O Theatro Municipal de São Paulo apresenta uma nova montagem da ópera Macbeth, de Giuseppe Verdi, com direção cênica e cenografia de Elisa Ohtake e direção musical do maestro Roberto Minczuk. Com libreto de Francesco Maria Piave, baseado na peça homônima de William Shakespeare. As apresentações acontecem na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal nos dias 31 de outubro, 01, 08 e 09 de novembro, às 17h e 04, 05 e 07 às 20h. Os ingressos variam entre R$10 e R$210.
A montagem conta ainda com o Coro Lírico Municipal e a Orquestra Sinfônica Municipal, e no elenco, Marigona Qerkezi e Olga Maslova se revezam no papel de Lady Macbeth; Craig Colclough e Douglas Hahn interpretam Macbeth; Savio Sperandio e Andrey Mira dão voz a Banquo; e Giovanni Tristacci e Enrique Bravo se alternam como Macduff. O figurino é assinado por Gustavo Silvestre e Sônia Gomes, Roberto Alencar e Elisa Ohtake fazem a preparação corporal e o desenho de luz é de Aline Santini.
Estreada em 1847 em Florença, Macbeth foi concebida durante um ano árduo na carreira de Verdi, uma fase em que batalhava para se afirmar no cenário lírico italiano. Com libreto de Francesco Maria Piave e acréscimos de Andrea Maffei, a ópera foi bem recebida em sua première, mas desapareceu dos palcos por quase um século, em parte em razão das exigências do papel de Lady Macbeth, considerado um desafio extremo para as sopranos.
Inspirada na famosa tragédia de William Shakespeare, a ópera de Verdi narra a ascensão e queda de um dos casais mais sombrios da literatura. Ambientada na Escócia medieval, a história segue Macbeth, um valente e leal guerreiro, que, ao ouvir as profecias das bruxas, se vê seduzido pela ideia de conquistar o trono. Impulsionado pela ambição desmedida e pela manipulação de sua esposa, Lady Macbeth, ele assassina o rei Duncan e assume o poder. Contudo, a culpa e o medo do que virá em seguida corroem a mente de ambos, desencadeando um ciclo de violência, paranoia e tragédia.
À medida que Macbeth se aprofunda no caminho da tirania, Lady Macbeth sucumbe à loucura, atormentada pela visão do sangue que não pode limpar de suas mãos. A luta pelo poder se torna uma batalha contra os próprios demônios internos, enquanto Macbeth se vê cercado por forças sobrenaturais e por inimigos cada vez mais próximos. A ópera explora os limites da ambição humana, o preço do poder e a fragilidade da moralidade, tudo embalado pela música de Verdi, cujas passagens de grande intensidade dramática acompanham a descida dos protagonistas ao abismo. Com suas potentes árias e coros, Macbeth é uma obra que mergulha nas profundezas da natureza humana, revelando a tragédia de uma alma corrompida pela ambição e a culpa.
Nesta versão, a diretora Elisa Ohtake propõe uma montagem atemporal com uma linguagem contemporânea da obra, em que a ganância, a culpa e o poder assumem contornos visuais e simbólicos marcados pelo excesso e pelo colapso. “Quis trazer um pouco da minha liberdade de direção em teatro contemporâneo para a ópera. Crio o cenário e a direção cênica juntos, difícil para mim pensar os dois separados, portanto, em ambos optei por fazer desdobramentos da qualidade desmedida, da hybris, presente no texto de Shakespeare e em Verdi”, afirma a diretora. Com a rapidez das telas, vivemos uma sobreposição de guerras como nunca na história e seguimos anestesiados. Em um contexto de ópera, porém, com códigos muito mais definidos que o teatro contemporâneo, qualquer pequena extravagância tende a ser mais notada e estranhamentos potentes podem ser um pouco maiores, inclusive aqueles acerca da ultraviolência e de nosso torpor atual”, ressalta.
