Paulo Guidelly encontra seu caminho de volta aos palcos em novembro, integrando o elenco de “Contos Negreiros do Brasil”, sob direção de Fernando Philbert e texto de Marcelino Freire, durante a turnê da peça nos Sesi Campinas Amoreiras e Itapetininga, em São Paulo.
O espetáculo sociológico documental, que estreou em 2017, volta em 2025 com a certeza de que o racismo é motor de guerras e fissuras sociais profundas. A peça se centraliza em uma guerra cotidiana contra a cor da pele, a religiosidade ancestral e os povos originários. Apesar das violências, homens e mulheres negros seguem reescrevendo a história e subvertendo estatísticas negativas, onde emergem narrativas que deslocam o olhar hegemônico e afirmam que não são apenas sobrevivência, são potência em movimento.
Os personagens surgem de diferentes realidades: um assaltante diante de um assalto no trânsito da cidade; um pedófilo; um homossexual com amor frustrado; um homem que quer ter o direito de vender seus próprios órgãos; um jovem negro que deseja entrar na universidade. Paulo estrela a produção ao lado de Rodrigo França, Valéria Monã e Marcelo Dias, e divide o personagem com Marcelo Dog em datas alternadas.
“Espetáculos como esse são fundamentais porque o Brasil ainda é profundamente marcado pelo racismo estrutural, herança direta de um período de escravidão letal que deixou sequelas profundas em nossa sociedade. Levar histórias como ‘Contos Negreiros do Brasil’ aos palcos é uma forma de romper o silêncio, provocar reflexão e também celebrar a resistência. O teatro é espaço de denúncia, mas também de cura. É onde a dor encontra poesia e a história ganha corpo”, conta o ator.
Em seus trabalhos, Paulo tem interpretado homens pretos em diferentes histórias que ilustram realidades vividas por pessoas negras e periféricas no Brasil. Seu último trabalho nos palcos, “Abdias Nascimento”, retratava a vida e obra do ativista. “É uma entrega que nasce da consciência histórica. Cada personagem carrega marcas de luta e resistência diante de uma sociedade separatista e desigual. Quando subo ao palco, estou honrando memórias, dando voz a vidas que foram silenciadas. Emprestar meu corpo e minha voz é um ato político e espiritual. É transformar dor em potência, invisibilidade em presença”, divide o ator.
Na reta final do ano, Paulo elege 2025 como um ano de afirmação e amadurecimento, caminhando por diferentes frentes da atuação, entre o teatro e o audiovisual. Para o cinema, o ator gravou “Mate Todos Os Lobos”, seu novo protagonista, além de ter sido finalista no Prêmio Grande Otelo com o curta metragem “E Seu Corpo é Belo”, no qual protagonizou, e participar da série portuguesa “Mar Branco”, no catálogo da Netflix. Ainda no teatro, ele esteve no espetáculo “Migrantes”.
Junto a isso, o ator ainda desenvolve uma nova peça no grupo Nós do Morro, e outra sobre Madame Satã, figura histórica e revolucionária da cultura brasileira.
“2025 tem sido um período em que percebo as portas se abrindo. Cada trabalho me ensina mais sobre o poder da representatividade e sobre a importância de estar onde antes não podíamos estar”, conclui o ator.
Paulo Guidelly se apresenta em “Contos Negreiros do Brasil” de 14 a 16 de novembro no Sesi Campinas Amoreiras, e 21 a 23 de novembro no Sesi Itapetininga.
Instagram oficial: https://www.instagram.com/pauloguidelly/
