Othon Bastos retorna ao Rio de janeiro em curta temporada com o solo “Não me entrego, não”

Vencedor em quatro premiações, incluindo o Prêmio Shell de Melhor Ator (RJ), Othon Bastos retorna ao Rio, no Teatro Carlos Gomes, a temporada do monólogo visto por mais de 60 mil pessoas, onde relembra vivências e fatos marcantes de sua trajetória

por Redação
Othon Bastos - Beti Niemeyer

Celebrando um ano em cartaz – o espetáculo estreou em 14 de junho de 2024 no Teatro Vannucci, na Gávea – e com 92 anos recém-completos, Othon Bastos retorna com seu solo “Não me entrego, não!” ao Rio de Janeiro no dia 3 de julho às 19h no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, no Centro. O público poderá conferir a montagem que perpassa situações memoráveis ao longo dos 74 anos de carreira do grande ator às quintas e sextas-feiras às 19h, e sábados e domingos às 18h, até o dia 27 de julho. A disputada peça, que tem texto e direção de Flávio Marinho e produção da Gávea Filmes, segue circulando sem patrocínio. Em sua temporada de estreia na cidade, ficou nove meses em cartaz com ingressos esgotados, e contabiliza 150 apresentações e 60 mil espectadores nas apresentações que realizou em diversas cidades do Brasil, como São Paulo, Brasília, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, onde Othon celebrou seu aniversário no palco.

“Numa das cenas, onde falo a minha idade, a Juliana Medella, que participa da peça como a minha memória, me corrigiu: ‘92 anos’. E o público emendou cantando parabéns. Foi muito emocionante. Só desejo saúde e disposição pra seguir circulando com a peça”, vibra o incansável Othon Bastos. “É com o maior orgulho e alegria que eu vejo o sucesso nacional da peça. Um ano em cartaz contando a história de vida de um ator que se confunde com a história do Brasil. Ver Othon fazendo o povo rir – e rindo de si mesmo – é um privilégio único”, observa Flávio Marinho, que comemora o retorno da peça ao solo carioca, agora coração do Centro, nos braços do povo.

Dentre tantos méritos neste primeiro ano de tantas apresentações, vieram igualmente múltiplas alegrias. O espetáculo recebeu láureas como o Prêmio Shell, que reconheceu Othon como Melhor Ator de 2024; e o Prêmio FITA (Festa Internacional de Teatro de Angra), que premiou Flávio Marinho na categoria Melhor Autor e Othon Bastos com o Prêmio Oficial do Júri. A dupla foi ainda homenageada na 1ª edição do Prêmio Arte e Longevidade Rio 2024 e Othon levou também o prêmio Cariocas do Ano da revista Veja Rio na categoria Teatro. E novos prêmios podem estar a caminho, já que a montagem está indicada no 19º Prêmio APTR de Teatro nas categorias Melhor Ator Protagonista, Melhor Autor, Melhor Diretor e Produção de Teatro Não-Musical.

Quando Flávio recebeu um calhamaço de escritos que Othon Bastos deixou sob sua diligência, confiada pela amizade de décadas dos dois, nenhum deles imaginava que o solo elaborado sob minuciosa pesquisa, posteriormente escrito e dirigido por Marinho levando em conta os principais acontecimentos da existência de Othon, seria o celebrado sucesso de público e crítica que se transformou “Não me entrego, não!”. Com a experiência de quem criou muitos tipos e começou histórias diversas tantas vezes ao longo da vida, o ator Othon Bastos repete o gesto com frescor e números expressivos.

Considerado o maior ator brasileiro vivo, Othon possui uma carreira de títulos marcantes no cinema (“Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha) e no teatro (“Um grito parado no ar”, de Gianfrancesco Guarnieri) que são relembrados em cena, propondo uma reflexão sobre cada momento da sua trajetória. É o mural de uma vida dividido em blocos temáticos – trabalho, amor, teatro, cinema, política, etc – cujas reflexões envolvem citações e referências de alguns dos autores mais importantes do mundo. A peça é uma lição de vida e de resiliência, de como enfrentar os duros obstáculos que se apresentam em nossa existência – e como superá-los.