“Assim como a ganância violenta dos protagonistas, alguns objetos de cena também operam na desmedida. Por exemplo, Lady Macbeth não só não consegue tirar o sangue das mãos, como o espalha pelas paredes e móveis; o bosque das bruxas é uma área desmatada e as estruturas do castelo, paredes e teto, incluído o céu acima, oprimem os personagens, a ponto deste último cair, evocando David Kopenawa. Em uma espécie de investigação do sublime sombrio em Macbeth, o ‘círculo dourado’, símbolo da coroa presente no texto de Shakespeare, é primeiramente explorado em suas sombras infinitas e ecos visuais, e somente ao final da ópera ele aparece de fato”.
Com sólida trajetória nas artes cênicas, Elisa Ohtake é diretora de teatro e dança, cenógrafa, professora e pesquisadora. Sua obra investiga o esgarçamento dos limites da cena, o diálogo com a performance, a dança e as artes visuais, além de temas como morte, dor, risco e festa. Premiada pela APCA por Tira Meu Fôlego, é mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, com formação em dança, performance e teatro, e vasta experiência como docente na Escola Superior de Artes Célia Helena.
Serviço
Roberto Minczuk, direção musical
Elisa Ohtake, direção cênica e cenografia
Hernán Sánchez Arteaga, regente do Coro Lírico Municipal
Aline Santini, design de luz
Gustavo Silvestre e Sônia Gomes, figurino
Roberto Alencar e Elisa Ohtake, preparação corporal
Ronaldo Zero, assistente de direção cênica
Lady Macbeth
Marigona Merkezi (dias 31, 4 e 8)
Olga Maslova (dias 1, 5, 7 e 9)
dias 31, 04, 07 e 09
Craig Colclough, Macbeth
Savio Sperandio, Banquo
Giovanni Tristacci, Macduff
dias 01, 05 e 08
Douglas Hahn, Macbeth
Andrey Mira, Banquo
Enrique Bravo, Macduff
Elenco único (todas as datas)
Isabella Luchi, Lady-in-waiting
Mar Oliveira, Malcolm
Julián Lisnichuk, Assassino, Arauto e Criado de Macbeth
Rogério Nunes, Médico
Alessandro Gismano, 1ª aparição
Graziela Sanchez, 2ª aparição
Cauê Souza Santos, 3ª aparição
Local: Theatro Municipal, Sala de Espetáculos, São Paulo (SP)
31 de outubro de 2025, às 20h
01 de novembro de 2025, às 17h
04, 05 e 07 de novembro, às 20h
08 e 09 de novembro, às 17h
Duração: Aproximadamente 180 minutos
Classificação indicativa: acima de 10 anos
Ingressos: de R$33 a R$210 (inteira)
Acessibilidade: tradução em Libras, acesso para cadeirantes, banheiro acessível
O COMPLEXO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras).
Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado. Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.
Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.
Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.
Quem apoia institucionalmente nossos projetos, via Lei de Incentivo à Cultura: Nubank, Bradesco, IGC Partners, Lefosse, Banco Daycoval e Grupo Splice. Pessoas físicas também fortalecem nossas atividades através de doações incentivadas.
A SUSTENIDOS
A Sustenidos é uma organização referência na concepção, implantação e gestão de políticas públicas na área cultural que já impactou a vida de mais de 2 milhões de pessoas em 25 anos de atuação. Atualmente, é gestora do Complexo Theatro Municipal de São Paulo, do Conservatório de Tatuí e do Musicou, além do projeto especial MOVE e o festival Big Bang. De 2004 a 2021, também foi gestora do Projeto Guri, maior programa sociocultural brasileiro. Eleita pelo prêmio Melhores ONGs a Melhor ONG de Cultura em 2018 e uma das 100 Melhores ONGs do Brasil em 2022, a Sustenidos conta com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo e outras, de empresas e pessoas físicas. As instituições interessadas em investir na Sustenidos podem contribuir por verba livre ou através das Leis de Incentivo à Cultura (Federal e Estadual). Pessoas físicas também podem ajudar de diferentes maneiras. Saiba como contribuir no site da Sustenidos.