Peça “Negra Palavra – Poesia do Samba” terá apresentações e ações gratuitas e formativas em escolas de samba do Rio de Janeiro

Negra Palavra - Poesia do Samba - Foto: Thaysa Lota

Tem teatro no samba – e samba no teatro! Entre agosto e outubro de 2025, as quadras das escolas de samba G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá (09/08), G.R.E.S. Mangueira (24/08) e G.R.E.S. Portela (11/10) serão palco para o teatro, a poesia e o aprendizado – tudo de graça. A ação, idealizada e realizada pelo Complexo Negra Palavra, terá apresentações de trechos do seu novo espetáculo inédito, “Negra Palavra – Poesia do Samba”, e ainda poesias pensadas, e especialmente trabalhadas, para essas agremiações. Na quadra da Mangueira haverá ainda a Oficina Pedagogia Negra Palavra – Primeiros Passos, que, em parceria com o Instituto Hoju, a ASSOMANG (Associação de Moradores da Mangueira) e a AMOC (Associação dos Moradores da Candelária), realizará nos dias 16 e 17 de agosto um processo formativo com seleção de 30 pessoas. Dessas, cinco pessoas serão escolhidas como estagiárias(os) para trabalhar no projeto, que foi contemplado pelo edital Pró-Carioca Linguagens – Programa de Fomento à Cultura Carioca, Edição PNAB, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.

Durante a Oficina Pedagogia Negra Palavra – Primeiros Passos, os participantes terão a oportunidade de conhecer os profissionais responsáveis por cada área do projeto artístico. Cada setor — direção, sonoplastia, iluminação, figurino e produção executiva — será apresentado de maneira ampla, abordando seus aspectos artísticos, mercadológicos e financeiros. Além disso, os inscritos participarão de dinâmicas práticas relacionadas a cada área. Essas atividades serão pensadas para estimular a criatividade, a escuta ativa e o trabalho coletivo dos participantes, e a oficina irá enfatizar os princípios de uma montagem colaborativa, onde todos os profissionais e estagiários contribuem de forma ativa e integrada.

“As escolas de samba estão no projeto por um pensamento de reverência histórica, porque o samba nasce nos terreiros, que se transformam depois nos terreiros de escola de samba. E é lá onde o samba ainda tem a dimensão de realeza que ele possui. Então, este gesto é uma grande homenagem a sambistas, mas também uma grande homenagem ao próprio samba como um fato histórico que permeia a vida do povo brasileiro, sobretudo do povo preto brasileiro”, observa o dramaturgo Renato Farias, que assina a direção da peça “Poesia do Samba” com Muato, estreante na função e ainda diretor musical do trabalho.

A montagem, que será encenada a partir de 10 de setembro no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, joga o foco no samba, que embala o cotidiano brasileiro há mais de um século cantado nos terreiros, rodas, e nas próprias escolas de samba, ruas e avenidas do país. Apesar disso, muitas vezes a riqueza das letras e suas poesias acabam não recebendo a atenção merecida, embora cantadas com entusiasmo pela beleza das melodias que as adornam. Partindo da percepção de que nossos sambistas são nossos maiores poetas e tendo sua narrativa iniciada a partir de uma profunda pesquisa, o espetáculo faz uma merecida homenagem a Nei Lopes e outros sambistas negros. E Como o início dessa manifestação se deu nos terreiros, a ideia desta ação foi pedir licença às escolas de samba para colocar o projeto em cena.

A concepção do espetáculo teve inspiração nas inúmeras pesquisas realizadas por Nei Lopes, um dos maiores intelectuais negros, que publicou romances, contos, poemas e dicionários fundamentais para entender a importância do legado e da presença afro-brasileira no Brasil. Unem-se às dele as letras de outros grandes poetas / compositores, como Arlindo Cruz, Bezerra da Silva, Candeia, Cartola, Geraldo Pereira, Guará, Jorge Aragão, Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão, Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Zé Keti, entre outros mestres do samba. Na cena, as letras / poemas serão ditos, e não cantados, reforçando uma compreensão inédita do lirismo das composições.

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