A peça O Menino ao Avesso, nova criação da Trupe de Lá TAG, encerra sua temporada de estreia neste fim de semana, com sessões no sábado e no domingo, às 16h. Voltado para o público infantojuvenil, o espetáculo acompanha Geninho, um garoto de 9 anos que se locomove com a ajuda de Janaína, sua cadeira de rodas veloz, e parte numa divertida investigação sobre identidade, autonomia, inclusão e riqueza das individualidades.
Criada desde o início como uma experiência acessível, a peça incorpora Libras, audiodescrição e legendagem, de forma orgânica à cena, e oferece também abafadores sonoros para pessoas com sensibilidade auditiva, reconhecimento tátil prévio do espaço para o público com deficiência visual, espaço de regulação sensorial no foyer do teatro e uma equipe preparada para adaptar cada sessão conforme as necessidades dos espectadores.
Com texto de Juliana Rego e direção assinada por ela em parceria com Tatiane Santoro, a trama começa com o sonho de Geninho de fazer uma viagem à Marte. Essa jornada fantástica se entrelaça à ida ao Departamento de Identificação Civil para tirar uma nova carteira de identidade. Lá, o menino se depara com questionamentos sobre quem ele é e sobre sua deficiência, além de lidar com o rapto de sua fiel amiga e companheira Janaína. Nessa aventura, ele conhece figuras como o Terrível Etiquetador, que carimba e rotula as pessoas; a mulher Arquivo de Metal, que guarda os dados de todo mundo; e Vanessa, a Fada Avessa, que vê o mundo sob diferentes pontos de vista. Ela mostra ao Geninho novas formas de enxergar o mundo, encarando com ele uma batalha no meio do espaço sideral e em busca de reencontrar Janaína e reafirmar quem ele é: uma pessoa com deficiência.
A história é contada também por meio de músicas originais, com letras de Juliana Rego. A direção musical é de Rodrigo Maré, percussionista e arte-educador da Maré, que assina junto com o elenco, o arranjo das músicas originais executadas ao vivo pelos atores. Há também jogos cênicos que estimulam a participação do público e os trazem de forma ativa para dentro da narrativa.
“A peça nasce da minha vivência como mãe atípica e artista”, explica Juliana Rego. “Sou mãe da Maya, uma menina com síndrome de Down, e meu trabalho com teatro e acessibilidade está entrelaçado à nossa história. Geninho é uma forma de conversar com as crianças sobre identidade e diferença sem cair em discursos prontos. É também sobre a possibilidade de ver e viver o mundo a partir de outros corpos e olhares”, finaliza a autora.
Além de Matheus Trindade, ator em cadeira de rodas que interpreta Geninho, o elenco conta com as atrizes com deficiência visual Analú Faria e Laís Lage, e os integrantes da Trupe de Lá TAG: Fabricio Sigales, Mariana Rego e Rodrigo de Todos os Santos.
Cris Muñoz, artista autista com diagnóstico tardio, mãe de uma jovem autista e pesquisadora nas áreas de teatro e acessibilidade, integra a equipe responsável pelos recursos acessíveis do espetáculo. Ao seu lado estão o músico e educador Felipe Monteiro e a consultora e poeta Gislana Vale — ambos cegos e referências em políticas públicas inclusivas. O trio acompanhou todo o processo criativo, com atenção especial à acessibilidade metodológica, sensorial e de linguagem.
Com uma abordagem poética, divertida e interativa, O Menino ao Avesso propõe um encontro potente entre arte, infância e diversidade. Mais do que um espetáculo acessível, é um teatro que escuta, acolhe e amplia as maneiras de estar e existir no mundo.
Sinopse
Em “O Menino ao Avesso”, Geninho sonha em viajar a Marte, mas sua maior aventura começa ao tentar tirar uma nova identidade. Quando Janaína, sua veloz cadeira de rodas e fiel companheira, desaparece, ele parte numa jornada fantástica para reencontrá-la e afirmar sua identidade como pessoa com deficiência. No caminho, enfrenta rótulos e encontra personagens como o Terrível Etiquetador e a Fada Avessa. Com músicas ao vivo e jogos interativos, a peça convida o público a ver o mundo por outros ângulos. Criado desde o início com acessibilidade, o espetáculo oferece Libras, audiodescrição, legendas e espaço de regulação sensorial.
Tatiane Santoro (diretora)
Tatiane Santoro é Mestre em Teatro com a pesquisa A Desmontagem Cênica como Dispositivo de Análise: “Piranha não dá no mar”, do Coletivo Paralelas, sob orientação da Profª Dra. Nara Keiserman. Formada em Licenciatura em Teatro pela UNIRIO (2013), atua desde 2008, tendo sido dirigida por Flavia Lopes, Cris Muñoz, Renato Carrera, Letícia Guimarães, Ronaldo Serruya e Marise Nogueira. Integra o elenco do projeto Manual para o Futuro Bem Legal, patrocinado pela Naturgy, e dirige a Trupe de Lá TAG, premiada no CBTIJ 2022 com Quem é o Zezinho?. Em 2024, ingressou na Especialização em Divulgação Científica na Fiocruz, pesquisando ciência e teatro. Em 2025, atua no espetáculo À Vinhad’alhos, do Coletivo Sem Órgãos.