O desejo de voltar à ribalta partiu do próprio Othon que, após assistir a montagem “Judy: o arco-íris é aqui”, ficou com a ideia de estar em cena relembrando suas histórias. “Eu pensei como é maravilhoso contar a vida de alguém no palco. E aí falei com o Flávio que eu queria fazer um espetáculo com ele sobre a minha vida – e entreguei umas 600 páginas de pensamentos escritos sobre coisas que eu gosto, autores, anotações… Ali tinha um resumo bom sobre mim. E fomos fazendo: ele leu, entendeu e foi montando o espetáculo. E é mais difícil me lembrar do texto, embora seja uma peça sobre a minha própria memória, porque ela chega editada, diferente das lembranças espontâneas”, confidencia Othon Bastos.

Com a missão de converter tantas lembranças e histórias, Flávio Marinho precisou condensar os anos de vivência do veterano ator em alguns minutos de espetáculo teatral. “À primeira vista, o que temos é o próprio Othon Bastos em cena contando histórias divertidas e dramáticas da sua vida pessoal e profissional. Isto seria, digamos, o esqueleto dramático da peça. Só que este esqueleto é recheado de diversas reflexões, frutos imediatos do tema abordado por Othon. Por exemplo, depois que ele encontra o amor da vida, com quem está casado há 58 anos, o texto passa a refletir o sentimento do amor através de diversas referências e citações”, adianta o autor e diretor.

O mesmo se dá após Othon mencionar um fato político: a peça envereda por historietas e pequenas pensatas políticas – e assim por diante. “O Flávio escreveu maravilhosamente bem. Começa nos meus 11, 12 anos e vem até hoje. Nada foi fácil para mim, muitos dos meus principais papéis eu entrei substituindo outro ator. Se alguém me perguntar como comecei minha carreira, eu digo que comecei substituindo o Walter Clark, que era meu colega de turma de teatro, e depois muitas outras coisas aconteceram. O Chico Xavier já dizia que se uma coisa é sua, ela te encontra, não é preciso se preocupar”, pondera o homenageado.

“É um momento único, mesmo: meu primeiro monólogo e sobre a minha própria vida. É uma experiência muito forte eu ter que ser o meu próprio centro em cena. Mas não trazemos nenhuma lembrança amarga, apenas as alegres e divertidas, para levar curiosidades que vivi ao longo desses anos todos ao público, que saberá o que se passa com um ator – que é uma pessoa comum. Mas, quando se recebe um dom como esse, você tem a capacidade de doar o que recebeu. Então é isso que eu quero, me doar – e que as pessoas me leiam. Quero que elas vejam quem eu sou e como sou”, finaliza Othon Bastos.

FICHA TÉCNICA

  • Elenco: Othon Bastos
  • Texto e Direção: Flavio Marinho
  • Diretora Assistente e Participação Especial: Juliana Medella
  • Direção de Arte: Ronald Teixeira
  • Trilha Sonora: Liliane Secco
  • Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
  • Camareiro: Roberto Ramos
  • Programação Visual: Gamba Júnior
  • Fotos: Beti Niemeyer
  • Consultoria Artística: José Dias
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
  • Assessoria Jurídica: Roberto Silva
  • Coordenador de Redes Sociais: Marcus Vinicius de Moraes
  • Administração: Fábio Oliveira
  • Desenho de Som e Operador: Vitor Granete
  • Operador de Luz: Renato Lima
  • Coordenação de Produção: Bianca De Felippes
  • Assistente de Produção: Calu Tornaghi e Gabriela Newlands
  • Produção Nacional: Gávea Filmes
  • Realização: Marinho d’Oliveira Produções Artísticas

SERVIÇO:

Não me entrego, não!

