“O que só sabemos juntos” estreia no Teatro Casa Grande, no Leblon

Tony Ramos - Foto de Cacá Bernardes

Primeiro encontro nos palcos do ator Tony Ramos e da atriz Denise Fraga, O QUE SÓ SABEMOS JUNTOS é um chamado urgente. Uma convocação para que cada pessoa saia de sua bolha de isolamento e seja capaz de, genuinamente, se colocar no lugar do outro, sentir suas dores e compreender suas angústias, mas também suas alegrias, transformações e conquistas. O espetáculo, apresentado pelo Ministério da Cultura e Bradesco Seguros, teve sua estreia em 26 de abril de 2024 no Teatro Tuca, em São Paulo, e chega agora ao Rio de Janeiro no Teatro Casa Grande para uma curta temporada de 3 semanas, entre 22 de agosto e 8 de setembro, de quinta a domingo. Depois, a produção segue para as cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Denise e Tony são mais do que dois dos mais célebres e reconhecidos atores do Brasil: ambos são conhecidos por sua consciência cidadã e sua necessidade de estarem sempre em diálogo artístico com temas urgentes da vida do país e do mundo.

Valendo-se de dispositivos de interação direta e delicada com a plateia (alguns dos quais já foram experimentados com sucesso em Eu de você), O QUE SÓ SABEMOS JUNTOS se pretende um espetáculo-festa-despertador, uma mola propulsora que tira o espectador da apatia, de sua tela e o convoca a experimentar no aqui e agora, emoções, ações e, principalmente, entender que todos dependemos uns dos outros nessa peça, como na vida. Imaginar mundos possíveis juntos, e construir com o público, daquele dia, o espetáculo.

Uma coisa é ler a notícia de que dezenas de milhares de pessoas abandonaram suas casas às pressas, que milhares foram massacradas em um único dia, que centenas buscam refúgio ou foram violentadas naquela tarde. Tudo isso são só números, abstratos, distantes. São? Mas, se ao contrário, ouvimos histórias das pessoas envolvidas, sabemos de suas circunstâncias íntimas, seus desejos e emoções, talvez possamos nos identificar com elas e saber que poderíamos ser nós que estaríamos em seu lugar. Ou ainda, que precisamos agir coletivamente, agora. Sair da frieza dos números e alcançar o calor das histórias. Sensibilizar, sem sentimentalismo, com uma linguagem refinada, muito humor e senso crítico.

O QUE SÓ SABEMOS JUNTOS também tem um inevitável caráter de celebração: celebração do primeiro encontro de dois atores lendários nos palcos (Tony com 60 anos de carreira, Denise com 40, trajetórias que somam um século), celebração da continuidade da trajetória excepcional que Denise vem construindo no Teatro e também da volta de Tony aos palcos, depois de 20 anos se dedicando ao audiovisual. Celebração da força do teatro para, permanentemente, iluminar e socorrer à vida e aos viventes, para seguir embalando a vida com arte.

Neste contexto, em meio a cenas que dramatizam questões pungentes do mundo contemporâneo como o aquecimento global e a crise climática, a dominação dos seres humanos por telas e pelo capital, a condição feminina e o patriarcado nesse 2024, a possibilidade, a dificuldade e a reinvenção para criar filhos, amigos e vínculos diversos. Com essas cenas, juntam-se a memória desses dois atores e textos de peças clássicas da dramaturgia, como Tio Vânia, de Anton Tchekhov e Galileu Galilei, do alemão Bertolt Brecht, como que para demonstrar, sem explicações didáticas ou professorais, que o teatro atemporal é um instrumento poderoso para pensar qualquer tempo, através de sua força arquetípica e capacidade de condensar dramas humanos. Juntam-se ainda, ao texto da peça, o pensamento da autora, ativista e feminista bell hooks, os ensaios e crônicas da escritora polonesa Olga Tokarczuk, textos da jornalista e documentarista brasileira Dorrit Harazim, a prosa da francesa Annie Ernaux, e a poesia de Fernando Pessoa, Wislawa Zymborska, Arnaldo Antunes, João Cabral de Melo Neto, entre outros.

