A Netflix oficializou em dezembro de 2025 o capítulo definitivo da saga que redefiniu o drama criminal britânico. “Peaky Blinders: O Homem Imortal” chega ao catálogo do streaming na sexta-feira, 20 de março de 2026, após uma janela exclusiva de exibição em cinemas selecionados a partir do dia 6 do mesmo mês. A produção, que marca o retorno de Cillian Murphy ao papel que lhe rendeu aclamação mundial, não se propõe apenas a finalizar pontas soltas da série encerrada em 2022, mas a elevar a narrativa a um novo patamar de brutalidade estética e complexidade moral. O anúncio, acompanhado de um teaser divulgado na véspera de Natal, confirma que a franquia mantém sua força gravitacional intacta.
Cillian Murphy volta a vestir o sobretudo de Thomas Shelby em um momento singular de sua carreira, chancelado pelo Oscar de Melhor Ator recebido em 2024 por “Oppenheimer”. O peso desse reconhecimento reflete-se na expectativa para o filme: Murphy não interpreta apenas um gângster, mas um ícone cultural que transcendeu a televisão para influenciar a moda e o comportamento masculino global. Em “O Homem Imortal”, o ator reencontra o diretor Tom Harper, responsável pelos episódios iniciais da série em 2013, fechando um ciclo criativo de mais de uma década com a promessa de entregar a performance mais visceral de sua trajetória.
O ultimato na guerra
A narrativa avança para 1940, mergulhando Birmingham no caos da Segunda Guerra Mundial. Diferente das temporadas anteriores, focadas na ascensão política e criminosa da família, o filme coloca os Shelby no centro de um conflito global que ameaça desintegrar o pouco de humanidade que resta ao protagonista. Steven Knight, criador e roteirista, cumpre sua promessa antiga de levar a história até o soar das sirenes antiaéreas, utilizando a guerra como um espelho para as batalhas internas de Tommy. O “acerto de contas” mencionado na sinopse sugere que os inimigos agora não são apenas gangues rivais ou fascistas locais, mas a própria inevitabilidade da destruição.
Um elenco de peso para o ato final
A escalação de “O Homem Imortal” demonstra a ambição da Netflix e da BBC Film em transformar o longa em um evento cinematográfico autônomo. Além do núcleo duro da família — Sophie Rundle (Ada Thorne), Ned Dennehy (Charlie Strong) e Packy Lee (Johnny Dogs) —, a produção integrou nomes que expandem o calibre dramático da obra. Rebecca Ferguson (“Duna”) e Tim Roth (“Cães de Aluguel”) juntam-se ao elenco em papéis cruciais, cujas dinâmicas com Tommy Shelby prometem desestabilizar as já frágeis alianças do clã. A presença de Barry Keoghan (“Saltburn”), especulado como um novo antagonista, adiciona uma camada de imprevisibilidade e perigo físico à trama.
O retorno de Stephen Graham como Hayden Stagg é outro ponto de tensão narrativa que o filme deve explorar. A relação mal resolvida entre Stagg e Shelby na última temporada deixou cicatrizes que o cenário de guerra deve reabrir com violência. A escolha de manter o elenco original, incluindo Ian Peck como Curly, garante que, apesar da escala ampliada e das novas estrelas, o coração emocional da série permaneça pulsando. É essa mistura de lealdade familiar e traição iminente que sempre sustentou o sucesso de Peaky Blinders, e o filme parece disposto a testar esses laços até o limite final.
Visualmente, a produção mantém a assinatura que a tornou referência: a fotografia contrastada, o figurino impecável e a trilha sonora anacrônica. No entanto, o salto para o cinema permite uma grandiosidade técnica inédita. As sequências de Birmingham sob bombardeio e os embates físicos ganham uma escala que a televisão não comportava. O pôster oficial, com Tommy em um cavalo branco, evoca a simbologia da morte e do apocalipse, sugerindo que este filme não é sobre a sobrevivência do negócio da família, mas sobre a sobrevivência da alma de seu líder em um mundo que perdeu as regras.
Legado e expansão do universo
O lançamento de “O Homem Imortal” não sinaliza o fim do universo Peaky Blinders, mas sua transformação em uma franquia multigeneracional. A confirmação de duas novas séries derivadas, ambientadas na reconstrução de 1953, indica que a marca possui fôlego para além de Tommy Shelby. Steven Knight, ao passar o bastão para uma nova geração de personagens, tenta replicar o fenômeno cultural que viu boinas e cortes de cabelo undercut dominarem as ruas de Londres a São Paulo. O filme serve, portanto, como uma ponte: um adeus grandioso à era clássica e a fundação para novas histórias.
A relevância da série para a indústria do entretenimento britânico é imensurável. De uma produção da BBC Two com audiência modesta a um fenômeno global da Netflix com mais de 7 milhões de espectadores por episódio no Reino Unido, Peaky Blinders provou que dramas de época podem ser pop, violentos e elegantes simultaneamente. A crítica especializada, que sempre exaltou a escrita de Knight, agora observa se o filme conseguirá evitar a maldição das adaptações cinematográficas de séries, entregando uma obra que justifique sua existência na tela grande e não apenas como um “episódio estendido”.
Para os fãs, a data de 20 de março de 2026 é um marco. A promessa de Knight de um filme “sem restrições” e em “plena guerra” sugere que o nível de violência e drama será superior a tudo o que foi visto nas seis temporadas. Se a série tratava da ascensão de um homem contra o sistema, o filme parece tratar da queda desse sistema sobre o homem. Resta saber se Tommy Shelby, o estrategista frio que sempre esteve um passo à frente dos inimigos, conseguirá antecipar o movimento final da própria História.
Ficha Técnica
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Título Original: Peaky Blinders: The Immortal Man
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Direção: Tom Harper
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Roteiro: Steven Knight
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Elenco Principal: Cillian Murphy, Rebecca Ferguson, Tim Roth, Barry Keoghan, Sophie Rundle, Stephen Graham.
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Produção: Steven Knight, Cillian Murphy, Caryn Mandabach, Guy Heeley.
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Estúdio: BBC Film / Netflix
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Gênero: Drama Criminal / Guerra / Histórico
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Ano de Produção: 2025
Serviço
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Onde Assistir: Cinemas selecionados e Netflix.
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Estreia nos Cinemas: 6 de março de 2026 (Sexta-feira).
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Estreia no Streaming: 20 de março de 2026 (Sexta-feira).
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Preço: Assinatura Netflix (planos a partir de R$ 20,90 mensais, sujeito a alteração) ou ingresso de cinema (conforme exibidor).
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Classificação Indicativa: A definir (Provável 16 ou 18 anos por violência intensa).