ludicidade, o espetáculo conta, canta e retrata as ações do coletivo e suas aventuras vividas em áreas de risco e de instabilidade. São relatos que transformaram e construíram a trajetória dessa “inacreditável” organização, assim como de todos que passaram por ela.

A estética preta é trazida ao picadeiro em Catappum, com o Coletivo Cattapum, que se apresenta no sábado, dia 11, às 16h. Na trama, numa manhã cinzenta, um barulho ensurdecedor faz com que todos os habitantes caiam num sono profundo. No meio do emaranhado de corpos, os atrapalhados palhaços Shortz e Calarças são os únicos sobreviventes acordados. Eles se envolvem no grande mistério de descobrir quem é o responsável por fazer toda a cidade cair no sono profundo. A direção é assinada por Mafalda Pequenino; a dramaturgia e as letras, por Chico Vinicius e Fagner Saraiva; e a sonoplastia e músicas, por Monique Salustiano.

Por fim, no domingo, dia 12, às 16h, a Cia. Stilts encena Patas de Palo. Na trama, Lemon é um palhaço de rua brincante nascido em Goiânia, reconhecido internacionalmente por suas performances e sua maestria na arte das pernas de pau. Carregando um circo inteiro dentro da mala, ele apresenta números surpreendentes como “O Domador de Animais”,  além de reviver brinquedos populares antigos — como traca-traca, bilboquê, rói-rói — e figuras da cultura popular brasileiro, como o icônico Pássaro Jaraguá do reisado.

Circo Contêiner

A responsável pela curadoria da atual edição é palhaça, atriz, saxofonista, filósofa e produtora Giulia Nina, que selecionou trabalhos que representam a riqueza de linguagens, trajetórias e corpos que compõem o universo do circo contemporâneo. E diversidade é o eixo central da curadoria, ao dar visibilidade a artistas de diferentes gêneros, raças, corpos, territórios e gerações.

A programação contempla uma ampla variedade estética e técnica, com números de acrobacia, palhaçaria, malabarismo, entre outras expressões que atravessam e expandem os limites do circo. Trata-se de um encontro entre artistas da rua, da lona e do teatro.

Nesta edição, parte da programação acontece no período da manhã e tarde durante os dias da semana, graças a uma parceria com escolas públicas, que serão recebidas no Teatro de Contêiner por meio de transporte escolar. A iniciativa amplia o acesso de crianças e adolescentes às atividades culturais e fortalece o vínculo entre arte e a educação.

Aos finais de semana, seguem os espetáculos com classificação livre, enquanto a programação também se expande, acolhendo algumas montagens voltadas ao público adulto, reafirmando a complexidade, a diversidade e a potência crítica do fazer circense.

Uma novidade do Circo Contêiner é que, junto a alguns espetáculos, serão realizadas 10 oficinas e vivências circenses gratuitas. Para conferir a programação dessas atividades, é preciso ficar atento à página @teatrodeconteiner no Instagram.

Histórico do projeto

A primeira edição do Circo Contêiner aconteceu em 2019, quando 11 espetáculos se apresentaram na área externa do Teatro de Contêiner ao longo de três meses. 

Em 2022, a programação circundou o Dia das Crianças durante os finais de semana do mês de outubro, com cinco espetáculos. E, em 2023, a programação também aconteceu nesse mês e acolheu 13 atrações.

A curadora

Giulia Nina é artista circense, fundou o grupo Caravana Tapioca, realizando projetos de descentralização das artes. Mestranda em artes cênicas na ECA/USP. Integra o elenco dos Palhaços Sem Fronteiras e orienta artistas em processos criativos. Também é produtora e diretora de processos criativos, com formações em palhaçaria, audiovisual e artes circenses. É bacharel em filosofia e tem como foco de seus estudos o riso. Já se apresentou em festivais no Brasil e no exterior e ministra cursos de comicidade.

Serviço

Circo Contêiner – 4ª Edição

  • Quando: até 14 de dezembro de 2025
  • Teatro de Contêiner – Rua dos Gusmões, 43, Santa Ifigênia
  • Quanto: Grátis, com reserva pelo Sympla 
  • Capacidade: 99 lugares
  • Classificação indicativa: Livre
  • *Todas as apresentações têm tradução em Libras

Confira abaixo as atrações já confirmadas do projeto:

OUTUBRO

Dia 9 – quinta-feira 

  • 9h30 – “Tarântula Transita”, com Vulcanica Pokaropa
  • 10h30 – OFICINA  “Iniciação ao bambolê”, com Vulcanica Pokaropa
  • 14h30 – “Memorável – Histórias Notáveis”, com Palhaços Sem Fronteiras Brasil
  • 15h30 – OFICINA “Trilha Afetiva Pedagógica”, com Palhaços Sem Fronteiras Brasil