O QUE SÓ SABEMOS JUNTOS é uma grande pergunta da função da arte e da função do artista no nosso tempo, idealizada e criada pela NIA Teatro e seu trio de sócios-artistas – o diretor Luiz Villaça, a atriz Denise Fraga e o produtor José Maria. Juntam-se a essa nova criação uma série de artistas convidados de diversas linguagens, entre eles: o escritor, dramaturgo, roteirista e músico Vinícius Calderoni, a professora, pesquisadora e multiartista Kenia Dias, a cenógrafa e arquiteta Duda Arruk, o diretor, artista visual e iluminador Wagner Antônio, a figurinista Verônica Julian, e uma banda de 5 mulheres, entre elas: a baterista e percussionista Priscila Brigante, a baixista Clara Bastos, a trompetista Grazi Pizzani, a saxofonista Taís Cavalcanti e a pianista Ana Rodrigues, sob direção musical e arranjos da compositora, escritora e criadora premiada, Fernanda Maia. Em cena o encontro de dois mestres – Denise e Tony – que preferem a dúvida e escolhem o ato de se questionar em detrimento da certeza fácil e esvaziada.

SERVIÇO:

Espetáculo: O QUE SÓ SABEMOS JUNTOS
Temporada: De 22 de agosto a 8 de setembro de 2024
Dias e horários: Quintas, 20h; Sextas, 20h; Sábados, 20h; Domingos, 18h
Local: Teatro Casa Grande – Rua Afrânio de Melo Franco nº 290, Leblon
Informações: (21) 2511-0800
Bilheteria: Quarta- feira das 12h às 18h
– De Quinta a Domingo das 15h até 30 minutos após o início da última sessão.
Em dias de espetáculo, mesmo durante a semana, sempre a partir das 15h. (Para dúvidas e informações, no email contato@teatrocasagrande.com.br).
Ingressos pelo Eventim
De R$ 21,00 a R$ 200,00, a depender do setor e dia
Capacidade: 900 lugares
O Teatro possui áreas para cadeiras de rodas, assentos especiais para obesos, rampas, elevadores e toda acessibilidade arquitetônica.
Em todas as sessões haverá Intérprete em LIBRAS e Audiodescrição. Se precisar desse serviço, entre em contato com a produção pelo e-mail comunicacao@niafilmes.com.br ou diretamente na bilheteria
Duração: 90 min
Classificação indicativa: 12 anos.

FICHA TÉCNICA

O QUE SÓ SABEMOS JUNTOS
Idealização e Criação: Denise Fraga, José Maria e Luiz Villaça
Com Denise Fraga e Tony Ramos
Direção Geral: Luiz Villaça
Direção de Produção: José Maria
Texto: Denise Fraga, Luiz Villaça e Vinicius Calderoni
Dramaturgia: Kenia Dias, Denise Fraga, Luiz Villaça, Vinicius Calderoni, Tony Ramos e José Maria
Direção de Movimento: Kenia Dias
Assistência de Dramaturgia e do Diretor: Fluiz e Luiza Aron
Contrarregra e camareira: Cristiane Ferreira
Assistente de produção: Leonardo Shammah
Direção Musical, arranjos e preparação vocal: Fernanda Maia
Musicistas: Ana Rodrigues, Clara Bastos, Priscila Brigante, Grazi Pizani e Taís Cavalcanti
Sound designer: João Baracho
Sound designer associado e operador de som: Carlos Henrique
Técnicos de som: Luca Moreli e Gabriel Fernandes da Silva
Luz: Wagner Antônio
Assistência de iluminação e Programação de Luz:
Dimitri Luppi e Ricardo Barbosa
Operador de luz: Ricardo Barbosa e Michelle Bezerra
Cenografia: Duda Arruk
Assistência de cenografia: Olívia Chimenti
Cenotécnicos: Alexander Peixoto, Douglas André Caldas, Diego Tadeu Caldas, Victor Santos Silva, Eduardo da Cruz Ferreira, Gonçalo Severino Neres
Técnico de Palco e Maquinaria: Alexander Peixoto e Gonçalo Severino Neres
Transporte: Edmilson Ferreira da Silva
Figurinos: Verônica Julian
Desenvolvimento e Modelagem: Edson Honda
Assistência de figurino: Alice Leão
Costureiras: Salete André e Judite Lima
Programação visual: Guime Davidson e Phillipe Marks
Fotos de cena: Cacá Bernardes | Bruta Flor
Assessoria de Imprensa RJ: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa
Redes sociais: @DeniseFragaOficial
Roteiro de Audiodescrição: Márcia Caspary e Bell Machado
Consultoria Audiodescrição: Aline Borges
Intérpretes em Libras: Maísa Ferreira Buldrini, Alice Stephanie Ramos, Karoline Amparo Fernandes e Camila Ramos Milan | Libras sem fronteiras
Produção executiva: Adriana Tavares e Juliana Borges
Diretora de fotografia: Elisa Mendes
Operadora de câmera: Giovanna Gil
Assistente de câmera: Gabriel Henrique
Técnico de som: Vicente Lacerda
Montador: Guili Minkovicius
Administração financeira: Evandro Fernandes
Apoio Institucional: Teatro Tuca – PUC SP
Coprodução: Café Royal
Realização: NIA Teatro

