O Oriente Médio é lar de muitos povos, culturas, religiões e idiomas diferentes. Além disso, é composto por um grande número de países. E para compreender a região como um todo, a primeira coisa a se fazer é deixar de lado a ideia de que ele é uma coisa só, homogênea. Por isso mesmo, muitas pessoas buscam aulas particulares para aprenderem idiomas como árabe e hebraico.
A história humana está ligada ao Oriente Médio, berço de algumas das primeiras civilizações humanas. Lá também é o local de surgimento das chamadas Religiões Abraâmicas, como o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Juntas, as três religiões que têm Abraão como patriarca e cultuam o mesmo Deus (mas com nomes diferentes) compreendem mais da metade da população mundial.
A geografia do Oriente Médio
Geograficamente falando, o Oriente Médio é formado por uma parte da Ásia e um pequeno pedaço da África. No entanto, é importante entender que esta é uma definição contemporânea, de caráter geopolítico.
O termo Oriente Médio e seu significado é uma invenção recente. Começou a ser utilizada no início do século 20. o termo algumas vezes é criticado por ser eurocêntrico, já que o nome tem como referência de distância a própria Europa.
Anteriormente, a região era conhecida como Oriente Próximo, e, na Antiguidade Clássica, não existia um termo para toda a região. Ao contrário, cada localidade tinha seu próprio nome, como a Babilônia, onde teriam sido construídos os Jardins Suspensos, Arábia ou Levante.
O Magreb
Quando falamos de Oriente Médio, muitas vezes nos referimos sobre povos árabes e países de maioria islâmica, o que inclui também o norte da África. Essa região, ao norte do Deserto do Saara, é chamada de Magreb, que vem do árabe para o termo “oeste”. É a região de países como Marrocos, Tunísia, Argélia e Líbia.
O Maxerreque
Já a região ao norte da península arábica é conhecida como maxerreque, que, em árabe, significa “leste”. Esse pedaço inclui a região conhecida como Levante, onde ficam países como Israel, Palestina, Jordânia e Síria.
O Grande Oriente Médio
A soma do Oriente Médio com o Magreb e a parte do sul da Ásia, onde estão países como Afeganistão e Paquistão, é também chamada de Grande Oriente Médio.
A pluralidade na região
Mais de 20 idiomas são falados no Oriente Médio. Entre eles, temos o árabe, turco, persa e hebraico. Vários desses idiomas, usados cotidianamente por milhões de pessoas, pertencem cada um a grupos linguísticos diferentes e não possuem nenhuma semelhança entre si. Além de outros idiomas locais, o inglês e o francês são bastante utilizados, especialmente pela herança colonial.
A variedade étnica do Oriente Médio também é grande. Árabes, curdos, persas, azeris, turcos, armênios, judeus e mais cerca de 30 grupos compõem essa variedade.
Já refletiu que árabe, turco e persa podem ser tanto um idioma quanto um povo?
O povo turco é originalmente da Ásia Central, com o mais antigo registro do idioma turco encontrado na Mongólia. Os turcos chegaram na atual Turquia com as conquistas mongóis, iniciadas por Gengis Khan.
Já o povo persa é um povo do Planalto Iraniano. Eles falam persa, também conhecido como farsi. Logo, os iranianos não são árabes e nem falam o idioma árabe. Inclusive, o nome Sherazade, das histórias das Mil e Uma Noites não é árabe, mas Persa. As Mil e Uma Noites são uma grande coletânea de histórias e folclores de diversas regiões, traduzidas para o árabe. Isso demonstra a riqueza cultural da região.
O que define os árabes?
Os árabes são um grupo heterogêneo de povos. Sua origem são as tribos do deserto da Península Arábica, a maior península do mundo. A Expansão Árabe, a partir do século VI, levou seu idioma e identidade cultural para o norte na península e para o Magreb.
Hoje, uma pessoa pode ser definida como árabe por diversos fatores, como sua ancestralidade, identidade cultural (que inclui o idioma árabe) e sua identidade política.
Ao final da primeira guerra mundial, líderes locais queriam fundar a Arábia, um pais para todos os árabes. Eles lideraram uma revolta árabe contra o Império Turco-Otomano durante a guerra, ao lado do Reino Unido. Em troca do apoio dos árabes contra o inimigo em comum, os britânicos prometeram a criação da Arábia, mas isso não aconteceu.
Todo árabe é islâmico?
Não, um árabe pode ser genealogicamente árabe, falar outro idioma e ter outra religião. O contrário também pode acontecer: um árabe pode ser alguém sem vínculos ancestrais com a etnia, mas falar árabe ou ser seguidor do islã.
Portanto, árabe não é um sinônimo para islâmico. Ainda na religião, temos um grande número de árabes cristãos, de diversas denominações, árabes adeptos das religiões Bahá’í Druze, e pessoas que vivem em países árabes, falam árabe, e são religiosamente judeus. A maioria dos árabes, entretanto, é islâmica.
As divisões do Islamismo
Assim como no cristianismo temos diferentes vertentes, como a Católica, Ortodoxa e Protestante, o mesmo acontece no Islamismo com suas divisões. As principais são a sunita e a xiita.
A sunita compreende cerca de 80% dos islâmicos do mundo. Sunita deriva da palavra árabe “sunnah”, que vem da tradição e do costume passados pelos registros históricos. Ela possui subdivisões com diferenças entre si.
Os xiitas são a segunda maior vertente. O nome vem do termo árabe para “seguidor de Ali”, já que a prática xiita se baseia na ideia de que Ali Ibn Abi Talib, genro de Maomé, é seu sucessor. Os xiitas são maioria em poucas regiões, como Iraque, Azerbaijão e Irã. Assim como os sunitas, a prática xiita também possui subdivisões e interpretações diferentes.
Xiitas são terroristas?
No Brasil existe a ideia de que xiita significa um religioso radical. Tamanha é essa percepção que o termo xiita tornou-se uma gíria para tudo que é excessivo ou extremo, como um “fã xiita de futebol”.
Essa visão acontece apenas no Brasil, e em mais nenhum outro lugar do mundo. Não há um consenso sobre como essa ideia surgiu, mas especula-se que tenha sido por causa da Revolução Iraniana, em 1979, que foi xiita.
Mas a associação de xiitas com extremismo não faz sentido. Inclusive, a maioria dos grupos
terroristas estão ligados ao Salafismo Wahabita, uma vertente sunita do islamismo considerada extremista e intolerante por muitos especialistas.
Irã vs Arábia Saudita e outras religiões no Oriente Médio
O Irã e a Árabia Saudita são duas potências regionais do Oriente Médio, e um dos componentes de sua rivalidade é, além da geopolítica, o fato de cada um se interpretar como defensor de uma corrente do islã: os iranianos xiitas, e os sauditas sunitas.
Outras religiões presentes no Oriente Médio, inclusive dentro da comunidade árabe, estão presentes na região como um todo.
O Líbano, por exemplo, é um país multirreligioso. Por convenção, seu presidente deve sempre ser cristão. A maior comunidade cristã do Oriente Médio, é a dos cristãos coptas, que são cerca de 10 milhões no Egito, dentre outros países.
É no Oriente Médio também que fica o único estado judeu do mundo, Israel. Por fim, temos os yazidis, um povo que vive entre o Iraque e a Síria, e tem sua religião baseada no zoroastrismo a religião do antigo Império Persa. Atualmente estão entre os grupos mais perseguidos na região, por serem considerados hereges por muçulmanos extremistas.