No dia 6 de dezembro, o Parque Glória Maria, mais conhecido como Parque das Ruínas, recebe a segunda edição do I.A.RES – Residências Artísticas Interdisciplinares. Com curadoria do músico e produtor cultural Rodrigo Girafa, o evento, gratuito, apresenta o resultado de um programa de residências artísticas dedicado à criação de obras interdisciplinares, com ênfase nas linguagens contemporâneas e experimentais da música, dança e performance.
Nesta edição, seis artistas que priorizam a improvisação como linguagem artística participam do programa. São eles: Ämarcél (performance e voz), Camila Nebbia (saxofone tenor), Lee Hodel (contrabaixo acústico), Rodrigo Girafa (guitarra elétrica), Sérgio Krakowski (pandeiro) e Zozio (bateria).
Abrindo a programação às 15h de sábado, a performer e cantora Ämarcél (alcunha de Marcela Mara), a saxofonista argentina Camila Nebbia e o pandeirista Sérgio Krakowski se reúnem para apresentar uma obra inédita, fruto da residência I.A.RES, em que a performance é o elo que une a exploração sonora da música experimental com o movimento corporal improvisado da dança.
“O I.A.RES é uma residência de criação e produção de obras interdisciplinares que reúne artistas de diferentes localidades e formações artísticas. O fio condutor é a utilização da improvisação como ferramenta de construção artística. A obra resultante, apresentada ao final da residência, é um fruto da união e da sinergia entre as individualidades e a bagagem cultural dos artistas residentes. A improvisação prioriza a escuta, a percepção e a resposta instantânea aos estímulos, buscando desconstruir convenções artísticas em prol da espontaneidade e da singularidade” explica o curador Rodrigo Girafa, diretor da GRF Produção Cultural.
Em seguida, o Trio Girafa/Hodel/Zozio sobe ao palco para um set em que guitarra elétrica, contrabaixo acústico e bateria exploram novas possibilidades, melodias espontâneas, ritmos e texturas sonoras. Fechando a tarde de sábado, o Panthalassa Ensemble, grupo formado pelos seis músicos residentes, transforma o processo criativo em um produto final único e instintivo que desafia as expectativas sonoras.
“Será uma tarde dedicada à Criatividade e à arte experimental”, adianta Rodrigo Girafa, que explica também a origem do nome do sexteto que encerra a programação. “Panthalassa é o nome dado ao oceano global que circundava a Pangeia, o supercontimente que existiu há aproximadamente 300 milhões de anos quando todos os continentes do planeta estavam unidos”, revela. “O nome reflete um dos princípios por trás desta e de outras produções da GRF Cultural: a criação de conexões e redes internacionais visando o desenvolvimento artístico e humano em nível local e global”, conclui.
PROGRAMAÇÃO:
I.A.RES – Residências Artísticas Interdisciplinares
- Data: 6 de dezembro, das 15h às 16h
- Local: Parque Glória Maria (Parque das Ruínas)
- Endereço: Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa
- Entrada franca – Evento ao ar livre (sujeito a lotação)
Das 15h às 15h20 – “nome da performance”
- Apresentação obra desenvolvida durante a residência
- Formação: Ämarcél (performance), Camila Nebbia (saxofone tenor) e Sérgio Krakowski (pandeiro)
Das 15h20 às 15h35 – Trio Girafa Hodel Zozio
- Formação: Rodrigo Girafa (guitarra elétrica), Lee Hodel (contrabaixo acústico) e Zozio (Bateria)
Das 15h35 às 16h – Panthalassa Ensemble
- Formação: Ämarcél (voz), Camila Nebbia (saxofone tenor), Rodrigo Girafa (guitarra elétrica), Lee Hodel (contrabaixo acústico), Sérgio Krakowski (pandeiro) e Zozio (Bateria)
ARTISTAS:
Camila Nebbia
Natural de Buenos Aires e radicada em Berlim, Camila Nebbia é saxofonista, compositora, improvisadora, artista visual e curadora. Descrita pela revista Jazz PT como “uma saxofonista essencial do nosso tempo”, a artista multidisciplinar desenvolve a sua prática através da criação e destruição da memória arquivística, explorando os conceitos de identidade, migração e memória. Seu trabalho inclui música improvisada e composta, criação cinematográfica e performances audiovisuais, formando uma constelação de práticas interconectadas.
Seu álbum solo mais recente – “una ofrenda a la ausencia” (uma oferta à ausência), pela Relative Pitch Records – foi descrito pela NYC Jazz Record como um “álbum inerentemente humano e pessoal, que surpreende os ouvintes com uma abordagem apaixonada ao jazz”.