Gui Albuquerque no Teatro Ziembiski

Guga Millet – Foto Gui Albuquerque

Carioca, morador da Tijuca, Zona Norte do Rio, Gui Albuquerque é conhecido nas redes sociais pelo bordão “Por que choras, Leblon?”. Gago de carteirinha, Gui faz piada como forma de enfrentar as adversidades e foi a partir dessa vivência que nasceu o espetáculo “Eu Gago e Ando”. E ninguém melhor para reabrir um teatro na Tijuca que um Tijucano de carteirinha.O Ziembinski, tradicional teatro da Tijuca reformado pela Prefeitura, foi reinaugurado em agosto com a temporada do Stand Up, que acontece quintas e sextas às 20h.

Gui também é famoso pelos seus shows semanais no projeto “Bora Tijucar”, no Brewteco do bairro. Ao transformar sua vulnerabilidade em potência, em menos de dois anos conseguiu se consolidar na cena da comédia, dividindo o palco com grandes nomes como Hélio de la Peña, Fábio Porchat, Afonso Padilha, Fábio Rabin, Rodrigo Marques, entre outros. A vocação para fazer rir se estende, além das redes sociais, a espetáculos em casas de comédia pelo Brasil.

“A gagueira sempre foi associada a uma insegurança. Como um defeito a ser consertado e escondido em busca de uma normalidade. Mas, ironicamente, hoje ela é o grande diferencial da minha vida, virou a minha profissão. O riso, que era uma defesa, hoje é filosofia de vida!”, declara o comediante.

Além da estreia no teatro, em 2024 o público também pôde assistir Gui nos cinemas ao lado de Sérgio Mallandro em “O Errado que deu certo”.

SERVIÇO – “Eu Gago e Ando”
Datas: Quintas e Sextas dias 22, 23, 29 e 30 de agosto
Local: Teatro Ziembinski – R. Urbano Duarte – Tijuca, Rio de Janeiro – RJ.
Horário: 20h
Ingressos a partir de R$30 no link: https://riocultura.eleventickets.com/#!/evento/52bbdac8d6292f6d03da028c971b81a83c430d8d

A Árvore

Alessandra Negrini estreia solo escrito por Silvia Gomez no Centro Cultural São Paulo

A Arvore – Foto de Priscila Prade

O relato de uma transformação. Em seu primeiro solo, A Árvore, que estreou no dia 15 de agosto no Centro Cultural São Paulo, a atriz Alessandra Negrini dá voz a uma mulher em processo de reflexão depois de ganhar uma pequena planta e ver-se sozinha com ela em seu apartamento. A temporada segue até 1º de setembro, com apresentações de terça a sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h.

O trabalho tem dramaturgia de Silvia Gomez, direção de Ester Laccava e produção de Gabriel Fontes Paiva e Alessandra Negrini. Mirella Brandi (luz), Camila Schimidt (cenário), Ana Luiza Fay (figurinos) e Morris (trilha sonora) completam a equipe de criativos.