Dia 11, sábado

  • 14h – OFICINA “Pororoca do riso”, com Coletivo Catappum
  • 16h – “Catappum”, com Coletivo Catappum

Dia 12, domingo

  • 14h – “Oficina iniciação ao movimento na perna de pau”, com Cia Stilts – Palhaço Lemon
  • 16h – “Patas de Palo”, com Cia Stilts – Palhaço Lemon

NOVEMBRO

Dia 20/11, Quinta-feira, às 11h

  • No Varal – Trupe Liuds

Dia 20/11, Quinta-feira, às 16h

  • Irmãos Carreto – Trupe Dunavô

DEZEMBRO

Dia 11/12, Quinta-feira, às 9:30h

  • Porongo Vaudeville – The Pambazos Bros

Dia 11/12, Quinta-feira, às 14:30

  • Cia Pé de Mamão

Dia 13/12, Sábado, às 19h

  • Birita Procura-se – A Casa das Lagartixas

Dia 14/12, Domingo, às 19h

O perrengue – Trupe Lona Preta

PARELHA – Um oIhar sobre a realidade faz temporada de 18 de outubro a 14 de dezembro

Parelha – Foto de Kenny Rogers

Em uma reflexão sobre os territórios urbanos e a experiência de se viver na periferia de Parelheiros, distrito da zona sul de São Paulo, o Núcleo PARELHA apresenta seu trabalho inédito, PARELHA – Um olhar sobre a realidade até o final de 2025.

O espetáculo tem sessões na Laje Cultural Núcleo Parelha, de 18 a 26 de outubro de 2025; no Restaurante da Marlene, de 22 a 30 de novembro; e na Praça Júlio César de Campos, de 6 a 14 de dezembro (ver abaixo o serviço completo).

O espetáculo, que mistura teatro, música autoral, audiovisual e memória viva da periferia, nasceu de uma experiência vivida pelas artistas Maria José Alves e Dionísia Gonçalves, que se formaram pela Escola Livre de Teatro de Santo André e vivem juntas na periferia de Parelheiros desde 2019.

Certo dia, durante a pandemia de Covid-19, a vizinha das artistas resolveu subir um muro demarcando o seu território.“O muro revelou-se não apenas como algo físico, mas também simbólico, como um limite histórico, político e territorial. E isso nos impulsionou a investigar: ‘Do que é feito um território?’. Em Parelheiros, a neblina nos visitava quase todos os dias, mudando o clima de uma hora para outra. Entre sol, chuva e frio, ensaiávamos na laje, cercadas de vizinhos curiosos. Tijolos viraram instrumentos, blocos e rebocos viraram cena. Entre músicas, saltos e improvisos, ressignificamos aquele espaço comum, rindo e chorando, mas sempre criando em liberdade”, revela Gonçalves.

“O nome da peça faz referência às corridas de cavalos que batizaram o bairro, e, de certa forma, é uma homenagem a essa região que completou 198 anos em 2025. Mas, ao mesmo tempo, afirma: ‘Não somos cavalos ensinados a andar em parelha. Foi como se dois cavalos nos atravessassem: um que lembrava o passado do território, outro que revelava as lutas do presente. Daquela laje começamos a estudar Parelheiros e nunca mais fomos as mesmas. Travamos batalhas diárias por este lugar, porque acreditamos que há territórios que precisam ser contados”, complementa Alves.

Para ajudá-las a contar essa história, convidaram um time de artistas de várias áreas. Na direção e preparação corporal, estão Juliana Pardo e Alício Amaral (Cia Mundu Rodá); na dramaturgia, a escritora Cristiane Sobral; no audiovisual, Flávio Barollo; e na direção musical e instrumentos experimentais, Gregory Slivar.

Além de atuarem, Dionísia e Maria ainda interpretam ao vivo a trilha sonora original composta por elas mesmas, com instrumentos alternativos, feitos de objetos ressignificados, como canos de PVC, martelo, serra, blocos, trenas e até uma calha.

Na peça, o público conhece a história de dois cavalos, Santa Cruz e Parelheiros, que correm sem parar há 197 anos em um dos distritos mais sucateados de São Paulo. E, em uma laje na periferia da região, as contadoras Fena e Cambuci não só falam sobre esses dois cavalos, mas também traçam um campo de jogo revelando aos poucos algumas histórias desse lugar.

Prestes a completar seu aniversário de 198 anos, Parelheiros (vulgo cavalo doido) decide parar de correr pela primeira vez, e consegue finalmente olhar para os lados. Sua decisão gera um conflito terrível com o seu irmão Santa Cruz (vulgo cavalo Pangaré). A montagem convida o público a refletir: o que o cavalo Parelheiros viu nesse lugar de promessas e de muitos muros que crescem sem parar?  Seria possível ultrapassar esses muros?

