O Tempo: Senhor da Razão e Essência de quem somos.

por Luiz Costa
O Tempo: Senhor da Razão e Essência de quem somos.

“O tempo é o senhor da razão e o tempo é tudo que somos.”, esta frase me assola desde adolescência, a frase em si carrega um sentimento brutal da condição humana, pois vivemos em uma era contraditória.

Nunca tivemos tantos meios, tantas ferramentas para “economizar” tempo e, contudo, nunca nos sentimos tão reféns e carentes de tempo. Seja por uma notificação que exige atenção imperativa no celular ou um e-mail ou um conjunto deles, que pedem resposta imediata. 

A ansiedade se torna a trilha sonora de uma vida que nos escorre entre os dedos.

O Senhor da Razão

A primeira parte da sentença “O tempo é o senhor da razão” é um aviso humilde é sincero sobre a incapacidade de avaliar o presente com a devida lucidez ou visão do todo, enquanto estamos imersos em nosso próprio umbigo. Quantas vezes na angustia de um fracasso ou na tristeza de uma perda, juramos que aquele era o fim da linha? Quantas e quantas certezas absolutas se desfazem nas areias do tempo.

O tempo decanta e filtra a verdade. Ele acalma as águas turvas da nossa mente e das emoções imediatas, permitindo que a areia assente e a clareie as águas sujas. Deixar o tempo agir, muitas vezes não é passividade é uma estratégia de sabedoria. É saber que que nem tudo precisa de uma reação atabalhoada e instantânea. Muitas e muitas vezes, a “razão” não está no argumento ligeiro, mas sim naquele que resiste ao calendário. O tempo preserva os justos e expõe as falácias, mas ele tem o seu próprio ritmo, não o nosso.

Tudo que somos

A segunda parte “o tempo é tudo que somos” é onde a reflexão se torna existencial. Frequentemente lidamos com o tempo como se ele fosse uma fonte inesgotável, pois o vemos como uma fonte ou recurso externo. Esta visão não nos deixa ver que nós somos o nosso tempo é tempos o poder de decidir como vivemos nele. Quanto tempo gastamos com nós mesmos e com outras pessoas, como observamos a vida em seus importantes detalhes.

“No fim, não poderemos adicionar mais dias em nossa vida, mas hoje, podemos adicionar mais vida em nossos dias.” – (Corrie tem Boom (1892 – 1983)

Na juventude temos a falsa sensação que temos todo tempo do mundo e que tudo pode ser deixado para depois ou incompleto, pois muitas vezes ficamos vislumbrados pela opção de tantas possibilidades, isso com o tempo vai ficando para trás. Nossa vida não pode ser medida somente pelos “bens” que acumulamos, mas pelas lembranças que respiramos, pelas experiencias que vivemos e pelos laços que fazemos.

Nunca soube que houve alguém em seu leito de “morte” que pediu mais tempo para dirigir aquele carro caro ou para andar em sua mansão, todos pedem mais tempo para estar com pessoas com quem passamos nosso tempo e queremos mais, então não despedisse o seu tempo

Uma das citações mais profundas de Santo agostinho sobre o tempo, em Confissões (Livro XI) é esta:

“O que é, pois o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explica-lo a quem me pergunta, já não sei”.

Essa frase é impactante porque revela algo central no pensamento agostiniano: o tempo é intimamente vivido, mas conceitualmente escorregadio. 

Nós o experimentamos a todo instante, porem ele resiste a definições simples, então tão somente viva, viva intensamente, viva calmamente viva, viva do seu jeito, viva, simplesmente viva, por você mesmo, viva, viva sempre…. Viva.

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