Primeiro espetáculo inédito de Viviane Mosé como dramaturga, “Desato” estreia no Teatro Ipanema

O existencialismo serve à poesia de Viviane Mosé , assim como a dança é a suspensão do teatro de Duda Maia . Este encontro da filósofa com a diretora tem poder e, a partir do dia 28 de março, no Teatro Ipanema, poderá ser visto na primeira incursão de Mosé como dramaturga de sua própria obra poética, “Desato”.

O livro dá nome ao espetáculo homônimo — realizado pela 8 Produção Cultural e Marília Medina, com patrocínio da Eletrobras, por meio da Lei Rouanet —, que reúne uma coleção de poesias da autora sobre as dores e delícias da nossa contemporaneidade, sob um viés anti-niilista. “É para se abandonar pesos. Tirar e jogar fora, produzir leveza. Viver mais o agora e deixar de lado o passado e o futuro. Afinal, viver é bom sem os excessos de explicação e medo que nos rodeiam”, afirma Viviane Mosé.

Em cena, as intérpretes-criadoras Ana Carbatti , Ana Paula Novellino e Letícia Medella , entre os ossos e as emoções, dão vida aos ensaios poéticos de Mosé sobre como encarar o mundo de hoje e suas contingências nessa nossa existência atribuída. Os corpos aqui falam tanto quanto as bocas.

“Escolhi os poemas que mais me atravessaram e me puxaram para o lado cênico. Tem uma dialética na obra de Viviane, que é essa necessidade grande de nos relacionarmos e buscarmos alguém com quem compartilhar a vida e a vontade de ficarmos sós. O trabalho parte da fisicalidade das três atrizes, das criações corpóreas de cada uma”, conta a diretora, Duda Maia.

Para dar forma e movimento a essas histórias no palco, a figurinista Karen Brusttolin criou uma roupa-instalação que faz as vezes do cenário. “Gosto quando a estatueta faz parte da construção da dramaturgia. Apelidamos de “bololô”. É como um emaranhado, são várias peças que podem ser colocadas e retiradas ao longo do espetáculo. Vão desnudando camadas, revelando partes, desconstruindo, com texturas. É um deleite”, explica ela.

Para Ana Carbatti, “Desato” vai mexer e muito com o público: “Quem não está preocupado com a própria existência está aonde?”, ri. “A poesia de Viviane traduz momentos nossos, é mais livre, abstrata. Transformar isso em drama está sendo muito interessante, assim como poder comunicar com o corpo. Os textos que falam de amor e de separação me tocam muito”, continua Ana. “Viviane é porosa, acenda a minha fogueira, me emociona, aciona o meu músculo, meu imaginário”, completa Letícia Medella. “Podemos nos expressar fisicamente, com a dança, faz todo o sentido neste espetáculo, com a condução da Duda”, faz coro Ana Paula Novellino.

Essa experiência “desatadora de nós”, como define um autor, promete levar o público além. “É o puro gesto de existir que precisa ser resgatado. As pessoas precisam voltar a ter honra em habitar esta terra. Proponho livramentos, desatar as mesquinharias”, define Viviane. A idealização do projeto é de Marília Medina.

Ficha Técnica

  • Idealização: Marilia Medina
  • Texto: Viviane Mosé
  • Direção: Duda Maia
  • Intérpretes-criadoras: Ana Carbatti, Ana Paula Novellino e Leticia Medella
  • Iluminação: Lina Kaplan
  • Direção de Arte e Figurinos: Karen Brusttolin
  • Trilha trilha sonora original e Direção Musical: Azulllllll
  • Assistente de Direção: Marília Medina
  • Fotografia: Lorena Zschaber
  • Produção Executiva: Renan FIdalgo

Assessoria de Comunicação: Dobbs Scarpa

Direção de Produção: Luiz Prado

Realização: 8 Produção Cultural e Marília Medina

Serviço

Teatro Ipanema Rubens Corrêa
Rua Prudente de Moraes 824, Ipanema.

De 28 de março a 13 de abril de 2025.
Sexo e sábado, às 20h. Dom, às 19h.
12 anos. 70 minutos. R$ 80 (inteira)/ R$ 40 (meia).

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