Passado e presente se entrelaçam em Filha Natural, exposição de Aline Motta no Sesc Copacabana

Aline Motta

A partir do cruzamento entre memória, história e fabulação, a artista visual Aline Motta inaugura a Exposição Filha Natural, no Sesc Copacabana. A mostra, que propõe uma leitura sensível e crítica das heranças do passado escravista no Brasil, conta com curadoria da historiadora da arte Fernanda Terra. Abordando temas como identidade, racismo, ancestralidade e permanências coloniais, a exposição propõe outras formas de ver e narrar a história. A abertura acontece no dia 19 de julho, às 17h, com realização viabilizada por meio do Edital Pulsar 2025, do Sesc RJ.

Resultado de uma ampla pesquisa documental e afetiva, a partir de uma análise inédita de iconografia histórica e de relatos orais de sua própria família, Filha Natural parte da trajetória apagada de uma mulher negra: a tataravó da artista, possivelmente nascida em 1855 em uma fazenda de café na região de Vassouras (RJ), um dos principais centros do escravismo no século XIX. A exposição articula diferentes linguagens para reconstruir fragmentos dessa história, tensionando as ausências deixadas pela história oficial.

Entre os trabalhos, destaca-se o filme ficcional criado por Aline Motta, que dramatiza o processo de busca por suas raízes. Um dos destaques é um grande painel fotográfico “estereoscópico” que justapõe duas imagens captadas no mesmo lugar, a partir da varanda da Fazenda do Ubá: uma assinada por Revert Henrique Klumb, possivelmente feita em 1860 e outra feita pela própria artista, mais de 150 anos depois. O gesto entrelaça passado e presente e propõe uma reflexão sobre o tempo, as marcas da memória e as histórias que resistem.

Reconhecida por uma obra que cruza fotografia, vídeo, instalação e performance, Aline Motta tem investigado, a partir de uma perspectiva crítica e sensível, as camadas da memória afro-atlântica e as narrativas silenciadas da história. Seus trabalhos já foram apresentados em importantes instituições e eventos no Brasil e no exterior, e sua produção literária também vem ganhando destaque, como no livro A água é uma máquina do tempo, finalista do Prêmio Jabuti 2023.

No dia da abertura ainda haverá uma oficina ministrada pela artista das 15h às 17h, precedendo a abertura oficial.

Realizada com apoio do Sesc RJ 2025, a exposição Filha Natural é fruto do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, iniciativa que fomenta a produção artística em suas diversas modalidades e promove o desenvolvimento de processos criativos, a formação de público e a inclusão social.

SERVIÇO | Exposição Filha Natural – Aline Motta
Abertura: 19 de julho de 2025 (sábado), às 17h
Oficina com a artista: 19 de julho de 2025, das 15h às 17h
Data: de 19 de julho a 21 de setembro de 2025
Visitação: Terça-feira a domingo, das 10h às 19h.
Local: Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Classificação etária: Livre
Entrada gratuita
Redes sociais: @atelierdocumentafernandaterra | @tatadesignrio | @marciazoearte | @1alinemotta | @filhanatural_alinemotta

Aline Motta

Aline Motta é artista visual e escritora. Combina diferentes técnicas e práticas artísticas em seu trabalho, como fotografia, vídeo, instalação, performance e colagem. De modo crítico, suas obras reconfiguram memórias, em especial as afro-atlânticas, e constroem novas narrativas que invocam uma ideia não linear do tempo. Participou de bienais e trienais como a de Sharjah, EAU (2023), São Paulo, Brasil (2023), Coimbra, Portugal (2024), Stellenbosch, África do Sul (2025), Trondheim, Noruega (2025). Exibiu suas obras no MoMA, New Museum, Pompidou-Metz, MASP, MALBA, Centro Cultural Kirchner (Argentina), Rencontres de la Photographie, Arles (França), MAR, MAM-Rio. Seu livro “A água é uma máquina do tempo” foi finalista do Prêmio Jabuti 2023.

Fernanda Terra – Curadora

Fernanda Terra é mestre em Museologia e Patrimônio, pós-graduada em História da Arte Contemporânea e Arquitetura no Brasil, graduada em Arqueologia com ênfase em Arte Pré-Histórica, e artista visual. Membro do International Council of Museums (ICOM), atua desde 2005 nas Artes Visuais, à frente da Atelier Documenta, desenvolvendo projetos para museus, centros culturais, galerias, coleções e artistas. Como curadora, assinou exposições de destaque como O Rio dos Navegantes (MAR), Mestres da Gravura (Biblioteca Nacional), Traços de NY – Joaquín Torres-García, Desobediência Tecnológica (Caixa Cultural), entre outras, com itinerâncias por importantes instituições culturais do país.

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