O projeto de Alessandra Negrini e Gabriel Fontes Paiva tem uma trajetória muito bem-sucedida. A peça estreou durante a pandemia de forma on-line e, depois, virou um longa-metragem que está sendo distribuído pela O2 Filmes. O espetáculo foi convidado para participar do Festival Mujeres en Escena por La Paz, na Colômbia, em 2021, e também fez parte da programação da MOBR em Portugal e da Mostra Internacional de Teatro – MIT-SP. Também em 2021, o texto da peça foi publicado pela Editora Cobogó. Em 2024, foi apresentado no Encuentro Internacional de Artes Escénicas Expandidas Yvyrasacha, em La Paz, Bolívia, e lido no Encuentro Iberoamericano de Dramaturgia, no evento Punto Cadeneta Punto, organizado por Umbral Teatro em Bogotá, Colômbia.
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Em cena, Alessandra Negrini dá vida à personagem A., que, sozinha em seu apartamento, dirige-se a um interlocutor não identificado para fazer o relato de uma viagem interior iniciada quando ela ganha uma pequena planta de uma vizinha. Certo dia, ao tentar limpar sua estante, A. se vê presa à planta por um fio de cabelo e submerge em um estranho processo, no qual observa seu corpo transformar-se lentamente em algo que desconhece. Despedindo-se de sua forma humana, tomada de novas sensações e percepções, A. ora narra fatos de seu cotidiano, ora se entrega a reflexões diversas, que transitam entre o lírico e o cômico. Uma experiência extraordinária, a um só tempo particular e coletiva.

De acordo com a atriz, a peça é composta por muitas camadas dramatúrgicas. “A Árvore é um relato. Um relato de amor. A personagem M. nos conta a sua história, a sua aventura mais íntima e nos oferece o testemunho de ver o seu corpo se transformando em algo outro. As angústias e as alegrias dessa viagem viram palavras e imagens potentes que ela mesma cria. É uma escrita performática, uma página, uma peça, uma narrativa dessa metáfora de virar algo que não é mais si mesmo. A ideia de virar uma árvore lhe parece bela e necessária e não há mais como escapar”, comenta.

A Árvore também é o primeiro monólogo escrito por Silvia Gomez, que teve sua inspiração para criar a personagem a partir de uma imagem. “Um dia, regando uma planta na estante, vi um fio do meu cabelo preso a ela. Pedi para meu filho fotografar e transformei o episódio em textos. Nesta peça, ele disparou a cena da metamorfose, elaborando a sensação de certa forma delirante de ter sido agarrada por aquela planta, como se ela tivesse algo a dizer”, revela.

Outra inspiração para a criação do texto veio de livros como “Revolução das plantas”, do biólogo Stefano Mancuso. Para a autora, a peça faz questionamentos sobre nossa relação de amor e ruínas com a natureza e nosso planeta. “Mancuso fala sobre adotar a metáfora das plantas para pensar nosso futuro coletivo. Olhar para elas como forma de buscar novas perguntas – e respostas – para essa relação em vias de esgotamento”, acrescenta.

“As personagens que escrevo são essas que, de repente, olham para a realidade, mas não cabem mais nela, adentrando então um espaço de delírio que, para mim, é na verdade, extrema lucidez. Um exercício de tentar elaborar o tremendo real por outra camada, reconhecendo nele as fissuras que nos permitem formular novas perguntas”, completa Silvia Gomez, que foi indicada ao Prêmio Shell de dramaturgia em 2019 por “Neste mundo louco, nesta noite brilhante”, e ao APCA de 2022, por “Gesto”.

Ficha Técnica
Uma produção de Alessandra Negrini e Gabriel Fontes Paiva
Com Alessandra Negrini
Texto e Argumento de Silvia Gomez
Direção Ester Laccava
Assistência de Direção Giulia Lacava
Desenho de Luz Mirella Brandi
Cenografia Camila Schimidt
Figurinos Ana Luiza Fay
Trilha Sonora Original Morris
Realização de Peruca Feliciano San Roman
Técnica de Luz Giorgia Tolaini
Técnicos de Som e Vídeo Thiago Rocha e Bruna Moreti
Fotos Priscila Prade
Designer Gráfico Alexandre Brandão
Assessoria de Imprensa Pombo Correio
Produção Corpo Rastreado – Leo Devitto
Gestão de Projeto Luana Gorayeb
Realização Fontes Realizações Artísticas Ltda

Serviço
A Árvore, de Silvia Gomez
Temporada: 15 de agosto a 1º de setembro
Terça a sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h
CCSP – Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho – Rua Vergueiro, 1.000, Liberdade, São Paulo
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
Venda online em https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket/
Bilheteria: Terça a sábado, das 13h às 22h; e domingos, das 12h às 21h
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 321 lugares
Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