Tocou e gravou com diversos artistas da cena internacional, como Marilyn Crispell, Michael Formanek, Angelica Sanchez, Randy Peterson, Tom Rainey, Patrick Shiroishi, Vinnie Sperrazza, Katt Hernandez, Kenneth Jimenez, Lesley Mok, Susana Santos Silva, Elsa Bergman, o coletivo l’Arfi de Lyon, Joanna Mattrey, Flow regulator de Vincent Dromowski, Kit Downes, Andrew Lisle, John Hughes, entre outros. Foi indicada para o Prêmio Alemão de Jazz na categoria Instrumentos de Sopro em 2024 e 2025.
Ämarcél
Alcunha de Marcela Mara, Ämarcél é inventora a partir do mapeamento do pensamento, do fluxo, ritmo, percepção, consciente e inconsciente, ciclos vitais, vida d-marcada, projetada e expressada na performance, no escrito, no audiovisual, na indumentária, na arte sonora, na gastronomia, na política do sutil e do intenso, na extensão do corpo dentro, entre, dentre, além da exaustão.
Corpo que se propõe à pesquisa da entrega, à experiência do impulso criativo, da absorção e dissolução do invisível, entre o céu e a terra, além da criação de materiais artísticos em variadas linguagens. A experiência viva do corpo como pesquisa base para metodologias próprias e processo criativo contínuo.
Lee Hodel
Improvisador, compositor e contrabaixista que se interessa pelas relações entre som, timbre, pulsação e energia. Formado em Jazz pela CalArts e mestre em composição pela Mills College, Lee Hodel teve a oportunidade de estudar com grandes vozes da música improvisada como Wadada Leo Smith, Fred Frith, Zeena Parkins, Vinny Golia e Roscoe Mitchell. Em 2018 lançou o disco de contrabaixo solo “I Breathe In Solitude”. Como compositor e improvisador, Hodel se preocupa com harmonias microtonais e exploração de texturas instrumentais pouco convencionais.
Rodrigo Girafa
Compositor, improvisador, diretor artístico e curador do Rio de Janeiro, ele obteve um mestrado em Guitarra Jazz pelo Conservatório G. Martucci de Salerno (IT) e uma graduação pelo Conservatório G. Verdi de Turim.
Criador e sócio-diretor da GRF Cultural, Rodrigo é o idealizador e diretor do coletivo/programa de eventos dedicado à improvisação livre “Free At Last”, da série de eventos dedicada à criação e promoção da música contemporânea “Ex Tempo”, do festival multidisciplinar “mud.art. e-Multidisciplinary Art Experience” e do Projeto Koan, dedicado à realização de apresentações/oficinas para pacientes psiquiátricos do Instituto Philippe Pinel. Rodrigo também é produtor no Brasil do festival internacional itinerante Springtime Jazz Festival e do programa de residências artísticas ICR-International Creative Residence.
Como guitarrista e compositor, ele se apresentou na Alemanha, Brasil, Dinamarca, Espanha, Holanda e Itália com diversos projetos, desde solistas a grandes formações, em festivais como F[r]esta, Nocturna Discórdia, Springtime Jazz Festival e locais como o MAM-Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Bottle’s Bar, Audio Rebel, Soda Acustic e muitos outros. Desde 2011, é membro da plataforma de produção Mediterraneo Radicale (UE).
Sergio Krakowski
Pandeirista carioca que redefine as expectativas sobre seu instrumento. Transformando o pandeiro em surdo, tamborim e bateria eletrônica, ele cria uma poética única, explorando polirritmias e contrapontos.
Dividiu o palco e trabalhou com grandes nomes como Chico César, Lenine, Maria Bethânia, Jards Macalé, Yamandú Costa, Marcos Suzano, Anat Cohen, Gonzalo Rubalcaba, Kevin Hays, David Biney, Lionel Loueke, Cyro Baptista e Edmar Castañera.
Zozio
Zozio vem do movimento underground do Rio de Janeiro. Desde os 13 anos toca bateria, grava em casa e organiza eventos e shows independentes. A partir dessa vivência e suas experimentações na arte visual, na trilha sonora, no som direto e na improvisação livre, Zozio cria composições que unem sonoplastias em múltiplas camadas instrumentais.
Em 2013, se mudou da capital para a Zona Rural do Rio de Janeiro, em Piraí, onde administra o INteliê junto com sua família, recebendo pessoas que queiram desenvolver trabalhos artísticos dentro de uma experiência agroecologica. Dessa forma, junto com Ämarcél, iniciou as composições poéticas-musicais do KARTAS, assim como a microempresa de alimentos orgânicos Não Só de Pão, uma parceria de 10 anos.