  • Temporada: 03 a 27 de julho de 2025 (dia 17 não haverá sessão)
  • Horário: Quintas e sextas-feiras, às 19h; Sábados e domingos, às 18h
  • Ingressos: R$ 40 (meia-entrada) / R$ 80 (inteira)
  • Link do Sympla: https://tickets.oneboxtds.com/riocultura/events/45986?sessionView=LIST
  • Local: Teatro Carlos Gomes
  • Endereço: Praça Tiradentes, s/nº – Centro – Rio de Janeiro
  • Tel.: (21) 2224-3602
  • Classificação Indicativa: 12 anos
  • Duração: 100 minutos
  • Instagram: @othonbastosnoteatro

Espetáculo gratuito leva tema do descarte consciente do lixo às escolas de Duque de Caxias

Montagem musical “Lixo no Lugar Errado? Tô Fora!” será apresentada com intérprete de Libras e classificação livre

Saúde pública, reciclagem e consciência coletiva ganham vida em cena com o espetáculo “Lixo no Lugar Errado? Tô Fora!”, da Cia de Arte Popular de Duque de Caxias. A peça será apresentada gratuitamente no dia 30 de junho (segunda-feira), com sessões às 10h e às 13h30, na Escola Municipal Visconde de Itaboraí, localizada no bairro Bar dos Cavaleiros. A classificação é livre, e a apresentação contará com intérprete de Libras.

O espetáculo é realizado por meio do Ministério da Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Duque de Caxias e da própria Cia de Arte Popular, e foi contemplado pelo Edital de Chamamento Público nº 05/2024, da Lei Aldir Blanc (PNAB – Política Nacional de Fomento à Cultura).

Misturando música ao vivo, humor e cenografia lúdica feita com materiais reciclados, a peça apresenta a história de Rosilda, uma moradora que insiste em jogar lixo fora de hora — e no lugar errado. A partir dessa ação, a comunidade onde vive começa a sofrer as consequências do acúmulo de lixo e da má convivência com os resíduos. Ratos, baratas e doenças surgem, até que os Catadores aparecem em cena para propor soluções e resgatar o senso coletivo.

Com direção de Tom Pires e texto de Cesário Candhi, o espetáculo traz no elenco quatro atores e um músico, que atuam e cantam ao vivo em uma narrativa leve, educativa e divertida, que provoca reflexão em públicos de todas as idades.

SINOPSE

Rosilda mora numa comunidade e insiste em colocar o lixo fora de hora, sempre em frente à casa da vizinha Mariquita. Com o tempo, outros moradores passaram a repetir o hábito, transformando o local em um lixão. Ratos e baratas passam a invadir as casas, trazendo doenças e confusão. Para reverter o cenário, os Catadores entram em ação e ensinam sobre a importância da reciclagem e do cuidado coletivo com o espaço onde vivemos.

SERVIÇO

Espetáculo “Lixo no Lugar Errado? Tô Fora!”
Local: Escola Municipal Visconde de Itaboraí – Av. Nilo Peçanha, 2279, Bar dos Cavaleiros, Duque de Caxias – RJ
Data: 30 de junho de 2025 (segunda-feira)
Horários: 10h e 13h30
Entrada gratuita
Acessibilidade: Intérprete de Libras
Classificação: Livre
Duração: 45 minutos

Bruna Betito faz novas apresentações gratuitas no solo Vaca em diversas regiões de São Paulo

Espetáculo explora a condição da figura da “amante”, a partir das experiências pessoais da atriz, diretora e dramaturga, deslocadas para um universo onírico, surreal e mitológico

Vaca

Vaca – Foto de Camila Rios

O universo e a condição da amante, essa figura transgressora e indissociável ao casamento que geralmente é condenada sem direito à defesa, inspira a criação do solo teatral VACA, com direção, dramaturgia e atuação de Bruna Betito.

Com estreia em 2023, VACA foi apresentado, além da capital paulista, pelas cidades do interior, participando de festivais como o Festivale (São José dos Campos), Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa (Araraquara) e em outros estados como Brasília- DF e em Natal- RN no Festival Casa Tomada, totalizando mais de vinte apresentações.

