No dia 2 de novembro, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem sobe ao palco da Grande Sala, na Cidade das Artes para apresentar o concerto Amizade, mais um espetáculo da Temporada Diversidade. Na ocasião, os músicos da OSB Gabriela Queiroz (violino) e Samuel Passos (viola) serão os solistas na execução da Sinfonia Concertante, de Mozart, sob regência da maestra Vilane Trindade. O programa conta ainda com obras de Giovanni Gabrieli, Zivkovic e Joseph Haydn.
Interpretar uma obra musical em conjunto não é um exercício trivial. Ele demanda paciência, flexibilidade, sensibilidade e, sobretudo, uma imensa capacidade de escutar o outro e de se adaptar em tempo real a tudo que acontece no jogo sonoro. A longo prazo, os ganhos dessa prática vão muito além da sofisticação técnica: estabelece-se entre os músicos um vínculo artístico fundamentado na confiança, no respeito e na cumplicidade, no qual cada instrumento tem sua autonomia, mas só atinge a plenitude na interação com os demais.
É essa interação de sons e parcerias que a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem celebra neste concerto. Sob o tema da amizade, o espetáculo traz obras de Gabrieli, Živković, Haydn e Mozart, explorando diferentes formas de diálogo entre intérpretes e instrumentos. Quem rege o espetáculo é a maestra Vilane Trindade, e os solistas convidados são a violinista e o violista Samuel Passos, ambos da OSB.
Considerado um dos grandes mestres do Renascimento italiano tardio, Giovanni Gabrieli representou a culminância de um estilo que se desenvolveu em Veneza ao longo de todo o século XVI. Dotado de enorme inventividade melódica e domínio notável do exercício composicional, o artista é geralmente creditado como responsável pela transição para o período barroco. Entre suas grandes contribuições está a expansão do gênero canzone, originalmente vocal, em uma forma instrumental independente. A Canzone No. 4, que será ouvida neste programa em arranjo para metais de Graeme Page, é considerada uma de suas obras-primas, com sonoridades ricas e expansivas de grande apelo emocional.
Em seguida, a percussão entra em cena com o Trio per Uno, do compositor e virtuose sérvio Nebojša Jovan Živković. O nível de cumplicidade que a obra exige é anunciado já no título, a partir do qual se infere que três músicos devem atuar em uma sintonia que os converta em um só. Escrita entre 1995 e 1999, a obra é breve, mas poderosa, e consiste de três movimentos: o selvagem “Meccanico”, que evoca um ritual arcaico e conta com um bumbo (posicionado horizontalmente) tocado com baquetas de tímpano por todos os três intérpretes; o lírico e tranquilo “Contemplativo”, para crótalos e vibrafone; e o “Molto Energico” final, que requer dois tambores tom-tom e uma caixa para cada intérprete.
O terceiro compositor do programa, Joseph Haydn, é frequentemente lembrado como o “pai” de certos gêneros musicais, como a sinfonia e o quarteto de cordas. É verdade que ele não os inventou, mas, através de seu vastíssimo legado, o austríaco deu a essas formas os contornos que hoje são a elas associados. A sofisticação com que ele desenvolveu o quarteto de cordas, por exemplo, pode ser observada no “Allegro con spirito” do Quarteto Op. 76, No. 1, terceira obra deste programa. Nessa composição da maturidade, destacam-se não apenas a elegância polifônica, mas também os contrastes e a interação primorosa entre os músicos.
Por fim, encerrando o espetáculo, a orquestra apresenta uma obra que expressa com clareza certos aspectos da amizade: a Sinfonia Concertante K. 364, de Wolfgang Amadeus Mozart. Misto de concerto e sinfonia, como o nome sugere, a obra combina o apelo coletivo de um com o virtuosismo técnico do outro, colocando à frente da orquestra não um, mas dois solistas: violino e viola. Com cumplicidade entre si e em parceria com o conjunto, os solistas tecem um diálogo caloroso, rico em ideias melódicas, que se desdobra em três movimentos: o “Allegro maestoso”, cheio de vida, utiliza o célebre crescendo de Mannheim ao final da introdução, conferindo-lhe um efeito espetacular; o “Andante”, escrito na trágica tonalidade de dó menor, traz a obra para um momento quase operístico, com os solistas em um verdadeiro dueto. Por fim, o Rondó, marcado “Presto”, entra em cena esbanjando vitalidade, com passagens exuberantes para os solistas e para a orquestra.
PROGRAMA:
G.GABRIELI | Transcrição: G.Page – Canzona per Sonate nº4
ZIVKOVIC – Trio Per Uno
J.HAYDN – Quarteto Op.76, nº1
I movimento
WOLFGANG AMADEUS MOZART – Sinfonia concertante para violino e viola
SERVIÇO:
OSB Jovem | Concerto Amizade
Dia 2 de novembro (domingo), às 11h
Local: Cidade das Artes – Grande Sala (Av. das Américas, 5300 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, RJ)
Ingressos: Plateia R$25 | Frisa R$20 | Camarote R$15 | Galeria R$10
ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA JOVEM
Em seu terceiro ano de atividades, a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem continua firme em sua proposta de renovar o cenário musical brasileiro. A iniciativa, retomada em 2023, oferece aos músicos em início de carreira a estrutura necessária para uma experiência completa de formação, combinando aperfeiçoamento técnico, ampliação de repertório e mentoria com músicos experientes. O conjunto é composto por músicos com idades entre 18 e 30 anos, que foram selecionados considerando critérios socioeconômicos para promoção da diversidade e inclusão social. A Shell é mantenedora do projeto.
Shell Brasil:
Há 112 anos no país, a Shell Brasil é uma companhia de energia integrada, com participação nos setores de Petróleo e Gás, Soluções Baseadas na Natureza, Pesquisa & Desenvolvimento e Trading, por meio da comercializadora Shell Energy Brasil. A companhia está presente ainda no segmento de Biocombustíveis por meio da joint-venture Raízen, que no Brasil também gerencia a distribuição de combustíveis da marca Shell.
A Shell Brasil trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia.