Othon Bastos celebra a vida e a carreira em ‘Não me entrego, não!

Othon Bastos em 'Não me entrego, não!' - Foto de Beti Niemeyer

Com a experiência de quem criou muitos tipos e começou histórias diversas tantas vezes ao longo da vida, o ator Othon Bastos repete o gesto com frescor e sobe ao palco realizando algo absolutamente novo. Aos 91 anos de vida e contabilizando mais de 70 anos de carreira, Othon estreia no Teatro Vannucci o inédito “Não me entrego, não!”, seu primeiro monólogo com texto escrito e dirigido por Flávio Marinho. Desenvolvido a partir de trocas entre os dois e de um calhamaço de escritos que Othon deixou sob a diligência de Flávio, seu amigo de décadas, o solo foi elaborado sob minuciosa pesquisa, levando em conta os principais acontecimentos da existência de Othon. A montagem chega ao público como ensaio aberto a preço promocional nos dias 07, 08 e 09 de junho e faz sua estreia oficial no dia 14 de junho, às 20h, ficando em cartaz até o dia 28 de julho, sempre de sexta-feira a domingo.

Considerado o maior ator brasileiro vivo, Othon possui uma carreira de títulos marcantes no cinema (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha) e no teatro (“Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri) que são relembrados em cena, propondo uma reflexão sobre cada momento da sua trajetória. É o mural de uma vida dividido em blocos temáticos – trabalho, amor, teatro, cinema, política, etc – cujas reflexões envolvem citações e referências de alguns dos autores mais importantes do mundo. A peça é uma lição de vida e de resiliência, de como enfrentar os duros obstáculos que se apresentam em nossa existência – e como superá-los.

O desejo de voltar à ribalta partiu do próprio Othon que, após assistir a montagem “Judy: o arco-íris é aqui”, ficou com a ideia de estar em cena relembrando suas histórias. “Eu pensei como é maravilhoso contar a vida de alguém no palco. E aí falei com o Flávio que eu queria fazer um espetáculo com ele sobre a minha vida – e entreguei umas 600 páginas de pensamentos escritos sobre coisas que eu gosto, autores, anotações… Ali tinha um resumo bom sobre mim. E fomos fazendo: ele leu, entendeu e foi montando o espetáculo. E é mais difícil me lembrar do texto, embora seja uma peça sobre a minha própria memória, porque ela chega editada, diferente das lembranças espontâneas”, confidencia Othon Bastos.

Com a missão de converter tantas lembranças e histórias, Flávio Marinho precisou condensar os anos de vivência do veterano ator em alguns minutos de espetáculo teatral. “À primeira vista, o que temos é o próprio Othon Bastos quem estará em cena contando histórias divertidas e dramáticas da sua vida pessoal e profissional. Isto seria, digamos, o esqueleto dramático da peça. Só que este esqueleto é recheado de diversas reflexões, frutos imediatos do tema abordado por Othon. Por exemplo, depois que ele encontra o amor da vida, com quem está casado há 57 anos, o texto passa a refletir o sentimento do amor através de diversas referências e citações”, adianta o autor e diretor.

O mesmo se dá após Othon mencionar um fato político: a peça envereda por historietas e pequenas pensatas políticas – e assim por diante. “O Flávio escreveu maravilhosamente. Começa nos meus 11, 12 anos e vem até hoje. Nada foi fácil para mim, muitos dos meus principais papéis eu entrei substituindo outro ator. Se alguém me perguntar como comecei minha carreira, eu digo que comecei substituindo o Walter Clark, que era meu colega de turma de teatro, e depois muitas outras coisas aconteceram. O Chico Xavier já dizia que se uma coisa é sua, ela te encontra, não é preciso se preocupar”, pondera o homenageado, que terá a companhia de sua “memória” em cena, a atriz Juliana Medela trazendo observações às suas falas. “A ideia de ter a minha memória em cena foi minha, achei que seria interessante ter uma espécie de Alexa em cena. Ela entra para fazer descrições”, diverte-se Othon, numa alusão para lá de contemporânea à assistente virtual desenvolvida pela Amazon.

“É um momento único, mesmo: meu primeiro monólogo e sobre a minha própria vida. É uma experiência muito forte eu ter que ser o meu próprio centro em cena. Mas não trazemos nenhuma lembrança amarga, apenas as alegres e divertidas, para levar curiosidades que vivi ao longo desses anos todos ao público, que saberá o que se passa com um ator – que é uma pessoa comum. Mas, quando se recebe um dom como esse, você tem a capacidade de doar o que recebeu. Então é isso que eu quero, me doar – e que as pessoas me leiam. Quero que elas vejam quem eu sou e como sou”, finaliza Othon Bastos.

FICHA TÉCNICA

  • Elenco: Othon Bastos
  • Texto e Direção: Flavio Marinho
  • Diretora Assistente e Participação Especial: Juliana Medella
  • Direção de Arte: Ronald Teixeira
  • Trilha Sonora: Liliane Secco
  • Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
  • Programação Visual: Gamba Júnior
  • Fotos: Beti Niemeyer
  • Visagismo: Fernando Ocazione
  • Alfaiataria: Macedo Leal
  • Coordenação de Produção: Bianca De Felippes
  • Consultoria Artística: José Dias
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
  • Assessoria Jurídica: Roberto Silva
  • Coordenador de Redes Sociais: Marcus Vinicius de Moraes
  • Assist. de Diretor de Arte: Pedro Stanford
  • Assistente de Produção: Gabriela Newlands
  • Administração: Fábio Oliveira
  • Desenho de Som e Operador: Vitor Granete
  • Operador de Luz: Marco Cardi
  • Contrarregra: Paulo Ramos
  • Realização: Marinho d’Oliveira Produções Artísticas

SERVIÇO:

“NÃO ME ENTREGO, NÃO!”

  • Ensaio Aberto: 07, 08 e 09 de junho
  • Horário: 6ª feira, às 20h; Sábado, às 20h30; Domingo, às 20h
  • Ingressos: R$ 25 (meia-entrada) / R$ 50 (inteira)
  • Temporada: 14 de junho a 28 de julho de 2024 (Dia 05/07 não tem espetáculo)
  • Horário: 6ª feira, às 20h; Sábado, às 20h30; Domingo, às 20h

Ingressos:
Sexta-feira e Domingo: R$ 50 (meia-entrada) / R$ 100 (inteira)
Sábado: R$ 60 (meia-entrada) / R$ 120 (inteira)

Local: Teatro Vannucci
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52 / 3º andar – Shopping da Gávea
Tel.: (21) 2274-7246

Classificação Indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
Instagram: @othonbastosnoteatro

Peça Eu Te Amo faz curta temporada no Municipal de Niterói

A história do casal, Paulo e Maria, que se apaixona por personagens de si mesmos

Eu Te Amo – Foto: Leo Aversa

O Theatro Municipal de Niterói recebe nos dias 01 e 02 de junho (sábado e domingo) a peça ‘Eu Te Amo’, com Juliana Martins e Sergio Marone, texto de Arnaldo Jabor.  O espetáculo conta a história de um casal – Paulo e Maria, dois desiludidos pela vida. Decepcionados com o amor e profissionalmente, eles se encontram e se apaixonam enquanto criam personagens de si mesmos. A peça mostra a exposição do casal, suas diferenças e os questionamentos afetivos.

A obra, que ganhou versão premiada para o cinema em 1981, ganha os palcos em versão adaptada pelo próprio autor e sob a concepção de Rosane Swartman (vencedora do Prêmio O Globo Faz a Diferença 2024 pela autoria de novela Vai na Fé) e Lírio Ferreira, e direção de Leo Gama, que atuam, também, no audiovisual. Nessa direção em conjunto, elementos transformam a montagem em um grande plano sequência, como em um filme que se monta a cada dia, no tempo, no ritmo dos atores e com a presença do público.

O espetáculo mostra a exposição de um casal, suas diferenças e questionamentos sobre o amor. A atriz Juliana Martins ressalta a importância de abordar a questão sobre os relacionamentos, “estamos vivendo uma época efêmera, de amores líquidos, onde as pessoas têm inúmeras possibilidades de encontros e muitas vezes não consolidam uma relação afetiva. A peça fala sobre o desejo momentâneo, a falta de amor e a vontade de um amor profundo. Defino a nossa encenação como romântica, sexy e divertida”, relata. Sergio Marone, seu parceiro em cena, complementa “a peça é totalmente contemporânea porque falamos de um tema de todo mundo e de todos os tempos: o amor”.

A narrativa é fundamentada na fantasia romântica que envolve o desejo e a paixão, com a fronteira entre verdade e mentira, ficção e realidade, que é, praticamente, o espírito da atualidade. Eu Te Amo aborda sentimentos como a atração, o entusiasmo, a volúpia e o abandono afetivo. Tudo isso permeado pelo humor ácido de Arnaldo Jabor. 