O espetáculo, agora volta à cidade e ganha várias apresentações gratuitas em diversos espaços de São Paulo, entre os meses de março e julho. Além disso, a artista organiza uma série de encontros públicos online com outras artistas e pesquisadoras para discutir questões que norteiam o trabalho e promove uma residência artística.

No mês de junho também acontece a residência “Biografemas na cena amorosa”, com duração de cinco dias, de 9 a 13/6, das 18h30 às 22h, no “O Andar”, espaço cultural que fica na região central. A oficina téorico-prática investiga formas de trazer a autoficção para a cena, utilizando como estudo as obras de Annie Ernaux e Roland Barthes. No último dia de oficina, haverá uma abertura pública com as cenas desenvolvidas pelos participantes. A residência é gratuita e a inscrição será por meio de formulário de inscrição, disponível no instagram @brunabetito.

A dramaturgia

O solo VACA parte da autobiografia da própria atriz e autora do texto, mas, já de início, essas experiências são deslocadas para um universo onírico, surreal e mitológico, a partir dos sonhos dela com o Apocalipse, que são narrados e dramatizados, misturando realidade documental, ficção e uma dose de sarcasmo.

Em cena, a performatividade, a dança, o recurso de materiais e situações que presentificam a atriz e o público num jogo interativo e irrepetível também são pontos essenciais para a criação cênica e dramatúrgica. Exemplo disso é o estabelecimento de uma espécie de santa ceia, que, na verdade, se transforma em um fórum, no qual o público é convidado a discutir sobre “infidelidade” de forma anônima. Nesse sentido, trata-se de uma dramaturgia na qual a presença do público soma sentidos e conteúdos para a obra.

Além da referência autobiográfica, a criação dramatúrgica utiliza-se de outros autores como inspiração, entre eles Gustave Flaubert com sua “Madame Bovary”; Elisabeth Abbot com seu compêndio “Amantes: uma história da outra”, que retrata a biografia de várias amantes desde a Antiguidade até os anos 60; e Esther Perel com seu “Casos e Casos”, um diário de psicoterapia com casais que passaram por situações de infidelidade.

Outras referências importantes são o universo da mitologia grega com suas histórias de amor e traição, em especial a história do triângulo Zeus-Hera-Io (também retratada na peça “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo). Nesse mito, Hera, transforma a amante de Zeus, Io, em uma vaca branca. E por último, a Bíblia, que possui histórias, parábolas e mandamentos muito precisos a respeito deste tema.

A História da Outra, por Bruna Betito

“Não tive relações sexuais com aquela mulher” – Presidente Bill Clinton

“Henrique VIII e Ana Bolena. Cleópatra e Júlio César. Elizabeth Taylor e Richard Burton. Monica Lewinsky e Bill Clinton. Shakira e Piqué. Eu e você. Histórias de casos amorosos nos consumiram, cativaram, aterrorizaram e excitaram ao longo da história. Além do voyeurismo desses casos públicos de celebridades, todos os dias podemos encontrar casais que foram devastados pela infidelidade.

Neste exato momento, em todos os cantos do mundo, alguém está traindo ou sendo traído, pensando em ter um caso, aconselhando alguém que está no meio de um ou completando o triângulo como amante secreto. O adultério existe desde que o casamento foi inventado. Ele é tão condenado que possui dois mandamentos na Bíblia: um por consumá-lo e outro só por pensar nele. Portanto, como devemos entender esse tabu consagrado pelo tempo? Universalmente proibido e universalmente praticado?

Há poucos termos neutros para falar sobre o adultério. O próprio termo ‘adultério’ é derivado da palavra ‘corrupção’. Raramente alguém, em meio a uma conversa sobre ‘casos’, quer ficar isenta de tomar algum partido. O que o trabalho aqui pretende é ampliar as fronteiras do problema, uma vez que se reduzirmos a conversa apenas para um juízo de valor, não nos resta conversa nenhuma, muito menos, um trabalho artístico.