Juliana Rego (dramaturga e diretora)
É artista, dramaturga, pesquisadora, diretora e professora de Teatro, além de mãe atípica da Maya, uma menina de 3 anos que tem síndrome de down. Atualmente é doutoranda em Artes Cênicas pela UniRio, com pesquisa na área de acessibilidade cultural. É mestre e graduada em licenciatura em Teatro pela mesma universidade. É cofundadora da Trupe de Lá TAG, grupo do qual é diretora desde 2014. Nos últimos anos, fez a dramaturgia e a direção dos espetáculos “Se essa Praça fosse minha (2016 a 2019)”, “A Protagonista (2020)”, “Amigues da Pereira (2021)”, “Quem é o Zezinho? (2022 e 2023)”. Por este último, recebeu o prêmio CEBETIJ de Teatro para Crianças na categoria Melhor Direção e foi indicada na categoria Melhor Texto Original. É professora de Teatro da rede pública estadual do Rio de Janeiro e do município de Nova Iguaçu. Também dá aulas de teatro para jovens e adultos com síndrome de down, no projeto Wanu/RJ.
A Trupe de Lá TAG
Nascida em Marechal Hermes, bairro do subúrbio carioca. O grupo pesquisa a relação entre teatro e território com a intenção de construir um teatro de comunidade que representa as questões de seus integrantes e dos moradores das regiões em que atua. Desde 2014, ano de sua criação e realização da ocupação artística do Teatro Armando Gonzaga, a Trupe investe em trazer para a cena vozes de artistas negros, periféricos e minorias que, muitas vezes, tiveram suas vozes ignoradas ao longo da história. Em 2016, a Trupe estreia o espetáculo de rua e festival ‘Se essa praça fosse minha’. O projeto circulou por 18 praças do Rio de Janeiro, contemplado por edital de fomento à cultura carioca e edital de fomento olímpico. Em 2019, o projeto circulou pela Baixada Fluminense, com patrocínio do Instituto CCR. Com o espetáculo, a Trupe ganhou os prêmios de melhor Direção, melhor Espetáculo de Rua, melhor Trilha Sonora e Urgência Discursiva no festival FETEG 3º ato. Em 2022, aconteceu a montagem do primeiro infantojuvenil do grupo, ‘Quem é o Zezinho?’, com patrocínio do Sesc Pulsar e temporada no Sesc Tijuca. Em 2023, o grupo circulou com o espetáculo por 8 unidades distintas do Sesc Rio. Com o espetáculo, a Trupe ganhou os prêmios de melhor Direção e melhor Atriz Coadjuvante no Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças.
Serviço
O Menino ao Avesso
- Quando: De 28/06 a 10/08
- Dia/ Hora: Sábados e domingos, 16h (exceto 12 e 13 de julho)
- Sextas 04/07 e 08/08, 11h e 15h
- Local: Teatro I do Sesc Tijuca
- Ingressos: R$ 5 (associado do Sesc), R$ 10 (meia-entrada), R$ 20 (inteira), Gratuito (PCG)
- Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539, Rio de Janeiro – RJ
Informações:
- Bilheteria – Horário de funcionamento:
- Terça a sexta – de 7h às 19h30;
- Sábados – de 9h às 19h
- Domingos – de 9h às 18h.
- Classificação: livre
- Duração: 70 minutos
- Lotação: 513 lugares
- Gênero: infantojuvenil acessível
Ficha Técnica:
- Dramaturgia: Juliana Rego
- Direção Artística: Juliana Rego e Tatiane Santoro
- Elenco: Analú Faria, Fabricio Sigales, Lais Lage, Mariana Rego, Matheus Trindade e Rodrigo de Todos os Santos
- Atriz intérprete: Taíza Batista
- Direção Musical: Rodrigo Maré
- Arranjos: Analú Faria, Fabricio Sigales, Laís Lage, Mariana Rego, e Matheus Trindade, Rodrigo de Todos os Santos e Rodrigo Maré.
- Letras originais: Juliana Rego
- Consultoria em audiodescrição: Felipe Monteiro e Gislana Monte Vale
- Consultoria de acessibilidade: Cris Muñoz
- Preparação corporal: Carol Bahia
- Cenografia e adereços: Cássia Maria Monteiro
- Assistente de cenografia: Roberta Dias
- Figurino: Carla Costa
- Assistente de figurino: Clara Abreu
- Iluminação: Nina Balbi
- Visagismo: Mona Magalhães
- Preparação vocal: Sara Bentes
- Comunicação visual: Affonso Dalua
- Fotografia: Rodrigo Menezes
- Mídias sociais: Sofia de Paiva
- Assessoria de imprensa: Lyvia Rodrigues (Aquela Que Divulga)
- Direção de produção: Fernanda Pascoal
- Coordenação de produção: Bárbara Galvão, Carolina Bellardi e Fernanda Pascoal (Pagu Produções Culturais)
- Produção executiva: Ana Flavia Massadas
- Realização: Trupe de lá TAG