Juliana Martins:

Estreou em 1985 na novela A Gata Comeu, na TV Globo. Na mesma emissora participou de diversas produções: Geração Brasil, Cheias de Charme, Belíssima, Zazá, Vamp, Malhação, entre outras. No streaming, atuou em Body by Beth, Copa Hotel, Questão de família, As Canalhas e Os Homens são de Marte. Na TV Record, participou das novelas Caminhos do Coração e Jesus. Recentemente integrou o elenco dos filmes Príncipe Lu e a lenda do Dragão e O Porteiro. No teatro está em cartaz com as peças Eu te amo e O Prazer é Todo Nosso, além de possuir uma vasta trajetória teatral. Formada em Bacharelado em Teatro.

Sergio Marone:

Estreou na TV em 2000 e participou de novelas na TV Globo como O Clone, Cobras e Lagartos, Caras e Bocas entre outras. Participou das séries As Canalhas, do GNT, O Negócio, na HBO, e Por isso sou Vingativa, do Multishow. No teatro integrou os espetáculos Segredos que só os homens têm, O santo Parto, Escravas do Amor entre outras peças. No cinema, atuou em O Dono do Mar, Sonhos e Desejos, vencedor de dois Prêmios no Festival de Gramado, e outras produções.

Ficha técnica:

  • Texto: Arnaldo Jabor
  • Concepção: Rosane Svartman e Lírio Ferreira e 
  • Direção: Leo Gama
  • Elenco: Juliana Martins e Sergio Marone
  • Desenho de Luz: Valdeci Correia e Rogério Emerson
  • Cenografia: Fabiana Egrejas
  • Figurino: Márcia Tacsir
  • Trilha: Rosane Svartman, Lírio Ferreira e Leo Gama
  • Fotos: Léo Aversa
  • Projeto gráfico: Chris Lima  
  • Produção Executiva: Wagner Pacheco
  • Idealização e Coordenação: Juliana Martins
  • Realização: Bubu Produções 

SERVIÇO:

Eu Te Amo | com Juliana Martins e Sergio Marone

  • Datas: 01 e 02 de junhosábado e domingo
  • Horário: 19h
  • Classificação: 14 anos        
  • Duração: 75 min.
  • Ingresso: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
  • Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/94041 e na bilheteria do teatro.
  • Local: Teatro Municipal de Niterói
  • Endereço: Rua XV de Novembro, 35 – centro- Niterói 

Último trabalho de Jô Soares, espetáculo “Gaslight, uma Relação Tóxica” em cartaz  no Rio de Janeiro 

Gaslight, uma Relação Tóxica – Foto de Priscila Prade

Último trabalho de Jô Soares, “Gaslight – uma Relação Tóxica”, poderá finalmente ser conhecido pelo público carioca a partir do dia 24 de maio, quando o espetáculo faz sua estreia no Teatro Clara Nunes para uma curtíssima temporada.  Além da direção ao lado de Maurício Guilherme, Jô foi responsável pela tradução e adaptação, com a colaboração de Matinas Suzuki Jr, dois parceiros de trabalhos anteriores. Trata-se de uma das peças de maior sucesso da história da Broadway, escrita originalmente pelo dramaturgo britânico Patrick Hamilton (1904-1962), em 1938, e levada ao cinema, em 1944, com Ingrid Bergman à frente do elenco, personagem que lhe rendeu o primeiro de seus três Oscars. “Gaslight” estreou no Richmond Theatre, em 1938, antes de ir para a Broadway, na década de 40. No Brasil, o texto ganhou uma notável montagem em 1949, feita pelo  TBC, com direção de Adolfo Celi.

A nova versão traz no elenco Érica Montanheiro, Giovani Tozi,  Maria Joana, Leandro Lima e Mila Ribeiro. Com cenário de Marco Lima, figurino de Karen Brusttolin, iluminação de César Pivetti, e trilha sonora original de Ricardo Severo, o espetáculo foi cuidado de perto por Jô Soares, que trabalhou na concepção da encenação até seus últimos dias.