O espetáculo é possível graças ao projeto contemplado pela 9ª Edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa.

Com o trabalho, o Núcleo Parelha consolida-se como coletivo que atua a partir da periferia e para a periferia, invertendo as rotas artísticas que costumam privilegiar os centros urbanos. Sua missão é poetizar a realidade de corpos periféricos, racializados, LGBTQIAPN+ e historicamente invisibilizados.

PARELHA em quadrinhos

Além da montagem, o projeto ainda prevê a transformação de PARELHA – Um olhar sobre a realidade em uma história em quadrinhos pelas mãos do Estúdio Molotov HQ, formado pelo roteirista Victor Zanellato,  pelo ilustrador Diogo Mendes  e pelo arte-finalista Fernando Dias. Eles se destacam por produzir quadrinhos com abordagens críticas e políticas, explorando a realidade da classe trabalhadora e as contradições do capitalismo.

A ideia central do roteiro HQ PARELHA  é a reivindicação pelo direito de narrar, viver e construir a arte na periferia através da luta coletiva, da memória territorial e do enfrentamento às estruturas de exclusão que negam o acesso à cultura. A obra mistura realidade e imaginação para narrar uma travessia marcada por resistência, ancestralidade e potência criadora.

Ficha Técnica

  • Concepção, Atuação e Música em Cena: Dionísia Gonçalves e Maria José Alves.
  • Direção: Juliana Pardo e Alício Amaral  (Cia Mundu Rodá)
  • Dramaturgia: Cristiane Sobral e Núcleo Parelha.
  • Direção Musical: Gregory Slivar 
  • Trilha Sonora e Composição: Dionísia Gonçalves 
  • Preparação Vocal: Dionísia Gonçalves 
  • Construção Baixo-Cello de Lata: Gregory Slivar e Wanderley Wagner
  • Construção Flauta PVC: Júlio César (Instrumentos Alternativos)
  • Preparação Corporal: Juliana Pardo e Alício Amaral  (Cia Mundu Rodá)
  • Criação e Operação de Luz: Kenny Rogers 
  • Assistente de Iluminação: Bianca Pereira 
  • Criação e Concepção de Cenário: Wanderley Wagner e Núcleo Parelha
  • Concepção de Figurino: Macarena Rozic (Reviver Ateliê)
  • Hairstyle: Mestiça 
  • Fotografia Laje: Kenny Rogers 
  • Fotografia Programa e Redes Sociais: Noelia Nájera
  • Doc – Filme Parelha 2023 – Direção Audiovisual: Flavio Barollo
  • Designer Gráfico: Adi Alves 
  • Social Mídia: Cristhiane Evangelista
  • Cenotecnia e Som: Gilson Lande
  • Consultoria Musical: Gilson Lande
  • Consertos e Manutenção Técnica: Luthieria Fênix Sg
  • Intérpretes de Libras: Nzambiapongo e Tamy Guimarães
  • Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
  • Produção Geral: Núcleo Parelha 
  • Produção de Campo: Silmara Garcia
  • Assessoria Contábil: Juliana Santana

Serviço

PARELHA – Um olhar sobre a Realidade

  • Quando: de 18 de outubro a 14 de dezembro (ver datas e locais abaixo)
  • Ingressos: Grátis – é preciso se inscrever por meio do formulário disponibilizado no Instagram do núcleo @parelha.projeto
  • Como chegar: Uma van transporta os espectadores direto da estação de trem Vila Mendes Natal ou da Praça Júlio César de Campos (informações passadas na semana via grupo WhatsApp).
  • Classificação: a partir de 14 anos
  • Duração: 60 minutos

Laje Cultural Núcleo Parelha (Em parceria com a laje da jô)

  • Endereço: Rua Eloy Domingues da Silva, 235 – Jd. Novo Parelheiros, São Paulo
  • Quando: 18 a 26 de outubro de 2025, aos sábados e domingos, às 16h30

Restaurante da Marlene

  • Endereço: Estr. Ecoturística de Parelheiros, 6455 – Parelheiros, São Paulo.
  • Quando: 22 a 30 de novembro de 2025, aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h 

Praça Júlio César de Campos

  • Endereço: Praça Júlio César de Campos – Parque Tamari – São Paulo
  • Quando: 6 a 14 de dezembro de 2025, aos sábados e domingos, às 19h

 

Related posts

26 filmes de 2025 que você não pode perder

Dia 10 de outubro celebra o Dia Mundial da Saúde Mental

Chiquinha Gonzaga e seu legado