Améfrica: Em três atos estreia no Rio de janeiro em curtíssima temporada

América: Em três atos – Foto: Cristina Maranhão

Tratando das trajetórias negras e indígenas a partir de seus próprios legados e trazendo à tona narrativas soterradas pela herança colonial, o espetáculo “AMÉFRICA: Em Três Atos”, do Coletivo Legítima Defesa, estreia dia 22 de agosto, às 20h, na Arena do Sesc Copacabana, como parte da programação de temporadas do Edital de Cultura RJ Pulsar 2023/2024. Dirigido por Eugênio Lima, a montagem do coletivo paulistano apresenta as convergências negras e indígenas com dramaturgia de Claudia Schapira (Ato 1), Aldri Anunciação (Ato 2) e Dione Carlos (Ato 3).

O espetáculo é baseado no conceito de “Amefricanidade”, da intelectual negra mineira Lélia Gonzalez, termo que consiste em explicar a experiência comum de mulheres e homens negros na diáspora e a experiência de mulheres e homens indígenas contra a dominação colonial. A história refere-se ainda às sabedorias e às experiências negras e indígenas no continente americano, se aproximando ao quilombismo de Abdias Nascimento. Em “AMÉFRICA: Em Três Atos”, o Coletivo Legítima Defesa apresenta, de forma poética e política, as confluências negras e “ameríndias” e seus desdobramentos sociais e históricos no Brasil.

“Temos muitos aliados que moram no Rio de Janeiro, e estamos muito felizes que alguns deles estarão conosco, ao vivo, no palco. Outra coisa fundamental é a história do Rio de Janeiro, uma cidade tão central para a presença negra e indígena, que já foi chamada de maior cidade negra do mundo, no século XIX. E acho que nesse período, não existia nenhuma cidade com maior presença de pessoas negras do que o Rio de Janeiro, que teve no Cais do Valongo o maior porto de pessoas escravizadas da história da humanidade, e que ainda tem a aldeia Marakanã”, declara Eugênio.

Em três atos,o espetáculo nos faz refletir sobre as diversas formas de contar a história da sociedade brasileira e do continente “Amefricano”, abordando as trajetórias negras e indígenas que, em convergência, permitiram criar alianças a partir de suas vivências. O conceito de Lélia serviu de inspiração e as artes de Abdias disparam a iconografia de AMÉFRICA: Em Três Atos, que estreou em 2022 em São Paulo e fará uma curtíssima temporada carioca.

A realização de “AMÉFRICA: Em Três Atos” é do Coletivo Legítima Defesa e convidados, e tem a direção de Eugênio Lima. No palco estão os integrantes do coletivo – Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Fernando Lufer, Nádia Bittencourt, Eugênio Lima e Luan Charles – além das atrizes convidadas Janaína Silva e Thaís Peixoto e Hukena Yawanawa (em vídeo) e da participação especial, ao vivo, de Antônio Pitanga, que além da estreia, no dia 22 de agosto, fará mais sete sessões especiais, durante a temporada.

OS TRÊS ATOS

Em três atos, “AMÉFRICA” tem uma narrativa fragmentada, porém complementar. O Ato 1: A Cicatriz Tatuada, com dramaturgia de Claudia Schapira, é um filme que será exibido. O Ato 2: A Retomada, é uma peça-intervenção escrita por Aldri Anunciação. O Ato 3: A Tempestade é assinado por Dione Carlos, e é uma intervenção performática, contra-narrativa, que une videoinstalação, música, dança, mixtape, teatro e performance.

Fazem parte da peça, ainda, intervenções em vídeo – com reproduções de falas de intelectuais e artistas, além de diálogos com outros artistas – como Jairo Pereira e Thereza Morena – e coletivos de teatro (Espiralar Encruza e O Bonde).

“A ideia de ‘Confluência na Retomada’ é a própria metáfora do espetáculo, nossa função é localizá-la num espaço onde se revelam as tensões da nossa sociedade, na qual negros e indígenas ainda lutam para escapar do genocídio e do racismo estrutural, procurando recuperar a dignidade e a liberdade num sistema colonial que se atualiza constantemente”, explica o diretor Eugenio Lima.

