O poder do livro, da Idade Média aos nossos tempos atuais

por Rodrigo Rainha

Chegamos a mais uma Bienal do Livro do Rio de Janeiro, aliás, um momento maravilhoso para entendermos o quanto este invento é um dos mais importantes da história da humanidade. Muitos não sabem, mas durante muito tempo a gente dependia da memória das pessoas para poder buscar formas de contar e recontar nossas histórias. Sim, isso era maravilhoso, divertidíssimo, mas imagina quanta coisa legal foi perdida ou repreendida. Quando começamos a fazer os escritos e a guarda desses, nós precisávamos de gente que copiasse isso, e também muita coisa era perdida. Só que, conforme a gente foi melhorando as técnicas, costurando livros, aprendendo a fazer folhas, tanto com pele esticadas de carneiro, quanto com alguns elementos de celulose ou papel de arroz, ou ainda outros elementos naturais que permitiram mais livros, continuamos a perder muitas coisas.

Por ser mais rápido, o livro tem um poder enorme de transformação em nossa sociedade, pois passamos a criar uma ideia de que mais pessoas têm acesso a mais informações, além de conhecimentos sendo trocados, multiplicados e replicados. A nossa capacidade de transmitir as histórias, os aprendizados de pai para filho, de mãe para filha, foram construídos e reconstruídos na ideia a ter a guarda da informação. Mas nem sempre isso foi bem-visto. Durante a Idade Média, por exemplo, muitos livros foram proibidos, outros foram raspados as tintas. No finzinho da Idade Média, já na modernidade, a onda passou a se queimar livros, inclusive nas mesmas fogueiras que se acusavam as bruxas. Ah, mas chegou o mundo moderno, o surgimento do Estado-nação e não é que os governos passaram a ficar com medo de livros? E alguns governantes fizeram fogueiras gigantes com eles. Muita gente foi presa, inclusive no Brasil, porque tinha alguns livros considerados perigosos em casa. Isso aconteceu mesmo no chamado “Mundo Livre”, como Estados Unidos, Brasil e Europa. Do lado comunista, depois da Segunda Guerra Mundial, não era diferente, o tempo todo foram criados mecanismos para saber o que e quem podia ler.

Nós vivemos a época do chamado “tempos livres”, onde podemos ler tudo, é mesmo? Como é que o algoritmo anda tirando a sua condição de ler o diferente? Como é que você anda desvalorizando a potência de se desenvolver lendo cada vez mais e abraçando muitas vezes o resumo, a leitura genérica? Como é que você anda cuidando deste grande invento da história da humanidade? Será que estamos valorizando os livros de forma assertiva, entendendo que nossos cérebros e nossa sociedade precisam ficar de olhos bem abertos? Penso que ao deixarmos de ler, estamos diminuindo a nossa capacidade de pensar, transformar e vivenciar esse mundo de maneira especial. Sendo assim, Viva a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, viva os movimentos que permitem lembrar que precisamos cada vez mais ler e ler. Teremos aí um bom motivo para lermos.

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