Com a expectativa de vida mundial subindo, no Brasil, dados do IBGE mostram que o número de pessoas com 60 anos ou mais já passa de 32,1 milhões de pessoas. Um número que representa mais de 15% da população total e já passa o número de adolescentes no país. Nos últimos 12 meses, o número de idosos cresce 56% e, até 2070, eles devem representar mais de ⅓ do total de brasileiros – ou 37,8%. Mas engana-se quem pensa que estamos falando de uma parte inativa da população, a preocupação com a longevidade e, consequentemente com o envelhecimento saudável vem crescendo junto com a expectativa de vida. Por tudo isso, a ONU já considera os anos de 2020 como a década do envelhecimento saudável. Também com esse foco, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), criou o Outubro Prateado, mês que inicia com o Dia Internacional do Idoso, para conscientizar a população sobre a importância de cuidados preventivos com a saúde para uma terceira idade feliz e produtiva.
A geriatra e especialista em medicina preventiva, Márcia Umbelino, destaca que, embora as pessoas estejam mais preocupadas em como vão chegar aos 60 anos, os brasileiros, especialmente os homens, ainda têm a cultura de tratar a doença em vez de se cuidar para prevenir. “A chave para garantir a longevidade com qualidade de vida é adotar a medicina preventiva o quanto antes”, comenta a médica que também atua com tratamentos hormonais e medicina ortomolecular. Umbelino destaca que a geriatria é a medicina que promove o envelhecimento saudável e não deve ser uma especialidade procurada apenas por idosos. “Existe um preconceito que precisamos desmistificar! A idade ideal para procurar o geriatra é por volta dos 40 anos. Existem muitas doenças comuns na terceira idade que podem ser prevenidas com medidas simples de suplementação, tratamentos medicamentosos e mudanças de hábitos de vida. Mas, uma vez instaladas, não há como curar, apenas controlar, como é o caso do Alzheimer, por exemplo”, explica.
Além do Alzheimer, estudos mostram que doenças como Parkinson, diabetes, hipertensão arterial, problemas no coração e até diversos tipos de câncer podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, como boa alimentação, suplementação adequada, evitar álcool em excesso, não fumar, dormir bem, e praticar exercícios físicos regularmente.
“Sabemos, por exemplo, que muitas doenças degenerativas são desencadeadas quando um organismo está inflamado e, hoje, é possível identificar essa inflamação por meio de exames e reverter essa inflamação, mas é preciso buscar ajuda especializada”, ensina a geriatra Márcia Umbelino.
Beber bastante água, por exemplo, é outra medida simples que ajuda a desinflamar o corpo. Assim como a reposição de alguns suplementos é fundamental depois dos 40 anos, uma vez que não conseguimos obter a necessidade diária deles somente com a alimentação. Entre os principais suplementos para o envelhecimento saudável estão o ômega 3, a vitamina D e o magnésio, que auxiliam na saúde cardiovascular, óssea e no relaxamento muscular, respectivamente, dentre outros. Já a vitamina B12, por exemplo, é importante para prevenir doenças mentais e na manutenção da imunidade. “Mas cada organismo tem uma necessidade individual, então o ideal é fazer exames para identificar o que aquele paciente precisa repor e de que forma. Às vezes, uma mudança na alimentação pode resolver”, alerta a geriatra e ortomolecular.
Já o pneumologista Renato Calil, ressalta a importância de se investigar problemas de sono tão logo se nota algum sintoma. “As pessoas tendem achar que é normal dormir demais ou não dormir bem por conta do avançar da idade. Mas não é bem assim. A apneia do sono, por exemplo, é uma doença que pode levar ao desenvolvimento do Alzheimer e, muitas vezes, a pessoa não nota. Dormir muito durante o dia pode indicar um sono irregular, causado pela apneia. É importante buscar um especialista e tratar o problema para evitar danos no cérebro”, explica Calil, fundador do Centro de Exames do Pulmão da Barra da Tijuca, o Cedop.
Com o avançar da idade, a dor na coluna se torna um dos problemas mais comuns entre os idosos, impactando diretamente a capacidade de locomoção. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 80% das pessoas são acometidas por dores na coluna em algum momento de sua vida. Além disso, o desgaste nas articulações dos joelhos, muitas vezes associado à má postura e sobrecarga, agrava as dificuldades de mobilidade. “A prevenção, por meio de exercícios específicos, fortalecimento muscular e acompanhamento médico, é fundamental para reduzir esses impactos e manter a autonomia do idoso” afirma o ortopedista Dr. Juan Aquino Especialista em Coluna. Ele destaca que o cuidado preventivo é essencial para preservar a locomoção e a qualidade de vida, minimizando os riscos de complicações.
“São cuidados simples, mas que muita gente negligencia, ao longo da vida adulta, por não pensar no futuro, mas precisamos lembrar que muitos de nós vamos viver 80, 90 anos, ou seja, passaremos um terço ou mais da nossa existência, no que hoje chamamos de terceira idade. As pessoas, portanto, precisam pensar como querem viver esse período e começar a se cuidar mais”, conclui a geriatra Márcia Umbelino.