SERVIÇO:

“AMÉFRICA: Em Três Atos”, do Coletivo Legítima Defesa
Temporada: De 22 de agosto a 15 de setembro de 2024
Apresentações: Quinta-feira a domingo, às 20h
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Local: Arena do Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 2547-0156
Bilheteria- Horário de funcionamento: Terça a sexta – de 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.
Classificação Indicativa: 18 anos
Duração: 150 minutos
Lotação: 130 lugares
FICHA TÉCNICA:

Direção: Eugênio Lima
Dramaturgia: Claudia Schapira, Aldri Anunciação e Dione Carlos
Intervenção Dramatúrgica: Coletivo Legítima Defesa
Com a participação: Frantz Fannon, Racionais MCs, Lélia Gonzalez, Aimé Cesarie, Maurinete Lima, Neusa Santos Sousa, bellhooks, W. E. B. Du Bois, Amílcar Cabral, William Shakespeare, Silvia Federici, Eliane Brum, Yina Jiménez Suriel, Robin DiAngelo, Célia Xakriabá, Renata Tupinambá, Denilson Baniwa, Ailton Krenak e Samora Machel
Elenco Legítima Defesa: Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Fernando Lufer, Nádia Bittencourt, Eugênio Lima e Luan Charles
Atriz convidada: Janaína Silva e Thaís Peixoto
Convidados: Hukena Yawanawa e Antônio Pitanga (em vídeo)
Retomadas: Coletivo O bonde, Jairo Pereira, Thereza Morena e Espiralar Encruza (em vídeo)
Convidados: Edivan Fulni-ô e Renata Tupinambá
Consultoria Artística: Renata Tupinambá
Consultoria em culturas ameríndias: Majoí Gongora
Produção Executiva: Iramaia Gongora_Umbabarauma Produções Artísticas
Direção Musical: Eugênio Lima
Vídeografia: Bianca Turner e Mônica Ventura
Iluminação: Matheus Brant
Cenário: Iramaia Gongora
Figurino: Claudia Schapira
Música: Eugênio Lima, Neo Muyanga, Luan Charles e Roberta Estrela D’Alva
Vídeo: Ana Júlia Trávia, Matheus Brant e Cristina Maranhão
Direção de gesto e Coreografia: Luaa Gabanini
Spoken Word: Roberta Estrela D’Alva
Fotografia: Cristina Maranhão
Tradução Tupi Guarani: Luã Apyká , etnia Tupi Guarani, aldeia Tabaçu Rekoypy -SP
Design: Sato do Brasil
Artistas Convidadas: Juliana Xukuru e Marcely Gomes
Assistência de Direção: Gabriela Miranda e Iramaia Gongora
Assistência de Produção: Thaís Cris e Thaís Venitt_ Quica Produções
Músicos: Eugênio Lima e Luan Charles
Cenotécnico: Wanderley Wagner
Desenho de som: Eugênio Lima
Operação de videografia: Bianca Turner e Vic Von Poser
Engenharia de som: João Souza Neto e Clevinho Souza
Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
Divulgação e Promoter: Naira Fernandes
Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa
Voz Off: Sandra Nanayna, Maurinete Lima, Dorinha Pankará, Hukena Yawanawa e Cacique Babau
Parceiros: Márcio Goldmann, Casa do Povo, Próxima Cia, Sandra Nanayna, Karine Narahara, Dorinha Pankará, Antônio Bispo, Naine Terena, Edivan Fulni-ô, Cacique Babau e Geni Nuñez.

“Procurando Araribóia” tem pré-estreia em 30/8 no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói

Procurando Araribóia – Foto de Matias Palma

Figura essencial para a fundação das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, o mítico indígena Araribóia é tema do espetáculo que o grupo Teatro Meteco apresenta em 30 de agosto (sexta, às 20h), no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói, em pré-estreia. Em “Procurando Araribóia”, os atores Gabriel Vaz, Gabriela Dyminski, Isadora Britto, Maíra e Nelson Gaia, sob a direção de Matías Palma, resgatam a memória histórica e cultural do Brasil pré-colonial e a contam pela perspectiva dos habitantes originários da Guanabara, desmistificando a narrativa oficial dos conquistadores. A partir de 6 de setembro, a montagem cumpre temporada no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio de Janeiro, até o dia 22 do mesmo mês.