Longe de propor uma ‘receita’ de como se relacionar ou criar ‘certo ou errado’ para as situações da vida humana, o que interessa ao espetáculo, são seus clichês, rituais, gestos, discursos e coreografias sociais culturalmente construídas. Olhar para estas práticas a fim de investigá-las, tensioná-las e confrontá-las, na tentativa de deslocar imagens profundamente enraizadas a respeito do papel da mulher.

A proposta é de um encontro baseado na contradição, um acontecimento irrepetível que possa nos convocar a uma ultrapassagem de nós mesmos e a um trabalho ético-político, ético-estético. Potencializar a experiência amorosa no que ela tem de revolucionária e não de conformista”.

Sinopse

VACA parte do universo das amantes – ou da condição das amantes ao longo da história: essa figura transgressora e indissociável ao casamento, condenada e sem direito de defesa. É a saga e peregrinação de uma mulher que está em constante busca pela identidade animal a qual foi destinada.

Ficha Técnica

  • Direção, atuação e dramaturgia: Bruna Betito
  • Provocação artística: Debora Rebecchi e Janaína Leite
  • Preparação corporal: Thiane Nascimento
  • Adereços em arame: Ítalo Iago
  • Videografia: Vic Von Poser
  • Vídeo final: Tati Caltabiano
  • Iluminação: Daniel González
  • Figurino: Silvana Carvalho
  • Operador de som: Carlos Jordão
  • Atores-Contrarregras: Emilene Gutierrez e Rafael Costa
  • Montagem de Luz: Daniel González e Felipe Mendes
  • Direção de Produção: Aura Cunha | Elephante Produções

Serviço
VACA, de Bruna Betito
Classificação: 
18 anos
Duração: 60 minutos

Apresentações de VACA

Espaço Cultural Inventivo

  • Quando: até  29 de junho, aos sábados às 20h e domingos, às 19h
  • Endereço: R. Limeira, 19 – Quinta da Paineira, São Paulo – SP
  • Quanto: Grátis

Teatro Alfredo Mesquita

  • Quando: 10 a 13 de julho, quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h
  • Endereço: Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo – SP, 02012-010
  • Quanto: Grátis

Renda-se – Montagem de solo britânico sobre reencontro entre mãe e filha separadas desde a infância segue no SESC Ipiranga

Renda-se

Renda-se – Foto: Edson Kumasaka

Segue em cartaz até o dia 06 de julho, pelo projeto “Teatro Mínimo” do Sesc Ipiranga, o solo britânico “Renda-se” (Surrender, 2024), com dramaturgia de Sophie Swithinbank (em parceria criativa com Phoebe Ladenburg) e direção de Fernanda D’Umbra. Após temporada na Europa pelo Arcola Theatre, em Londres, e pelo Festival Fringe de Edimburgo, o solo ganha montagem no Brasil com a atriz Martha Nowill no papel de uma mãe que reencontra a filha doze anos após tê-la perdido ainda bebê. Dentro de uma prisão, as duas iniciam um diálogo atravessado por silêncio, culpa e tentativas de reconexão.

Condenada por abandono, a personagem cumpre pena quando recebe, pela primeira vez, a visita da filha — agora adolescente. A partir desse encontro, o solo se estrutura como um fluxo de memória: entre fragmentos, recuos e tentativas de explicação, ela revisita episódios da vida em Londres, a sobrecarga da maternidade solo, a interrupção da carreira como atriz e o momento em que, esgotada, comete o maior erro de sua vida: recorre à polícia para encontrar sua filha e passa a ser acusada de abandono.

O palco funciona como extensão de sua mente, onde presente e passado se entrelaçam. A narrativa alterna a conversa com a filha à beira do parlatório com cenas evocadas do interrogatório policial, audições teatrais, encontros com a assistente social e menções à ex-sogra — figuras que compõem o julgamento constante ao qual está submetida. Em meio a esses fragmentos, o público acompanha a tentativa da personagem de entender o que a levou até ali e de construir, enfim, uma versão dos fatos para si e para a filha.