A trama sobre abuso psicológico nos relacionamentos afetivos retrata um casal que embarca em um grande conflito. No início do casamento, Jack (Giovani Tozi) se mostrava doce e apaixonado, mas, com o passar do tempo e a alegação de que a mulher, Bella (Erica Montanheiro), tem alguma questão psicológica, ele se revela um homem impaciente e bem menos cordial. A medida em que ela é levada a acreditar que está ficando louca, Jack se transforma em um homem completamente hostil e incapaz de ampará-la, justificando não ter mais forças para lidar com a suposta doença.

A complicação do diagnóstico de Bella é acompanhada de perto pela fiel governanta Elizabeth (Mila Ribeiro) e pela jovem e extrovertida Nancy (Maria Joana), a nova arrumadeira do casarão. Ralf (Leandro Lima), um inspetor de polícia, possui uma ligação curiosa com a casa, agora habitada pelo casal. Essa relação pode despertar fantasmas do passado que ainda habitam os cômodos com seus segredos, e que também podem revelar grandes surpresas. 

O texto adaptado para o cinema com direção de George Cukor deu origem ao termo “gaslighting”, usado sobretudo para descrever a ação do agressor que faz com que a vítima duvide de si mesma e de sua sanidade. Graças à terceira onda do feminismo, a expressão foi ainda mais difundida, ganhando grande repercussão.

A encenação se dá em uma imensa teia de aranha, de 14 metros, que retrata a difícil situação em que a personagem principal se encontra envolvida, sem forças para se desvencilhar. Infelizmente, Jô Soares, que já havia desenvolvido toda a concepção da peça, não pôde assisti-la e tampouco chegou a ver os atores caracterizados, o que aconteceria justamente no dia 5 de agosto de 2022,  quando houve o ensaio fotográfico que ele acompanharia por vídeo, do hospital. Jô morreu naquela tarde.

“Gaslight – Uma Relação Tóxica” é uma grande homenagem ao ator, diretor, escritor, entrevistador e humorista,  um dos mais  importantes homens que a cultura e a educação deste país já produziram. Jô brinda o público com uma história carregada de mistério e suspense, sem deixar de lado o humor, sentimento que sempre o guiou em tudo o que fez na vida.

Ficha Técnica  

  • TEXTO: Patrick Hamilton.
  • TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Jô Soares e Matinas Suzuki Jr. 
  • DIREÇÃO: Jô Soares e Mauricio Guilherme. 
  • ELENCO: Erica Montanheiro, Giovani Tozi, Maria Joana, Leandro Lima e Mila Ribeiro
  • DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Priscila Prade e Giovani Tozi.
  • PREPARADORA DE ELENCO: Inês Aranha.
  • PRODUÇÃO EXECUTIVA: Dani Agarelli.
  • FIGURINISTA: Karen Brusttolin. 
  • CENÓGRAFO: Marco Lima.
  • DESIGNER DE LUZ: César Pivetti. 
  • TRILHA SONORA: Ricardo Severo
  • DESIGN DE SOM: Dugg Mont
  • FOTOGRAFIA: Priscila Prade.
  • DESIGNER ARTE GRÁFICA: Giovani Tozi. 
  • COMUNICAÇÃO: Gigi Prade 
  • ASSESSORIA DE IMPRENSA: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa 
  • REALIZAÇÃO: Brica Braque Produções e Tozi Produções 

Serviç
Teatro Clara Nunes.
Rua Marquês de São Vicente 52, terceiro piso, Gávea – Shopping da Gávea
Até 2 de junho. 12 anos. 100 minutos.
Sex e sáb, às 20h. Dom, às 19h.
Plateia: R$120 (inteira) e R$60 (meia).
Plateia superior: R$100 (inteira) e R$50 (balcão)

O espetáculo “Língua”, que estreia dia 06 de junho no Sesc Copacabana, leva à cena uma trama criada em português e em Libras para refletir sobre os impasses de comunicação universais

Língua – Foto: Foto de Renato Mangolin

Como realizar um espetáculo teatral bilíngue (em português e em Libras) que não coloque a condição de surdez como tema central da história? Como fazer com que essa trama seja acessível ao público ouvinte e surdo sem que haja um intérprete tradutor de Libras no canto do palco? Como criar uma dramaturgia inédita que se propõe a assimilar a cultura surda e suas referências estéticas? Esses foram os principais desafios de “Língua”, encenação dirigida por Vinicius Arneiro, que estreia, dia 6 de junho, no Sesc Copacabana/Mezanino, na busca de estimular reflexões sobre convivência, comunicação e os possíveis novos rumos nas práticas de acessibilidade.