Com uma linguagem satírica e utilizando-se de recursos do Teatro de Animação, a trama se passa no Brasil do século XVI e narra a jornada de vida de Araribóia, desde sua condição como um indivíduo comum até se tornar líder de seu povo, enfrentando decisões difíceis em prol de sua sobrevivência e, também, de suas próprias ambições.

Chileno radicado em Niterói desde 2006, o diretor Matías Palma conta que a escolha do personagem não foi acidental. Grande estrategista e guerreiro implacável, ele é o indígena mais importante na fundação do Rio de Janeiro e considerado o “pai fundador” de Niterói, onde quase toda a equipe do espetáculo reside. Porém, esse mito esconde o fato de que Araribóia se tornou um aliado dos invasores, transformando-se também no primeiro anti-herói do Brasil.

“Araribóia é uma figura controversa e que chama atenção por misturar dois mundos. Ele abraça os portugueses por motivações políticas. Araribóia é expulso de sua terra pelos Tamoios e, em sua diáspora, acaba adotando o cristianismo através do convívio com os jesuítas. No entanto, ao final de sua vida, ele confronta a realidade de nunca ter sido verdadeiramente aceito pelos europeus, apesar de ter se distanciado de sua cultura original”, conta.

A dramaturgia, escrita a seis mãos por Matías e pelos atores Gabriel e Isadora, que também são roteiristas de teatro e do audiovisual, se baseou em uma minuciosa pesquisa histórica, construída também na sala de ensaio, em um laboratório que teve início em 2021.

“Procurando Araribóia” traz uma proposta de montagem cênica de Teatro de Animação, moldada pelo teatro gestual desenvolvido por Jacques Lecoq, originado a partir da pantomima clássica na França e sua fusão com o teatro popular italiano. Confeccionadas pelo próprio diretor, 26 meias-máscaras são usadas para caracterizar os mais de dez personagens do espetáculo, seguindo a tradição da Commedia dell’arte italiana e aproveitando os arquétipos da própria sociedade para criar personagens reconhecíveis por todo o público.

A cenografia traz uma grande estrutura móvel de madeira, inspirada nas caravelas, que permite a interação com o movimento dos cinco atores. Projeções inspiradas nas sombras chinesas completam a narrativa visual da peça.

Ficha técnica
Direção, Dramaturgia e Idealização: Matías Palma
Roteiro: Matías Palma e Isadora Britto
Assistentes de Roteiro: Gabriel Vaz
Assessoria de Investigação: Fernando Tupinambá
Produção Executiva: Matías Palma
Produção: Afra Arcoverde
Elenco: Gabriel Vaz, Isadora Britto, Maíra, Nelson Gaia e Gabi Dyminski.
Chefe de Palco: Maíra
Direção de Arte: Cris de Lamare
Máscaras: Matías Palma
Cenografia: Silas Pinto, Guga Ferraz e João Marcos Mancha
Figurino: Bruna Lobo
Composição Musical: Gabriel Calderon e Igor Bilheri
Desenho de Iluminação: Matías Palma
Narração e Adaptação para o Tupi: Kaburé Tupinambá e Maíra
Designer Gráfica: Yasmin Lima
Assessoria de Imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha
Projeções, Fotografia e Vídeo: Sagui Films
Produção: Teatro Meteco e Sagui Films

Procurando Araribóia

Pré-estreia: 30 de agosto de 2024, às 20h
Local: Teatro Popular Oscar Niemeyer – Niterói
(Rua Jornalista Rogerio Coelho Neto s/nº – Centro. Tel.: 2613-2734)
Ingressos: Entrada Franca (Contribuição voluntária)
Capacidade: 454 lugares

Temporada: de 6 a 22 de setembro de 2024
Apresentações: sextas e sábados, às 19h. Domingos, às 18h.
Local: Teatro Glauce Rocha – Rio de Janeiro
(Av. Rio Branco 179 – Centro, RJ. Tel.: 2220 0259)
Ingressos: R$ 15 (meia-entrada para povos originários e classe artística, além das obrigatoriedades por lei) e R$ 30 (inteira)
Funcionamento da bilheteria: de 4ª a domingo, das 14h às 19h
Capacidade: plateia inferior – 130 lugares | plateia superior – 72 lugares
Duração: 90 minutos. Classificação: 14 anos.

Nas redes
Instagram: @teatro_meteco

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