“Ela organiza os fragmentos do que viveu para justificar, resistir, se explicar — talvez para si, talvez para a filha. Não está contando uma história, está tentando sobreviver a ela”, afirma a atriz Martha Nowill, que, em paralelo à temporada de Renda-se, estreia também como diretora no monólogo “A Autoestima do Homem Hétero”, em São Paulo.

No palco, a proposta cenográfica aposta no minimalismo: uma placa de vidro que alude à cabine prisional, um pedestal com vape, um banco móvel e um casaco – elementos simbólicos de sua trajetória interrompida. Esses elementos tornam-se extensões da personagem, marcando seu deslocamento emocional e físico.

“A filha desaparecida estava muito perto dela, foi um incidente sem graves consequências. Se a mãe a tivesse procurado e não tivesse ido à polícia, talvez a personagem não tivesse sido punida. A questão abordada na dramaturgia é a desproporcionalidade do castigo imposto pelo sistema”, afirma a diretora Fernanda D’Umbra.

Entre afeto, ironia, delírio à contenção, peça percorre diferentes nuances emocionais de uma mulher levada ao esgotamento. Em estado de vigília permanente, a personagem entrelaça humor, confissão e silêncio para ao relatar uma experiência que desestruturou sua vida. No final desse percurso, “Renda-se” expõe o colapso de uma mulher isolada por um sistema que pune antes de escutar.

“Essa história não se limita a fazer só a denúncia, em um grande drama sobre uma mulher, presa, separada da filha e injustiçada por isso. Nas mãos da Nowill, essa personagem também ganha um glamour, o humor e uma postura de firmeza diante da situação mais difícil e absurda que essa mulher já enfrentou”, afirma D’Umbra.

Escrita originalmente em inglês, “Renda-se” marca a estreia de Sophie Swithinbank no Brasil. A autora é uma das vozes emergentes do teatro britânico contemporâneo, com trabalhos desenvolvidos para a Royal Court e a BBC. A montagem brasileira é fruto do encontro entre Swithinbank, D’Umbra e Nowill, com tradução assinada por Betina Rodrigues. O texto é resultado de uma parceria criativa com a atriz Phoebe Ladenburg;

Serviço
“Renda-se”
Temporada: 
até  06 de julho de 2025
Local: Auditório do Sesc Ipiranga
Horários: Sextas-feiras, às 21h30; sábados, domingos e feriados, às 18h30
Classificação Indicativa: 16 anos | 70 minutos |
Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia), R$ 15 (credencial plena)

Venda: Portal do Sesc SP, bilheterias das unidades e App Credencial Sesc SP
https://www.sescsp.org.br/unidades/ipiranga/

SESC IPIRANGA
Rua Bom Pastor, 822,  Ipiranga, São Paulo – SP

Telefone: (11) 3340-2000

https://www.sescsp.org.br/unidades/ipiranga/

FICHA TÉCNICA

  • Escrito por Sophie Swithinbank, em Parceria Criativa com Phoebe Ladenburg
  • Com Martha Nowill
  • Vozes em Off: Sandra Corveloni (Jean)
  • e Fernanda D’Umbra (Justiça)
  • Direção: Fernanda D’Umbra
  • Tradução: Betina Rodrigues
  • Cenografia: Diego Dac
  • Desenho de Luz: Paloma Dantas
  • Figurino: Ofélia Lott
  • Trilha Sonora: Sérgio Arara
  • Saxofone: Marcelo Monteiro
  • Preparação Corporal: Gabriel Malo
  • Operação de som: Cauê Andreassa
  • Operação de luz: Paloma Dantas
  • Fotografia: Edson Kumasaka
  • Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
  • Coordenação de Direitos Autorais e Tradução: Tiago Martelli
  • Idealização: Tiago Martelli
  • Direção de Produção: Cicero de Andrade – Mosaico Produções
  • Produção: Dani Simonassi e Tiago Martelli

 

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