Partida ao Cais é o novo livro de Carla Mühlhaus

O livro Partida ao Cais, da jornalista e escritora Carla Mühlhaus, será lançado dia 19 de agosto, na Janela Livraria, no shopping da Gávea, Rio de Janeiro. Ambientada numa Veneza inundada, a obra navega numa jornada em que fatos se misturam com fantasia, ao trazer para a narrativa personagens inspiradas em mulheres reais. A própria autora escreve em nota introdutória: “Esta é uma obra de ficção inspirada em alguns fatos e personagens reais”. Partida ao Cais também explora o luto, a dor e a relação entre mãe e filha.

Partida ao Cais

No livro, a personagem Beth, que se autodenomina uma sereia, almeja um passado novo, não quer mais ser a Black Dahlia, aquela que chamou atenção nos jornais dos Estados Unidos no início do século XX, como a vítima de um crime bárbaro. Cabe à narradora da novela, uma escritora radicada em Veneza e escondida no centenário Café Florian, aceitar este pedido no meio de um luto, uma inundação e uma pausa no casamento. É difícil a narradora negar o pedido de Beth, uma sereia gótica com apenas um seio, do outro lado uma cicatriz, no rosto uma tristeza sólida e macilenta. As duas juntas, numa costura artística de cicatrizes, seguem em busca da transformação, da metamorfose, do maravilhamento.

Partida ao Cais é uma jornada surrealista, uma viagem feita numa Veneza inundada, Veneza-pântano, onde o corpo de uma mulher pode ser o que ela quiser e não o que artistas surrealistas como Max Ernst e André Breton desejavam, obcecados com a figura da femme-enfant.

Apontado por Carla Mühlhaus como seu livro mais elaborado, mais sofrido e mais visual, ela explica os motivos que a levam a afirmar que é sua obra mais especial. “Este livro partiu de um grande incômodo. Quando soube que o crime da Black Dahlia estava ligado ao Surrealismo, senti uma urgência enorme de mostrar essa relação macabra ao mundo. E foi a partir deste feminicídio que entrelacei pesquisa, ficção e a vivência do luto da minha mãe. Com o desenrolar da trama, entendi que o luto era de todas, de todas nós, de todas as mulheres que também desejam, como a Beth, um passado novo, uma história passada a limpo”, disse.

A escritora Nara Vidal assina a orelha de Partida ao Cais: “Carla Mühlhaus e sua escrita embriagada de ricos sentidos como se fosse uma ode à sinestesia, nos colocam em contorno com o delírio da dor, do ressentimento e do espanto de uma mulher sem uma mãe, essa personagem sempre inacreditavelmente desconhecida de uma filha”. De acordo com Nara Vidal, a leitura exige atenção irrestrita. “Não só pela complexidade narrativa que dá ao texto uma estética deslumbrante e rara, mas pelas referências nunca gratuitas pontilhadas como cristais que, além de iluminar, fazem cortar”, descreve.

Carla Mühlhaus

A edição conta com um posfácio de Manuela Bezerra de Mello. “O Cais de Carla é uma mãe implodindo o mito das origens. E este livro está de partida ao cais porque necessita e ele voltar: a borboleta que quer voltar ao casulo para cumprir o seu resguardo”, descreve a jornalista, escritora e crítica literária.

Serviço:

Lançamento do livro Partida ao Cais

19/08, 19h

Janela Livraria (Shopping da Gávea, R. Marquês de São Vicente, 52, 3º piso, loja 368 – Gávea)

Título: Partida ao Cais

Autora: Carla Mühlhaus

Editora: Urutau

Número de páginas: 134

Ano de edição: 2025

Edição: 1ª

Preço: R$ 55,00

Carla Mühlhaus

É autora, entre outros livros, das novelas À sua espera (Dublinense) e Nos vemos em Marduk (e-galáxia). Em 2023 lançou o livro de crônicas Pulei sete ondas e não funcionou, então pulei o mar todo (Urutau).

Jornalista formada pela PUC-RJ, escritora e Mestre em comunicação e cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ e especializada em Arte & Filosofia pela PUC-RJ, é pós-graduada em Filosofia para crianças e jovens pela UCP-Lisboa. Brasileira, vive em Portugal desde 2018.

Na UFRJ, defendeu dissertação sobre a entrevista jornalística. Por trás da Entrevista, livro publicado pela Record em 2007, é resultado dessa pesquisa orientada por Heloisa Buarque de Hollanda. Finalista do prêmio Jabuti, a obra reúne dez entrevistas com grandes entrevistadores como Joel Silveira e Zuenir Ventura.

É também co-autora de Marilia Carneiro no Camarim das Oito (Aeroplano / Senac Rio), livro sobre vida e obra da primeira figurinista da TV Globo, lançado em 2003.  Outros livros, como Nós do Morro 20 anos (X Brasil), sobre o grupo de teatro Nós do Morro, Manual de mães e pais separados (Ediouro), auto-ajuda direcionado a pais separados e Asdrubal trouxe o trombone (Aeroplano), contaram com sua colaboração de texto.

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