Assinada por Pedro Emanuel e Vinicius Arneiro, com interlocução de Catherine Moreira, a dramaturgia foi criada em sala de ensaio com o elenco, que reúne Erika Rettl, Filipe Codeço, Jhonatas Narciso, Luize Mendes Dias e Ricardo Boaretto, a partir de situações que contemplavam laços familiares e de amizade. O espetáculo dá prosseguimento a uma pesquisa iniciada por Filipe Codeço e Vinicius Arneiro de unir Libras e português na cena artística. A peça-filme “Aquilo De Que Não Se Pode Falar”, que estreou virtualmente em dezembro de 2021, contava com um ator surdo e outro ouvinte, e foi indicada a quatro Prêmios APTR.

Em “Língua”, o desejo de dizer alguma coisa e a impossibilidade de ser compreendido, não importa em que idioma, são as questões centrais da história. Durante uma comemoração de aniversário, vamos conhecer as relações desenvolvidas por um taxista surdo. Como lidar com a distância entre aquilo que se sente e a tentativa de dizê-lo?

“Embora tenha um ator surdo em cena, a gente nunca quis que o tema central da peça fosse a surdez. A maneira como a gente se organiza para contar essa história e a história em si é atravessada por esse fato, já que acompanhamos a relação de uma pessoa surda com o mundo, mas não é o ponto de partida”, explica Vinicius Arneiro. “A gente tem o desejo de trazer mais surdos para o teatro. Nós, ouvintes, nos habituamos a fazer sessões com traduções em Libras, mas sabemos que essas apresentações acabam esvaziadas de um público surdo porque não são peças pensadas para eles. Claro que são iniciativas importantes, mas estamos em busca de uma maior integração. Em “Língua”, fizemos uma criação artística efetivamente pensando nos dois idiomas”, completa.

Este projeto pioneiro de integração entre surdos e ouvintes nas artes contou com a intérprete de Libras Lorraine Mayer durante todo o seu processo de ensaios. Assim foi possível a comunicação eficiente com o ator Ricardo Boaretto, que vive o protagonista surdo. “O que a gente vê nos espetáculos, em geral, são ouvintes fazendo papéis de surdos. E os surdos acabam não se identificando com aquele personagem”, avalia Ricardo. “É preciso dar cada vez mais espaço aos atores com deficiência, e investir na criação de personagens surdos mais complexos, com várias camadas, pois ainda são muito rasos na maioria dos espetáculos. Estamos agora em um momento de visibilidade desta luta, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido”, completa.

Sinopse: Uma mãe prepara uma festa de aniversário para seu filho surdo que cresceu rodeado de pessoas ouvintes. O encontro, que reúne um pequeno grupo de amigos do rapaz, revela não só afetos, mas também dilemas e a diferença cultural entre eles. Além disso, convida-nos a perceber como lidamos com a distância entre aquilo que se sente e a tentativa de dizê-lo.

Ficha técnica:

  • Direção: Vinicius Arneiro
  • Dramaturgia: Pedro Emanuel e Vinicius Arneiro
  • Interlocução Dramatúrgica: Catharine Moreira
  • Direção de Produção: Juracy de Oliveira
  • Elenco: Erika Rettl, Filipe Codeço, Jhonatas Narciso, Luize Mendes Dias e Ricardo Boaretto.
  • Intérprete LIBRAS/Português: Lorraine Mayer
  • Produção Executiva: Thais do Ó e Natally do Ó – Âmbar Produções
  • Assistência de Direção: Dominique Arantes
  • Figurino: Julia Vicente
  • Cenário: Julia Deccache
  • Direção Musical: Felipe Storino
  • Iluminação: Daniela Sanchez
  • Arte Gráfica: Pedro Colombo
  • Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
  • Gestão de Mídias Sociais: Caroline Frizeiro
  • Fotografia: Renato Mangolin
  • Idealização: Filipe Codeço e Vinicius Arneiro

Serviço:

  • Temporada: 06 a 30 de junho de 2024
  • Sesc Copacabana/Mezanino: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro
  • Telefone: (21) 2547-0156
  • Dias e horários: quinta a domingo, às 20h30.
  • Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 7,50 (associado do Sesc).
  • Duração: 70 minutos
  • Classificação etária: 16 anos
  • Capacidade de público: 150 pessoas
  • Venda de ingressos: no Sesc. Horário de funcionamento da bilheteria de terça a sexta, das 9h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h.
  • Instagram: @projetolingua

 

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